A VERDADE SE IMPÕE!

Eliane Arruda

 


 
“Quando descobrimos um grande livro, sentimo-lo logo nas primeiras frases, que não são frases mas música para a alma. Há uma qualquer cadência de sons e arranjos na leitura de uma obra-prima que é difícil de explicar”.  (Eduardo Sousa)
 
         Quem possui realmente carisma e talento, quanto às suas composições, independe de marketing ou de qualquer outro tipo de propaganda, mas sim de sucessivas publicações para que os leitores constatem o seu poderio na hora de, habilmente, movimentar a sua pena sobre a folha branca e indiferente de papel.
         Não sei se já lhe ocorreu o seguinte: ler poemas ou outro gênero textual, e não sentir absolutamente nada. Em contrapartida, outras produções revelando um notável poder encantatório, despertando, inclusive, um gostinho de “venha mais”. Já me ocorreu alguma vez, lendo um autor famoso, ficar decepcionada com o desenrolar da sua narrativa, sem despertar-me  algo diferente ou motivador. Na mesma hora, salta o pensamento a cochichar-me: “Esse autorzinho só pode ter sido produto de fabricação... Por que motivo consta no rol das genialidades”?
         Lembrei-me, agora, de um fato ocorrido há algum tempo. Uma das minhas alunas chegou e perguntou-me:
         - Professora, que livro gostaria de ler?
         Lembrei-me de um que há muito desejava comprar e disse-lhe o título e o autor. No Dia do Professor, ela me deu o livro de presente. Vibrei pelo fato de uma adolescente agir dessa maneira, bem como poder realizar um sonho antigo. Só nunca perguntei à referida aluna onde o tinha comprado, pois nunca o vira em livraria alguma. Se tivesse pousado os meus olhos nele, com certeza, tê-lo-ia  comprado, tanta era a vontade de perder-me na sua leitura.
         Na mesma tarde, comecei a sonhada viagem nas páginas desse livro e ainda percorri algumas delas, mas constatei que se tratava de “aguinha com açúcar”: monótono, cansativo, daqueles que não despertam no leitor a menor sombra de interesse. Talvez o tenha lido pela metade, nem sei mais! Depois, tomou “um chá de sumiço” que, sinceramente, não sei onde foi parar.
         Já outro dia, peguei um livro por acaso. Não figurava entre os melhores da obra de um determinado escritor. Na realidade, comecei a folheá-lo porque almejava fazer uma leitura qualquer. Entusiasmei-me bastante, o romancista dispunha de um invejável poder de sugestão. Até mais da metade do livro, não deu nenhuma abertura para se compreender o porquê do seu título, instaurando-se um grandioso mistério. Pensei na hora: “Eis um grande romancista! Sabe introduzir a sugestão e o mistério, levando o leitor a querer, o mais rápido possível, encontrar o final da leitura”.
         Quando o livro é destinado ao estudo, à pesquisa objetivando um trabalho acadêmico, assumo uma postura muito séria: leio-o atentamente, sublinhando trechos, realizando anotações, gostando ou não. Quando, porém, a minha intenção é lúdica, descompromissada com algo, leio realmente o que aprecio. Por sinal, tudo depende do interesse que se tem em determinado momento. Ora existe a abertura para um livro de teor reflexivo, ou mesmo, de conteúdo informativo, ora a leitura  que privilegie o labor literário. Na verdade, a emoção, a alma ou o intelecto determinam o tipo de leitura para um certo momento.
         Acreditamos que o gosto pela leitura literária irá depender bastante da formação do leitor. Daí, a escola preocupar-se, hoje, em estudar, com os alunos, textos literários, bem como não-literários. Para que percebam a diferença entre os dois, não absorvendo a noção de que uma página qualquer pode ser confundida com Literatura.

 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 

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