ESCOLHA BEM O VINHO PARA
A SUA FESTA DO NATAL
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite
Ribeiro
A
escolha de um vinho adequado torna a
refeição mais agradável e favorece o
paladar dos alimentos. Estes
objetivos devem ser perseguidos com
particular atenção nas festas de
natal e Ano Novo. Não basta
selecionar um vinho bom – é preciso
saber, primeiro, que tipo de vinho
se deve comprar, quais as suas
características. De facto, existem
alguns princípios básicos para a
escolha dos vinhos que se bebem à
refeição. Aqui ficam.
“Carne”: As carnes vermelhas são
acompanhadas por vinhos tintos
encorpados, com bom aroma, enquanto
que para as brancas são
aconselháveis os vinhos mais leves,
mais jovens e menos carregados de
aroma e de sabor. Por outro lado,
quem pretende comer um bom leitão
assado no forno pode ficar a saber
que esta iguaria é excelente quando
servida com um espumante natural.
“Churrascos”: Combina muito bem com
vinho tinto velho, aveludado e com
bom aroma.
“Peixes”: O sabor dos peixes cozidos
ou grelhados é enaltecido pelos
vinhos brancos, um pouco acídulos,
leves, frutados e vivos. Os peixes
cozinhados ao forno devem ser
servidos com vinhos brancos mais
secos e encorpados.
“Mariscos”: O marisco cozido combina
bem com vinho branco leve, acídulo
ou com vinho verde branco. Os
mariscos gratinados ou cozinhados
com gordura, ervas aromáticas,
especiarias ou natas, requerem um
vinho branco seco, menos acídulo e
menos jovem.
“Doces”: A doçaria acompanha bem com
um vinho licoroso doce ou meio doce,
consoante a sobremesa contenha mais
ou menos açúcar na sua confeção, ou
com um espumante doce.
“Mais umas dicas”:
- Os vinhos brancos secos devem ser
servidos antes dos tintos. Em regra,
os vinhos brancos secos são ligeiros
e de paladar delicado, pelo que
combinam bem pratos com as mesmas
características. Não se deve servir
este tipo de vinho com pratos
“pesados”.
- Os vinhos mais finos (de melhor
qualidade) sabem melhor se servidos
depois de outros menos finos do
mesmo tipo.
- Os vinhos doces não devem ser
bebidos antes da refeição, pois
reduzem o apetite. Não são
aconselhados para acompanhar pratos
de carne, sendo mais vocacionados
para as sobremesas.
- Os vinhos devem ser servidos pela
ordem inversa da sua idade, ou seja
primeiro os mais jovens.
Nota: Os vinhos próprios para a
consoada têm de ser escolhidos em
função da ementa. Por exemplo: o
bacalhau e o peru não devem ser
acompanhados pelo mesmo tipo de
vinho.
Apreciar os aromas do vinho é apenas
questão de prática: exercite-se e
respire à sua volta os diferentes
perfumes que diariamente pairam no
ar e conseguirá cada vez melhor
distinguir os aromas do vinho. Uma
coisa é certa: quanto mais degustar
atentamente o vinho, mais coisas
interessantes descobrirá. Antes de
mais, faça rodar o seu copo: os
aromas do vinho difundir-se-ão no
ar; sinta e tome gosto pela
descoberta dos diferentes
componentes aromáticos, não hesite
em “mergulhar” o seu nariz no copo
para aí capturar todos os aromas.
Finalmente, tome uma pequena golada
e mantenha o vinho na boca, cerre os
lábios e aspire um pouco de ar,
passeie o vinho na boca alguns
segundos e engula-o lentamente.
Utilize o termo “nariz” para
designar os aromas e “paladares”
para os sabores. Os principais
sabores que irá encontrar são: doce,
ácido e áspero. Sendo que o oposto
de doce é seco, poderá classificar
os vinhos em seco, meio-seco ou
doce. A acidez é um critério de
gosto com maior importância no vinho
tinto; pode tratar-se de um vinho
pequeno ou de um vinho generoso,
consoante a acidez ou a falta de
acidez. Poderá classificá-lo de
fresco, doce, chato ou áspero. O
sabor amargo ou o tanino é bastante
mais elevado nos vinhos tintos pois
são deixados por mais tempo em
contacto com as uvas; o vinho pode
ser ácido, firme ou aveludado.
Agora, trata-se de decidir o que
gosta e o que não gosta nos vinhos
para que possa comunicar essas
informações àqueles que poderão
ajudá-lo na sua escolha.
A escolhe de um bom vinho, deverá
ser demorada, cuidadosa e com muito
critério e personalidade. Não aceite
por bom o que lhe queira impingir.
Alguns aromas para apreciar o vinho:
Às flores: - Amendoeira, rosa,
peónia, violeta, tília, jacinto,
giesta e madressilva, caracterizam
os vinhos jovens, assim como o valor
aromático de certas castas. Por
exemplo, o aroma das flores brancas
encontram-se com mais frequência nos
vinhos brancos. Aroma a Frutas: - A
banana, cereja, morango, framboesa,
cássis, citrinas, melão, pêssego,
amoras, mangas e goiaba. Os aromas
dos frutos vermelhos encontram-se
mais nos vinhos tintos, enquanto os
dos frutos amarelos se encontram
mais nos vinhos brancos. Encontramos
frequentemente o sabor a maçã nos
chamados vinhos verdes (Minho).
Aromas a Alimentos: - manteiga,
cerveja, Cognac, mel, alho, cebola,
etc.. Nos grandes vinhos brancos,
encontram-se frequentemente o aroma
da manteiga e do mel. Aroma a
Animais: - âmbar, coiro, caça e
almíscar. Muitas vezes presentes nos
vinhos tintos em taninos. Aroma a
Vegetais: - Caruma, musgo, bosque,
havano, erva-cidreira, etc. Aroma a
Especiarias ( para um jantar à luz
de velas ...): - anis,
alfavaca-de-cobra, canela, pimenta,
louro, moscada, baunilha, etc. A
baunilha é sinónimo de um
envelhecimento em barril de carvalho
velho. (Boa Sorte !). Com aroma
Empireumáticos (para a consumação de
um jantar à luz de velas ...): -
cacau, café, caramelo, chá, etc.. Os
aromas a café e cacau são muito
procurados já que traduzem a
particularidade de um bom ano de
vinhos...
E o
Vinho do Porto...
Ao
longo de quase dois milénios fez-se,
nas encostas xistosas do vale do
Douro (Norte de Portugal), uma
paisagem vitícola singular, um vinho
excecional. Mais do que um dom da
natureza, o Vinho do Porto é, na sua
essência histórica, um património
cultural coletivo de trabalho e
experiências, saberes e arte, que
gerações e gerações acumularam. O
Vinho do Porto foi e é um produto
chave da economia portuguesa e ainda
mais um valor simbólico que
distintamente representa a
portugalidade no mundo. A história
do vinhedo do Alto Douro é muito
antiga. Não faltam descobertas
arqueológicas e referências
documentais a testemunhar a
persistência cultural do empenho
vitivinícola de outras eras. Recuam,
pelo menos, aos séculos III e IV os
vestígios de lagares e vasilhame
vinário, um pouco por toda a região
duriense. Porém, a designação de
Vinho do Porto surge apenas na
Segunda metade do século XVII, numa
época de expansão da viticultura
duriense e de crescimento rápido da
exportação de vinhos. No último
terço do século XVII, em tempo de
rivalidades entre impérios marítimos
do Norte da Europa, flamengos e
ingleses aumentam a procura dos
vinhos ibéricos em detrimento de
Bordéus e de outras regiões
francesas. A Inglaterra importa
crescentes quantidades de Porto. Em
1703, o Tratado de Methuen virá
consagrar no plano diplomático este
fluxo mercantil, prevendo a
contrapartida de privilégios para os
tecidos britânicos no mercado
português. A produção duriense,
estimulada pela crescente procura
inglesa e preços altíssimos, tenta
adaptar-se às novas exigências do
mercado. Mas, o negócio rivaliza
interesses, suscita fraudes e
abusos. A partir de meados do século
XVII, as exportações estagnam, ao
passo que a produção vinhateira
parece ter continuado a crescer. Os
preços baixam em flecha e os
ingleses decidem não comprar vinhos,
acusando os lavradores de promover
adulterações. Esta crise comercial
conduzirá, por pressão dos
interesses dos grandes vinhateiros
durienses junto do governo do futuro
Marquês de Pombal, à instituição da
Companhia geral da Agricultura das
Vinhas do Alto Douro, a 10 de
Setembro de 1756. Com ela busca-se
assegurar a qualidade do produto,
evitando adulterações, equilibrar a
produção e o comércio e estabilizar
os preços. Procede-se à primeira
demarcação das serras. A região
produtora é bordada por 335 marcos
de pedra com a designação de
Feitoria, designação que referendava
o vinho da melhor qualidade, único
que podia exportar para Inglaterra,
vulgarmente conhecido por vinho
fino. Define-se, então, o conceito
de cadastro.
Na Segunda metade do século XIX, um
conjunto de fatores conjuga-se para
marcar o ponto de viragem do Douro
pombalino para o contemporâneo,
promovendo profundas mudanças na
viticultura duriense. Depois das
destruições, nos anos cinquenta,
pelo ódio, é a praga filoxera que
reduz a mortórios grande parte do
vinhedo da área demarcada. Em 1865,
a instauração do regime de liberdade
comercial constitui, ao nível
regional, a abertura da linha de
demarcação, permitindo a expansão
rápida do vinho no Douro Superior,
onde o ataque da praga filoxera foi
mais tardio e menos violento. Surgem
novas práticas de preparação do
terreno, alteram-se as formas de
plantação da vinha, selecionam as
melhores castas para enxertia,
difunde-se a utilização racional de
adubos e fito sanitários,
aperfeiçoam-se os processos de
vinificação. No final do século, é
bem visível o impacto da filoxera no
reordenamento regional, mas aos
poucos.