Manuel
de Oliveira Gomes da Costa
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Nasceu em Lisboa, a 14 de Janeiro de 1863. Morreu em 17 de Dezembro de 1929.
Oficial de cavalaria. Seu pai foi oficial subalterno de modesta origem
camponesa. Tendo, por isso, tomado para si as palavras de um marechal de
Napoleão: "O antepassado sou eu!" Típico militar colonial das campanhas de
ocupação, marcado pela figura de Mouzinho. Até 1915, esteve quase
ininterruptamente na Índia e em África - Moçambique, Angola, São Tomé. Aí
conquistou o prestígio que a I República procurou utilizar, ao nomeá-lo
comandante da lª divisão do CEP (Corpo Expedicionário Português). A campanha da
Flandres, não beliscou, pelo contrário, reforçou esse prestígio. Como quase
todos os africanistas, tinha pouca ou nenhuma simpatia pelo republicanismo e -
imprudência típica nele - não fez segredo de que acreditava que se fosse ele a
comandar as forças governamentais, outro teria sido o resultado do 4-5 de
Outubro de 1910; também típico e generalizado o facto de não se ter demitido com
a instauração da República, que, por sua vez, tem de contemporizar com estes
oficiais prestigiosos. Mesmo quando no início dos anos 20 - parece que motivado
por problemas financeiros, além de razões políticas e de temperamento - se
envolve em conspirações, a solução preferida pelo Governo foi enviá-lo ao
Ultramar, como inspector militar (1922-1924). De regresso à Metrópole, filia-se
no Partido Republicano Radical, dirigido por Cunha Leal, de oposição de direita
ao PRP (Partido Republicano Português)-Partido Democrático.
Convidado à última hora por Sinel de Cordes para chefiar o golpe que se
preparava, foi bem sucedido, in extremis, a 28 de Maio de 1926, quando já
contemplava a fuga e o exílio. Marcha então de Braga para Lisboa, onde entra
triunfalmente, a cavalo, à frente das forças revoltosas (6.6.1926). Afasta
Mendes Cabeçadas, assume deste a presidência do Ministério e, ainda que de forma
não explícita, a chefia do Estado. No entanto, a sua passagem por ambas as
posições (17.6 a 9.7.1926) foi pouco menos transitória que a do seu antecessor.
Foi afastado por Carmona e Sinel de Cordes, devido à sua incapacidade para gerir
os delicados equilíbrios da nova situação: tendo demitido Carmona e outros
ministros (7.7.1926) e, perante a pressão de diversas unidades militares,
recusado recuar, foi declarado deposto. Manteve, no entanto, o seu prestígio.
Daí ter-lhe sido proposto afastar-se apenas da chefia do Governo, mas manter-se
na Presidência da República, o que recusou. Foi então preso e deportado para os
Açores (11.7.1926), para evitar que cristalizassem descontentamentos em torno de
si. Ainda aí, Carmona fê-lo marechal - o que se repetirá com frequência entre os
ex-presidentes militares. Autorizado a regressar - o que fez (Setembro de 1927)
- quando a situação foi considerada suficientemente estabilizada; e para evitar
o risco de que morresse - mártir - nos Açores. Segundo Salazar, manteve longas
conversas com ele em 1928. Faleceu pobre e desiludido.