Só em 1909 é
que apareceu o poema de Joaquim Osório
Duque Estrada. Não era ainda oficial.
Tanto que, sete anos depois, ele ainda
foi obrigado a fazer 11 modificações na
letra. Duque Estrada ganhou 5 contos de
réis, dinheiro suficiente para comprar
metade de um carro. O Centenário da
Independência já estava chegando. Aí o
presidente Epitácio Pessoa declarou a
letra oficial no dia 6 de Setembro de
1922. Como Francisco Manoel já tinha
morrido em 1865, o maestro cearense
Alberto Nepomuceno (01) foi chamado para
fazer as adaptações na música.
Finalmente, depois de 91 anos, o Hino
Nacional de Brasil, estava pronto.
Joaquim Osório Duque Estrada: Poeta,
teatrólogo, ensaísta, crítico e
professor, autor da letra do Hino
Nacional Brasileiro, nasceu em Pati dos
Alferes - RJ a 29 de Abril de 1870 e
faleceu no Rio de Janeiro a 5 de
Fevereiro de 1927. Foi professor de
português e história do Brasil na Escola
Normal e no Colégio Pedro II, no Rio de
Janeiro, e crítico literário do
Correio da Manhã e do Jornal do
Brasil, na mesma cidade. Foi membro
da Academia Brasileira de Letras e
deixou várias obras poéticas e
didácticas: Questões de Português,
Noções Elementares de Gramática
Portuguesa, Concurso de Obras sobre
Língua Portuguesa, Alvéolos em 1887,
Flora de Maio em 1902, O Norte em 1909,
A Arte de Fazer Versos em 1912, História
do Brasil em 1918, A Abolição em 1918,
Crítica e Polémica em 1924.
Após a Proclamação da República em
1889, um concurso foi realizado para
escolher um novo Hino Nacional. A música
vencedora, entretanto, foi hostilizada
pelo público e pelo próprio Marechal
Deodoro da Fonseca. Esta composição
("Liberdade, liberdade! Abre as asas
sobre nós!...") seria oficializada como
Hino da Proclamação da República do
Brasil, e a música original, de
Francisco Manuel da Silva, continuou
como hino oficial. Somente em 1906 foi
realizado um novo concurso para a
escolha da melhor letra que se adaptasse
ao hino, e o poema declarado vencedor
foi o de Joaquim Osório Duque Estrada,
em 1909, que foi oficializado por
Decreto do Presidente Epitácio Pessoa em
1922 e permanece até hoje.
De acordo com o Capítulo V da Lei
5.700 (01/09/1971), que trata dos
símbolos nacionais, durante a execução
do Hino Nacional, todos devem tomar
atitude de respeito, de pé e em
silêncio. Civis do sexo masculino com a
cabeça descoberta e os militares em
continência, segundo os regulamentos das
respectivas corporações. Além disso, é
vedada qualquer outra forma de saudação
(gestual ou vocal como, por exemplo,
aplausos, gritos de ordem ou
manifestações ostensivas do género,
sendo estas desrespeitosas ou não).
Segundo a Secção II da mesma lei,
execuções simplesmente instrumentais
devem ser tocadas sem repetição e
execuções vocais devem sempre apresentar
as duas partes do poema cantadas em
uníssono. Portanto, em caso de execução
instrumental prevista no cerimonial, não
se deve acompanhar a execução cantando,
deve-se manter, conforme descrito acima,
silêncio. Em caso de cerimónia em que se
tenha que executar um hino nacional
estrangeiro, este deve, por cortesia,
preceder o Hino Nacional Brasileiro
(01) - Alberto Nepomuceno,
compositor, organista, pianista e
professor, nasceu em Fortaleza (CE) em
6 de Julho de 1864 e faleceu no Rio de
Janeiro em 16 de Outubro de 1920.
Iniciou sua carreira musical em Recife,
onde, aos 18 anos de idade, já era
director musical do Clube Carlos Gomes.
Estudou com Terziani na Academia de
Santa Cecília de Roma. Mais tarde, com
bolsa de estudo do Governo Brasileiro,
transferiu-se para Berlim, onde estudou
no Conservatório Stern. Mais tarde,
estudou órgão em Paris. Iniciou suas
actividades pedagógicas no Instituto
Nacional de Música do Rio de Janeiro em
1895. Foi Regente da Sociedade de
Concertos Populares. Sua Série
Brasileira foi estreada em 1897,
marcando momento importante do grande
nacionalismo brasileiro, pela utilização
de temas populares nacionais e pelo
clima brasileiro obtido na composição.
Nepomuceno é considerado o pai da canção
de câmara brasileira, tendo insistido na
necessidade de utilização do idioma
nacional na música de concerto, como
mais uma forma de nacionalizar a
linguagem musical. Foi escolhido como
Patrono da Cadeira n. 30 da Academia
Brasileira de Música.
Obras principais
Obras para orquestra: Série Brasileira
de1888 a 1896); Sinfonia em sol maior; O
Garatuja.
Óperas: Abul; O Garatuja.
Música de câmara: Trio em fá sustenido
maior; Quartetos de cordas
Música vocal: 2 volumes, com destaque
para as canções em português.
Hino Nacional Brasileiro - Poema de
Joaquim Osório Duque Estrada. Música de
Francisco Manoel da Silva
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e
límpido,
A imagem do cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
II
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do novo mundo!
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais
flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria
morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!