TEORIA
FILOSÓFICA DO CONHECIMENTO
Depois de termos
discorrido sobre as teorias
extravagantes do Ceticismo e do
Idealismo, que atualmente têm apenas
algum valor histórico, por terem
propiciado debates à Filosofia, ainda
que possivelmente histéricos,
atenhamo-nos mais um pouco nos
princípios irrefutáveis do Realismo
Filosófico.
Antes, porém, recordemos:
Para o Ceticismo, não existe o
conhecimento, porque de nada se pode ter
certeza, diz ele, uma vez que tudo está
num vir-a-ser constante, e não há
realidade, sobre a qual se possa fazer
alguma afirmação ou negação estável.
Igualmente, para o Idealismo, o
conhecimento não atinge a realidade do
mundo exterior. Ora, neste caso, o
conhecimento é conhecimento de nada,
absolutamente vazio, porque não
corresponde à realidade alguma.
Consequentemente, o fim do idealismo
deveria ser o abismo do ceticismo.
Entretanto, o conhecimento existe. Assim
atesta naturalmente o senso comum, bem
como toda atividade intelectual e
técnica dos seres humanos.
Todo ser humano, mesmo dentre os mais
simples e iletrados, riria de nós, se
lhe disséssemos que tudo o que existe
não passa de sombra irreal, fruto da nossa imaginação e que, se algo
existisse, não poderíamos conhecer,
pois, só podemos conhecer o que está
dentro da nossa mente, isto é, nossas
ideias.
Ora, apresenta-se aqui gravíssimo
equívoco, pois conceber ideias, sem os
correspondentes conhecimentos dos seres
do mundo, é mera contradição.
Sob o ponto de vista da sã Filosofia, a
ideia representa conhecimento da
realidade que se encontra no mundo em
que vivemos, realidade exterior,
portanto, à nossa mente.
Os manuais de Filosofia definem a ideia
“como simples representação intelectual
de um objeto”.
Para haver conhecimento, é preciso que,
antes de tudo, exista o objeto e,
depois, o sujeito cognoscente.
Assim, é complexo e
impressionante o processo em que se dá o
conhecimento: De um lance imediato, a
inteligência humana capta as qualidades
ou a essência de alguma coisa, fazendo
com que aquilo que existe na realidade
exterior passe a existir, de forma
virtual, na mente do cognoscente,
produzindo o milagre do conhecimento.
Assimilar
intelectualmente as realidades, formando
ideias, representa o passo primeiro e
fundamental para a aquisição de
conhecimentos. (Os passos seguintes são
o juízo e o raciocínio, que não serão
tratados aqui).
A criança, por sua
própria natureza, também elabora ideias,
dentro dos seus limites intelectuais em
desenvolvimento.
Outrossim, a ideia é
de natureza universal, em contraposição
à imagem, que também é uma elaboração
mental, mas de natureza singular.
No processo de
formação de ideia, a inteligência humana
apreende as qualidades, ou notas
características de determinado ser – é a
compreensão.
Na ideia de “homem”,
por exemplo, podemos encontrar as
seguintes características que fazem a
compreensão: Animalidade, racionalidade,
liberdade, risibilidade, etc..
Em seguida, podemos
considerar os indivíduos que possuem a
mesma compreensão.
Trata-se da extensão
da ideia. Assim, a ideia de homem é
extensiva a todos os seres humanos de
todas as idades, de todas as raças, –
todos os humanos indistintamente.
Por ser extensiva a
inúmeros seres de natureza comum, a
ideia é, portanto, universal.
A idéia que tenho de
“animal” (substância, ser vivo,
irracional, sensitivo, dotado de
locomoção, etc..) é extensiva a todos os
seres vivos, que têm sentidos externos e
internos, além de um complexo centro
nervoso.
Podemos manifestar as
ideias, através de termos ou palavras.
Somente os seres
humanos têm potencialidade de falar,
porque somente eles elaboram ideias e
podem, de alguma forma, manifestá-las.
Os animais irracionais
são carentes de inteligência abstrata,
por isso não têm ideias e,
consequentemente, não falam.
A rigor, nem o
papagaio fala. Ele apenas pronuncia
“poucas palavras”, frutos da sua
memorização concreta de imagens
auditivas, proveniente de treinamento
repetitivo, feito por algum ser humano
inteligente e curioso.
Quando se diz que
alguém fala como papagaio, é sinal de
que apenas pronuncia palavras, mas não
tem compreensão das mesmas, fala sem
saber o que diz – não tem
conhecimentos.
E, porque o
conhecimento existe, foi possível os
seres humanos, através do labor
conjunto, edificarem a universalidade
das ciências e das tecnologias,
possibilitando maiores índices de
qualidade de vida numa evolução próspera
e contínua.
O poder intelectual de conhecer e de se
conhecer são das maiores dádivas que o
Criador do Universo propiciou ao ser
humano, colocando-o, através deste
miraculoso instrumento, no caminho que
poderá conduzi-lo à verdadeira e perene
felicidade.
Diante disso, cada ser
humano deveria agradecer a Deus por ter
nascido e se desenvolvido como pessoa
capaz de adquirir conhecimentos de toda
ordem possível.
Para encerrar, é
necessário que celebremos:
Bendito seja Deus que nos concedeu
inteligência, para conhecermos as
maravilhas do universo; que nos
enriqueceu com a graça da compreensão ao
semelhante e, através dele, podermos
agradecer, louvar e adorar o SENHOR
SUPREMO DA CRIAÇÃO DO UNIVERSO!
Obs.: Para não sermos demasiadamente
cansativos, em outra oportunidade,
falaremos sobre o conhecimento sensível
e intelectual.
Obrigado!
Lairton Trovão de
Andrade
Subscritor da Liga dos
Amigos do Portal CEN: