"Sim sou brasileiro e bem brasileiro.
Na minha música deixo cantar os rios e
os mares deste grande Brasil. Eu não
ponho mordaça na exuberância tropical de
nossas florestas e dos nossos céus, que
transporto instintivamente para tudo que
escrevo".
O compositor brasileiro Heitor
Vila-Lobos, nasceu no Rio de Janeiro a 5
de Março de 1887 na rua Ipiranga, em
Laranjeiras e morreu na mesma cidade em
15 de Novembro de 1959. Na infância
aprendeu a tocar violoncelo, clarinete e
noções de teoria musical com seu pai,
Raul Vila-Lobos, fundador da sociedade
de Concertos sinfónicos do Rio de
Janeiro. Começou a compor entre 1899 e
1900 e aos 14 anos tocava violão em
conjuntos instrumentais populares,
chamados choros. Em 1903, estreou-se
como violoncelista profissional numa
orquestra do teatro Recreio. Dos 18 aos
26 anos, viajou por todo o Brasil, para
familiarizar-se com a temática musical
popular. Em 1913 fixou-se
definitivamente no Rio de Janeiro, já
tendo composto a suite dos Cânticos
Sertanejos para orquestra de câmara,
duas óperas “Aglaia e Elisa”; “Brinquedo
de Roda para piano. Quinteto duplo de
cordas, Sonata Fantasia Nº 01 (Désespérance)
para violino e piano. Pequena suite para
violoncelo e piano, canções, fantasias
para violão, etc. Estudou as partituras
dos grandes mestres, mas deixou-se
sobretudo guiar por um instinto musical
inovador e ousado. V. d’Indy e sua
doutrina da forma cíclica influenciaram
a composição das duas primeiras
sinfonias e de algumas obras de câmara –
segunda sonata para violoncelo. Em 1915,
realizou o primeiro concerto de suas
obras. Depois de 1917, começou a
utilizar os motivos musicais recolhidos
junto ao povo, como: Prole do bebé Nº
01; Carnaval das Crianças Brasileiras.
Participou agressivamente da Semana de
Arte Moderna de São Paulo em 1922,
organizando programas de primeiras
audições de suas obras. Depois de 1922,
adoptou a temática nacionalista, com:
Noneto, Choros, Serestas e Cirandas.
Passou dois anos de Paris (1923 a 1925).
Uma segunda estadia no Europa, de 1927 a
1930, firmou sua reputação entre as
vanguardas musicais. Tornou-se amigo de
Stravinsky, Varèse, Prokofieff, Milhaud,
De Falla, Honegger, e obteve o apoio de
René Dumesnil, Florent-Schmitt e outros.
Na sala Gaveau, em 1927, realizou dois
concertos de suas obras: Choros Nº 4 e
8. Rudepoema, Serestas e Noneto. De
regresso em 1930, empolgou-o a ideia de
agir sobre a cultura musical no Brasil:
seu plano compreendia a audição de
música sinfónica contemporânea e o
ensino de canto orfeónico à juventude
das escolas primárias. Após dois anos de
actividade em São Paulo fixou-se no Rio
de Janeiro para dirigir a SEMA –
Superintendência da Educação Musical e
Artística, fundada por Anísio Teixeira.
Fez propaganda em prol do canto coral e
fundou a orquestra Vila-Lobos em 1933,
com primeira audição no Brasil da Missa
Solemnis, de Beethoven; criou o Orfeão
de Professores, com primeira audição no
Rio de Janeiro, em 1935, da Missa em si
menor, de Bach. Dirigiu concertos
corais, gigantescas concentrações
orfeónicas nos estádios municipais, com
18 mil vozes, em 1932; 30 mil vozes e
mil músicos, de 1935 a 1937. Em 1942,
reuniu coros com 40 mil alunos sob sua
regência.
As actividades educacionais da SEMA,
culminaram com a criação do
Conservatório Nacional de Canto
Orfeónico, em 1942, do qual Vila-Lobos
foi nomeado director. Em 1945, fundou a
Academia Brasileira de Música. Seu
prestígio artístico e popular cresceu
cada vez mais, inclusive no estrangeiro,
onde sempre voltaram a ser executadas
suas Bachianas com nove composições
entre 1930 e 1945, e seu Choros.
Vila-Lobos, fundou o folclore no
Brasil, recebeu grande incentivo de
Bach, Debussh e Stravinski; Vila - Lobos
viajou várias vezes pelo Brasil fazendo
suas pesquisas e anotando no seu diário
as muitas modalidades musicais do
folclore brasileiro, para depois
analisar e formar suas composições. São
muitas as peças que compôs: as que mais
se destacaram foram os choros em número
de 16; esses choros foram compostos no
período de 1920 a 1929, são mais de
1.000 composições conhecidas, além das
que desapareceram. Durante sua vida
recebeu 24 títulos do Instituto da
França, Membro da Academia de Belas
Artes em Nova Iorque e Comendador da
Ordem de Mérito do Brasil.
No dia 17 de Novembro de 1959,
Vila-Lobos morre na sua residência da
rua Araújo Porto Alegre, nº56. Seu corpo
foi velado no salão nobre do Palácio da
Cultura e no dia seguinte é sepultado
com grande acompanhamento, no cemitério
de São João Baptista, na cidade do Rio
de Janeiro. Em 1960 é criado o Museu
Villa-Lobos, pelo Decreto - lei n.º
48.378 de 22-06-1960. Em 1961 o Prefeito
de Nova Iorque, Robert Wagner, proclama
o dia 5 de Março como dia "Vila-Lobos".
Em 1961 Arminda Vila-Lobos fica à frente
do Museu Vila-Lobos, sempre modesta,
ela, a quem o compositor passou a
dedicar todas as suas obras, e sem ela
ele não saberia viver. Depois da morte
desta senhora, o Prof. Turíbio Santos,
Violonista, é Director do Museu
Vila-Lobos, do Rio de Janeiro. Em 1967 o
ex - Conservatório Nacional de Canto
orfeónico passa a chamar -se Instituto
Vila-Lobos, pelo Decreto n.º 61.400, de
01-10-1967