Pero Vaz de Caminha estava certo ao
afirmar em sua carta que “E em tal
maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo...” em
sua carta a el-rei Dom Manuel, quando do
descobrimento do Brasil. Jamais soube
que a assertiva seria válida para o
mundo inteiro!
Foi durante a Guerra Fria
que a rede mundial de computadores, ou
Internet, surgiu, com objetivos
militares. Nas décadas de 1970 e 1980,
além de ser utilizada para fins
militares, a Internet também foi um
importante meio de comunicação acadêmico.
Estudantes e professores universitários,
principalmente dos EUA, trocavam idéias,
mensagens e descobertas pelas linhas da
rede mundial.
A década de 1990 tornou-se a
era de expansão da Internet. Para
facilitar a navegação pela Internet,
surgiram vários navegadores (browsers)
como, por exemplo, o Internet Explorer
da Microsoft e o Netscape Navigator.
Nos dias atuais, é
impossível pensar no mundo sem a
Internet. Ela tomou parte dos lares de
pessoas do mundo todo. Sem ela eu não
teria conhecido o Portal CEN e toda a
cultura que dele emana!
Confesso que tudo isso me assusta. E
mais assustada fico ao corresponder-me
com a minha neta de 16 anos! O
internetês é uma língua difícil e me faz
pensar que sou uma grande analfabeta
ignorante! Eu, logo eu, formada em
letras, pós- graduada em literatura!
Tenho pensado muito em Jean-François
Champollion e em sua capacidade de
leitura dos hieróglifos. Juro que tenho!
E na chave principal da decifração, a
famosa Pedra de Roseta, que continha um
decreto da época do faraó Ptolomeu V
Epifânio (205 a 180 a.C.) grafado em
hieróglifos, em demótico e em grego. A
grande tarefa para ele, naquele momento,
era descobrir se os hieróglifos eram
apenas símbolos ideográficos ou se
podiam realmente funcionar como letras.
E essa tem sido para mim, uma tarefa que
me põe ensandecida! Ou em mal descida,
rolando ladeira...
Foi comparando esses escritos, usando
seus excelentes conhecimentos da língua
copta e estudando outras inscrições
hieroglíficas, que ele conseguiu o feito
notável de nos abrir o conhecimento dos
meandros da civilização egípcia antiga e
deu início à egiptologia científica.
E eu, o que faço? Continuo escorregando
no brejo, qual sambista desvairada!
E escreve a minha neta:
- Vóoooooooo! Qro c aki cmg. Prá fca XD
- O que? Pergunto atônita!
- ;^) hahaha,uahuah,hehehe,kkkkk
- Vóooooooooo! Vc tá mto 100 noção.
Madre mia! A garota pirou ou estou em
pesadelo? É como se fosse outro idioma!
Essa forma de escrever faz parte do
mundo virtual dos jovens e não há como
ignorá-la, pois a língua é um sistema
vivo e adapta-se ao meio social. Mas que
é irado, não há como contestar!
Aos trancos e barrancos, tento entender
essa ‘fascinante linguagem’...

Seção 02 – Recordar é viver! Relembrando
setembro de 2007
“Visconde de Don Mi-Burro” –
Correspondente Internacional do Portal
CEN – “Cá Estamos Nós -;-
Secretário-geral da Academia “TóKandar”
-;- Colaborador efectivo de “Brincar sem
Abusar” -;- Locutor da Rádio Criativa
-;- Amigo de todos os amigos e amigo do
boss Carlos -;- Organizador do “Clube de
Fãs de “Don Mi-Burro -;-
Um doce para as senhoras e um amargo
para os homens”.
Diário de um burro em férias
Entrevista a Maria Granzoto
Estava a
apanhar sol e a ler um jornal na praia
de Copacabana no lindo Rio de Janeiro,
quando a minha atenção ficou presa numa
notícia que falava em Arapongas PR :
“Em 1952 Arapongas perdeu o território
do distrito de Astorga, que foi
desmembrado e transformado em município
autónomo. A medida posta em prática pelo
Governo do Estado não teve boa
repercussão, tanto assim que dos vinte
vereadores com assento na Câmara
Municipal, cinco renunciaram ao seu
mandato, em sinal de protesto. Em 1954
novo desmembramento sofreu o município
de Arapongas, com a criação do de
Sabáudia, território do antigo distrito
do mesmo nome. Com mais essa perda, a
comuna reduzida à área do distrito e
sede municipal. Arapongas nos últimos
anos (1959) sofreu grande impulso por
parte dos administradores e a cidade,
principalmente, tem progredido
extraordinariamente, colocada entre as
maiores e mais importantes centros
urbanos do Norte do Paraná”
Arapongas, lembrei-me logo da minha
querida amiga Maria Granzoto, ilustre
professora universitária e uma belíssima
escritora. Logo pensei em dar uma
saltada até Arapongas para ter o prazer
de conhecer pessoalmente esta amiga.
Passei pelo
hotel para recolher os meus pertences e
apanhei um táxi para o aeroporto, para
apanhar um avião para Curitiba PR.
Quando cheguei à capital do Estado do
Paraná, consultei um mapa e verifiquei
que Arapongas ficava muito longe;
resolvi então apanhar outro avião para
Londrina. No aeroporto enquanto esperava
o avião, comprei um guia turístico para
saber um pouco mais da cidade que ia
visitar:
http://www2.unopar.br/vestibular/vestibular_arapongas.htm
O município
de Arapongas, situado na prodigiosa
região do Norte do Paraná, é uma
resultante da Iniciativa da Companhia de
Terras Norte do Paraná, pioneira do
progresso e desbravamento de toda uma
região.
Em 1935 foi
aberto e vendido o primeiro lote
agrícola, diversos lavradores, de
diferentes nacionalidades, fixaram
residência no lugar e se estabeleciam
com casas de comércio. Nos anos
seguintes foram povoadas as glebas
destinadas às Colónias formadas por
imigrantes japoneses e eslavos.
Arapongas continuou a fazer parte do
território do município de Londrina até
o ano de 1943, quando foi criado o de
Rolândia, ao qual passou a pertencer.
Depois de muito trabalho e esforço, o
Governo Estadual, pela lei nº 2 de 10 de
outubro de 1947, criava o município de
Arapongas desmembrando-o de Rolândia e
elevando a sua sede à categoria de
cidade. Aquela época, o município
possuía uma área total de 2007
quilómetros quadrados.
Arapongas
nos últimos anos sofreu grande impulso
por parte dos administradores e a
cidade, principalmente, tem progredido
extraordinariamente, colocada entre as
maiores e mais importantes centros
urbanos do Norte do Paraná.
Como Surgiu
o Nome Arapongas?
A Cidade de Arapongas teve seu nome
inspirado no pássaro ferreiro, quando os
primeiros homens entraram mata adentro,
ouvia-se o bater de marretas, emitido
pela Araponga e do seu nome surgiu uma
grande cidade.
Mais tarde, nomes de aves foram gravadas
em placas das ruas e avenidas. Os
antigos habitantes da cidade ainda
trazem na mente suas cores, seus cantos
e seus costumes afixando na memória o
despertar pelo barulho de pássaros, como
exemplo, o Pássaro Preto, que canta em
bando, o Sanhaço, Sabiá, Canário da
Terra e a Juriti, aves madrugadoras que
gostavam de cantar perto das casas,
formando um “coral”, juntamente com as
aves domésticas”.
Um burro
como eu, terá sempre de procurar
instruir-se.
Numa viagem sem história, cheguei a
Londrina e logo procurei saber qual o
caminho mais perto para Aranpongas.
Meti-me ao caminho, calcorreei centenas
de quilómetros, vi panoramas lindíssimos
e por fim cheguei já noite ao ponto do
meu destino: Arapongas ! Procurei um
hotel e fiquei no “Mirage”, onde aluguei
uma suite. Tomei um reparador banho
(posso ser burro mas não porco), jantei
ligeiramente e deitei-me numa cama
macia, o que já não acontecia a alguns
dias.
Levantei-me
cedo, fiz a minha ginástica matinal,
tomei o café à base de doces, frutos e
sumos naturais e sai do hotel a caminho
do campus académico, onde ia procurar a
minha amiga.
- Preciso de falar à Profª. Maria
Granzoto – disse eu a um segurança do
campus.
Este olhou para mim com ar incrédulo e
replicou-me:
- A Senhora Profª. Maria Granzoto, não
atende burro ! Desapareça rapidamente
daqui senão ainda chamo os meus colegas
para o escorraçar para muito longe !
Afastei-me a pensar entre os meus
botões: “Isto não se faz a um burro como
eu !”
Percorri quilómetros e quilómetros
sempre com aquela ofensiva frase a
martelar-me os ouvidos: “A Senhora Profª.
Não atende burro”!
Dirigi-me à minha suite no hotel, onde
tomei mais um banho pois estava cheio de
poeira vermelha, cortei a unhas dos
cascos, e pôs gel no pêlos da cabeça
para ficarem eriçados; para complementar
coloquei uma gravata no pescoço e uma
fralda descartável no local adequado.
Escolhi uma resma de livros que os pus
debaixo do braço (um burro carregado de
livros é considerado um doutor), sai do
hotel e dirigi-me novamente ao campus
universitário.
Ao longe vi
que o segurança já era outro. A passos
firme aproximei-me da entrada e
apresentei-me:
- Sou o Dr.
Visconde de Don “Mi-Burro” e pretendo
falar com a Profª. Maria Granzoto.
Simpaticamente, o segurança indicou-me o
pavilhão onde a Maria Granzoto estava a
dar aulas. Aguardei cerca de vinte
minutos que a amiga saísse, e esta, logo
que me avistou, despediu-se das colegas
e alunos e quase correu para mim a
abraçar-me:
- Que surpresa mais agradável ! o meu
querido amigo Visconde de Don “Mi-Burro”
!
- Para mim, é um momento alto conhecê-la
! Queria fazer-lhe uma entrevista …
- Com todo o prazer, mas, ainda tenho
que dar mais duas aulas. E se
combinássemos para mais logo ?
E assim foi. Na hora marcada sentámo-nos
numa esplanada da Avª do Recreio e a
entrevista começou:
Burro: -
Maria Granzoto, fale-me um pouco de si,
do seu agregado familiar, dos seus
hobbys, da sua vida profissional ?:
Granzoto: - Resido aqui, mas nasci em
Londrina! Vivi a maior parte da minha
vida em Apucarana ( 18km daqui) , onde
nasceram meus 04 filhos! Dediquei 17
anos da minha vida ao Colégio São José,
que completará 60 anos daqui uns dias (
embora essa não seja a minha idade rsrs...)
Inclusive, a bem da verdade, serei
homenageada nesse Colégio que mora em
meu coração, no próximo dia 17!
Em Arapongas, a minha história começou
em 1987...
Sem querer, mas gostando muito do que
faço, meu destino tem sido plantar,
cuidar e ver florir a semeadura!
Burro: - E como escritora, seus
trabalhos e seus projectos ?:
Granzoto : - Creio que desde “ batatinha
quando nasce...”, apaixonei-me pela
poesia! Decorava poemas que minha
saudosa mãe me recitava, especialmente
em relação flora! Poemas que você já nem
ouve e lê mais! Depois, passei a
declamar Castro Alves num programa de
rádio! Também escrevia para essa rádio,
a hora do “ Angelus”!Sou professora,
creio, desde que nasci! Adorava brincar
de “ escolinha”! E quem era a
professora? A dita cuja, aqui! Tenho
quatro filhos (homens), dois já casados,
que me deram duas lindas netas! Qualquer
dia enviarei as fotos! As duas já estão
na escola ( a primeira,HELOÌSA, morena
linda, com 14 anos, na primeira série do
Ensino Médio; a segunda,CINDY, a polaca
mais linda de olhos azuis ( ou verdes?),
não sei. Parece a avó e que já está no
nível II da Educação Infantil! Parece
uma fada! Tenho dois filhos professores
( um de matemática e outro de língua
inglesa), um psicólogo concursado em
Psicologia Clínica e um Consultor
Técnico na área de automóveis!Fiz o
Curso de Letras pela Universidade
Estadual de Londrina( Português/Inglês e
respectivas Literaturas. Cursei
Pedagogia, com habilitação em
Administração Escolar. Fiz Pós em Língua
Portuguesa.
Burro: - Qual o tipo de literatura que
mais aprecia e quais os três escritores
que mais aprecia :
Granzoto: - Vichê! Isto vai longe!
Adoro POESIA E PROSA!Embora mais ligada
à poesia! Escritores? Amo a todos, mas
devo destacar as minhas raízes: Camões,
Castro Alves, Manuel Bandeira..., ( só
3? ) E Gregório de Matos, Casimiro,
Saramago, Vinícius.. ( que crueldade!)
Burro: - O evento da Internet, descobriu
uma grande avalanche de escritores /
poetas; desta quantidade exagerada,
alguns são mesmo bons – outros nem
tanto. A pergunta: Gostaria de saber a
sua opinião sobre o momento presente da
Literatura (em todas as suas vertentes)
?:
Granzoto: Esta pergunta é ainda mais
difícil! Mas vamos lá!Gosto muito de ler
José Antonio Jacob( Inigualável!),
Manuel Maria( fantástico!),Carlos Leite
Ribeiro ( não li outro igual!),
Saramago, Sardenberg ( pela persistência
na divulgação da poesia),Eugénio de Sá,
Zena Maciel ( de Recife para o mundo!),
a paranaense Helena Kolody... Por favor!
Poderia escrever mais que três páginas!
Temos valores em excesso!
Burro: - Pode escrever até cinco páginas
! Para terminar, quer fazer uma
saudação, especial a alguém ou
colectivamente ?:
Granzoto: - Sim! Primeiramente ao Portal
CEN, pela oportunidade e pelo belíssimo
trabalho despretensioso a favor da
Literatura Mundial! Em segundo, aos
amigos prosadores e poetas que só têm
enobrecido a Literatura em todas as suas
dimensões!
Amigo Don “ Mi Burro”! Espero ter
respondido a contento! Embora pudesse
ficar, conforme um asno, o resto da
semana a conceder detalhes desta minha
“vivência” poética!
Abraços eqüinos! Maria.
Depois de uma noite bem dormida e do
café da manhã, sai do hotel sem rumo
certo
Do Brasil para o Portal CEN – “Cá
Estamos Nós”
Visconde de Don “Mi-Burro” – Da Ilustre
Casa de Equus Asínio

Seção 03 – Centenário de nascimento de
Patativa do Assaré
Antônio Gonçalves da Silva, mais
conhecido como PATATIVA DO ASSARÉ, (Assaré/CE,
nascido em 05 de março de 1909) foi um
poeta popular, compositor, cantor e
improvisador brasileiro. Uma das
principais figuras da poesia oral
nordestina do século XX. Por volta dos
vinte anos recebe o pseudônimo de
Patativa, por ser sua poesia comparável
à beleza do canto dessa ave. Patativa
viaja para Belém do Pará, e para Macapá
(Amapá) onde apresentava-se como
violeiro. Volta para o Ceará para
trabalhar na terra, indo constantemente
à Feira do Crato onde participava do
programa da rádio Araripe, declamando
seus poemas.
Numa destas ocasiões é ouvido por
José Arraes de Alencar que, convencido
de seu potencial, lhe dá o apoio e o
incentivo para a publicação de seu
primeiro livro, Inspiração Nordestina,
de 1956. Este livro teria uma segunda
edição com acréscimos em 1967, passando
a se chamar Cantos do Patativa. Em 1970
é lançada nova coletânea de poemas,
Patativa do Assaré: novos poemas
comentados, e em 1978 foi lançado "CANTE
LÁ QUE EU CANTO CÁ". Os outros dois
livros, “ISPINHO E FULÔ” e “AQUI TEM
COISA”, foram lançados respectivamente
nos anos de 1988 e 1994. Foi casado com
Belinha, com quem teve nove filhos.
Faleceu em 08 de julho de 2002, na mesma
cidade onde nasceu.
É dele a máxima “É melhor
escrever errado a coisa certa, do que
escrever certo a coisa errada” (P.A)
E PATATIVA, para quem não sabe,
é uma ave passeriforme da família dos
fringilídeos, Sporophila Pumblea. É um
pássaro com uma fina plumagem de
coloração cinzenta, cauda e asas pretas.
A patativa é bastante popular por causa
de seu mavioso canto. Como se vê nada
melhor para nos representar. Deixo aqui
um poema dele.