Revista "Aquilo que a Gente Sente "

Ano II - Número 04 - Janeiro/2010

 

Criação : Carlos Leite Ribeiro

 

Edição: Iara Melo

 


 

 

 

 

Glenn Miller e a dama do cabaré

Benedita Azevedo
 

As constantes crises do diabetes deixavam Raquel deprimida.  Lamentava-se com a irmã, Lia o amor perdido na juventude. Em sua avaliação achava que seu casamento não valera a pena. Tivera cinco filhos e gostava muito deles, mas o marido não a fazia feliz. Segundo ela, sempre fora traída e precisava trabalhar muito, pois o dinheiro dele era gasto com as outras mulheres. Ela se via como a própria mulher do cabaré, daquela música do Chico Buarque.
 
Nas ocasiões em que a crise batia forte, ia visitar a irmã que a ouvia com carinho e paciência, pois sabia de suas queixas, e até achava exageradas, porém, mesmo assim, procurava confortá-la. Algumas vezes lhe dizia que ela poderia estar sendo injusta com o marido, entretanto, Raquel insistia que seu casamento fora um erro, que se a prima, no passado, não se tivesse atravessado em seu caminho, com certeza teria sido muito feliz com Jorge, seu amor da juventude.  O pior é que o casamento dele também não dera certo. Casara-se com uma moça muito jovem, de treze anos de idade, tiveram três filhos e se separaram. Ele acabou tornando-se alcoólatra, fizera o tratamento no AAA e agora participava do programa ajudando a recuperar outras pessoas.
 
Raquel à época tinha vinte anos. Estava preparando o enxoval e o noivo, Jorge, parecia apaixonado. Gostavam de bailes e a música preferida deles era a de Claudinha Teles “Estúpido Cupido”.  Na hora do refrão, “oh, oh Cupido, vá longe de mim!”, eles faziam que não com o dedo um para o outro. Raquel quase se desmanchava com tanta alegria!  De uma hora para outra ela começou a perceber as brincadeiras da prima com seu noivo.  Pensou em falar com a tia, mas se achou meio ridícula de pensar tal bobagem. Afinal a outra era apenas uma menina de doze anos. Concluiu que, na verdade, estava era enciumada com as atenções do noivo com a prima, uma criança... Acabou abandonando a idéia e continuou sua rotina.  Mas deixou de frequentar a casa da tia, passou meses sem aparecer.
 
As coisas pareciam normais, até que um dia o noivo chegou e disse que precisavam conversar, marcando um encontro.  Ela imaginou que seria algo em relação ao casamento. Quem sabe resolvera fixar a data? Foram ao cinema e depois ao restaurante. Ao final do jantar, ele começou elogiando-a, que ela era uma moça muito prendada, muito companheira e que qualquer homem seria um sortudo de encontrar alguém com tantas qualidades. Mas que, infelizmente, ele não era digno de uma pessoa tão especial. Precisava se afastar para colocar a cabeça no lugar, pois estava muito confuso.
 
Raquel levou um susto e ficou sem saber o que pensar. Perguntou se tinha feito alguma coisa que o aborrecesse. Ele disse que não. Que ela era a pessoa mais encantadora que conhecera, ele que não a merecia. Jorge a deixou em casa e se despediu com um beijo no rosto. Dois meses depois soube que se casara com a prima dela, às pressas, pois a “criança” estava grávida. O Cupido se fora mesmo, conforme ela cantava nos bailes!  Parecia maldição.
  
A essa altura da narrativa, Raquel se emocionou e perguntou à Lia se não se lembrava de Jorge, disse que ele era alto, corpo esbelto, cabelos cortados rente, olhos azuis pele muito branca, ressaltada pelo verde-oliva da farda do exercito.  “Parecia o Marlon Brando”, exagerava a apaixonada. A irmã disse que lembrava, vagamente, já que mantivera pouco contato com ele. Pois ela estudava em outra cidade.
 
Segundo Raquel, após ele se separar da mulher, Jorge viajou três mil quilômetros atrás dela.  No entanto, ela já estava casada e com cinco filhos. O ex-noivo dissera-lhe que se arrependia de não lhe ter dado mais atenção e  nem ter permitido que ela argumentasse e tentasse convencê-lo. A irmã quis saber se já fazia muito tempo que Jorge a procurara.  Raquel respondeu que ainda estava jovem e bonita, mas tinha de cuidar dos filhos, pois o marido saíra de casa e fora morar com outra mulher, e ela não queria se envolver com ninguém, principalmente com alguém que já a tinha abandonado uma vez. Disse ainda, que havia duas semanas recebera um telefonema dele querendo um encontro, pois agora morava no Rio, relativamente perto dela.
 
Aquela amargura na voz de Raquel comoveu a irmã. Lia a abraçou e convidou-a a tomar um chá. Foram até a cozinha e sentaram-se à mesa enquanto esperavam a água esquentar. Ela continuou a lamentação. Disse à irmã que no tempo em que esteve separada do marido apareceram vários pretendentes, inclusive um médico, mas naquele momento os filhos eram seu único objetivo. Depois, o marido resolvera voltar para casa. Ela aceitara, porque estava muito difícil cuidar das tarefas de mãe e pai.  Entretanto, perdera o encanto por ele. Parecia-lhe um estranho, que não lhe despertava nenhuma emoção.  Contou que, certo dia estava em casa e recebeu um telefonema avisando que o marido sofrera um enfarto fulminante. Quando chegar ao hospital o encontrou sobre a pedra fria do necrotério.

Lia perguntou se ela lembrava o momento exato, em que o casamento começara a esfriar. Ficou surpresa ao saber de Raquel que nunca fora apaixonada pelo marido. Gostava dele, que fora bastante convincente quando começaram a namorar, logo após o rompimento do noivado dela, mas nunca sentira aquele amor ardente que tivera por Jorge, e na verdade, jamais o esquecera. A lembrança daquela figura ágil, alegre, de olhos azuis e a pele muito branca,  contrastando com o verde-oliva do uniforme e o quepe caindo ligeiramente para a direita, permanecia em suas retinas, tal qual uma foto na moldura ou um cartaz de cinema.  Lágrimas desceram pelo rosto de Raquel.
 
Comovida, Lia não sabia o que dizer para animar a irmã. Falou que Raquel precisava se concentrar nos filhos, que todos estavam muito bem, tinha um neto lindo. Insistiu que precisava tirar partido daquilo que a vida lhe oferecera, que seus filhos eram maravilhosos... De repente, Raquel secou os olhos com as mãos e disse quase áspera, que a irmã não sabia de nada. Que a sua angústia era ainda maior pelo fato de ter descoberto, antes da morte do marido, que seu segundo filho estava com AIDS. Por que a vida fora tão cruel com ela? Por que logo o seu filho? Tanto que orientara dos riscos e dos cuidados que deveriam ter. E agora estava ali, sem saber o que fazer diante de tal fatalidade. 

Raquel estava arrasada. A morte do marido acontecera no momento em que ele a estava ajudando a lidar com a AIDS do filho. Quando cedera aos argumentos e pedidos de perdão dele, passando por cima de todas as humilhações que sofrera ao ser abandonada e iniciara um lento e tateante retorno. Enfraquecida diante da doença do filho, resolvera rever seus conceitos e levar uma vida plena de casal, para que juntos pudessem cuidar dele.

Lia quis saber o que ela ainda sentia por Jorge, seu amor da juventude. Então ela revelou à irmã que no último telefonema, quando soube que ele estava tão perto, sentiu uma revolução interior, então, achou que deveria lhe dar uma chance. Ela também precisava sentir-se beijada e abraçada. Só de pensar suspirava e amortecia, por momentos, a dura realidade. Os bons tempos do “oh, oh, Cupido” voltavam e ela ouvia, de fato, os acordes metálicos e vibrantes dos bailes e da animada orquestra de Glenn Miller. Era o Paraíso! Raquel volteava dançando sozinha pela sala, de olhos fechados, os braços imaginariamente abraçando seu “Marlon Brando”. Nem se importava de parecer ridícula beijando o ar. Entretanto, não aceitou a proposta dele de se encontrarem. Um grande amor do passado poderia voltar como se nada tivesse acontecido? Ou seria melhor permanecer na fantasia dos bons tempos?    Dúvidas, muitas dúvidas. Talvez fosse melhor esquecer e levar uma vida sem grandes emoções.

A doença do filho, a morte do marido, as dúvidas se deveria aceitar o convite de Jorge acabaram por lhe provocar uma grave crise de hiperglicemia, que a levou ao hospital. Os filhos, aflitos, pediram ajuda à tia. Lia telefonou para Raquel e perguntou o que acontecera para lhe provocar uma crise tão séria?  Ela contou de suas dúvidas, Jorge em seu último telefonema dissera-lhe que estava morando no Rio e insistira para que se encontrassem, o que a deixou muito ansiosa.  A irmã lhe disse que ela deveria sim, se encontrar com Jorge, afinal, não tinha nada a perder. Depois de tanto sofrimento o que viesse seria lucro.

Ao sair do hospital, Raquel foi levada pela irmã e os filhos para a casa desta, a fim de repousar e se recuperar mais rápido. Conversavam na sala de visitas quando a campainha tocou. Lia atendeu. De imediato reconheceu Jorge que se apresentou e justificou sua presença. Telefonara para Raquel e soubera que saíra do hospital e estava em casa da irmã. Depois de explicar que era um amigo da família, conseguiu que lhe dessem o endereço. De fato, o cara era mesmo bonito! Ele estava preocupado e queria notícias de sua ex-noiva.  A dona da casa o conduziu até a sala e, em seguida saiu com os sobrinhos, para que deixassem a mãe à vontade com o amigo.

Fechando a porta atrás de si, Lia ainda pode ouvir Jorge, ajoelhado ao pé do sofá, pedindo a Raquel que o deixasse cuidar dela e dos filhos. Queria recompensá-la por todo o sofrimento que lhe causara. Ela finalmente acedeu.  Era o que ela queria mesmo. Um beijo selou o reencontro.  E a voz de Claudinha Telles cantando ao som do rock, “oh, oh Cupido, vá longe de mim!”... mistura-se ao som da orquestra de Glenn Miller enchendo o ambiente com o som vibrante e alegre das músicas que tantos bailes e sonhos embalaram.  E os aplauso de Lia e sobrinhos os fez voltar à realidade. Os bons tempos voltaram!!!! A felicidade, enfim!!!!
                                                                            
Praia do Anil, 06 de setembro de 2009
 
 
 
 


 
 
Recordações

Cibele C. Teixeira

 
Nós nem sequer suspeitamos
do tanto que armazenamos
no fundo da nossa mente.
Não sabemos o que rompe,
derruba a represa, e libera
as recordações da gente.
São muitas causas, ou nada,
que se juntam e escavam
da mente, cada detalhe:
toda parte examinada,
cada curva, cada entalhe.
E, as recordações rolando,
consigo vão arrastando
fragmentos de emoção
que passam à nossa frente,
sacodem a alma da gente,
tiram nossos pés do chão.
Ao final desse desfile,
nós saímos renovados
ou ficamos derrotados...
não há terceira opção.

 
 

 
 

 A MULHER DA MALA DO CORREIO
 
Eduardo de Almeida Farias


Xaile preto, pés descalços
Pra mais livre o caminhar,
Lá vai a mulher da mala do correio
Sempre andar, sempre andar;
Para trazer notícias do Zé, do Manel,
Que andam longe, no além-mar.

Quanta vez,  rezou, e chorou baixinho,
Não por piedade cristã,
Mas para mitigar a solidão do seu caminho
Tão igual, hoje, como era no seu amanhã.

Sob o sol supino,
Ao vento de frias madrugadas,
No dia a dia das suas caminhadas
Aquela mulher
Era esperada com muito anseio, 
Ao fim de cada tarde.
-Há de trazer  notícias boas, se Deus quiser,
E levar mais saudades. 
     
Amélias, Alexandrinas,
Madalenas, “Cantadeiras,”
Andarilhas, cheias de canseiras;
Carregavam a sardinha
Na canastrinha,
Lado a lado,
Com as cartas, um nadinha,  
-Ai Deus seja louvado...
           
Sob o sol ardente do verão,
Ou sobre a geada invernal,
Aquelas mensageiras, por pouco mais
Que um naco de pão,
Gastaram suas vidas,
Doaram o seu coração.


     NB. No tempo a que me refiro, o correio era transportado por mulheres a pé, pelo menos na minha  serrana Agadão, assim o  era,  cuja mala devidamente lacrada era guardada em uma casa que servia como uma espécie de agência do correio, e a  correspondência era  levantada pelos respectivos destinatários. O responsável pela guarda da correspondência, aos domingos,  após a missa, no adro da igreja distribuía a mesma aos destinatários dos lugares mais  longínquos da freguesia.
      Contudo, terras havia igualmente remotas, cujo  correio era transportado a cavalo. A precariedade das estradas nesses lugares que, pouco mais eram que caminhos de carros de bois, a tais práticas obrigava.  
         Faz muito tempo, como não podia deixar de assim ser,  o correio é entregue em todas as aldeias de porta a porta, todos os dias,   em modernos veículos automotores,  ainda que em lugares de um só habitante.
        Aquelas mulheres, verdadeiras heroínas, bem que mereciam para lhe perpetuar a lembrança ainda que, fosse um simples busto em praça publica, pelo tanto que fizeram.                          
 
Eduardo de Almeida Farias
e-mail: edumendo@gmail.com
Pel. 10.de jan. de 2010
 
 
 


 
 
Glosando Clarindo Batista
Gislaine Canales
 
BONITO ESTOJO
 
MOTE:
 
A vida é uma caminhada
na qual se tem pela frente,
em cada curva da estrada,
uma emoção diferente.
 
A vida é uma caminhada,
nos dá alegria ou tristeza.
Trovador tem na jornada,
da Trova, toda a beleza!
 
Cada esquina que encontramos,
na qual se tem pela frente,
sabemos por onde vamos
se em Jesus, a fé, for crente.
 
A Trova é nossa aliada,
surge fazendo amizade
em cada curva da estrada,
trazendo felicidade.
 
Cada verso de uma Trova,
trabalhada, ou num repente,
nos traz uma emoção nova,
uma emoção diferente.
 
 
 
 
 
 

'ELE"
Hermoclydes Siqueira Franco
 

ÊLE passou pelo mundo
e sofreu a incompreensão.
Seu evangelho, profundo,
nos convida à reflexão...

ÊLE nos trouxe a mensagem
de esperança, luz e amor
e, num pálio de esplendor,
da imensidão nos acena!

ÊLE nos tornou irmãos
e fez de nós seguidores
da fé que salva pagãos
e vence o mal com amores...

ÊLE salvará humanos,
com verdadeira lhaneza,,
fazendo, no fim dos anos,
renascer a natureza!

E ÊLE voltará, decerto,
para, em nova redenção,
fazer, de um mundo deserto,
nova civilização!...
 

 
 
 
 
Depressão
 
Ilze Soares


Ela está ali. Parada, imóvel, paralisada...
Nada nem ninguém a importuna. Cabelos emaranhados, roupas desbotadas,
pele sem viço, olhar sem brilho... A vida, para ela, perdeu a graça.
O silêncio estancou o riso e emudeceu a voz.
Não enxerga mais os encantos da vida, a magia das noites enluaradas,
o fascinante piscar das estrelas, a beleza do desabrochar das flores colorindo
e perfumando as manhãs...
Seu sol interior apagou-se, não aquece mais sua alma. 
Não ouve o canto dos pássaros, o murmúrio do mar,
a canção do vento, o riso inocente de uma criança...
Nem vê o ballet das borboletas coloridas no jardim,
a suavidade do beija-flor se alimentando de nectar,
a agilidade das abelhas polinizando as flores.
Um novo dia...Mais uma noite...
Sucessão interminável de horas, dias, semanas...Puro tédio!
Depressão...Doença da alma e do coração.  Mina as forças, destrói as emoções.
 
 
 
 
 
 
 
O PÃO DA PALAVRA
 
Joaquim Moncks

 
O pensamento é o pão da palavra. É necessário ter com quem dividi-lo. Saborear o naco de pão dormido e o olor do recém-saído do forno, em que se mastiga o céu da boca e se sente palavras escondidas entre dentes.

Na linguagem artística, o belo nasce como a flor: sempre de dentro pra fora. A palavra vê o mundo com olhos de espanto. Respira em orfandade, solta no mundo. O rótulo se constrói pelo seu revelar-se. E ela se traveste segundo a passagem do tempo. Nunca morre, porque é mutante em nome do entendimento.

Sempre desejo que este seja o pão dos famintos. Muito além da fome do corpo.

– Do livro DICAS SOBRE POESIA, 2009/10.
http://recantodasletras.uol.com.br/pensamentos/2022653
 
 
 
  
 
 
 
E por falar em amor...
 
Lígia Antunes Leivas
 

   
     Dia desses, alguém  me pediu que dissesse um algo mais sobre o amor.
     Confesso que na hora ri muito... - Logo eu???  Eu... que sou uma desastrada, uma extraviada, uma péssima resolvida nas questões amorosas...  escrever sobre o amor??? Mas fiquei pensando e achei que poderia aceitar o desafio feito pelo portuguesinho que já nem sei mais por onde anda...
      
      Então...  o AMOR:

       O que primeiro me veio à cabeça foi "Abelardo e Heloísa" (aquela história lá do século 12... faz tempo... mas sempre muito atual...) em que lá pelas tantas ele pergunta à amada mais ou menos assim: "- Mas que será esse nosso amor? A minha demência ou a tua inocência?"
        Amor é por aí... a gente fica meio que em estado de demência... ou então se é tão inocente, que se acredita em tudo... ledo engano!!!!!... ...
        Cazuza - o nosso Cazuza  - em uma de suas letras/músicas, também pondera algo curioso sobre o amor... "O amor é o ridículo da vida... ... uma pureza que está sempre indo embora." Lindo isso!
         Mas sempre penso que a unicidade do ser humano o faz passar as coisas a seu próprio jeito. Sente-se cada coisa de uma forma peculiar. O que poderá ser ótimo para um, para outro poderá ser mais ou menos, para mim poderá ser indiferente... e assim sucessivamente. Também com o amor acontece o mesmo.

         É de Balzac (aquele francês estranho que muito escreveu graças ao amor por uma mulher e depois por outra) a frase 'o amor é o único sentimento que não admite nem passado nem futuro'.  Também outro francês - Stendhal (séc.18, e que ainda menino se revoltou contra a família, e que foi defensor do romantismo) deixou-nos: "Amor - sempre o único e o grande tema" - amo de paixão esse pensamento!!! Concordo plenamente. O amor, quando chega, se esquece do tempo... tudo é amor, e 'sem essa' de se falar em 'foi-é-será'; pois o amor quando chega se esquece que há outros 'temas'... basta o amor. Mais nada.
     
          Esse amor até aqui 'tematizado' é o amor romântico; o amor que sonha ter "o outro/a" para si, para desfrutar a vida lado a lado... palmo a palmo... face a face... e também no leito de lençóis de plumas...

          Mas há aquele amor transcendental - o verdadeiro, me parece... aquele que dispensa a posse, a propriedade... É o amor universal, em que se ama acima de nós mesmos e só se pensa no bem do /a   'amado/a'. O amor em que se quer o intacto e não apenas o fragmento que há dentro do coração do outro; se quer não o contingente, mas o absoluto, o mistério, o eterno...
         
          Sobre o AMOR... tanto o que dizer... mas o melhor mesmo é AMAR !!!

          AME! ! ! ... ainda que esse amor seja aquela flor belíssima que precisa ser colhida à beira do mais assustador precipício... (Stendhal)

          Lígia Antunes Leivas
          litterisll@yahoo.com.br
          Pelotas, RS, BR -13.01.10 -18h

 
 
 
 
 
 
DOWNLOAD DE UM NOVO AMOR

Mário Feijó

 
Eu não queria lamentar
A falta que tu me fazes
Mas nada posso contra
As forças do destino...
 
Sei que é um desatino
Dizer que somos parecidos
Mas não posso mais negar
Que tu perturbas minha mente...
 
Eu só queria poder
Sair por aí e te apagar simplesmente
Andar pelas ruas e colocar os meus pés
Na água do mar sem lembrar de ti...
 
Queria que minha mente
Pudesse deletar todas as tuas imagens
Mas sei que é impossível pois tudo já foi salvo
“na placa mãe do meu disco rígido”...
 
Cada vez mais percebo
Que a cibernética entrou em nossa vida
Para ficar definitivamente
Então vou fazer um “download” de um novo amor...
 
 
 
 

 

 
SANTO PECADO
 
(*) Nelson Valente
 

 Noite fria e chuvosa. O vento é suave como a brisa a entoar nas ramagens e nas frinchas das venezianas, a canção da tristeza e da saudade.É a mística sinfonia da natureza.

A igreja imponente no alto da colina, iluminada pelos relâmpagos, proporcionando lascas e aços espelhados no horizonte sem fim. Dentro da igreja, a amargura: um estupro.

Alguns anos depois...

Amanhece...aí pelas onze, bateu à porta do Mosteiro um rapaz que há tempos andava à cata de emprego. Como não era hábito abrir-se a porta a qualquer, Frei Bonifácio olhou pelo buraquinho.

Disse que queria falar ao Diretor ( sabia lá o nome do cargo ?) e foi levado à presença do dito cujo, com visível satisfação. Aquele, de comovida aparência, deixou-se beijar os cordões e declarou que realmente lá precisavam de alguém. Na cozinha pelo menos Napoleão, o cozinheiro chefe, queixava-se há bocado do excesso de trabalho.

Indagado, como era praxe, sobre a sua origem, etc...e tal, soube-se que era de parcos recursos, filho mãe solteira, que embora com ela não vivesse, andava saudoso e muito. Como soubera do emprego questionaram, mas a inocência das respostas nada tirou nem acrescentou.

Dia seguinte lá estavam de emprego novo. Feliz, Evandro, nome sonoro, a cara não era de todo má. E Ademias os ares santos do lugar poderiam toma-lo melhor. Tiritando de frio (era inverno grosso), espaventou-se Mosteiro adentro, deixando a vida a correr atrás de si, lá fora, assim que o frade o mandara entrar.

Frequentemente dado a introspecções, não sabia bem porque sua alma, sentia-a dilacerada de uns tempos para cá. Trocava-se as bolas, mal silabava o Pai-Nosso à noitinha arrumava pretextos, dissimulava (será isso ódio? Amor?). Não sabe nem quer saber. Quase nem percebe o blém-blém do sino que o desperta.Ouve uma voz suave tem ciúmes da paz. Era tudo o que esperava. Podia ter ido para outro lugar, mas aquele, não se sabe bem porque, fora o mais indicado.

Uma voz chama-o com êxtase sobe ao patamar, confiando o frade um sorriso empalidecido e ensaia algumas palavras. O que consegue é um bom dia sufocado.

Atravessam os claustros, o céu baixo e cinzento, procura abrigar-se na blusa desgastada que a mãe lhe tecera. Torce-se dentro dela, como os caracóis quando amolados. Alguém desce as escadas do primeiro andar. Sente um frio no cangote, mas o clima cheira a santidade e isto o fortifica. Ademais, a limpeza, o rafiné,o todo no lugar, a resina dos pinheiros excitam-no mais e mais. Tenta outras excitações, mas não resiste à curiosidade de, por instantes, esticar as pestanas até uma janelinha indiscreta que rasga seu esperar uma parede amarelecida.

Mexe com botões e os enche de perguntas, tirando-os e recolocando-os nas casas, e continua a seguir o Frei Bonifácio, que bochechudo mais parece uma moranga madura. Bate uma saudade da horta da mãe!

Na sua dispersão, perdera até o frio, aquecera-se mais, com satisfação observa que chegaram. Entram na cozinha e então, rompendo-lhes as inibições e numa simplicidade familiar, sorri ao cozinheiro chefe.

Ele, os olhos estatelados, corresponde - "Anda, ajudar! A gente precisa se entender. Tem muita coisa pra você já ir fazendo", disse-lhe Napoleão.
Há qualquer coisa nele de forte que satisfaz Evandro. Fica ali como se protegido, de repente, e cinco minutos depois já descasca os inhames para a sopa.
-Que é que trouxe aqui?
A vontade de trabalhar. Talvez o fascínio de um lugar como este. Não sei porque, mas conventos e padres sempre me atraíram. Invejo os frades, sua cara de alienados, sempre de bem com a vida, podem exigir se quiserem o que quiseram, em nome de uma absolvição. Podem 'beber e comer como abades (rindo-se), e não precisam invejar nada o que está lá fora, não acha?
Não é bem assim, creio eu, às vezes, levantam com cabelo repartido do lado errado e de ovo virado. Riram-se os dois e continuaram os afazeres.
Lavada a louça, Evandro perguntou a que horas costumavam jantar os frades. Que às seis, e que hoje, além da sopa, comeriam filé de pescada e medalhão. O rapaz franziu o nariz.

O certo é que a fradaria, aos poucos, já exauria as potencialidades do novo habitante, que afinal tinha vinte e um anos e já trouxera um pouco mais de agitação para o lugar. Ele, por sua vez, não ousava ser inconveniente.Introduzia-se na intimidade do Mosteiro, ora a ensaiar alguma observação mais ousada, ora a arriscar uma gargalhada.

Logo de manhã levava um cafezinho com licor ao Frei Bernardo, o manda chuva, como o chamava; afinal não se trata de convento mendicante! Sobrava lá o que faltava cá fora!

Percebia que ra bem recebido, mas importante não deixar a prudência. Afinal certos atrevimentos se expressos de forma correta, pensava ele, passam a ser lisonja. Por isso, sempre que possível engolia a língua para não vomitar mais asneiras. Talvez o excesso de zelo o reprimisse um pouco, mas antes assim.

Já há vinte dias que lá se encontrava e pela primeira vez fora advertido pelo Frei Teodósio, por ter deixado cair o galheteiro. Como às vezes é necessário que se retraiam emoções faciais, contraiu-se também por dentro e calou-se. Calou-se com cara apoplética, o que provocou risos de outros padres. Percebeu que estava perdoado. Não resistiu também e viu que já se contaminava com aquela frase que diz "padre ri a toa".

Não que o galheteiro engrossasse as dificuldades do Mosteiro, mas assim que pudesse compraria um outro para substituir o quebrado. Além do mais, pensava Evandro, talvez há muito tempo os habitantes da santidade não tiveram sentido alguma diferença entre o quebrar ou não o galheteiros, uma vez que isso não implicasse ter a barriga agarrada às costas por pança vazia!

Levantaram-se após as orações e, breve aviso de procissão da penitência. Foi nessa procissão que Evandro teve, que indesejavelmente, castigar-se com um jejum obrigatório. O que até agora era cor-de-rosa passou a ser bege. "-Afinal, nem sempre o semáfaro tem a cor que a gente quer!", pensou.

Achava demais ter de beber óleo de rícino. De madrugada aproveitou-se do trabalho que seus intestinos lhe deram para arriscar uma visita até a adega - "Imunda! Não via limpeza, sabe-se lá desde quando".Entrou ingênuo e saiu aguçado. O vinho fazia um efeito celestial! Dormiu como um anjo e sonhou com prazeres da carne. - "Aí que saudade da Ditinha".Mas seus humores faziam cócegas na hora da procissão. Não entendia nada daquele aparato todo, o que lhe provocava pensamentos estupidamente hereges. Não que fosse rebelde.Mas se dessem por isso, seria certamente castigado por Deus e pelos homens. Deduzia que fosse um dos grandes penitentes, pois fora colocado na cabeça da procissão; mas sentiu-se importante, porque ali ia o regimento principal e todos almejavam a mesma coisa: a salvação das almas. Ele, mais que ninguém! -"Que fedor! É mal daqueles que têm a alma perfumada demais".

Viu-se interrompido nas conjeturas, quando uma voz apocalíptica mandou que rezasse o "mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa". Todos se ajoelharam. Evandro abalou-se. A mãe ensinara-lhe a rezar a tal oração quando ia pra cama. Dizia que se a gente morresse dormindo, já morria perdoado. Achou que tinha chegado a sua hora. Quase chorou de susto. Não compreendia bem a liturgia, lembrava-se pouco.

Só percebeu que luzia na mão de um dos frades algo redondo e lindo. Era a custódia. Olhou para aquilo e sentiu-se levitar. Quase entrou em alfa como um bocó e quase delirou. Acordou com uma mão cabeluda sacudindo-lhe a cabeça - o "show" terminara, finalmente. Pediu rápido licença para se retirar. A fraqueza atravessava-lhe os ossos, pelo jejum, e tinha vontade de dormir. O corpo exangue e flácido escorregava das bases. Sombras e manchas azuis, verdes, amarelas, quase extintas. Amava aquele lugar. As pálpebras pesadas imploravam por descanso e o céu de chumbo lá fora apagava-se mais uma vez. Olhou para o Cristo na parede e só viu a metade.
Acordou com um torpor inexplicável. Um latinório ouviu-se ao longe. Ruído de paramentos, pigarros do frade mais velho -Esse já está com um pé na cova e outro na casca de banana".Uma lufada de vento o entristeceu voluptuosamente. A própria carne estaca e friorenta. Lembrou-se do pacto. Não podia esquecer-se da mãe. Veio-lhe o impulso de fugir. -Ah! Bons dias de sol, em que jogava bola no adro da igreja. Armar redes, sentar-se à sombra dos arvoredos!".

Estremeceu. Levantou-se. O ar estagnado cheirava-lhe mal. Tudo caía em cima dele. A voz da mãe desabava. E nem as genuflexões, nem os sinais-da-cruz, as atitudes compenetradas dos padres na capela, o impediram de dirigir-se àquele quarto, onde alguém quase jazia.
-Mea culpa, mea máxima culpa...".Tinha medo, mas não podia fugir. Chegou, parou , entrou.
-Frei Apolinário!". (o coração fechara-lhe a razão. Descompreendeu a bondade e a generosidade ).
O Frei curvara-se e parecia murmurar algo.
Num gesto desmedido falou: -"Quem é você e o que quer? Como entrou aqui?".
-"A farsa acabou. Se Deus pra você sempre significou luz, pra mim a pra minha mãe sempre significou treva. Sou filho de seu estupro e sangue de sua indiferença."
O sol irrompeu pela porta afora, uma melodia suave no ar. O nevoeiro dissipara-se e Evandro, o pequeno vingador, desapareceu na escola da vida, deixando para trás o rastro da morte.
 
(*) professor universitário, escritor e jornalista
 
 

 
 

 

 
Quietude!

Nídia Vargas Potsch
 
 
Silencio!
Na arrebatadora
Quietude das lembranças
Sensações
De memórias
Não envelhecidas
Que perpassam
A nos conduzir
Pela teia da vida,
Pelas trilhas,
Amargas ou amorosas,
Do caminho percorrido
Em busca do ser e ... de ser ...
* * *
@Mensageir@
Rio, 10/01/10

 
 
 
 
 
Fax - Tecnologia pré-histórica
 
Paulo Roberto Bornhofen


A tecnologia da comunicação vem experimentando avanços extraordinários em nossos dias. A internet tem lá sua parcela de “culpa” com os e-mails, programas de mensagens instantâneas, blogs, redes sociais e tantas outras.
Não faz muito tempo que o suprassumo da tecnologia da comunicação era o aparelho de fax, ou melhor, o fac-símile. Nos primórdios da era do fax era preciso ter uma linha telefônica dedicada exclusivamente para a engenhoca tecnológica. Era coisa pra pouca gente, como se costuma dizer.
Para minha surpresa, o tal do fax resiste aos avanços tecnológicos. Até pensei em dizer que ele resiste bravamente, mas acontece que o verdadeiro bravo é quem inadvertidamente resolve operar um destes aparelhos. É uma verdadeira operação de engenharia.

Dias destes fui testemunha ocular, e por pura incompetência não me tornei coautor no ato de operar uma destas geringonças. Garbosamente a jovem instalou o aparelho sobre sua mesa. Algo enorme, para os nossos padrões, um trambolho pavoroso, talvez seu volume fosse igual ao de uns quatro ou cinco laptops empilhados, ou de no mínimo uns trinta celulares. Egoisticamente passou a ocupar mais de trinta por cento da superfície da mesa.

Ligar o equipamento foi tarefa mais fácil e que foi vencida rapidamente. Agora a jovem estava diante de um enorme desafio: fazê-lo funcionar. Primeiro era preciso instalar uma bobina, mas não a de papel em branco. Era uma bobina de papel carbono. Isso mesmo, presenciei a união de duas tecnologias altamente obsoletas, o fax e o carbono. Bela dupla, se fosse o nome de uma dupla de cantores ao estilo sertanejo-universitário poderiam até fazer sucesso: “fax e carbono”.

 Foi neste momento que eu quase participei como coautor, mas tive que render-me diante da total e completa incompetência em manusear tal artefato paquidérmico. Pedi para ver o manual e quando li a primeira linha de instruções fui tomado por um estado de puro pânico. Um pavor se apossou de minha alma, o tal do manual mandava virar o conjunto da bobina de cabeça para baixo... Desisti! Se assim era o começo não queria saber o restante.

Mas a jovem não. Diferentemente do restante do universo feminino, ela não se intimidou diante de tal desafio tecnológico. Eu até sei que as mulheres são obstinadas, que não desistem perante o primeiro obstáculo, desde que este não seja um equipamento eletrônico. Todos já presenciamos as nossas ladies operando, ou tentando operar, um simples controle remoto.
Voltemos ao herdeiro do sinal de fumaça, sim, ao fax. Mexe daqui, mexe dali, vira de ponta cabeça (a bobina, depois o fax e quase que a própria jovem), enrola pra lá, enrola pra cá; agora desenrola tudo e eis que o aparelho ganha vida. Começa a funcionar, só faltou uma palmadinha, como se faz com os recém-nascidos. 

Faltava ainda a prova final. Seria o aparelho capaz de enviar e receber uma mensagem, ou melhor, um texto impresso em papel? Isto já não era mais um simples questionamento, era um verdadeiro dilema. Naquele momento representava a pedra filosofal da comunicação por via eletrônica.

Em um devaneio, imaginei como teria sido a sensação do inventor do fax ao realizar o primeiro teste. Se não funcionar? Retornando ao nosso amigo fax, só tinha um jeito de saber. Um texto deveria ser enviado. Imediatamente uma folha impressa foi providenciada. Uma euforia tomou conta do ambiente. Sem nos importarmos com o seu teor, aquele texto adquiriu importância ímpar, tal qual a carta de Pero Vaz de Caminha que  deveria ser entregue ao Rei, aquele texto deveria ser transmitido e acima de tudo, recebido por outro “fax-sauro”. Pronto, texto enviado.
 
Passados alguns instantes, eis que surge a jovem exibindo uma pálida folha de papel com a reprodução do texto anteriormente enviado. Majestosamente ergueu o texto com ambas as mãos, e assim como faz o ganhador da maratona olímpica do alto do pódio, exibiu o troféu representando sua vitória. Maravilha.

Pensando bem até que faz sentido todo este sentimento de vitória, pois preservadas as devidas proporções, o que eu havia presenciado tinha sido uma autêntica batalha épica, pelo menos as armas usadas pertenciam a um tempo muito, mas muito longínquo.

 

 

 

 

 

Filosofema

Priscila de Loureiro Coelho
 

            Quem passeia pelas vias da reflexão, percorrendo a trajetória das considerações sobre a relatividade das coisas e sobre o papel que exerce o "pecado", não pode deixar de reconhecer com extrema lucidez e perspicácia, a conotação determinante deste aspecto na vida do ser humano.
            Interessante partirmos desta premissa, qual seja, a de considerarmos o pecado como instrumento de evolução do Ser.
            Penso que se faz necessário estabelecer com clareza o que se considera pecado, para que se possa perceber a extensão dos equívocos que envolvem a conduta humana.
            Tomemos como definição de pecado, a explicação mais simples, concisa e objetiva.
            Pecado - transgressão de preceito religioso. Em sentido mais amplo, falta, erro, falha. Desrespeitar qualquer regra moral ou disciplinar. Em sentido legal, delito.
            Assim, partindo desta definição mergulhamos na essência da idéia de pecado e abrimos a possibilidade de compreender a sutileza da afirmação de um amigo filósofo, que afirma ser o pecado responsável pela própria evolução.
            Quando nos deixamos conduzir por preceitos, dogmas, regras, sem que as questionemos, as analisemos e as elaboremos com toda atenção, nos colocamos em estado debilitado de raciocínio, abrindo mão da prerrogativa máxima do Homem, que é a liberdade de pensar por si.
            Neste sentido, muito bem colocado, meu amigo não deixa dúvida sobre sua conclusão. Há que se pagar um alto preço pela desatenção em algo de importância vital ao ser humano.
            Não pensar por si, não utilizar a capacidade de concluir, elaborar e escolher, de forma consciente, os atos que se pratica é, para se dizer o mínimo, "ser vivido" e não VIVER!
            Aceitar meramente a imposição de limites com o nome de "pecado", é declinar de uma regalia preciosa, uma dádiva que qualifica todo homem ao livre arbítrio.
            A ousadia do Homem que busca verdades, que utiliza prodigamente a capacidade de se descobrir como energia criadora; que exerce conscientemente a liberdade de opção, esse atrevimento é a variável que distingue seres que se anulam e tornam-se amorfos, dos seres que desabrocham na totalidade de sua existência.
            Percebermos a relatividade das verdades; das premissas; dos dogmas que nos são impostos; das regras, muitas vezes sem sentido ou tendenciosas, que apenas visam engessar a condição humana e impedir que se realize em plenitude, é darmos o primeiro passo para a evolução de nosso espírito, possibilitando que ele alcance estágios sem precedentes...
            A Religião, o Estado, a Moral, como instituições, são códigos que têm seu valor, relativo, mas que precisam ser flexíveis, modificarem-se com o tempo, e irem adaptando-se conforme o ser humano vai evoluindo. É lícito lembrar que "a Lei existe para servir ao homem e não o homem para servir a Lei"
            A religiosidade do indivíduo, o autêntico senso de grupo e a compreensão da vida como uma unidade, estas sim, são condições absolutas, perenes e eternas, que possibilitam o homem nortear-se na jornada da expansão de suas potencialidades.
            Toda descoberta exige audácia, coragem de deixar o conhecido e explorar o desconhecido!
            Assim, temos que a sabedoria nos aponta para detalhes que fazem toda a diferença. Descobrirmos os limites onde transitam o Absoluto e o
Relativo talvez seja a habilidade determinante em nossa busca de perfeição.
            Vale a pena refletir sobre isso.
 

 

 

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