Lágrimas da Seca

Luiz Eduardo Caminha
 
 
 

 
A terra quebradiça da seca
Sedenta da estiagem,
Sorve a chuva,
Que corre a cântaros
Como as lágrimas
Da amada abandonada.
 

Mãos se erguem aos céus,
Valei-nos São José!
Amanhã terá trabalho,
Lavrar, lavorar lavoura.
Depois colheita boa, boa safra.
 

Tão certo como São José
Que garante as festas de São João.
Tão certo como a macaxeira-mandioca,
Que garante o cuscuz, a tapioca.
Mais certo que o milho,
Que haverá de ser pamonha.
Tão certo como o perfume
Da manga-rosa,
De mangueiras feito pinheirinhos,
Cheias de tons róseo-amarelinhos.
 

Tão certo ainda,
Como um novo bacuri
Que pro ano,
Lá por janeiro, fevereiro,
Há de vir.
 

Pra sofrer novo sertão,
Pra viver, quem sabe, a chuvarada,
Pra ser mais um, entre tantos,
No casebre de sapé.
 

“A ponhá as mão pro céu e dizê:
Brigado Mainha!
Brigado Meu Sinhô!
Brigado padim Ciço!
Brigado São José!!!”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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