Nestes dias de angústia pela espera
Quisera que meu sonho
Não fosse apenas quimera!
Por isso nele ponho
Grande fé e esperança
De um belo porvir
A esta minha doce jovem
Ora moça,
Ora criança.
Quem sabe, não
Pela mão
Do homem.
E nem pelo que corre nas veias dos
seus.
Mas pela vontade divina
Pelos poderes de Deus!
Minha, minha meiga menina!
Em 02/04/2009

...e é assim em cada poema
Lígia Leivas
Em cada poema que traço
há muito do que eu sou
Há o que vivo
Há o que amo
Há os que amo
Há os que quero bem!
Em cada poema que faço
há os meus sonhos
(jamais fantasias...
às vezes ironias ou até alegrias...)
Em cada poema que teço
há um pouco do muito que sinto
Há as dores (eu não minto!!!)
as decepções que sofro
as promessas descumpridas
e as esperanças destemidas...
Em cada poema que entristeço
há as desilusões sofridas
as agonias revividas
nas entrelinhas perdidas...
Em cada poema me venço!!!
Neles há o amor ainda vivo
Há os amores que tive
Há muito de ti (bem sabes!)
Há um outro tanto de nós
...e em cada poema amanheço!...

Perdão
Tania Montandon
O que seria da alegria
chegada após a chaga
se não fosse a poesia
deixando-a bem marcada
O que seria do perdão
não fosse o erro, o imperfeito
sabido de todo coração
sem o capricho bem feito
Do poeta a orar em alegria
com amor e compaixão
abundante energia
Muito mais que dor o perdão
divino e belo em poesia
purificando o coração

Brincando de roda...
Patricia Neme
Vem pra ciranda
eu te regalo um beijo,
esse meu riso farto,
a paz do meu olhar.
Promessas tantas,
meu dançar brejeiro...
Vem, vem, pra ciranda,
quero cirandar.
Canta comigo
letras de inocência,
põe o teu pezinho
junto ao pé do meu.
Brinca comigo
e, por complacência,
meu amor eterno,
sempre será teu.
Vem pra ciranda,
que a vida é ligeira,
e chega o futuro...
Vai-se a brincadeira...
Então seremos
como as petecas
nas mãos do destino,
que sabe ser rude,
sabe ser ferino.
A lua é cheia,
rua tá vazia...
Vamos voejar
nessa melodia.
E quando a noite,
nos roubar o sol...
Canta essa ciranda
e lembra que um dia
nossa vida foi
canto de alegria.

Cingida por imensa solitude,
Busco, afinal, ouvir a tua voz
para extinguir esta tristeza algoz
que limitou a minha plenitude.
Mas, sem sucesso, vejo a finitude
surgindo em seu propósito veloz
acompanhada da tristeza atroz
presente em toda a sua latitude.
Àquele espaço ainda chega o pânico
entrelaçado num grande vazio
dando evasão ao ímpeto vulcânico.
A despertar, em torno, um arrepio,
transformando o aspecto do amor
romântico,
numa tela de sonho em desvario.
Aracoiaba-CE-Brasil

NINGUÉM É DE NINGUÉM
Carmo Vasconcelos
Ninguém é de ninguém, jamais se
iluda
Quem presume ser duma alma o dono
Não a compra nem a jóia mais choruda
Nem rei que a seus pés tenha rico
trono
Pertence a alma ao sublime reino
Onde sem c’roas reina o Divino
Onde o desapêgo é sagrado treino
E a posse maior exemplo Cristino
Nem eu te possuo, nem tu me possues
Inda que exales na minha almofada
Feitiços de jasmim e mangerona
Inda que em mim vertas ópios que
flues
E eu os guarde em meu corpo,
enfeitiçada
Jamais serei tua, nem de ti a dona!
Lisboa/Portugal
Abril/07/2009

Flor Bela Mulher
Francis Raposo Ferreira
Sentado no beirado
Da minha janela,
Vou ficando encantado
Com flor tão bela.
Vou ficando encantado
Sentado no beirado
Da minha janela.
A bela flor
Vai florescendo
É como meu amor
Que vai crescendo
Como o meu amor,
Ai a bela flor
Que vai florescendo.
Não é flor qualquer
Aquela bela flor,
Por uma linda mulher
desabrocha meu amor
Por uma linda mulher,
Não por uma flor qualquer
Mas, uma bela flor.
Sentado no beirado
Da minha janela,
Vou ficando encantado
Com flor tão bela.
Vou ficando encantado
Sentado no beirado
Da minha janela.
Bela flor,
cara bonita,
cantar meu amor
em trova infinita
cantar meu amor
por uma bela flor,
por ti cara bonita.

SUBLIMAÇÃO
Raymundo de Salles Brasil
Ela se despediu e nunca mais nos
vimos,
Nunca mais nós trocamos um alô,
sequer,
Vai longe o tempo, sim, que
brincamos e rimos,
Ela era um botão, longe de ser
mulher,
E eu era um fedelho quando, os dois,
sorrimos...
Despetalando aquela flor do
mal-me-quer,
Pra ver se o nosso amor era coisa de
primos,
Ou se tinha embutida outra coisa
qualquer.
Hoje com meus botões, refletindo
maduro,
Eu concluí que sim, era muito mais
puro,
Era mais para santo o nosso amor
fraterno.
Sem ter a marca vil dessa coisa
carnal,
Ele se fez sublime, quase divinal,
Talvez, por isso mesmo, ele ficasse
eterno.
23/11/07

DUAS MULHERES FEIAS
Joaquim Moncks
Os dois espectros passam aos olhos.
Um temporal à beira-mar
em pleno sol de outono.
Ainda bem que não é verão,
porque o dia restaria turvo.
Dois cães mordiscavam um osso
e saíram correndo à aproximação
viva de carne e ossos.
Nem viram as vestes.
Também pudera!
Em nada disfarçavam a feiura.
Caminhavam como sombras
arrastando silhueta e chinelos.
Conversavam sobre o Nada.
E a manhã, tão bonita!
O olho de Deus, com pena,
eclipsou o sol suspirando sombras.
E as Sílfides fizeram troça
roçando o vento sobre as dunas.
– Do livro, inédito, BULA DE
REMÉDIO, 2004/2009.

AH!...
ELIANE ARRUDA -CE
Pessoas vivem sempre a reclamar,
Não veem o azul do céu, a cor do
mar.
Quem infla a sua história com “quizilas”,
Não pode dedilhar maviosa lira.
Aos outros leve sempre algo
risonho,
O que no mundo existe em belos tons.
Não jorre nos viventes vis delírios,
Também no instante deles não há
lírios!
Procure, nesta vida, ser jardim,
Ornado co´a presença de jasmins,
Espalhe belas pétalas de cetim!
Não deixe que o vejam qual u´a noite
Sem lua, sem o vento e seus açoites,
E assim não seja: afeito aos
desatinos!

Glosando José Valdez de Castro Moura
Gislaine Canales
ESPAÇO DA SAUDADE
MOTE:
Partiu, deixando o seu traço
no meu caminho dos sós...
- A saudade é esse espaço
que existe sempre entre nós.
Partiu, deixando o seu traço
que ficou bem junto a mim,
na esperança de um abraço,
que vem sempre, antes do fim!
Sigo triste caminhando
no meu caminho dos sós...
Vou como um rio sonhando
em encontrar sua foz!...
Mas é grande o meu cansaço,
vendo o mundo sem beleza!
- A saudade é esse espaço
cheio de dor e tristeza!
Extravaso em poesia
essa saudade feroz,
essa falta de alegria
que existe sempre entre nós.

Imponderável
Andréa Motta
Nas teias etéreas do vento
pequenos nadas absorvidos
pelo silêncio dos gestos
talvez sejam acanhados pássaros
talvez queixumes escondidos
em transparente granizo
ou quem sabe uma melodia
murmurada à memória
ou a eurritmia da natureza
a esvair-se feito suspiro
brando.

AMOR PLATÔNICO
Théo Drummond
A distância que sempre nos separa
só podemos sentir pela saudade.
E cada coração sempre repara
que é maior, cada dia, a
intensidade.
Amar, de longe, nem é coisa rara,
embora dôa mais, pois nos invade
a enorme dor que cada qual mascara:
o querer estar perto, por vontade.
Platônico é um amor que sempre
existe,
e com toda a saudade que carrega
a tudo e a todos este amor resiste.
Mesmo de longe, quando o amor se
apega,
pode, na solidão, parecer triste
- contra tudo ele luta e não se
entrega.