HISTÓRIA de P O R T U G
A L
(Resumo)
I República - 1910 a 1926
A Nova República
Velha
(Restauração da República Velha)
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Trabalho e Pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro |
António José de Almeida
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António José de Almeida
http://www.presidencia.pt/
Nasceu a 27 de Julho de 1866, em Vale da Vinha, concelho de Penacova.
Em Dezembro de 1910, casou com D. Maria Joana Queiroga de Almeida de quem teve
uma filha.
Faleceu em Lisboa em 31 de Outubro de 1929.
ACTIVIDADE PROFISSIONAL
Estudou em Coimbra e formou-se em Medicina, em 1895, pela Universidade daquela
cidade com a classificação de distinto com 15 valores.
Apesar dos resultados obtidos, deparou com a proibição de exercer o magistério,
devido ao lente da Faculdade, Lopes Vieira, já ter proposto ao Conselho daquele
estabelecimento de ensino que o estudante António José fosse impedido de o
fazer. A denúncia do conservadorismo dos professores, publicada nas 200 páginas
da Desforra, não conseguiu alterar a decisão.
Em 1896, parte para Angola e, após curta estada, estabelece-se em São Tomé, onde
exerce a profissão de médico, durante sete anos. Paralelamente, promove a
Associação Pró-Pátria destinada a ajudar a repatriação dos colonos europeus.
Regressa a Lisboa em 22 de Julho de 1903. Viaja por França, estagiando em várias
clínicas de Paris.
De regresso a Portugal monta consultório na Rua do Ouro, mudando-se depois para
a Praça de Camões, 6, 1.º, onde adquire a auréola de médico dos pobres. Muito
embora continue a exercer esta actividade é na política que vai adquirir maior
notoriedade.
PERCURSO POLÍTICO
A sua actividade política começa cedo, ainda na Faculdade. Nesta primeira fase
da sua actividade neste campo, são dignos de realce os acontecimentos seguintes:
Em 23 de Março de 1890, publica no jornal Ultimatum o artigo "Bragança, o
último", que lhe custou a pena de três meses de prisão, apesar de ter sido
defendido por Manuel de Arriaga;
Em 13 de Novembro de 1890, assina o Manifesto da Academia de Coimbra, no qual se
afirmam os princípios republicanos;
Em 15 de Janeiro de 1893, é o principal orador no funeral de José Falcão.
Após o seu regresso ao Continente, desenvolve uma intensa actividade política,
procurando revigorar um Partido Republicano desmoralizado:
É candidato às eleições parlamentares de 1905;
No mesmo ano discursa no funeral de Rafael Bordalo Pinheiro, discurso que ficou
célebre;
É novamente candidato às eleições de Fevereiro de 1906;
É eleito deputado nas eleições de Agosto do mesmo ano, pelo círculo oriental de
Lisboa. Em 20 de Novembro, os deputados republicanos são expulsos da Câmara, na
sequência de um discurso de Afonso Costa e António José de Almeida, em pé em
cima de uma carteira, propõe aos soldados, que os vinham expulsar, a implantação
imediata da República;
Em 1907, filia-se na Maçonaria, ficando a pertencer à Loja "Montanha";
É preso em 26 de Janeiro de 1908, dias antes do atentado à família real;
Participa no Congresso Republicano de 1909, sendo nomeado para o Comité Civil,
tendo em vista mobilizar as forças republicanas para a rebelião armada;
Funda e dirige a revista Alma Nacional, que nas vésperas da revolução
republicana, vai desempenhar um papel importante na informação às camadas
populares interessadas na mudança do regime.
Após os acontecimentos de 5 de Outubro de 1910 a sua actividade política
intensifica-se:
Ministro do Interior do Governo Provisório;
Funda e dirige o jornal República, em Janeiro de 1911;
Separa-se do Partido Republicano e funda o Partido Evolucionista, em 24 de
Fevereiro de 1912;
Apoia no Congresso a participação de Portugal na guerra de 1914-18, a convite da
Inglaterra;
Preside ao governo da "União Sagrada" em Março de 1916, durante o período da
Grande Guerra, acumulando com a pasta de ministro das Colónias, reconciliando-se
com o Partido Democrático de Afonso Costa;
Eleito Presidente da República em 6 de Agosto de 1919.
ELEIÇÕES E PERÍODO PRESIDENCIAL
O Dr. António José de Almeida foi eleito Presidente da República .na sessão do
Congresso de 6 de Agosto de 1919, ao fim do terceiro escrutínio.
No primeiro, entraram na urna 181 listas, tendo-se obtido o seguinte resultado:
António José de Almeida 87 votos
Manuel Teixeira Gomes 12 votos
Afonso Costa 3 votos
Azevedo e Silva, Duarte Leite, Magalhães Lima e Correia Barreto, todos com um
voto cada.
Listas brancas 2
No segundo, entraram na urna 179 listas e o resultado foi o seguinte:
António José de Almeida 93 votos
Manuel Teixeira Gomes 83 votos
Listas brancas 2
Uma lista com o nome de António Teixeira Gomes que não foi considerada.
Finalmente, no terceiro, com 167 listas entradas, António José de Almeida obteve
123 votos, Manuel Teixeira Gomes 31 votos, com 13 listas brancas.
Tomou posse em 5 de Outubro daquele ano, prestando naquela data o seu
compromisso de honra perante o Congresso.
Durante o período presidencial, os momentos de felicidade vividos aquando das
visitas a Portugal dos reis da Bélgica e do príncipe do Mónaco, da viagem de
Gago Coutinho e Sacadura Cabral e sobretudo do momento alto da visita do
Presidente português ao Brasil, entre 17 de Agosto e 27 de Setembro de 1922,
integrada nas comemorações do centenário daquele jovem país, não conseguem fazer
esquecer o clima de grande perturbação global que se vive na sociedade
portuguesa.
Como grande pano de fundo, a epidemia de tifo, que só no ano de 1919 provoca
mais de 2000 vítimas.
No tecido social, as greves constituem a palavra de ordem. Dos trabalhadores dos
telefones e da indústria corticeira, em Janeiro de 1920. Em Março, ferroviários,
correios e telégrafos e tabacos. Em Setembro, novamente os ferroviários. Em
Janeiro de 1921, greve geral dos trabalhadores da Imprensa que irá durar cerca
de quatro meses. Em Fevereiro de 1922, Carris e conservas de peixe de Setúbal e,
em Agosto do mesmo ano, greve geral contra a carestia de vida, seguidas de
tantas outras levadas a cabo ao longo do ano de 1923.
Como exemplo de actos de rebeldia revolucionária, os acontecimentos de 19 de
Outubro de 1922 constituem marco frisante, com o final dramático das mortes de
António Granjo, chefe do Governo, Machado Santos e Carlos da Maia. As eleições
sucedem-se: Maio de 1919, Julho de 1921 e Janeiro de 1922.
Os governos, por último. Não contando com o de Sá Cardoso, que continuou até 21
de Janeiro de 1920, António José de Almeida vai dar posse a dezasseis chefes de
governo.
Só entre 21 de Janeiro de 1920 e 2 de Março de 1921, sucedem-se sete. Domingos
Pereira, António Maria Baptista, José Ramos Preto, António Maria da Silva,
António Granjo, Álvaro de Castro e Liberato Pinto.
No ano de 1921, vai investir mais seis. Bernardino Machado, Barros Queirós,
António Granjo, Manuel Maria Coelho, Maia Pinto e Cunha Leal. O ano de 1922 será
reservado para três governos de António Maria da Silva, conseguindo-se uma certa
acalmia.
No meio desta barafunda, a que o desentendimento que grassa entre as
individualidades que constituem a classe política não é alheio, sente-se uma
cada vez maior aceitação à presença dos militares na acção governativa,
prenúncio dos acontecimentos do 28 de Maio.
ACTIVIDADE PÓS-PRESIDENCIAL
Após ter sido substituído no cargo por Manuel Teixeira Gomes em 5 de Outubro de
1923, continuou a colaborar no jornal República.
Atacado de gota, passa os últimos anos numa cadeira de rodas, vindo a falecer em
31 de Outubro de 1929, não chegando a tomar posse do cargo de grão-mestre da
Maçonaria, para que tinha sido eleito.
Em sua memória, foi-lhe erigido um monumento em Lisboa da autoria do escultor
Leopoldo de Almeida e do arquitecto Pardal Monteiro.
OBRAS PRINCIPAIS
A sua obra reparte-se pelos manifestos, artigos, cartas, entrevistas e sobretudo
pelos discursos. Improvisador de génio, as suas peças de oratória ficaram
célebres, destacando-se os discursos proferidos nos funerais de Rafael Bordalo
Pinheiro e de José Falcão, no Parlamento e durante a sua visita ao Brasil, que
podem ser consultados na obra intitulada 40 Anos da Vida Literária e Política,
Lisboa, J. Rodrigues e Companhia.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande -
Portugal
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