*** REVISTA AMOR PLATÔNICO  ***

 

 

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REVISTA AMOR PLATÔNICO

BLOCO Nº 01

 

Edição de Carlos Leite Ribeiro

 

Arte Final: Iara Melo

 

 

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1º Bloco (vários Autores)

 

Amor Platónico - de Francisco José Raposo Ferreira

 

Ele ainda não conseguia compreender como aquilo fora suceder com ele, logo com ele que sempre jurara que jamais se deixaria prender nas garras da paixão.
Agora ali estava ele, como estivera no dia anterior, e no outro antes, e no outro, e no outro...,  à porta da loja onde ela trabalhava, ali estava ele só para a poder ver sair, sim era só para a poder ver sair, já que lhe faltava a coragem para lhe dirigir palavra, tinha receio de a perder de uma vez por todas, não compreendia que não poderia perder aquilo que não lhe pertencia, todos os dias prometia a si mesmo que seria no dia seguinte que lhe falaria, mas era sempre a mesma coisa, via-a sair, deixava-a afastar-se alguns metros, seguia-a, apanhava o mesmo autocarro que ela, procurava sentar-se a seu lado, quando tal não lhe era possível, tentava sentar-se em frente a ela, saía quando ela, dava meia volta pelo quarteirão, para disfarçar e fazia o trajecto em sentido contrário.
Há muito que ia directo do autocarro para casa, deixara de parar no café, onde sempre parara, mal beijava a mulher ao chegar a casa, dirigia-se para a sala, sentava-se no sofá e punha-se a sonhar com ela. Só saía do seu sonho quando a mulher o ia chamar para jantar, jantava apressadamente, raramente comia sobremesa e voltava para o sofá, deitava-se, tapava a cabeça, fechava os olhos e punha-se a sonhar com ela.
 A mulher começava a ficar preocupada, ele recusava-se a sair com os amigos, já nem saía para ir ao futebol, algo se passava com o marido, desde há pouco mais de um mês que ele não era o mesmo, precisava de descobrir o que se passava, aquilo não poderia ser só cansaço. Seria que estava gravemente doente? Tinha de fazer alguma coisa, tinha de descobrir.
No dia seguinte esperou que chegasse a hora do marido sair do trabalho e resolveu ir fazer-lhe uma surpresa, iria esperá-lo, convidá-lo para darem um passeio, irem ao cinema, jantar fora, tinha de ajudar o marido.
Entreteve-se a ver as montras que ficavam próximo do escritório do marido, ficou perplexa quando o viu sair muito feliz e dirigir-se em sentido contrário ao que deveria tomar para ir para casa, resolveu segui-lo. Viu-o chegar à esquina, encostar-se e ficar ali parado, não percebia o que se passava, consultou o relógio, eram 19 horas, as lojas começavam a fechar portas, viu-o aprumar-se e colocar-se como se estivesse a espiar alguém.
Distraiu-se um pouco e quando olhou para o local onde estava o marido, este tinha desaparecido,  olhou em redor e nada.
Voltou para casa, meteu a chave à porta e verificou que a mesma continuava fechada à chave, isso queria dizer que o marido ainda não tinha chegado. Preparou o jantar, como normalmente fazia, o marido chegou e repetiu-se tudo o que se vinha passando nos ultimos tempos, optou por não lhe contar nada.
No dia seguinte voltou a ir ao encontro do marido, seguiu-o com toda a atenção, viu-o esperar pelo fecho do comércio, viu-o sair da esquina onde se encontrava, viu-o apanhar o autocarrro, regressou a casa e voltou a optar por não falar do sucedido ao marido. Iria descobrir o que se passava.
Ao fim do sexto dia tinha conseguido descobrir a causa do comportamento do marido, tinha, inclusivé, identificado a mulher que estava na origem de toda aquela história, precisava de arranjar uma maneira de chegar até aquela mulher, mas tinha de o fazer de uma forma discreta, havia peças naquela história que não encaixavam umas nas outras, não se podia precipitar.
No dia seguinte dirigiu-se à loja onde trabalhava a moça, era uma perfumaria, pôde admirá-la, era extremamente bonita, um corpo perfeito, um rosto muito bem delineado e uns modos que denotavam uma extrema sensibilidade e doçura, fez-se interessada num perfume de homem e conseguiu captar a atenção da moça:
- Posso ajudá-la?
- Sim, queria escolher um perfume para o meu marido, mas não sei bem qual.
A moça foi-lhe fazendo algumas perguntas sobre os gostos do marido, ela foi-lhe falando dos perfumes preferidos do marido e foi, ao mesmo tempo, fazendo algumas perguntas à moça, ficou a saber que a mesma era casada, perguntou-lhe de rompante:
- A menina é muito bonita, já alguma vez se sentiu assediada?
A moça olhou-a nos olhos, pegou-lhe na mão e disse-lhe:
- O perfume é para o seu marido, ou para outro alguém?
- Não, não, o perfume é para o meu marido, eu seria incapaz de o trair, e olhe que pretendentes não me têm faltado.
- A senhora nem me fale nisso, se eu lhe contasse o que me está acontecer.
- A menina está apaixonada por alguém que não o seu marido?
- Não, eu amo o meu marido, sou extremamente feliz, o que eu lhe estava a dizer é uma história inacreditável, é algo que eu pensava que só aconteciam com os miúdos.
Ela não conseguia esconder a sua curiosidade, pediu:
- Conte.
- Há pouco mais de um mês, tenho um homem, um verdadeiro cavalheiro, totalmente perdido de paixão por mim, ele pensa que eu não percebo, espera-me à saída da loja, segue-me, apanha o mesmo autocarro que eu, tenta ficar junto a mim, sai comigo do autocarro, e depois volta para trás. Nunca me dirigiu uma palavra que fosse, no entanto o seu olhar irradia amor, não tenho dúvidas algumas de que aquele homem tem um amor platónico por mim.
- Posso perguntar-lhe uma coisa?
- Sim.
- Nunca sentiu vontade de ser a menina a dar o primeiro passo.
- Não. Como já lhe disse, amo o meu marido e não quero dar falsas esperanças a um homem que me dedica um amor assim.
- Posso pedir-lhe um favor?
- Claro, diga.
- Primeiro tenho de lhe contar uma coisa, esse homem é o meu marido, eu vim aqui para tentar perceber o que se passava, eu sabia que havia peças de duas histórias distintas em tudo isto. Peço-lhe que me desculpe.
- Eu compreendo-a, a senhora quis certificar-se se havia alguma coisa entre mim e o seu marido, é normal, a senhora não me conhece de lado nenhum. Mas o que é que me queria pedir?
- Esqueça, não tenho o direito de lhe pedir isto.
- Não, parece-me que já percebi o que me queria pedir. Quer que eu a ajude a descobrir se o seu marido a ama. Não é?
- Sim, era isso mesmo.
Os dias foram passando, tudo continuava na mesma, até que um dia, ele chegou a casa, beijou-a e disse-lhe:
- Amor, deixa isso, anda comigo, preciso contar-te uma coisa.
Ele segurou-lhe nas mãos e contou-lhe todo o seu caso de amor platónico que dedicara àquela mulher, realçando no entanto que acabara por compreender que era a ela que amava de verdade.
Ela beijou-o apaixonadamente.
ele nunca tivera coragem de dirigir uma palavra que fosse à moça, mas agora tivera a coragem suficiente para lhe contar a sua paixoneta por aquela linda mulher, ele não a amara, amara a sua beleza exterior, era só o que conhecia dela.
- Perdoas-me?
- Sim, com uma condição.
- Qual?
- Perdoares-me o facto de eu também me ter apaixonado por uma mulher muito bela, a mulher mais bela que alguma vez conheci, tu apaixonaste-te pela beleza exterior, eu pela beleza interior, quem sabe se da mesma mulher.
Ele não compreendeu nada do que a mulher lhe estava a dizer, mas também não lhe importava. Estava Feliz.

 

 

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PLATÔNICO VESTIDO VERDE - de (IGdeOL)

 

Foi na sala de aula do terceiro ano escolar que pela primeira vez adentrou ao meu ser um dragão em forma de sentimento para atormentar os meus dias de menino sonhador.
Apaixonei-me perdidamente por aquela loira jovem, bela e decidida.
Era o início do ano letivo e em cada ano uma nova professora tomava conta da turma que havia passado de livro (como se dizia) e essa rotina não teria nada de inconveniente para o bom desempenho do aprendizado se não fossem os meus olhos para aquela delícia de mulher.
No apanágio dos meus nove anos apaixonei-me doidamente pela minha professora. Aguardava ansiosamente cada dia o início das aulas para apreciar aquele gesto inimitável que ela fazia para escrever no quadro de giz. O giz nas pontinhas dos dedos e aquele vestido verde colado no corpo monumental à minha frente me causavam euforia mental.  Talvez somente eu assim enxergasse, não sei até hoje o que pensavam os meus colegas daqueles gestos. Os dias iam correndo e a minha paixão tomando vulto. Na hora do recreio ficava sozinho, longe dos demais meninos, imaginando uma forma de declarar o meu sentimento. A cada lembrança dos seus gestos um frio gelado percorria minha espinha dorsal e a coragem para o derradeiro momento de declarar tão infantil desejo transferia-se para as minhas pernas que ficavam frágeis e bambas. Ao final das aulas aguardava a saída de todos para melhor apreciar o caminhar da minha pretendida e receber, talvez com muita sorte a sua saudação com um “até amanhã”, fato que nunca ocorreu.  E foi numa dessas ocasiões que vi meus sonhos ruírem como um castelo de cartas assoprado por terrível vendaval. Um carro verde, cor do vestido da minha professora, estacionou na frente do colégio e dele desceu um senhor alto, calvo e feio, dirigindo-se para a secretaria da escola.
Para dor dos meus cotovelos de menino, presenciei a sua saída de braços com a minha paixão de vestido verde.
            Mágoa e pesar, já  cicatrizados no meu coração.

 

 

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 Um amor platônico 'navegando' na internet ! 

Lígia Antunes

A um destinatário não-declarado

 

     Foi num desses momentos em que o coração não ri; em que a alma já saiu porta fora; em que nada parece ter mais sentido e tudo não vale mais nada... Justamente aí foi quando apareceste. Assim mesmo... sem mais nem menos. Nada esperado. Surpresa total. Absoluta. Completa!
     E de repente tuas palavras passaram a ser quase a minha respiração. Impossível viver sem elas! Uma espécie de ritual diário... o mesmo que dormir, levantar, comer, pensar... enfim.
     E eu passei a acreditar em tudo. Não sei se fui ignorante ou inocente. Sei apenas que acreditei. E sabes por quê? Porque é bom acreditar no que é bom, no que nos faz bem, ainda mais quando estamos mal, sem norte, sem sorte, no sem-sentido da vida.
      Viver feliz - seja a felicidade entendida como for por qualquer mortal - é o que todos querem. E assim me senti: feliz!
     Vê que simplicidade: feliz apenas por causa de palavras! Palavras breves, na maioria das vezes, mas as melhores palavras! O encantamento delas me comovendo!
      É que as palavras são obras de arte, quase sempre! Ainda mais se ditas com enlevo, na tentativa de convencer. E elas me convenceram! Justifico, porém, meu enternecimento: as palavras tornam possível a poesia e poesia é milagre! Então, como não me seduzir com as palavras que me escreveste?! Impossível!!!
     Mas o tempo passou... (As armadilhas que o próprio tempo apronta em especial para os que anseiam por ele.)
     Hoje me dou conta de que nada mais me disseste além de mentiras... não mentiras ditas por tua boca, mas bem pior que isso: mentiras ditas pelo coração.
     "Por quê?" - é o que me vem a todo momento ao pensamento. E o mais grave: as palavras voam, mas o pensamento não... está sempre martelando dentro de nós  (como as preces que volta e meia fazemos para aliviar algum mal que nos incomoda).
     "Por quê?"... Nunca terei resposta. Continuarei sem saber.
     De  qualquer jeito, me disseste as mentiras que eu sempre quis  ter ouvido como se verdades fossem. Fui feliz, então. Fui feliz porque me fizeste feliz com tuas mentiras!!!  Pode?... é... também acontece!
     Mas nada disso me assusta. Sei da fugacidade da vida, da transitoriedade dos sentimentos. Sei que apaixonar-se não exige de nós nada mais do que isso: sentir paixão!
     E foi o que senti... paixão, mais do que paixão... AMOR!... que ainda não se despediu de mim mesma.
                                    
                                   Vão meus beijos - adrenalina pura! - que sonhei contigo ter...
Missivista de uma história de amor... platônico.

 

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Atrás do poste – de Paulo Bornhofen

 

O amor é um sentimento tão belo, que chega a ser irritante começar um texto com esta afirmação. Grandes poetas já  cantaram o amor com muito mais maestria, já cantaram e já choraram o amor. Diferente da felicidade, que nos faz chorar e rir de alegria, com o amor vamos do céu ao inferno na velocidade da luz. O amor é gostoso, provoca delírios, nos deixa entorpecido. Porém, quando o amor não é correspondido, gera sofrimento tão terrível(?).
Muitas pessoas sofrem de amor, simplesmente, por acharem que não são correspondidos. O que lhes sobra em amor, falta em coragem. Vivem uma vida inteira de sofrimentos, culpando o amor, quando na verdade deveriam culpar seus temores, sua covardia. Muitos destes sofredores, de tanto sofrer, encontram no sofrimento do amor não correspondido e covardemente guardado, um alento, um sopro de vida. Poder ver a pessoa amada, mesmo que seja na companhia de outra, já é o suficiente. Procuram desculpas, inventam situações, se tornam amigos do “outro” ou da “outra”, para num sentimento de pura morbidez, ter compartilhado consigo, os gostos e prazeres sentidos pela pessoa amada. Fazem isto com tal maestria escondendo tão bem seus sentimentos, que no transcorrer de sua existência, não mostram a mínima cicatriz. E,  quando esta cicatriz esta a mostra, o tecido se regenerou tão bem, que se tornou  imperceptível.
Neste jogo do amor, que não perdoa, os que não conseguem vencer, buscam as mais mirabolantes formas de tentar ludibriar, isto mesmo, tentam enganar o amor. Criam situações, armam jogadas, tramam movimentos, fazem o que podem para enganar, na tentativa de se verem envoltos em mágicos momentos, numa verdade solitária. Nestas situações a imaginação aflora com toda a sua grandiosidade alimentada por uma fertilidade estarrecedora.  Por mais absurdas que possam ser qualificadas, por nós, simples espectadores, para eles, estes loucos do amor, são apoteóticos  momentos.
A dor do sofrimento é vaporizada por raros momentos de prazer. Na busca desta felicidade insana, onde a covardia fala mais alto que a felicidade, tudo pode, menos a revelação. Tudo é aceitável, menos a franqueza. Tudo é desejado, mas nada se arrisca. Tudo se vive, menos a felicidade, pois esta só é real no delírio. E o delírio será que tem fim? Se não tem, se a loucura é total, então a felicidade é total, não exigindo nada mais para se completar. Assim se fecha o ciclo da loucura, que é alimentado pelo amor, pela covardia, pelo temor, pela negação, pela mentira, mas que em uma análise mais apurada nada mais é do que a felicidade. É por isto que os loucos só sofrem quando tem noção da loucura, mas em seus delírios são felizes. É por isto que eu me escondo atrás do poste, meu cantinho de felicidade, onde minha amada, o amor de minha vida, sempre esta a minha espera.
 
Paulo Roberto Bornhofen

 

 

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Webdesigner: Iara Melo

Resolução de Ecrã: 1024 * 768

Fundo Musical:

UM HOMEM QUANDO AMA (Have You Ever Really Loved A Woman)

Composição: Bryan Adams, Michael Kamen e Robert Lang
Versão: Darcy Rossi
Interpretação: Chitãozinho e Xororó

Amigo, se você ama, não tenha medo
Diga pra ela sem pensar
Se você gosta, se você sonha
Diz só pra ela o que você quer escutar
Por quê segredo? Se o segredo é amar
É assim um homem quando ama

Se você ama, qualquer segredo some
É a mulher que realiza o homem
Diga pra ela: "Eu te amarei pela vida inteira"
Ela vai sentir que tem
Muito amor pra dar a quem lhe ama

Um homem quando ama, se faz de aço
Pra não dizer da sua paixão
Mas é tão frágil que chora à toa
E não controla a emoção
É uma criança que alguém precisa dar a mão
É assim um homem quando ama

Se você ama, qualquer segredo some
É a mulher que realiza o homem
Diga pra ela: "Eu te amarei pela vida inteira"
Ela vai sentir que tem
Muito amor pra dar a quem lhe ama

Se você pensa em ser feliz
Faça por ela o que ela sempre quis
Você não vai se arrepender
Ela vai morrer de amor e vai adorar você
É assim um homem quando ama

Uma criança e não controla a emoção
É assim um homem quando ama

Se você ama, qualquer segredo some
É a mulher que realiza o homem
Diga pra ela: "Eu te amarei pela vida inteira"
Ela vai sentir que tem
Muito amor pra dar a quem lhe ama

Ela vai sentir que tem
Muito amor pra dar...

 

 

 

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