Páscoa (do
latim pascha, de uma palavra
hebraica, que significa
passagem). Festa anual dos
Judeus, em memória da sua saída
de Egipto. Festa da Igreja
cristã, em memória da
Ressurreição de Jesus Cristo.
Páscoa do Espírito Santo, a
festa do Pentecostes. A festa da
Páscoa foi estabelecida pelos
Judeus em memória da passagem do
Mar Vermelho e também da
passagem do anjo exterminador
que, na noite em que os Judeus
partiram do Egipto, matou todos
os primogénitos dos egípcios,
mas sem tocar nas casas dos
israelitas, marcadas com o
sangue do cordeiro. O dia de
Páscoa, celebra-se no primeiro
domingo depois da primeira lua
cheia, que se segue ao equinócio
da Primavera, e cai sempre entre
os dias 21 de Março a 26 de
Abril, podendo, pois, esta festa
variar de trinta e seis dias.
Dela dependem, para os
católicos, todas as festas
móveis:
A Septuagésima , 63
dias antes da Páscoa
A Quinquagésima, 49
dias antes
A Paixão, 14 dias
antes
Quasimodo, 07 dias
depois da Páscoa
A Ascenção, 40 depois
da Páscoa
O Pentecostes, 10 dias
depois da Ascenção
A Santíssima Trindade,
07 dias depois da Ascensão
O Corpo de Deus, na
quinta-feira seguinte.
O tempo pascal
compreende cinquenta dias (em
grego = "pentecostes"), vividos
e celebrados como um só dia: "os
cinquenta dias entre o domingo
da Ressurreição até o domingo de
Pentecostes devem ser celebrados
com alegria e júbilo, como se
tratasse de um só e único dia
festivo, como um grande domingo"
(Normas Universais do Ano
Litúrgico, n 22).
O tempo pascal é o
mais forte de todo o ano,
inaugurado na Vigília Pascal e
celebrado durante sete semanas
até Pentecostes. É a Páscoa
(passagem) de Cristo, do Senhor,
que passou da morte à vida, a
sua existência definitiva e
gloriosa. É a páscoa também da
Igreja, seu Corpo, que é
introduzida na Vida Nova de seu
Senhor por meio do Espírito que
Cristo lhe deu no dia do
primeiro Pentecostes. A origem
desta cinquentena remonta-se às
origens do Ano litúrgico.
Os judeus tinha já a
"festa das semanas" (ver Dt
16,9-10), festa inicialmente
agrícola e depois comemorativa
da Aliança no Sinai, aos
cinquenta dias da Páscoa. Os
cristãos organizaram rapidamente
sete semanas, mas para prolongar
a alegria da Ressurreição e para
celebrar ao final dos cinquenta
dias a festa de Pentecostes: o
dom do Espírito Santo. Já no
século II temos o testemunho de
Tertuliano que fala que neste
espaço de tempo não se jejua,
mas que se vive uma prolongada
alegria.
A liturgia insiste
muito no carácter unitário
destas sete semanas. A primeira
semana é a "oitava da Páscoa',
em que já por irradiação os
baptizados na Vigília Pascal,
eram introduzidos a uma mais
profunda sintonia com o Mistério
de Cristo que a liturgia
celebra. A "oitava da Páscoa"
termina com o domingo da oitava,
chamado "in albis", porque nesse
dia os recém baptizados deponían
em outros tempos as vestes
brancas recebidas no dia de seu
Baptismo.
Dentro da Cinquentena
se celebra a Ascensão do Senhor,
agora não necessariamente aos
quarenta dias da Páscoa, mas no
domingo sétimo de Páscoa, porque
a preocupação não é tanto
cronológica mas teológica, e a
Ascensão pertence simplesmente
ao mistério da Páscoa do Senhor.
E conclui tudo com a vinda do
Espírito em Pentecostes.
A unidade da
Cinquentena que dá também
destacada pela presença do Círio
Pascal aceso em todas as
celebrações, até o domingo de
Pentecostes. Os vários domingos
não se chamam, como antes, por
exemplo, "domingo III depois da
Páscoa", mas "domingo III de
Páscoa". As celebrações
liturgias dessa Cinquentena
expressam e nos ajudam a viver o
mistério pascal comunicado aos
discípulos do Senhor Jesus.
As leituras da Palavra
de Deus dos oito domingos deste
Tempo na Santa Missa estão
organizados com essa intenção. A
primeira leitura é sempre dos
Actos dos Apóstolos, a história
da igreja primitiva, que em meio
a suas debilidades, viveu e
difundiu a Páscoa do Senhor
Jesus. A segunda leitura muda
segundo os ciclos: a primeira
carta de São Pedro, a primeira
carta de São João e o livro do
Apocalipse.
A Páscoa é uma festa
cristã que celebra a
ressurreição de Jesus Cristo.
Depois de morrer na cruz, seu
corpo foi colocado em um
sepulcro, onde ali permaneceu,
até sua ressurreição, quando seu
espírito e seu corpo foram
reunificados. É o dia santo mais
importante da religião cristã,
quando as pessoas vão às igrejas
e participam de cerimonias
religiosas.
Muitos costumes
ligados ao período pascal
originam-se dos festivais pagãos
da primavera. Outros vêm da
celebração do Pessach, ou
Passover, a Páscoa judaica. É
uma das mais importantes festas
do calendário judaico, que é
celebrada por 8 dias e comemora
o êxodo dos israelitas do Egipto
durante o reinado do faraó
Ramsés II, da escravidão para a
liberdade. Um ritual de
passagem, assim como a
"passagem" de Cristo, da morte
para a vida.
No português, como em
muitas outras línguas, a palavra
Páscoa origina-se do hebraico
Pessach. Os espanhóis chamam a
festa de Pascua, os italianos de
Pasqua e os franceses de Pâques.
Nossos amigos de
Kidlink nos contaram como se
escreve "Feliz Páscoa" em
diferentes idiomas. Assim:
A festa tradicional
associa a imagem do coelho, um
símbolo de fertilidade, e ovos
pintados com cores brilhantes,
representando a luz solar, dados
como presentes. A origem do
símbolo do coelho vem do fato de
que os coelhos são notáveis por
sua capacidade de reprodução.
Como a Páscoa é ressurreição, é
renascimento, nada melhor do que
coelhos, para simbolizar a
fertilidade!
Vamos ver agora como
surgiu o chocolate...
Quem sabe o que é "Theobroma"?
Pois este é o nome dado pelos
gregos ao "alimento dos deuses",
o chocolate. "Theobroma cacao" é
o nome científico dessa
gostosura chamada chocolate.
Quem o baptizou assim foi o
botânico sueco Linneu, em 1753.
Mas foi com os Maias e
os Astecas que essa história
toda começou.
O chocolate era
considerado sagrado por essas
duas civilizações, tal qual o
ouro.
Na Europa chegou por
volta do século XVI, tornando
rapidamente popular aquela
mistura de sementes de cacau
torradas e trituradas, depois
juntada com água, mel e farinha.
Vale lembrar que o chocolate foi
consumido, em grande parte de
sua história, apenas como uma
bebida.
Em meados do século
XVI, acreditava-se que, além de
possuir poderes afrodisíacos, o
chocolate dava poder e vigor aos
que o bebiam. Por isso, era
reservado apenas aos governantes
e soldados.
Aliás, além de
afrodisíaco, o chocolate já foi
considerado um pecado, remédio,
ora sagrado, ora alimento
profano. Os astecas chegaram a
usá-lo como moeda, tal o valor
que o alimento possuía.
Chega o século XX, e
os bombons e os ovos de Páscoa
são criados, como mais uma forma
de estabelecer de vez o consumo
do chocolate no mundo inteiro. É
tradicionalmente um presente
recheado de significados. E não
é só gostoso, como altamente
nutritivo, um rico complemento e
repositor de energia. Não é
aconselhável, porém, consumi-lo
isoladamente. Mas é um rico
complemento e repositor de
energia.
E o coelho?
A tradição do coelho
da Páscoa foi trazida à América
por imigrantes alemães em meados
de 1700. O coelhinho visitava as
crianças, escondendo os ovos
coloridos que elas teriam de
encontrar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda conta
que uma mulher pobre coloriu
alguns ovos e os escondeu em um
ninho para dá-los a seus filhos
como presente de Páscoa. Quando
as crianças descobriram o ninho,
um grande coelho passou
correndo. Espalhou-se então a
história de que o coelho é que
trouxe os ovos. A mais pura
verdade, alguém duvida?
No antigo Egipto, o
coelho simbolizava o nascimento
e a nova vida. Alguns povos da
Antiguidade o consideravam o
símbolo da Lua. É possível que
ele se tenha tornado símbolo
pascal devido ao fato de a Lua
determinar a data da Páscoa.
Mas o certo mesmo é
que a origem da imagem do coelho
na Páscoa está na fertilidade
que os coelhos possuem. Geram
grandes ninhadas!
Mas por que a Páscoa
nunca cai no mesmo dia todo ano?
O dia da Páscoa é o
primeiro domingo depois da Lua
Cheia que ocorre no dia ou
depois de 21 março (a data do
equinócio). Entretanto, a data
da Lua Cheia não é a real, mas a
definida nas Tabelas
Eclesiásticas. (A igreja, para
obter consistência na data da
Páscoa decidiu, no Conselho de
Nicéia em 325 d.C, definir a
Páscoa relacionada a uma Lua
imaginária - conhecida como a
"lua eclesiástica").
A Quarta-Feira de
Cinzas ocorre 46 dias antes da
Páscoa, e portanto a Terça-Feira
de Carnaval ocorre 47 dias antes
da Páscoa. Esse é o período da
quaresma, que começa na
quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a
data da Páscoa pode ser
determinada sem grande
conhecimento astronómico. Mas a
sequência de datas varia de ano
para ano, sendo no mínimo em 22
de março e no máximo em 24 de
abril, transformando a Páscoa
numa festa "móvel".
De fato, a sequência
exacta de datas da Páscoa
repete-se aproximadamente em
5.700.000 anos no nosso
calendário Gregoriano.
Mas o que é a Páscoa?
- Por Benito S. Pepe
Já há alguns milénios
(3,5) os Judeus já comemoravam a
Páscoa. Mas como? Jesus Cristo
não havia nem mesmo nascido! É
verdade! No início, as
comemorações da Páscoa já eram
nesta época do ano: Março, Abril
(primavera no hemisfério norte)
eram para comemorar as
colheitas. Era, portanto, a
festa das colheitas. A alegria
de festejar e "bebemorar" com o
sucesso de um período trabalhado
e seus frutos (na verdade a
festa da colheita era 50 dias
após a páscoa).
Muito bem! Mas os
nossos Pais religiosos, os
Judeus, foram escravizados no
Egipto (Império naquela época).
Ficaram como escravos muitos
anos... Até que, com ajuda de
Deus, conseguiram sair da
escravidão e voltar à terra
prometida e foi o que ocorreu
por coincidência ou projecto
Divino também nesta mesma época
da Páscoa e, assim, então, a
comemoração dos Judeus passou a
ser a da Passagem, do Êxodo, da
libertação da terra do Egipto.
E agora onde está a
Páscoa Cristã? A nossa Páscoa,
que é, sem dúvida, a maior Festa
e a maior comemoração de todas
as festas cristãs, está
exactamente neste mesmo período
do ano, pois mais uma vez por
coincidência ou não ocorre
também nesta época.
O Verbo que era a
palavra se fez carne e veio
habitar entre nós e após um
período aqui na terra nos
mostrou que nós também somos
eternos, pois o que vivemos é
uma Páscoa, ou seja, em Hebreu
Páscoa quer dizer PASSAGEM assim
sendo, Jesus o Cristo, nos
mostrou que aqui é apenas um
local de passagem e acima de
tudo de aprendizagem. Portanto o
mais importante não é o que
construímos materialmente, mas,
sim, o que construímos
espiritualmente. Jesus, após ser
crucificado e morto (na época da
festa da Páscoa judaica, pois
ele havia ido até Jerusalém para
as comemorações - ele também era
Judeu), ele ressuscita no 3º dia
e aparece aos seus discípulos
algumas vezes.
Portanto nós, os
Cristãos, comemoramos esta época
do ano como a maior de todas as
festas, assim, ela é mais
importante que o próprio Natal
(Nascimento de Jesus). Apesar de
o Calendário Gregoriano contar
os anos do nascimento de Cristo,
na verdade nós estamos há uns
1970 anos de comemorações de
Páscoas Cristãs.
E para quê os Ovos, os
coelhos...? O raciocínio é
sempre lógico como também muitas
vezes é a Fé! Como foi aprendido
que a verdadeira Vida é após
esta Páscoa (Passagem) assim
sendo temos que comemorar a Vida
e o que é melhor para simbolizar
a vida do que o ovo! E o coelho,
é lógico. Como o bichinho
procria, não é mesmo? Bem,
devemos lembrar também que os
fatos e símbolos foram incididos
em um outro mundo - o chamado
mundo velho (berço da
humanidade) - e com suas
culturas, portanto também é
interessante relembrar que tudo
em História se deve
contemporizar.
A passagem por esta
terra, por este planeta, é o que
temos consciência neste momento,
quanto ao futuro temos a
esperança. Páscoa, portanto, é a
passagem, mas não a passagem
desta vida para outra, mas de
toda a passagem por esta vida,
com todos os seus anos de
conhecimentos, aprendizagens,
vivências e experiências.
Portanto, a Páscoa é, em suma, a
comemoração da VIDA!
Nas vésperas da Páscoa
do ano de 786 do antigo
calendário romano, se é que é
válida tal precisão de data, no
mês de Nisã dos hebreus, ocorreu
uma crucificação de três homens
do lado de fora dos muros da
cidade de Jerusalém. Dois deles
eram ladrões, o outro tratava-se
de um pregador, um rabi chamado
Jesus, que se dizia um filho de
Deus. Alguém que viera anunciar
o Reino dos Céus. O cenário
daquela terrível execução de que
ele foi vítima iria, bem depois
ao longo da história, com o
Ocidente inteiro convertido à fé
de Cristo, ser infinitas vezes
reproduzido por seus seguidores
por todos os meios possíveis: em
livros, telas, murais, vitrais,
esculturas, autos teatrais,
representações públicas de ruas
e em filmes, fazendo com que a
humanidade sofredora se
identificasse com o martírio
dele.
O suplício da cruz
"Nenhuma culpa
encontro nele. É costume entre
vós que eu solte um preso, na
Páscoa. Quereis que vos solte o
rei dos judeus? Estes não
gritaram de novo, clamando: Esse
não, mas Barrabás!" -- Pilatos
ao povo (João 18)
Supõe-se que Jesus
Cristo não tenha resistido muito
tempo ao suplício da cruz, que
Cícero definira como "a mais
cruel e a mais terrível pena de
morte". Estimou-se que um homem
forte era capaz de suportá-lo
por uns três dias no máximo. O
nazareno entregou-se depois de
três horas, ou um pouco mais. E
não poderia ser diferente para
quem levara uma vida praticando
jejuns, alimentando-se
episodicamente e ainda, antes de
ser exposto, teve o corpo
violentamente ofendido pelos
açoites. Parece ter sido
fantasia dos gravuristas e
pintores terem-no desenhado,
pelos séculos seguintes, preso a
uma cruz bem alta, como se seu
corpo fosse uma bandeira
ensanguentada hasteada nos altos
de um mastro. Ao contrário, a
vitima era esfaqueada pelos
carrascos bem próxima do chão.
Para que suas mãos presas com
cravos não se rasgassem com o
peso do corpo, fixavam uma corda
que o enlaçava a partir do
ilíaco ou apoiavam os seus pés
num sedile, a pequena tábua
afixada na parte baixa da cruz.
A morte do condenado, como já se
disse, era horrível,
anunciando-se por gritos
pavorosos de dor e gemidos
lancinantes, entremeada de
apelos desesperados para que o
matassem de vez. Jesus fora
pregado numa crux immissa (em
forma de cruz) às 8 horas da
manhã ou ao meio-dia de uma
sexta-feira. Seja o que for, à
tarde seguramente já estava
morto. No alto da haste haviam
colocado um cartaz: "Rei dos
Judeus", escrito em três línguas
(grego, latim e armaico). Era
uma ironia maldosa dos romanos,
pois o executaram junto com dois
delinquentes.
De Herodes a Pilatos
Pensavam estar
livrando-se de um problema,
porque durante um bom tempo
ninguém sabia o que fazer com
aquele homem da Galiléia. Os
sacerdotes do templo de
Jerusalém, como Caifás,
consideravam-no um herético,
alguém que estava jogando o povo
local contra a tradição e o
Sinédrio (o Grande Tribunal,
autoridade máxima judicial com
70 membros). Os fariseus e os
zelotes viam-no como um
divisionista que ao invés de
somar-se a eles no repúdio aos
romanos, minimizara a ocupação
da Palestina com a promessa da
chegada de um novo reino, o
Reino dos Céus. Para o
procurador (praefectus) Pôncio
Pilatos, governador romano da
região, o nazareno, em quem não
via culpa alguma, era apenas uma
dor de cabeça a mais no trato
com aquele povo metido em
confusões e querelas
intermináveis. Enviara-o preso
para Herodes Antipas, o tetrarca
de Israel, um monarca
colaboracionista, que o
devolvera sem saber o que
exactamente fazer com ele.
Matá-lo por dizer-se o Messias?
A chegada de um
Messias
Havia entre os judeus,
povo quase sempre submetido às
crueldades do destino, uma
crença muito forte de que um dia
lhes viria dos céus um Messias,
um Salvador, para livrá-los das
desgraças. Assim, não raro,
aparecia alguém, um iluminado,
dizendo-se ser um desses
enviados de Deus. O próprio
Jesus alertou o seu povo em
razão da abundância desses
falsos profetas e charlatães que
se diziam os verdadeiros
messias.
Quantos deles não
apareciam pelas ruas de
Jerusalém julgando-se isso? O
único tumulto em que Jesus se
envolvera dera-se quando ele, o
mais pacífico dos homens,
deixou-se assaltar pela fúria ao
deparar-se com os "vendilhões do
Templo", aquela massa de
cambistas, ambulantes e
vendedores de pombas, que
ofertavam de tudo nas
proximidades do edifício santo
dos judeus. Nada mais
impressionante do que isso.
Pôncio Pilatos, na
época do processo contra Jesus,
já estava na região há algum
tempo, uns cinco ou seis anos
(teria assumido no ano 26 ), mas
continuava sem entender as
intermináveis dissertações dos
hebreus em torno da religião. As
nuanças e subtilezas das
discussões acaloradas dos
rabinos e dos sumos sacerdotes
eram-lhe absolutamente
estranhas. Quem o indicara para
o cargo de procurador da
Palestina foi Sejano, um
favorito de Tibério. O
Imperador, por sua vez, enojado
das intrigas políticas de Roma,
retira-se no ano de 27 para a
maravilhosa ilha de Capri, nas
proximidades de Nápoles, a fim
de levar uma vida dos deuses,
dado inteiramente aos prazeres.
Quem algum dia poderia supor que
enquanto Tibério se banhava com
seus garotos, que ele chamava de
"meus peixinhos" , na imensa
piscina tépida da sua mansão, o
crime que cometiam em seu nome
nas longínquas terras da Judéia
contra um pregador desconhecido
iria um dia abalar o poder de
Roma?
A sentença de Pilatos
"Subirás à cruz" disse
Pilatos a Jesus. Até hoje,
lembra o historiador J.Gnilka,
não se sabe se a sentença que
condenou Jesus resultou dele ter
cometido o perduellio (grave
prejuízo cometido contra a
pátria) ou o crimen maiestatis
populi romani imminutae (ter
provocado algum dano ao
prestígio do povo romano). Seja
o que for, Pilatos informou a
todos que em vista do costume
estava disposto a dar-lhe a
vénia, a suspensão da sentença,
devido à aproximação da Páscoa.
Quando a intenção dele chegou
aos ouvidos da multidão que
estava do lado de fora no paço
do tribunal de justiça, as vozes
em uníssono clamaram em favor de
Barrabás, possivelmente um
bandido, rejeitando a oferta do
romano de indultar o nazareno.
Pilatos então, lavando as mãos,
deixou a sentença correr. Jesus
foi previamente submetido ao
horribile flagellum, a levar um
incontável número de chibatadas
nas costas.
A morte de Jesus
Provavelmente já
passavam das 3 horas da tarde
daquele sexta-feira fatídica,
quando um guarda enfiou sua
lança no abdómen de Jesus para
ver se ele já havia morrido. O
líquido que escorreu, um pouco
de sangue e água, confirmou-lhe
que o homem ali estendido já
entregara a alma aos céus. José
de Arimatéia (Ha-ramathain), um
respeitável homem de algumas
posses, reclamou o corpo junto
às autoridades e como já estavam
em vésperas do shabbath, os
romanos consentiram que ele
desse o fim apropriado ao
cadáver. O local das execuções
era tétrico, até o nome Gólgota
(caveira em hebraico, calvarius
em latim), que descrevia o
aspecto descarnado do monte onde
expunham os supliciados,
contribuía para aumentar a
desolação do quadro.
O sepulcro
Arimatéia, impedido
pelo tempo de inumar
adequadamente a Jesus, foi
auxiliado por Nicodemos. Ambos
carregaram o pobre morto para um
jardim próximo onde colocaram-no
num sepulcro. Um enterro decente
só poderia ser-lhe providenciado
no domingo, pois no sábado
judaico nada se faz, em nada se
mexe. Logo que o depositaram em
lugar apropriado, protegeram o
corpo de Jesus com um sudário e
umas faixas de linho
aromatizadas. Ao sair daquela
tumba improvisada bloquearam a
entrada com uma enorme pedra e
foram juntar-se aos seus para
celebrar o shabbath.
Maria Madalena é
surpreendida
Na madrugada de
domingo, no dia da Páscoa,
querendo adiantar-se a todos,
talvez com a intenção de renovar
os aromas do morto, Maria
Madalena, uma das seguidoras, ao
chegar ao sepulcro encontrou a
rocha afastada. Espantou-se. O
interior estava vazio, sendo que
as tiras e o sudário que o
tinham envolvido estavam postas
num canto. Quando estava em
prantos, lamentando o
desaparecido, imaginando que
haviam roubado o corpo, uma voz
se lhe apresentou: era Jesus!
Disse-lhe que ainda não havia
subido ao reino dos céus. À
tarde, mostrando suas mãos
perfuradas, ele apareceu
pessoalmente aos discípulos.
Ressuscitara (João, 20-21).
Repetia-se na Palestina o
assombroso destino de Osíris, o
deus egípcio morto que retornara
à vida. O nazareno, pensaram
seus seguidores, negara-se a
morrer, vencera a rotina imposta
aos homens. Dali em diante
estaria sempre com eles.
Enquanto isso em Capri, o
imperador Tibério preparava-se
para mais um banho, sem que
ninguém o alertasse para o que
ocorria naquela estranha e
inusitada Páscoa. E assim teve
início a poderosa lenda de Jesus
Cristo.
Bibliografia
Crossan, John Dominic
- El Jesus historico: la vida de
un campesino judio del
Mediterraneo (Planeta, B.Aires,
1994)
Donini, Ambrosio -
História do Cristianismo
(Edições 70, Lisboa, 1980)
Gnilka, Joachim -
Jesus de Nazaré, mensagem e
história (Vozes, Petrópolis,
2000)
Jaspers, Karl - Los
grandes filósofos, I, los
hombres decisivos (Sur.B.Aires,
1971)
Renan, Ernest - Vida
de Jesus (Lello, Lisboa,1961)
Rops, H.Daniel- A
Igreja dos apóstolos e dos
mártires (Quadrante, S.Paulo,
1988)
Rops, H.Daniel - A
vida quotidiana na Palestina no
tempo de Jesus (Livros do
Brasil, Lisboa, s/d)
Trabalho e pesquisa de Carlos
Leite Ribeiro - Marinha Grande -
Portugal