CARLOS LEITE RIBEIRO

 

“AMOR, SONHO & EROTISMO”

 (Coscuvilhices) de Carlos Leite Ribeiro


Minha querida amiga!
Ainda bem que te encontro, pois, tenho andado abafada e desejosa de desabafar com alguém, de confiança!
Ai, mas deixa-me abanar-me, abana-me pois estou cheia de calor...
Vê lá tu, minha querida que, dantes o “monumento” que lá tenho em casa (o meu marido), cada vez repara menos em mim. Dantes, ainda era assim, como de género de coelho: rápido, não eficiente e, a cair logo para o lado. Mas agora, nem isso! Desde há meses que sai todas as noites, alegando que vai fazer “umas novenas”; mas devem ser “novenas” muito contínuas, para a paz no mundo (segundo ele diz). Se todos fizerem como ele, o que pode originar essas “novenas” é uma guerra sem quartel entre as mulheres, que pretendem a paz, e outras coisas mais – compreendes, não compreendes, minha querida amiga?
Chega a casa de madrugada. Chego-me para ele, logo me diz que estou fria; acendo a luz, diz que precisa de descansar e dormir, com a luz apagada. Tento dar-lhe beijos, diz que eu não lavei os dentes; mexo-lhe nos mamilos, diz que tem cócegas; toque-lhe abaixo do umbigo, diz que fico com as mãos sujas; se lhe digo que tenho “um buraquinho”, diz para o tapar com a roupa pois está sentindo frio.
Nem sei o que lhe hei-de fazer, para ele compreender que sou saudável e carente. Ai que vida esta, a minha!
Ai, deixa-me abanar, que calores, que tenho falta de ar...
Já tentei ir ao cabeleireiro, fazer uma linda permanente, toda aos caracolinhos. Quando na cama me cheguei mais a ele, logo disse:
Oh mulher, chega-te para lá que cheiras a óleo e a laca no teu cabelo.
Outro dia, fiz uma depilação total (estava linda), mas, quando lhe mostrei meu corpo, logo ele me disse, escondendo a cabeça entre os lençóis:
- Tapa-te e sai rapidamente daqui, pois, ainda posso vir a ser considerado pedófilo!
Isto que me está a acontecer, nem dá para acreditar!
Que calor, que falta de ar...
Só sabe dizer que, para se considerar realizado, só lhe falta escrever um livro, pois, já plantou uma árvore e já foi pai (ele diz isto cá com uma certeza, mas eu tenho certas dúvidas).
- Sabes minha querida amiga, já tentei arranjar “algo” que fosse bom para a minha estabilidade psicológica. Conheci um moço que era de “tirar a ceia” a qualquer mulher, que andasse ultimamente muito triste.
Cheguei a pensar que podia ter problemas com a mulher. Aproximei-me dele e, secretamente, combinámos irmos a uma prainha deserta para “falarmos” das nossas vidas. Fomos, numa noite linda com um lindo luar. Falei-lhe da minha vida conjugal (com todos os pormenores). Qual o meu espanto quando lhe pedi para ele falar da vida dele, começou a chorar e a soluçar em altos berros, clamando:
- Sou um desgraçado, pois, o meu “namorado Quim”, casou com uma mulher! Imagina, querida amiga, eu a pensar que tinha arranjado uma “coisa” boa, para acalmar estes calores, mais reais do que psicológicos, e fui-me meter com a “concorrência!
Ai, deixa-me abanar pois cada vez tenho mais calor...
Mas eu ando cá desconfiada com uma coisa. A Micas, aconselhou-me a comprar uma bateria quadrada e, durante a noite enquanto ele dormia, a esfregar-se a tal bateria pelas partes mais sensíveis, que, segundo ela, dar-lhe-ia muita força e vitalidade, capaz de levantar o “termómetro” até rebentar... Claro que naquela noite, tentei fazer esta experiência. Sabes o que aconteceu? Depois de ter esfregado a tal bateria pelo peito, ele virou-se de costas, perguntando se a bateria era redonda. Disse-lhe que era quadrada. Logo ele respondeu:

- Então não serve!
Minha querida amiga, deixa-me abanar, abanar, pois estes calores dão cabo de mim...

 

Carlos Leite Ribeiro

NOMES QUE NOS MARCAM NUMA ÉPOCA ...


Há nomes que nos marcam para sempre, principalmente, quando se referem à nossa juventude. Para mim, o nome Nandinha, traz-me recordações da minha meninice.
Teria uns dez anos, morava num rés-do-chão de um prédio da Pascoal de Melo (Estefânia – Lisboa), e no último andar, por sinal o 5º, morava a Nandinha, uma moça que na altura teria uns 16 ou dezassete anos. A mãe da moça, de nome Senira, viúva de um obscuro subchefe de uma repartição, era uma figura muito castiça: Muito magra, não muito alta, sempre vestida de preto e, fosse em que estação fosse, andava sempre de sombrinha. Quando aqui em Portugal passou a telenovela “Tieta do Agreste” (que eu parodiei para a radiodifusão), logo me lembrei da D. Senira, que a vi retratada na “Charifú” desta novela. A Nandinha era filha única e sua mãe a defendia de todos e quaisquer “Moinhos de Vento”. Se a moça lhe ia fazer algum recado, logo a mãe se empoleirava na varanda começando logo a berrar assim que ela saía do prédio: “Nandinhaaaaa ! Não te demores, olha que eu estou aqui à tua espera!” ; ou “Nandinhaaaaaa ! Estás a demorar muito ! Que estás para aí a fazer?”. Se nas traseiras da casa, a moça estava a estender a roupa na varanda, lá estava sua mãe ralhando comigo: “Olha lá menino, estás a olhar para as pernas da Nandinha... etc ...”. Recordo-me um vez minha tia dizer em voz alta para ela ouvir bem: “Carlitos, não olhes para cima !Podes estar a cobiçar umas pernas que não valem nada ... “. Claro que a opinião era de minha tia, porque a minha, embora não me recorde bem, talvez fosse uma “bela panorâmica” !
Mas voltando à Nandinha, andava num colégio de feiras, onde a mamã a ia levar e trazer. Recordo-me de um carnaval no Clube Estefânia, em que a D. Senira quando notava (?) que o par da filha a estava a agarrar “demais”, se levantava e o ia afastar do corpo da filha. De tantas vezes que repetiu, que se tornou um escândalo hilariante. Nessa altura, um D. Juan da época, virou-se para a D. Senira, perguntando-lhe: “Olhe lá minha senhora, é católica?”. A senhora olhando-o de frente, replicou-lhe: “Sou sim, seu desavergonhado! Então o “malandreco” respondeu-lhe perante a hilaridade de todos : “Então vá com Deus e deixe sossegada a sua filha!”.
Era assim a vida da Nandinha...
Meses depois, a pequena, não se sabendo muito bem porquê, apareceu grávida. É verdade!. Já na gravidez avançada, tanto a mãe como ela, juravam a pés juntos que não sabiam com “aquilo tinha acontecido”. Algumas vizinhas, daquelas mais aconselhadas, aconselharam a D. Senira a ir a uma senhora de grande virtude, que morava na Horta das Tripas (Casal de Santa Luzia – Rua D. Estefânia) para que ela expulsasse o “Mafarrico” do corpo da moça, porque tal só podia ter sido “obra do diabo”. Outras menos “cultas” diziam que tinha era sido “obra e graça do Espírito Santo”... Fosse como fosse nasceu um bebé que teve como nome Francisco (o Chiquinho).
Muito mais tarde, já a D. Senira tinha entregado a alma a Deus e o corpo à terra fria, a Nandinha confessou que “talvez fosse obra de um ajudante de limpa-chaminés). Na altura, existiam em Lisboa os “limpa-chaminés” que subiam aos telhados, ponham uma corda muito comprida dentro das chaminés e tiravam a “ferrugem”; pelo menos faziam muito lixo. Normalmente quem tinha a chave da porta que dava para o telhado era o locatário do último andar. Assim, um dia, a Nandinha foi abrir a porta ao ajudante de limpa-chaminés, enquanto o mestre ficava junto às chaminés das cozinhas, segurando a corda, o ajudante abanava - a no telhado.
Ainda segundo o relato da Nandinha “foi tudo muito rápido”. Nós podemos acrescentar: Rápido e Eficiente ! Ficámos sem saber se teria sido no abrir da porta, ou, ao abanar da corda. Mas isso também não interessa.
Claro que a moça teve depois vários namorados. Enquanto esperavam pela dama, havia sempre um “malandreco” a avisá-lo: “Não cuspas para cima que ela pode engravidar...”.
E assim, o nome de Nandinha, ficou sempre gravado na minha memória...

Carlos Leite Ribeiro

UM GRANDE ROLO QUE VEIO DO BRASIL ...


Recebi hoje um aviso dos Correios que tinha para levantar na secção “Alfândega”, uma embalagem tipo rolo com as dimensões 60X130 cm, cuja origem era o Brasil (Londrina PR).
Mentalmente, comecei logo a calcular as dimensões do tal rolo que, para um certo tipo de encomenda, seria altamente descomunal. Sorri com este pensamento e procurei afastá-lo de mim (Pai, longe de mim esse cálice!).
Como era cedo ainda para passar pelos correios, fiz o meu trabalho e até me esqueci do tal rolo com as dimensões escritas em cima.
Com o aproximar da hora do almoço, pensei na coisa e confesso: comecei a ficar excitado. Seria algum rolo de silicone?... E quem me teria enviado estaria dentro da realidade, ou seria uma brincadeira de Carnaval?... Imaginem eu dizer às colegas e amigas que me tinham mandado um rolo com estas dimensões. Seria o bom e o bonito, pois estou em crer que algumas, nem que fosse por simples curiosidade, iam quer ver o tal rolo!
Com estes “puros pensamentos” saí de casa e fui à estação dos Correios, onde estão já algumas pessoas em bicha (fila). Pensei nas bichas que, quando soubessem que ia levantar um grande rolo, nunca mais me deixariam de me assediar. Estava com ar de riso e, um amigo chegou junto a mim, dizendo: “Você com essa cara de riso, não deve estar a pensar em coisa boa!”. Respondi-lhe que ainda não sabia se era ou não coisa boa, mas que dimensão, pelo menos, tinha!
Chegou a minha vez e já no balcão, entreguei a uma amiga funcionária do correios, o aviso para levantar a encomenda. Quando voltou, trazia na mão a tal encomenda, dizendo: “ Que grande e bem feitinho rolo!”. Eu calei-me, pois esta amiga é casada com um amigo meu, e, nem sempre os amigos podem ser para as ocasiões.
Mirei o tal rolo, vi que ele vinha de Londrina e era mandado pela querida amiga Flóra Aparecida Cavalcanti Brazão., Vila Nova, 09-01.04. Pensei logo: “Ai, o que é que aquela malandra me enviou?...”.
Saí dos correios com o rolo debaixo do braço e, pelo caminho até ao restaurante, todo o mundo olhava para mim. Para mim, não seria, mas para o rolo. Cheguei a pensar que havia de me orgulhar ou de ficar envergonhado. Cheguei ao restaurante com o rolo no ombro direito, e logo uma voz se elevou: “Oh Carlos, cada vez estás mais indecente ! Agora até trazes o rolo ao ombros?”. Ainda sem tempo para responder, logo outra voz se elevou: “Carlos, será que não andas a fazer publicidade enganosa?”. Não havia hipótese de rebater aquelas apreciações. Sentei-me e sem quer, deixei cair o rolo. A colega que estava sentada a meu lado, logo elevou a voz para a malta (turma) ouvir: “Este já deixou cair o rolo, e pela queda, devia de ter ficado com um enorme hematoma !”. Calei-me e escondi o rolo.
Já em casa, depois de apreciar a bela embalagem, comecei por cortar um dos topos. Pareceu que era tecido de silicone. Antes de puxar todo o conteúdo cá para fora, ainda pensei, se fosse o tal tipo de rolo de silicone, como é que o iria adaptar? Pensamentos que não se concretizaram...
Comecei a puxar cuidadosamente pelo tecido, melhor, pela tela que estava cuidadosamente enrolada. Tirei-a totalmente do tal rolo, desdobrei e fiquei encantado com o que vi : Um belo quadro pintado sobre a tela !
Representa uma paisagem campesina, como uma vindima (apanha da uva), não faltando um camponês com a dorna (cesto às costas) para o transporte das uvas. Nem na tela falta um avião a jacto. O que também sugere que a vindima é feita como há séculos atrás, e que os aviões têm tido as suas evoluções.
Muito e muito obrigado, querida FLÓRA CAVALCANTI ! Você é uma artista, uma verdadeira pintora d’Arte!
O quadro, muito em breve, ficará em lugar de honra em minha casa. Bem-Haja !

Carlos Leite Ribeiro

ERA UMA VEZ...


Vamos falar de Dinossauros?
O nome Dinossauros (do grego "deinos" ou seja terrível e sauro e "lagarto") é na realidade uma denominação abrangente que envolve cerca de sete "grupos" de répteis fósseis.
Os saurópodes eram animais frequentemente de grande porte, quadrupedes e herbívoros possuindo um longo pescoço e uma cabeça comparativamente pequena, enquanto que os terópodes eram répteis bípedes, predominantemente carnívoros, com membros anteriores curtos e dotados de garras e cabeça avantajada com número considerável de dentes afiados.
E posto isto, vamos começar com a nossa história ...

 


ACHADO ARQUEOLÓGICO

 

Num dia de sol ardente, estava o José Pinoca a fazer umas escavações numa terra em Riba d` Aves, para a construção de uma casa...
(Riba d` Aves, para aqueles que não sabem, fica a cerca de 10 Km da cidade de Leiria)
... A certa altura das escavações, o Pinoca começou a encontrar uns ossos " olha que engraçado encontrei uns ossos... Mas eles têm formas esquisitas...". Voltando-se para os trabalhadores que o estavam a ajudar nas escavações, disse-lhes: " Podem ir para as vossas casas descansar!".
Muito intrigado com o achado, o Pinoca dirigiu-se rapidamente a casa para ir contar a sua mulher, a D. Piquita, a boa nova, pois, se fosse aquilo que ele julgava ser, ia-lhe dar uns tostões na sua exploração.
Piquita, Piquita ... Oh mulher, estás aí ? A mulher quando o ouviu assim tão aflito, começou logo a descer as escadas e por fim respondeu-lhe: " Sim homem, estou aqui. Aonde é que querias que eu estivesse?!"
Oh mulher, tu nem calculas o que é que eu encontrei nas escavações que estou a fazer !" tentando dizer alguma coisa com graça, a Piquita respondeu-lhe: " Pela tua cara... deixa cá ver, deixa cá ver: já sei, encontraste uma cobra !" - disse-lhe a mulher em tom de gozo.
Qual cobra qual carapuça ! encontrei uns ossos que não sei de quem poderão ser. Percebeste mulher ?!"
Óh homem, eu não sou estúpida de todo e já compreendi há muito tempo o que tu encontraste. Mas diz-me uma coisa: já foste falar com o coveiro ?...".
José Pinoca, antes de responder à mulher, sentou-se num banco e só depois lhe respondeu: "Minha esposa esperta, é lógico que não fui falar com o coveiro, pois vim logo para casa e além disso, estou muito cansado. Talvez amanhã vá. Entretanto, estava a esquecer-me de algo muito importante. Peço à minha querida "comandante" que não vá contar isto a ninguém."
A D. Piquita tirou o avental, compôs o cabelo a pôs-se em posição de sentido, respondendo ao marido: " muito bem, meu comandante ! O meu excelentíssimo e digníssimo comandante quer que eu guarde mais alguma coisa, ou esta chega!...". O Pinoca sorriu.
No outro dia logo pela manhã, o José Pinoca foi ter com o seu compadre Malaquias, que ao avistá-lo, logo o saudou: " Olha o compadre José Pinoca! então o que o trás por cá ?...".
Compadre, nem sei como hei-de começar...". O Malaquias começou a ficar muito curioso e desconfiado com aquela visita do Pinoca e, em determinada altura disse-lhe:
"Não sei o que me quer, mas desde já peço-lhe que esteja à vontade comigo. Vá lá, diga-me lá o que me quer...".
" Então aqui vai... Sabe, eu tenho andado a fazer uns alicerces para uma casa e, qual o meu espanto quando em determinada altura encontrei uns ossos. Ora, como você é perito nesta matéria de ossos, gostava de saber se aqueles ossos são ou não humanos...".
Embora algo admirado, o Malaquias não "desarmou" e com uma certa vaidade, respondeu ao Tinoca: " Fez muito bem em vir Ter comigo, pois como diz (e muito bem) eu sou um grande especialista em ossos ! vamos então lá ver esse seu achado ...".
E lá foram os dois compadres a caminho das fundações. Ao chegar ao local, logo o Malaquias se meteu na vala para melhor examinar os ossos. Depois de um demorado exame, saltou da vala, encarou o compadre, tossiu, piscou os olhos e com ar de pessoa "muito entendida" expressou-lhe a sua avalizada opinião: " Compadre... São ossadas de dinossauro!".
Oh compadre, estou tão nervoso que nem sei se chore se me ria! ... Olhe lá, e se fossemos contar o sucedido à D. Fúfia ?...".
Sou da sua opinião, Pinoca! ".
E os dois compadres dirigiram-se a casa da D.Fúfia, uma senhora de certa idade, que não era nada bonita, mas que há muito tinha aprendido a comer com faca e garfo.
Chegaram e logo bateram à porta. Do outro lado respondeu-lhes uma voz muito rouca e autoritária: "Quem é ?!...". Depois dos compadres se terem identificado, a D.Fúfia veio abrir-lhes a porta com o seu ar quase marcial, olhando-os por cima dos seus óculos encarrapitados no seu quase adunco nariz.
“Olá! Entrem, entrem e ponham-se à vontade. Querem um chazinho?... Pelas vossas caras estou mesmo a ver o que vocês queriam era aquilo que eu, para o conseguir beber, tenho sempre que fechar os olhos, ou seja, vinho! Mas infelizmente bebi ainda à pouco a última pinguinha que tinha cá em casa...".
" D.Fúfia, por favor não se incomode "cá com a gente" - disse-lhe o Malaquias, e logo o Pinoca concluiu: "Para não maçar muito a senhora, podemos ir já à questão que cá nos trouxe?".
A senhora mais uma vez os convidou a sentarem-se, sentando-se em seguida, tirando antes de um cesto a sua enorme jiboia de estimação que a pôs ao pescoço.
"Digam-me lá então que questão é essa... será dinheiro ...?".
Os compadres sorriram e o Pinoca adiantou-se:
" A questão desta vez não é de dinheiro. É o seguinte, eu estava a fazer um buraco numa construção que ando a fazer perto da Lameira, e qual o meu espanto que em determinada altura encontrei umas ossadas, que aqui o nosso distinto coveiro diz que são ossos de dinossauro".
Ao ouvir isto, a D.Fúfia quase que deu um pulo na cadeira e, agarrando a jiboia com a mão esquerda e espetando o dedo indicador em direção dos compadres, logo deu a sua opinião:
"Oh gentes!... Vocês tomem muito cuidado, pois o que encontraram pode ser uma manobra política/desportiva. Tomem muito cuidado!...".
O Pinoca ficou um tanto ou quanto atrapalhado e foi o seu compadre Malaquias que ousou perguntar à D.Fúfia:
"Então o que é que podemos fazer com as ossadas?!...".
"Pois é ... deixem-me cá ver, deixem-me cá ver ... Ah já sei! Vocês vão já falar com o diretor do Museu de Arte Natural de Riba d` Aves, e apresentem este caso.".
Em princípio, o Pinoca não estava nada, mas mesmo nada disposto a ir falar com o diretor do Museu, pois chegou a pensar que aquelas ossadas de dinossauro lhe podiam dar-lhe umas boas coroas (notas ...). Mas por fim e aproveitando a sugestão da D.Fúfia, lá foram os compadres falar com o diretor.
Algum tempo depois vieram uns técnicos de Lisboa e, ao fim de alguns meses o enorme esqueleto já se encontrava montado.
No dia da exposição para a apresentação ao público das ossadas do dinossauro, a D.Fúfia, embrulhada na sua enorme echarpe bolorenta e já com alguns buracos de traça, orgulhosamente dizia a toda a gente que tinha sido dela a iniciativa para que as ossadas fossem entregues ao Museu.
Nisto aproximou-se mais do esqueleto para o melhor poder admirar, quando perante a estufacção geral deu um enorme grito e exclamou:
“Mas... Mas estas ossadas são do meu querido e único namorado que morreu há mais de 60 anos!!!".
E dizendo isto, caiu redondamente no chão.

 

Carlos Leite Ribeiro

 

actualização 25/10/ 2012

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