BLOCO Nº 03

Edição de Carlos Leite Ribeiro

Amor Platônico - de KEDMA O'LIVER

Ele vinha sempre no mesmo horário, tomava seu ônibus e seguia, nem a percebia ali, na janela de seu apartamento.
Olhava seu jeito de andar, seu cabelo (às vezes esvoaçante, outro molhado e grudado na cabeça, mas nem por isso menos lindo), suas roupas jogadas, como se não se importasse com a vida, bem displicente.
Seu nome ela descobriu ao ouvir um amigo chamando: Oi Marinho me espere!   Marinho!!! Passou a sonhar com um homem, agora com nome.
Imaginava sempre os melhores momentos, os melhores lugares e as coisas mais loucas e gostosas que eles poderiam fazer juntos. Sonhava com ele chegando e a pedindo em casamento, sonhava com os beijos, com o casamento, os filhos... tinha sempre a sensação que teriam uma filha linda como ele.
 O dia passava, ela cuidava de seus afazeres e, ao cair da tarde, voltava para a janela e, por volta das 18h30min ele passava de volta, Ar cansado, displicente, nem sequer a notava e nem percebia nada a sua volta.
Era sempre assim ele ia e vinha sem se aperceber de nada, nem de ninguém, a não ser aquela vez que o amigo o chamou e ele apenas parou e esperou, mas nada disse.
Fim de ano. Fogos de artifícios, bebidas, algazarras numa praça próxima a casa dela. Ela está com suas amigas e, de repente, seus lábios se abrem em um sorriso feliz e seu coração dispara...
Lindo, em uma calça branca e camisa azul ele está parado. Seu rosto com um sorriso terno, apaixonado e vivo, sem aquele ar ausente. Ela fica feliz, continua a olhar imaginando uma forma de chegar perto dele e desejar feliz ano novo. Ela percebe que com o seu sorriso iluminado e feliz, ele olhando para outra direção... se vira e vê uma linda menina indo ao seu encontro com os braços abertos, e atrás dela está uma mulher também com o mesmo olhar terno e apaixonado olhando para ele...
Ele parece perceber que tem alguém olhando para eles, vira e seus olhares se cruzam pela primeira e última vez... ela desvia o olhar e vai embora.
Acaba-se ali o sonho de um amor.

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AMOR PLATÔNICO - de Sonia Benirschke

Tarde tranquila e morna
coração bem machucado
alma fica entristecida
pensamento embaralhado
 
Tudo por causa desse amor
que não consigo despertar
mereço e desejo ele inteiro
tenho muita sede de abraçar
 
Estou fatiando sentimentos
procurando chamar sua atenção
não quero tempo para descaso
necessito sentir essa paixão
 
Faço olhares fazendo convite
sonho com uma união perfeita
nem sei o quanto vou aguentar
caso venha alguma desfeita
 
Sei que nada é tão simples
mas amor não tem precisão
ou se envolve completamente
ou amarga dura frustração
 
SoninhaBB

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Hoje, assim fiquei... - de Regina Bertoccelli

Esperando que as nuvens se dissipassem,
que a chuva parasse e que as estrelas surgissem
Esperei pela lua amiga de minhas
madrugadas vazias e insones
Hoje, assim fiquei...
Com a esperança de ter você,
com sonhos para sonhar,
carinhos para dividir...
Aqui eu deixo um abraço sem braços,
um beijo imaginário dado na distância
em que nos encontramos
Um beijo com o sabor amargo
de uma saudade que acabou de chegar
Hoje, assim fiquei...

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"chega de Amor Platônico"! - de amilton maciel monteiro

Eu vou ser breve, pois já estou afônico
de tanto apelar por teu querer,
pois ando bem cansado de sofrer
com esse vai-não-vai do amor platônico!

Em minha vida eu nunca fui irônico;
se eu digo que te quero, é pra valer!
Me aceite por esposo, que vais ver
o que é que é ter marido faraônico!

A casa tu já tens para morar;
teu ordenado dá pra sustentar
nós dois e mais ainda a tua sogra...

Então, por que esse todo teu pavor?
Casemos logo, ou senão malogra
o plano que sonhei pra nosso amor!

amilton maciel monteiro
São José dos Campos/SP

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Alucina - de Roberto Dexheimer
 
Lamento, muito, não entendo nada. Procuro respostas, em vão...
Único é sentir a sua ausência, dói demais
Certeza de não a ter em meus braços, de não ter os seus beijos
Incerteza de não mais sentir o seu cheiro, sentir o seu corpo
Alucina pensar em te perder, perder para a vida...
Nada me parece mais ilógico do que a lógica de querer você
Amor? Não sei. Paixão? Com certeza. Tesão? Muito...
 
Errei ao invadir a sua vida. Errei ao fazer você, a minha vida. Errei..
Um sentimento arrasador, devastador... Renovador, que bom errar
  
Que vontade...
Uma vez... Duas vezes... Por que não para sempre?
Entendo, não podemos. Não podemos? O amor não possui lei.
Regras não cabem. Normas caem e ele fica. Fica?
Ouvi dizer que sim. Ouvi dizer, não presenciei, não protagonizei.
 
Verdade? Torço que sim, ele é mais forte. Verdade? Se for verdadeiro...
Outra? Nunca será igual, não procuro. Não perco meu tempo. Tempo?
Certo é saber que tudo para. Com ela um minuto é tudo. Sem ela, nada.
Entendo não tê-la. Entendo nada! Você é minha, só minha. Nunca foi.
 
Sentimento ruim. Angústia, melancolia, pura tristeza.
Onipresente é a sua presença dentro de mim. Vicia-me te querer.
 
Penso muito. Só penso, nada faço. Preso dentro das minhas limitações.
Amor... Amor... Amar.
Razão? Estúpido! Amar é para quem sabe, quem pode. Para quem é livre.
Amor... Amor... Amei = Sofri.
 
Morri... Ando, respiro. Não vivo.
Imagino a ressurreição. Só imagino, me consumo, me definho. Choro.
Matei o sentimento dela. Morri em meu próprio túmulo... Meu coração.
  
Autor: Roberto Dexheimer

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DIA DOS NAMORADOS

de Alfredo Santos Mendes
 
É dia dos namorados
trocam-se prendas e beijos.
Há sorrisos descarados
encobrindo mil desejos.
 
Fazem-se juras de amor
Para além da eternidade.
Nos corações há calor,
Vive-se em felicidade.
 
Vêem-se jovens beijando,
envoltos em fantasias.
Baixinho vão sussurrando,
O segredinho de há dias.
 
Sorriem desconfiados...
E pensando que talvez:
P’ró ano, nos namorados,
já festejarem a três.
                                             

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AMOR QUE DEIXOU DE SER PLATÔNICO -

de Marisa de Jesus Ferreira Vieira

Já não importa mais a estação do ano
Este amor já deixou de ser platônico
Não é humilde nem é faraônico
Ele é apenas um amor humano

Se neste encanto o meu corpo ufano
Se me incendeia num tremor vulcânico
O teu corpo sente algo de tirânico
Em minha praia abranda-se oceano.

Mar de paixões que nos envolve e encanta
Quando este amor desperta e se levanta
Minha alma se desfaz em prosa e versos.

Não há distância que separe amantes
Sempre presentes mesmo que distantes
Na reciprocidade de universos.

Marísia Vieira, com um abraço desde
 Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil