L E V E Z A
Eliane Arruda - CE

São inúmeras as pessoas
que se aventuram no território
da produção literária, poucas,
no entanto, conseguem aportar na
leveza sugerida pela própria
literatura.
O autor Ítalo Calvino,
no seu livro “SEIS PROPOSTAS
PARA O MILÊNIO” que enfeixa as
suas conferências realizadas na
Universidade de Harward, aborda
justamente a oposição “leveza x
peso”, argumentando a favor da
primeira. Considera-a “antes um
valor que um defeito” e busca,
entre as obras do passado, as
que correspondam ao seu ideal de
leveza.
Se um escritor não
souber filtrar as ocorrências e
as belezas do cotidiano a fim de
encaminhá-las à sua atividade
escrita, não produzirá, com
certeza, textos leves, uma vez
que a vida moderna é um fardo o
qual precisa carregar às costas,
sentindo-se, então, com uns
duzentos quilos sobre a folha de
papel, onde, muitas vezes, as
pessoas se movimentam com
dificuldade, em virtude das
imposições do ato de escrever.
Sinceramente, não sei
se alguém pode afirmar que a
leveza trata-se de um DOM.
Algumas vezes, subestima-se o
estudo, o treino, a conquista da
habilidade de desenhar o
contorno da frase, dos arranjos
lingüísticos, de selecionar as
palavras mais apropriadas à
literatura, a favor dessa
minúscula palavra, mas trata-se
de uma questão de entendimento
ou mera internalização com a
insistência da prática.
Sem dúvida, existe todo
um processo de habilidade ao
qual não se chega de imediato.
Faz-se necessária a maneira de
observação da vida,
provavelmente quanto à beleza do
que foi deixado pelo Criador,
levando um pouco de ternura e
colorido às mais esconsas
configurações do autor, ainda
mais associadas ao conhecimento
das variáveis que, na composição
da língua, podem revestir
sentimentos, pensamentos e
emoções.
Essa qualidade do
estilo de um escritor faz,
também, com que surjam outras:
simplicidade, clareza,
luminosidade, sutileza na
capacidade de tecer a sugestão
que dá vida ao texto literário,
desde que não se perca em
abusivas sugestões a arroubos
imagísticos, tornando o texto,
por isso, um emaranhado aos
olhos do leitor.
Se o que vale para o
literato é o sonho, esse, no
entanto, precisa revestir-se das
peculiaridades que o fazem
levitar diante da contemplação
dos admiradores. Do contrário,
um simples escrevinhador pode
ser confundido com um ARTISTA DA
PALAVRA.
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