Ano V –  Abril de 2009
 
Edição e Arte Final:
 
 
 

 
 
 
 

 

"CONVIVER COM RISCOS"

Irani Gennaro

 


Seria tão bom se a vida estacasse em seu melhor momento, naquele instante mais agradável!
Penso que todos nós gostaríamos que assim fosse, para vivermos essa felicidade para sempre. De fato, viver oferece riscos, daí a preocupação exagerada com o futuro.

Mas . . . A vida foi feita para ser vivida. Lembro-me de que até bem pouco tempo atrás, eu tinha a mania de guardar as roupas novas que eu comprava ou ganhava, para usá-las em determinadas ocasiões, por medo de estragar e perder  o “tcham” da estréia! Porém, quantas vezes, quando chegou o dia em que eu as usaria, e, com ele, chegou também uma das minhas crises de enxaqueca e eu não aproveitei o prazer de usá-las e nem a atividade esperada.
 
Não estou querendo dizer com isso que se tenho um vestido ou um sapato novo hoje e se minha única oportunidade de sair de casa é para ir à feira, que eu deva usá-los! Cada um deve ter, dentro de si, a própria razão da lógica.
 
É óbvio que não iríamos à praia, vestidas de noiva, como não iríamos ao altar usando um biquíni.
O que eu quero dizer é que necessitamos de inspiração e sabedoria para que a nossa vida seja realmente bem vivida.
 
Isso é possível buscando conhecimento e aprendendo  a cada dia. Não permita que o medo detone o seu progresso e o seu prazer de viver, pois para se viver intensamente é necessário  "Conviver Com Riscos".  

 

 

Soneto a Abril
Nita Ferreira


Mês de Abril abre as janelas do céu
Diz o povo que ele vem de águas mil
E em Abril, um Portugal meu e teu
Se abriu mais liberto ao céu anil

Abril que és Primavera florida
Foste poema e esperança desigual
E nos cravos de cor vermelha garrida
Tu deixaste que sonhasse Portugal

Abril d’hoje e da minha adolescência
Abril de que bebi toda a essência
Abril, voo de sonho em liberdade

Abril que foi mas que não sei se é
Se licor que sacia ou... água-pé
Encanto ou desencanto sem verdade

 

 

TEU NAMORADO IDEAL
Luiz Poeta
 

Luiz Gilberto de Barros
Às 21 h e 10 min do dia 18 de março de 2009 do Rio de Janeiro,
especialmente para minha lírica irmã literária Iara Melo



Teu namorado ideal é elegante,
Inteligente, cativante e afetuoso
Em seu olhar há o fulgor de um diamante
E no amor, ele é gentil... e generoso.

Ele é bonito, carismático, atraente,
Especial, sentimental... e em cada beijo,
É talentoso, delicado e envolvente,
E competente em despertar o teu desejo.

Quando teu sonho quer bem mais que sedução,
Tu reproduzes dentro do teu coração
Teu namorado ideal e sedutor

Mas no teu  êxtase de amar o irreal,
Teu coração resolve ser mais passional
E o teu sonho irreal torna-se... amor.
 
 

 

O MILAGRE DA VIDA
Maria Granzoto
 
 


Nestes dias de angústia pela espera
Quisera que meu sonho
Não fosse apenas quimera!
Por isso nele ponho
Grande fé e esperança
De um belo porvir
A esta minha doce jovem
Ora moça,
Ora criança.
Quem sabe, não
Pela mão
Do homem.
E nem pelo que corre nas veias dos seus.
Mas pela vontade divina
Pelos poderes de Deus!
Minha, minha meiga menina!

Em 02/04/2009



...e é assim em cada poema
Lígia Leivas

Em cada poema que traço
há muito do que eu sou
Há o que vivo
Há o que amo
Há os que amo
Há os que quero bem!

Em cada poema que faço
há os meus sonhos
(jamais fantasias...
às vezes ironias ou até alegrias...)

Em cada poema que teço
há um pouco do muito que sinto
Há as dores (eu não minto!!!)
as decepções que sofro
as promessas descumpridas
e as esperanças destemidas...

Em cada poema que entristeço
há as desilusões sofridas
as agonias revividas
nas entrelinhas perdidas...

Em cada poema me venço!!!
Neles há o amor ainda vivo
Há os amores que tive
Há muito de ti (bem sabes!)
Há um outro tanto de nós
...e em cada poema amanheço!...
 



Perdão
Tania Montandon
 


O que seria da alegria
chegada após a chaga
se não fosse a poesia
deixando-a bem marcada

O que seria do perdão
não fosse o erro, o imperfeito
sabido de todo coração
sem o capricho bem feito

Do poeta a orar em alegria
com amor e compaixão
abundante energia

Muito mais que dor o perdão
divino e belo em poesia
purificando o coração

 

 

Brincando de roda...

Patricia Neme


Vem pra ciranda
eu te regalo um beijo,
esse meu riso farto,
a paz do meu olhar.
Promessas tantas,
meu dançar brejeiro...
Vem, vem, pra ciranda,
quero cirandar.

Canta comigo
letras de inocência,
põe o teu pezinho
junto ao pé do meu.
Brinca comigo
e, por complacência,
meu amor eterno,
sempre será teu.

Vem pra ciranda,
que a vida é ligeira,
e chega o futuro...
Vai-se a brincadeira...
Então seremos
como as petecas
nas mãos do destino,
que sabe ser rude,
sabe ser ferino.

A lua é cheia,
rua tá vazia...
Vamos voejar
nessa melodia.

E quando a noite,
nos roubar o sol...
Canta essa ciranda
e lembra que um dia
nossa vida foi
canto de alegria.


 

 

AUSÊNCIA

Lairton Trovão de Andrade


Tão distante estás de mim,
Mas sinto tua alma arder
Com essa paixão sem fim...

Além, muito além, estás agora,
Mas teu pensamento vibra
Com doce amor que enflora.

Mesmo de longe, tanto almejo
sentir teu calor lascivo
com o êxtase do teu beijo.

Com este amor tão certo,
Entre nós não há ausência.
– Estás longe...  mas tão perto...



 

EROSÃO
Ana Nascimento


 
Cingida por imensa solitude,
Busco, afinal, ouvir a tua voz
para extinguir esta  tristeza algoz
que limitou a minha plenitude.
 
Mas, sem sucesso, vejo a finitude
surgindo em seu propósito veloz
acompanhada  da tristeza  atroz
presente em toda a sua latitude.
 
Àquele espaço ainda chega o pânico
entrelaçado num grande vazio
dando evasão ao ímpeto vulcânico.
 
A despertar, em torno, um arrepio,
transformando o aspecto do amor romântico,
numa tela de sonho em desvario.
 
Aracoiaba-CE-Brasil



 

NINGUÉM É DE NINGUÉM
Carmo Vasconcelos

 
Ninguém é de ninguém, jamais se iluda
Quem presume ser duma alma o dono
Não a compra nem a jóia mais choruda
Nem rei que a seus pés tenha rico trono
 
Pertence a alma ao sublime reino
Onde sem c’roas reina o Divino
Onde o desapêgo é sagrado treino
E a posse maior exemplo Cristino
 
Nem eu te possuo, nem tu me possues
Inda que exales na minha almofada
Feitiços de jasmim e mangerona
 
Inda que em mim vertas ópios que flues
E eu os guarde em meu corpo, enfeitiçada
Jamais serei tua, nem de ti a dona!
 

Lisboa/Portugal
Abril/07/2009

 


Flor Bela Mulher
Francis Raposo Ferreira


Sentado no beirado
Da minha janela,
Vou ficando encantado
Com flor tão bela.
Vou ficando encantado
Sentado no beirado
Da minha janela.

A bela flor
Vai florescendo
É como meu amor
Que vai crescendo
Como o meu amor,
Ai a bela flor
Que vai florescendo.

Não é flor qualquer
Aquela bela flor,
Por uma linda mulher
desabrocha meu amor
Por uma linda mulher,
Não por uma flor qualquer
Mas, uma bela flor.

Sentado no beirado
Da minha janela,
Vou ficando encantado
Com flor tão bela.
Vou ficando encantado
Sentado no beirado
Da minha janela.

Bela flor,
cara bonita,
cantar meu amor
em trova infinita
cantar meu amor
por uma bela flor,
por ti cara bonita.




SUBLIMAÇÃO
 
Raymundo de Salles Brasil

 
Ela se despediu e nunca mais nos vimos,
Nunca mais nós trocamos um alô, sequer,
Vai longe o tempo, sim, que brincamos e rimos,
Ela era um botão, longe de ser mulher,
 
E eu era um fedelho quando, os dois, sorrimos...
Despetalando aquela flor do mal-me-quer,
Pra ver se o nosso amor era coisa de primos,
Ou se tinha embutida outra coisa qualquer.
 
Hoje com meus botões, refletindo maduro,
Eu concluí que sim, era muito mais puro,
Era mais para santo o nosso amor fraterno.
 
Sem ter a marca vil dessa coisa carnal,
Ele se fez sublime, quase divinal,
Talvez, por isso mesmo, ele ficasse eterno.
 
23/11/07




DUAS MULHERES FEIAS
 
Joaquim Moncks
 


Os dois espectros passam aos olhos.
Um temporal à beira-mar
em pleno sol de outono.
Ainda bem que não é verão,
porque o dia restaria turvo.
Dois cães mordiscavam um osso
e saíram correndo à aproximação
viva de carne e ossos.
Nem viram as vestes.
Também pudera!
Em nada disfarçavam a feiura.
Caminhavam como sombras
arrastando silhueta e chinelos.
Conversavam sobre o Nada.
E a manhã, tão bonita!
 
O olho de Deus, com pena,
eclipsou o sol suspirando sombras.
E as Sílfides fizeram troça
roçando o vento sobre as dunas.
 
– Do livro, inédito, BULA DE REMÉDIO, 2004/2009.




AH!...
ELIANE ARRUDA -CE


Pessoas vivem sempre a reclamar,
Não veem o azul do céu, a cor do mar.
Quem infla a sua história com “quizilas”,
Não pode dedilhar maviosa lira.
 
Aos  outros leve sempre algo risonho,
O que no mundo existe em belos tons.
Não jorre nos viventes vis delírios,
Também  no  instante deles não há lírios!
 
Procure, nesta vida, ser jardim,
Ornado co´a presença de jasmins,
Espalhe  belas  pétalas  de cetim!
 
Não deixe que o vejam qual u´a noite
Sem lua, sem o vento e seus açoites,
E assim não seja: afeito aos desatinos!



Glosando José Valdez de Castro Moura
Gislaine Canales


ESPAÇO DA SAUDADE
 
MOTE:
 
Partiu, deixando o seu traço
no meu caminho dos sós...
- A saudade é esse espaço
que existe sempre entre nós.

 
Partiu, deixando o seu traço
que ficou bem junto a mim,
na esperança de um abraço,
que vem sempre, antes do fim!
 
Sigo triste caminhando
no meu caminho dos sós...
Vou como um rio sonhando
em encontrar sua foz!...
 
Mas é grande o meu cansaço,
vendo o mundo sem beleza!
- A saudade é esse espaço
cheio de dor e tristeza!
 
Extravaso em poesia
essa saudade feroz,
essa falta de alegria
que existe sempre entre nós.

 



Imponderável
Andréa Motta


Nas teias etéreas do vento
pequenos nadas absorvidos
pelo silêncio dos gestos

talvez sejam acanhados pássaros
talvez queixumes escondidos
em transparente granizo

ou quem sabe uma melodia
murmurada à memória

ou a eurritmia da natureza
a esvair-se feito suspiro
brando.




AMOR PLATÔNICO
Théo Drummond
 


A distância que sempre nos separa
só podemos sentir pela saudade.
E cada coração sempre repara
que é maior, cada dia, a intensidade.

Amar, de longe, nem é coisa rara,
embora dôa mais, pois nos invade
a enorme dor que cada qual mascara:
o querer estar perto, por vontade.

Platônico é um amor que sempre existe,
e com toda a saudade que carrega
a tudo e a todos este amor resiste.

Mesmo de longe, quando o amor se apega,
pode, na solidão, parecer triste
- contra tudo ele luta e não se entrega.

 

 

ALMA DE POETA
Regina Bertoccelli


O poeta guarda em sua essência
a pureza de seus sentimentos.
Livre como um pássaro no céu
sua alma viaja, transpõe fronteiras,
não mede distâncias, transcende...
Invade os corações apaixonados
e sensíveis em forma de versos.
Alma de poeta é clara e transparente,
nela habita o mais nobre dos
sentimentos, o Amor, fonte natural
de suas aspirações e inspirações.
Sua alma tem um lirismo puro que o
permite divagar sobre o amor em todas
as suas formas e dimensões.
Ao soltar sua alma está o poeta pronto
para viver em total plenitude,
a magia onírica de suas mais
profundas emoções .

 

 

Desejos
Jussára C Godinho
 

Este meu segredo
É tão meu, tão especial
Tem um doce e leve enredo
Não tem nada de mal

Nem sei se tarde ou cedo
Entreguei meu sentimento
Sem um pingo de medo
Sem nenhum constrangimento

Seu quente corpo ao meu lado
Exalando seu perfume
Ah! Homem amado,
Chego até sentir ciúme

Sua pele roça a minha
Num gostoso envolvimento
E aquele “frio na espinha”
Eterniza esse momento

Mesmo estando calado
Transmite todo calor
E o seu corpo suado
Transborda de tanto amor

Já nem sei se é segredo
Essa nossa sensação
Todos percebem o enredo
Dessa história de paixão!

Jussára C Godinho – Ju Virginiana
Caxias do Sul - RS

 

 

Fundo Musical: Canteiros
Compositor: Fagner, baseado no poema "Marcha" de Cecília Meirelles

Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade

Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento

Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
Deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um toco sozinho ...
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração

 

 

O meu muito obrigada a todos, até a próxima edição.

Participem enviando os vossos trabalhos para

iarameloportalcen@sapo.pt

 

 

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Grutas de Alvados - Portugal


Formatação e Arte Final: Iara Melo

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