Portal CEN *** Pesquisas Carlos Leite Ribeiro ***

 

 

Eça de Queiroz

 

Morreu a 16 de Agosto de 1900

 

 

 

 

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

 

Formatação de Iara Melo

 


José Maria Eça de Queirós, nasceu na Póvoa do Varzim, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde se ligou espiritual e sentimentalmente a homens como Antero de Quental e Teófilo Braga, a chamada “Escola Coimbrã” ou “Geração de 70”. Imbuído de novas ideias, este grupo académico alvoraçou não só Coimbra mas também o País – o País literato, diga-se – na célebre polémica contra Castilho, as ideias e a forma como as expressava. Na “Questão Coimbrã” Eça foi, no entanto, um simples espectador, o que não aconteceu mais tarde, quando, nas suas não menos polémicas “Conferências do Casino Lisbonense”, expressou em 1871, a sua opinião sobre “O Realismo como nova expressão de Arte.. Entretanto, porém, Eça acabava o curso, exercera fugazmente a advocacia em Lisboa, dirigira o jornal político Distrito de Évora, em 1867, e assistira à inauguração do Canal de Suez, em 1869, durante uma viagem ao Oriente, cujas impressões viriam a fazer parte da sua obra. De volta a Portugal, decidiu ingressar no Corpo Diplomático, para o que lhe foi necessário exercer as funções de administrador de Concelho durante seis meses. Leiria, onde foi então colocado, e a sua vida provinciana feita de lassidão e beatice iriam ficar registadas em O Crime do Padre Amaro obra saída a público em 1875 e considerada o seu primeiro livro importante sob o ponto de vista do expresso na sua conferência sobre o Realismo. Depois de Leiria é nomeado cônsul em Cuba, em Inglaterra de 1974 a 1878 e, por fim, em Paris, onde morre em 16 de Agosto de 1900. Os seus primeiros textos, publicado na Gazeta de Portugal, a partir de 1866, influenciados por Baudelaire e pela fase inicial do Simbolismo, são publicados em volume, em 1903, sob a designação de Prosas Bárbaras. Ainda sob influência do Simbolismo, foi também por esta mesma época que, juntamente com Antero de Quental, criou a figura de Fradique Mendes. Já a colaboração com Ramalho Ortigão, nas Farpas data da época das Conferências do Casino e denota um outro tipo de preocupação crítica pelo humor. Tem-se afirmado ser Eça o Zola português, mas o naturalismo expresso pelo escritor francês nunca foi presença absoluta na sua escrita, antes elemento subalternizado, do qual se libertou pelo pessoalismo da sua arte. Segundo Ernesto Guerra da Cal, “a sua evolução foi lenta, harmoniosa, intensa. A disciplina férrea de observação aquietara a sua fantasia e serenava a sua forma. Conquista então a sua “maneira” inconfundível, sugestiva e irónica, síntese consciente dos dois pendores contraditórios da sua psique: o impulso atávico do seu temperamento para a livre imaginação, o lirismo e a eloquência, dum lado; e do outro a tendência, adquirida mercês da educação positivista, para uma percepção clara e imediata dos elementos objectivos da realidade e o desejo de exacta expressão deles, sem desdenhar, ou mesmo procurando-lhe, os aspectos prosaicos, feios ou baixos”. Necessitando por outro lado de um instrumento verbal dúctil, viu-se obrigado a submeter a Língua Portuguesa a uma profunda mutação, tão profunda como nunca antes acontecera, criando assim a sua obra numa estética nova, através de uma linguagem revivificada.
Ao morrer em Paris, na sua casa de Neuilly, Eça de Queirós tinha-se tornado um dos nossos mais brilhantes escritores, sendo a ironia a marca constante da sua obra literária.
Os seus romances são portadores de um realismo corrosivo, impregnado de uma espectacular, e para a época, inovadora arte narrativa, revelando um humor caricatural que se mantém sempre actual
Obra literária de Eça de Queirós:
A Capital; A Cidade e as Serras; A Ilustre Casa de Ramires; A Relíquia; A Tragédia da Rua das Flores; As Farpas; As Minas de Salomão; Adão e Eva no Paraíso; Alves & C.a; Cartas de Inglaterra; Cartas Familiares e Bilhetes de Paris; Contos; A Aia, O Tesouro ...; Correspondência de Fradique Mendes; Ecos de Paris; Notas Contemporâneas; O Conde d'Abranhos; O Crime do Padre Amaro; O Egipto; O Mandarim; O Tesouro; O Mistério da Estrada de Sintra; O Primo Basílio; Os Maias; Prosas Bárbaras; Últimas Páginas; Uma Campanha Alegre.

http://www.rtp.pt/gdesport : A escrita de Eça de Queirós modernizou a literatura portuguesa. Dono de uma língua feroz e um humor cáustico, escreveu romances fundamentais como “Os Maias” e “O Crime do Padre Amaro”. Foi um observador atento da sociedade do século XIX e, com a força das palavras, lutou contra a ferrugem nacional. Viveu durante anos fora do País, o que lhe aprimorou a inabalável lucidez. Morreu em Paris. A sua obra está traduzida numa vintena de línguas. Eça de Queirós foi um génio da literatura, ao nível “de um Charles Dickens ou de um Émile Zola”, diz o professor universitário José Miguel Sardica.
Eça de Queirós era - ainda é - um antídoto contra o tédio. No meio de tanta literatura soturna do seu tempo, a sua escrita era um refresco. Os textos de Eça criaram o português moderno A sua obra revelou uma capacidade de análise e distanciamento notáveis. É importante para o entendimento da sociedade, hábitos e costumes do século XIX.
Acutilante nas críticas à sociedade e certeiro na descrição do pântano em que Portugal vivia na altura, Eça de Queirós foi um dos maiores pensadores do seu tempo. Cáustico, desencantava os mais ácidos argumentos para descrever a sociedade do seu tempo.
Foi um escritor realista, mas também um revolucionário e anarquista. Considerava que a literatura era uma forma de intervenção. A médica Isabel do Carmo lembra que o autor tinha “um carácter social e político muitas vezes esquecido”.
José Maria Eça de Queirós nasceu em 25 de Novembro de 1845, na Póvoa de Varzim. Era filho natural do juiz José Maria de Almeida e oficialmente de mãe desconhecida. Foi criado por uma ama até à morte desta. O pai tinha, entretanto, casado com Carolina Pereira d'Eça de Queirós, que não queria saber do jovem. Foi viver com os avós paternos em Verdemilho, perto de Aveiro. Em 1855, foi para o Porto, onde residia o pai, mas a madrasta - já que senhora Eça de Queirós não se reconhecia oficialmente como sua mãe - continuava a não querer vê-lo. Foi, por isso, internado num colégio. Segundo o historiador José Hermano Saraiva, Eça de Queirós “foi criado na amargura de nunca ter tido uma família”. Com 16 anos partiu para Coimbra para cursar direito. No meio do ambiente boémio, que sempre caracterizou a cidade do Mondego, fez amizade com Antero de Quental e outros jovens intelectuais. Foi o início da Geração de 70, grupo que se afirmou pelo desejo de intervenção e renovação da vida política e cultural portuguesa.
Eça fez o primeiro contacto com a literatura através do teatro. Participou, como actor, no Teatro Académico da Universidade de Coimbra. Os seus primeiros escritos datam dessa época. Trata-se de crónicas jornalísticas que foram publicadas como folhetim na revista “Gazeta de Portugal”.
Eça veio para Lisboa em 1866, onde começou a trabalhar como advogado. Uma carreira marcada pelo insucesso, ao contrário da escrita, que corria cada vez melhor. O nome de Eça de Queirós ganhava notoriedade. Mudou-se para Évora, onde fundou o semanário “O Distrito de Évora”. Abriu, igualmente, um escritório de advogados, mas não teve melhor sorte do que em Lisboa.
Em 1869 viajou ao Egipto, onde assistiu à inauguração do Canal do Suez. Esta viagem inspiraria algumas das suas obras, como o “Mistério da Estrada de Sintra” e “A Relíquia”. No regresso a Lisboa, publicou as crónicas da viagem no “Diário de Notícias”. Foi enviado para Leiria como administrador municipal. Esta colocação permitiu-lhe observar uma realidade que deu origem a “O Crime do Padre Amaro”, primeiro romance realista português. Um retrato humano e social do País, fruto “da capacidade de Eça para desmontar as convenções morais”, explica José Miguel Sardica.
Durante a sua estadia em Leiria, prestou provas para a carreira diplomática, no Ministérios dos Negócios Estrangeiros. Iniciou, com Ramalho Ortigão, a publicação periódica de “As Farpas”, que, para José Miguel Sardica, “é só o melhor jornalismo alguma vez escrito em Portugal”. A colaboração com esta publicação terminou em 1872, quando foi nomeado para o lugar de cônsul de Portugal em Havana. Durante a estadia em Cuba, a veia revolucionária de Eça veio ao de cima. Encarregou-se da defesa dos emigrados macaenses que trabalhavam nas grandes plantações. Para o cônsul português, aquela situação era escravatura dissimulada. Passados seis meses, foi transferido para Newcastle, Reino Unido. Eça de Queirós nunca se deixou acomodar na rotina traiçoeira. Aparentemente, passou os anos mais produtivos de sua vida em Inglaterra. Foi lá que escreveu alguns dos seus trabalhos mais importantes, incluindo “A Tragédia da Rua das Flores” e “Os Maias”.
Eça de Queirós passou muitos anos no estrangeiro, o que nunca o impediu de escrever romances que, para Francisco Sarsfield Cabral, director de informação da Rádio Renascença, “são retratos da sociedade ainda hoje actuais”. A distância tornou possível a reflexão lúcida que Eça fez sobre Portugal.
Casou-se em 1886 com Emília de Castro, filha do conde de Resende. Seguiu-se um novo posto consular em Paris. Passados três anos, regressou a Lisboa. Juntou-se, pela primeira vez, aos jantares dos “Vencidos da Vida”, tertúlias que contavam com a participação de Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão e Oliveira Martins e representavam a crescente incapacidade dos homens da Geração de 70 para mudar a vida política portuguesa.
Eça de Queirós acabou por adoecer e partiu, a conselho de especialistas, de Paris para a para a Riviera francesa, e depois para os Alpes suíços. Tinha esperança que novos ares lhe fizessem bem. Faleceu em 16 de Agosto de 1900, na sua casa na capital francesa.
Eça de Queirós foi um espantoso escritor que apanhou, como ninguém, o carácter de uma nação. Apreendeu a nossa maneira de ser e criticou-nos com palavras tão belas que faziam esquecer a ironia e crueldade. Foi, também por isto, uma fera indomável do seu tempo. O nome de Eça de Queirós tornou-se num adjectivo. Haver um adjectivo - queirosiano - prova toda a sua importância.

José Maria Eça de Queirós

Nasceu na Póvoa de Varzim (norte de Portugal) a 25 de Novembro de 1845, e faleceu em Paris no dia 16 de Agosto de 1900. É por muitos considerado o maior escritor realista português do século XIX. Foi autor, entre outros romances de importância reconhecida, de Os Maias e O crime do Padre Amaro.
Biografia: José Maria Eça de Queirós nasceu a 25 de Novembro de 1845 numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no centro administrativo da cidade; foi baptizado na Igreja Matriz de Vila do Conde . Filho de José Maria Teixeira de Queirós e Carolina Augusta Pereira d'Eça,
Com 16 anos foi para Coimbra estudar Direito, tendo aí sido amigo de Antero de Quental. Seus primeiros trabalhos, publicados como um folhetão na revista "Gazeta de Portugal", apareceram como colecção, publicada depois da sua morte sob o título Prosas Bárbaras. Em 1869 e 1870, Eça de Queirós viajou ao Egipto e visitou o canal do Suez que estava sendo construído, o que inspirou diversos de seus trabalhos, o mais notável dos quais o Mistério da Estrada de Sintra, de 1870, e A Relíquia, apenas publicado em 1887. Em 1871 foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Quando foi despachado mais tarde para Leiria para trabalhar como um administrador municipal, escreveu sua primeira novela realista da vida portuguesa, O Crime do Padre Amaro, que apareceu em 1875. Aparentemente, Eça de Queirós passou os anos mais produtivos de sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal em Newcastle e em Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Suas obras mais conhecidas, Os Maias e O Mandarim, foram escritas em Bristol e Paris respectivamente. Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do séc XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara ambientada no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Morreu em 1900 em Paris. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente 20 línguas.
Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra.
 

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal

 

 

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