
Batalha de São Mamede
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Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
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A
Batalha de S. Mamede, travou-se em 24 de
Junho de 1128, em que se defrontaram os
exércitos do viria a ser o 1º rei de
Portugal e de sua mãe, D. Teresa,
culminou com o reconhecimento de D.
Afonso Henriques como 1º Rei de
Portugal.
A Batalha de São Mamede foi travada a 24
de Junho de 1128, entre Dom Afonso
Henriques e as tropas de sua mãe, D.
Teresa e do conde galego Fernão Peres de
Trava, que se tentava apoderar do
governo do Condado Portucalense. As duas
facções confrontaram-se no campo de São
Mamede, perto de Guimarães.

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Com a
derrota, D. Teresa e Fernão Peres abandonaram o governo condal, que ficaria
agora nas mãos do infante e seus partidários, desagradando o bispo de
Santiago de Compostela, Diogo Gelmires, que cobiçava o domínio das terras.
D. Teresa desistia assim das ambições de ser senhora de toda a Galiza.
Existem rumores não confirmados que ela tenha sido aprisionada no Castelo de
Lanhoso. Há até quem relate as maldições que D. Teresa pregou ao seu filho
Henrique.
De Borgonha (França) vem em
1092 D. Raimundo, filho segundo de Guilherme I «O Grande», conde de
Borgonha. A ele é atribuído o governo de toda a Galiza, cujo poder se
encontrava vago pela morte recente do rei Garcia. Casou com a filha legítima
de Afonso VI, D. Urraca. Mais tarde, e talvez atraído pelo sucesso do seu
primo, vem para a península D. Henrique de Borgonha, da família ducal.
Afonso VI casa-o com a sua filha ilegítima D. Teresa e atribui-lhe o governo
do condado Portucalense, incluindo a zona de Emínio (Coimbra).
Após a morte de D. Henrique, em 1112, fica D. Teresa a governar o condado,
pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrem, já que
lhe tinha sido dado por seu pai na altura do casamento. Associou ao governo
o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava.
Terá até talvez casado em segundas núpcias com Bermudo, do qual terá tido
uma filha.
A crescente influência dos condes galegos no governo do condado Portucalense
levou à revolta verificada em 1128, protagonizada pela grande maioria dos
infanções do Entre Douro e Minho. Estes escolheram para seu caudilho, D.
Afonso Henriques, filho de D. Henrique e de D. Teresa.
"A Galiza, incluindo debaixo desta denominação a extensa província
portugalense e que naturalmente se devia considerar como incorporado o
território novamente adquirido ao Garb muçulmano, constituía já um vasto
estado remoto do centro da monarquia leonesa. Os condes que dominavam os
distritos em que esse largo tracto de terra se dividia ficavam assaz
poderosos para facilmente se possuírem das ideias de independência e
rebelião comuns naquele tempo, tanto entre os sarracenos como entre os
cristãos. Afonso VI pôde evitar esse risco convertendo toda a Galiza, na
mais extensa significação desta palavra, em um grande senhorio, cujo governo
entregou a um membro da sua família (...)"
in História de Portugal de Alexandre Herculano.
Na batalha de São Mamede defrontam-se os exércitos do conde Fernão Peres de
Trava e o dos barões portucalenses. Estes últimos quando venceram Fernão
Peres pretendiam apenas obriga-lo a ceder o governo do condado portucalense
ao príncipe herdeiro.
A intervenção dos barões portucalenses, liderada pelos senhores de Sousa e
de Ribadouro, resultava de um longo percurso, ao longo do qual as linhagens
de Entre Douro e Minho tinham solidificado o poder que exerciam na região.
Pretendiam, como desde o tempo da condessa Mumadona Dias ocupar um lugar que
não estivesse subordinado a ninguém, a não ser uma autoridade local em
serviço dos seus interesses. O jovem herdeiro do condado servia exactamente
a essa pretensão. Após a vitória Afonso Henriques tomou a autoridade com
todo o vigor.
Afonso VII de Leão, ocupado com as vicissitudes da política leonesa, não
atribui importância a esta mudança de poder no condado, e limita-se a
aceitar o preito de fidelidade de D. Afonso Henriques em 1137. Porque isso
contribuía para engrandecer o prestígio do imperador Afonso VII, a
chancelaria leonesa não hesita em atribuir o título de rei ao príncipe
português. Podia assim Afonso VII afirmar a sua condição de imperador, o
qual tem reis por vassalos.
Em 1143 o rei de Portugal dirige-se ao Papa, numa carta, declarando que faz
homenagem à Sé Apostólica como miles de São Pedro, obrigando-se a pagar o
censo anual de quatro onças de ouro, sob a condição de o Papa defender a
honra e a dignidade dele e da sua «terra». Declarou ainda que não reconhecia
a autoridade de nenhum outro poder eclesiástico ou secular. Com esta carta
D. Afonso Henriques oficializava a independência de Portugal
A 24 de Junho de 1128 deu-se a
batalha de São Mamede. Aí se defrontaram as hostes de D. Afonso Henriques e
dos barões que o acompanhavam, com as de fidalgos galegos, chefiados por
Fernão Peres de Trava, e partidários de sua mãe D. Teresa. Temia-se a
influência desse conde galego Fernão Peres de Trava junto de D. Teresa, já
que se via nessa união uma clara tentativa de unificação da Galiza com
Portugal, posição contrária à dos barões portucalenses, que desejavam a
autonomia em relação à Galiza.
Foi nestas circunstâncias que se travou a batalha, da qual o conde de Trava
saiu derrotado, sendo D. Teresa exilada para a Galiza, onde viria a morrer
em 1130. A batalha foi decisiva e quem aí venceu foram sobretudo os barões
portucalenses que rejeitavam a influência dos Travas no condado, e
manifestavam a sua opção por D. Afonso Henriques como seu chefe.
Vencida a batalha, Afonso Henriques assumiu claramente o governo do condado,
com o objectivo claro de lhe firmar a independência. Para tal, definiu uma
dupla política baseada, por um lado, na defesa do seu condado contra Leão e
Castela (a norte e a leste) e contra os mouros (a sul); por outro, na
negociação com a Santa Sé, no sentido de ver reconhecida a independência do
seu reino e de conseguir também a autonomia plena da Igreja Portuguesa.
À morte do seu marido, em 1112, tomou a regência do condado e continuou a
política de D. Henrique no sentido de favorecer o poder e a expansão do
condado portucalense. Tal acção era facilitada pela conjuntura que se vivia,
de afirmação dos poderes feudais e regionais contra a autoridade régia. Em
1116, entrou em aliança preferencial com a família galega dos condes de
Trava. O apoio aos direitos sucessórios de Afonso Raimundes (futuro Afonso
VII) contra a sua mãe, D. Urraca (irmã de D. Teresa e rainha viúva de Leão),
tornou-se então a pedra de toque do governo de D. Teresa, que, a partir de
1117, começou a intitular-se rainha.
D. Teresa passou então a uma complexa política de alianças que acabaria por
lhe trazer a oposição cerrada da nobreza portucalense, vindo essa oposição a
congregar-se em torno de D. Afonso Henriques. Com a morte de D. Urraca e a
ascensão ao trono de Leão de Afonso Raimundes, a chefia de D. Teresa passou
a ser combatida abertamente, consumando-se o seu afastamento do condado a
partir da batalha de S. Mamede (1128). Destronada pelo filho, refugiou-se na
Galiza, e aí morreria dois anos depois.
Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande - Portugal

FORMATAÇÃO E ARTE: IARA MELO
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