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Como é
meu hábito quando vou fazer uma entrevista, levo sempre
uns apontamentos das terras onde mora o entrevistado.
Neste caso era o amigo Joaquim Marques, que quando lhe
perguntei ainda com telefone, onde morava, a resposta
veio rápida e foi apanhada pelo meu gravador: "Olha
amigo, Carlos, moro em Portugal, na cidade de Vila Nova
de Gaia (área Metropolitana da cidade do Porto), como
tal as considero as minhas duas cidades, usando em meus
escritos, vezes uma, vezes outra, pois as duas para mim
são uma só; foi numa delas que nasci, e nas duas tenho
vivido.
"Vila Nova de Gaia é um município português no Distrito
do Porto, Região Norte e sub-região do Grande Porto.
Pertence ainda à Grande Área Metropolitana do Porto.
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Camara_Gaia |
A cidade está localizada na margem sul da foz do rio
Douro. As caves do famoso vinho do Porto ficam
localizadas neste concelho.
Formada originalmente a partir de duas povoações
distintas, Gaia e Vila Nova, foi elevada a cidade a 28
de Junho de 1984.
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Vila Nova de Gaia vista do Porto |
A ligação à cidade vizinha do Porto é particularmente
forte, e não apenas através da partilha do património
comum do Vinho do Porto. No passado, as famílias
burguesas e nobres do Porto tinham em Vila Nova de Gaia
quintas e casas de férias. Devido ao forte crescimento
económico e melhoria das comunicações com a margem norte
nas últimas décadas, Vila Nova de Gaia progressivamente
acolheu população que trabalha diariamente no Porto.
Diversas opiniões apontam no sentido de fundir estes
concelhos.
O nome das duas cidades, Porto e Gaia, eram
frequentemente referidas em documentos contemporâneos
como "villa de Portucale", e o condado do Reino de Leão
em torno da cidade, denominado Portucalense. Este
condado esteve na origem do posterior reino de
Portugal".
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El_Corte_Ingles |
restaurante-horta-dos-reis |
Carlos: Muito bem você fala. Até parece um locutor de
rádio. Se me permite, pergunto-lhe onde vamos começar a
entrevista e mais tarde almoçar?
Marques: Elementar, meu caro Carlos. A entrevista vai
desenrolar-se num dos vários e luxuosos restaurantes que
existem hoje na Ribeira de Gaia, (passe a publicidade).
De todos eles, ou de quase todos, se podem desfrutar
excelentes vistas panorâmicas, sobre alguns pontos da
própria cidade, como o Mosteiro da Serra do Pilar que,
lá no alto do monte, é um do seus principais ex-libris
quer de dia quer de noite. Através das vidraças desses
modernos espaços de lazer, onde se come muitíssimo bem,
poderemos admirar a beleza do Rio Douro, com seus barcos
característicos, suas pontes, e uma vista impar da minha
outra cidade, o Porto, que mais parece uma cascata
sanjoanina, elevando a sua parte histórica desde a zona
ribeirinha até ao alto da Sé, onde as suas gentes vão
rezar... Do local onde faremos esta entrevista,
poderemos ainda espraiar nosso olhar, a partir da zona
histórica de ambas as cidades, deixando-o navegar nas
águas deste Rio Douro, que nos leva, desde (Gaia e
Porto) até à foz onde faz seu leito nas águas do mar,
tornando-as mais prateadas, e logo, vão beijar
docemente, uma das avenidas que foi e ainda é, uma das
mais fidalgas, dessa minha outra cidade (Avenida
Brasil).
Voltando a falar da minha cidade de Gaia, deixemos a
parte histórica onde existem as suas famosas e
mundialmente conhecidas caves de Vinho do Porto e,
saboreando aos goles um bom vintage como aperitivo para
o almoço, continuemos esta entrevista tão sabiamente
conduzida pelo Professor Carlos Leite Ribeiro, Fundador
e Presidente do Portal CEN "Cá Estamos Nós", a quem
agradeço o privilégio de ter sido escolhido para a sua
entrevista de hoje.
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Vila Nova de Gaia - caves do vinho |
Carlos: Ao ouvir estas palavras, confesso que meu ego
subiu até ao céu. Mas eu tinha que meter qualquer
rasteira ao querido entrevistado, quando chegasse a Gaia.
Combinámos o encontro e hora para a rua onde fica o ISLA
(transversal com a Avª. da República). Aguarda-me
Joaquim Marques...
Na hora marcada, encontrámo-nos no local indicado. O
nosso entrevistado, segundo disse, estava há mais de uma
hora à procura de estacionamento para o carro.
Procurámos o tal estacionamento e só o encontrámos perto
do Quartel da Artilharia. Por sugestão minha, descemos a
pé até ao metro de superfície, que em Lisboa chamamos
“carros elétricos" e no Brasil "bundinhos"…
Fomos tomar o pequeno-almoço (por sugestão minha) num
Snack Bar, depois de atravessarmos os carris do tal
“elétrico”. Tive que lhe dizer que esse Snack era
servido por duas lindas moças além de ter uma vista
panorâmica para o rio Douro e cidade do Porto.
Resmungando, por fim aceitou a minha sugestão.
Antes de começar a entrevista, entreguei-lhe uma nota
(lenda) que tinha tirado de meus apontamentos: “ Não
virá fora de propósito deixar aqui o que li no Diário de
Notícias, de 1932, na secção – No Meu Caderno – Uma
lenda portuense – Origem das palavras Gaia e Miragaia –
por Maria Cebelo:
“Bernarda Ferreira de Lacerda, uma erudita e notável
poetisa portuense do século XVlll, no seu livro “Espanha
Liberdade”, refere-se a esta lenda, no Canto Vl, e o
genial Garrett intitulou "Miragaia", um seu poemeto,
inspirado na mesma lenda, que é uma recordação do tempo
dos mouros.
Naquela época, em que reinava na Galiza um certo rei
chamado Ramiro, casado com uma linda e nobre dama que
tinha por nome Gaia, outro rei havia, forte, corajoso e
pelejador – Alboazar ou Almançor. Nessa época, tão
fértil em disputas e ambições, travou-se uma batalha
entre ambos e Ramiro aprisionou a irmã de Almançor, pela
qual veio depois a interessar-se demasiadamente, o que
aborreceu Gaia.
Então esta, por vingança, mandou dizer a Almançor que a
fizesse raptar, que iria aonde ele fosse. Assim
aconteceu, levando-a Almançor para os seus paços nas
margens do rio Douro.
Mas Ramiro, afrontado, foi em perseguição dos dois com
três galeras, que depois de esperarem em São João da Foz
que anoitecesse, subiram o rio, cobertas de ramos de
árvores, para passarem despercebidas.
Ramiro, tendo aproado na altura no alcaçar de Almançor,
vestiu-se de romeiro e partiu para terra, recomendando
aos seus homens que assim que ouvissem soar a sua buzina
fossem em seu auxílio.
Chegando a terra, o acaso encaminhou-o para uma fonte,
para onde se dirigia uma moura a buscar água. O rei,
falando-lhe em árabe, pediu-lhe o púcaro para beber e,
travando conversa, soube que ela vinha buscar água para
a sua ama Gaia.
E Ramiro deixou então cair na água o seu anel, o qual
foi encontrado por Gaia, quando levou o púcaro aos
lábios.
E porque Almançor estivesse ausente, caçando, Gaia
mandou chamar Ramiro.
Em frente um do outro os dois esposos se abraçaram, mas
Gaia com falsidade disse ao marido que o ia fechar num
quarto até que Almançor chegasse e estivesse a dormir a
sesta, e então os dois o matariam.
Mas logo que da caça chegou, e Almançor estava à mesa,
ela contou-lhe que o marido viera para a matar, e que o
tinha encarcerado. Todo enfurecido, o mouro mandou
trazer Ramiro à sua presença, e depois de terem
altercado, perguntou-lhe:
- Se eu fosse a tua casa para te matar, o que me farias
?
Ramiro respondeu:
- Mandava-te levar a um alto e obrigava-te a tanger esta
buzina até rebentares.
- Pois isso te acontecerá – retorquiu Almançor.
Ramiro, seguindo a sua tática, quando ao alto chegou,
com força fez soar a buzina, e os seus homens,
prevenidos como estavam, em breve chegaram a terra,
degolaram Almançor, saquearam e incendiaram o palácio.
Gaia passou a ser presa do próprio marido, que a levou
para a galera real, e ao seu lado se foi rio abaixo,
depressa, que na outra margem era terra de cristãos.
Mas ia triste a pobre Gaia, olhando as águas, enquanto o
alcaçar de Almançor fumegava, ardendo sem parança, e,
quando os seus olhos se levantaram mirando o trágico
espetáculo, dois fios de lágrimas deles tombaram.
O marido perguntou-lhe então para onde estava olhando e
porque chorava.
Ela, revoltada, num ímpeto de cólera, redarguiu que
olhava as torres fumegantes do alcaçar e chorava de
saudade por já não ter nos braços Almançor.
O marido redarguiu:
Pois mira Gaia, que esses olhos não terão mais que
mirar.
Assim dizendo, puxou do alfange e decepou a linda cabeça
de Gaia, e com o pé atirou-a ao rio Douro.
Miragaia: É no Porto, um curioso e bizarro bairro para
os lados da Alfândega, com as suas casas pequeninas, com
minúsculas trapeiras floridas – casas pintadas de
variegadas cores, que constituem quadros
interessantíssimos, e que está infelizmente, ameaçado de
demolição, segundo ouvi dizer, e o que é para lastimar.
Gaia: É a encantadora vila na margem esquerda do rio
Douro, por todos conhecida como a adega dos preciosos
vinhos do Porto, e que hoje sobremaneira tem progredido,
oferecendo aos visitantes um ar civilizado de moderna
cidade, com belos edifícios, alinhados à beira de amplas
avenidas”.
Marques agradeceu, mas disse-me que já conhecia esta
lenda.
E começámos a entrevista.
Carlos: Seus passatempos preferidos?
Marques: Ler, escrever, ver um pouco de TV, trabalhar no
computador e tirar algum tempo para cuidar do meu
jardim.
Carlos: Qual foi o maior desafio que aceitou até hoje?
Marques: Enfrentar a vida com todas as coisas boas e más
que me tem proporcionado.
Carlos: De que mais se orgulha?
Marques: De tudo que de bom faça.
Carlos: Qual a personagem que mais admira?
Marques: Para além de Jesus, algumas personagens, que
vivem, ou passaram pela Terra praticando o bem.
Carlos: Uma imagem do passado que não quer esquecer no
futuro?
Marques: Minha mãe.
Carlos: O arrependimento mata?
Marques: Pode matar; dependendo contudo, da causa que dá
origem a esse arrependimento.
Carlos: - Que vício gostaria de não ter?
Marques: Teimosia.
Carlos: Sua melhor qualidade?
Marques: Honradez
Carlos: Seu maior defeito?
Marques: São tantos que nem vale a pena enumerá-los.
Como o relógio não pára, mesmo com a agradável
entrevista, tinha chegado a hora do almoço. Ainda sugeri
irmos comer uma pizza ao El Corte Inglês, mas o
entrevistado estava de “ideia fixa” de ir almoçar ao
restaurante Horta dos Reis. O pior foi encontrar a rua
Camilo Castelo Branco. Mas claro, a culpa foi do
trânsito…
Já dentro do restaurante, perguntei ao Joaquim Marques
qual o seu prato preferido. A resposta veio rápida: “
Todos, desde que bem confecionados”.
Escolhi um saboroso “Cozido à Portuguesa”. Perguntei-lhe
qual a bebida preferida, com a resposta: “Água, embora
goste de vinho, cerveja e outras bebidas que, posso
beber em certos momentos em pequenas quantidades”.
Preferi o vinho…
Durante o almoço e depois deste, continuámos a
entrevista.
Carlos: O dia começa bem se...
Marques: Acordo bem-disposto.
Carlos: As piadas às louras são injustas?
Marques: Acho que sim. São mulheres como as outras, como
o Carlos deve saber.
Carlos: Qual o cúmulo da beleza?
Marques: A ternura que há no olhar de uma criança
Carlos: E da fealdade?
Marques: O ódio de que muitas pessoas são possuidoras e
deixam transparecer.
Carlos: Que influência tem em si a queda da folha e a
chegada do frio?
Marques: Nenhuma. É um acontecimento que sempre chega
todos os anos. Só tenho é mais cuidado com o agasalho.
Carlos: Quando era criança ...?
Marques: Igual a tantas outras; embora a vida fosse mais
difícil, comparada com a das crianças de hoje, sentia-me
feliz.
Carlos: E agora como se autodefine?
Marques: Um autodidata por natureza, sempre fui um
apaixonado das Artes e Letras. Em várias fases da minha
vida, amadoramente, por a Escultura, Pintura, Teatro e
Música passei; com um pouquinho delas fiquei
Carlos: Como vai de amores?
Marques: Amo a Deus, que não vejo mas sinto-O, a quem
peço para que impregne em meu espírito um pouquinho do
Seu amor, para que eu o possa partilhar com meu
próximo...
Carlos: Que género de filme daria sua vida?
Marques: (ssrr) Um filme cómico-dramático, pois de
alegrias e tristezas tem sido feita a minha vida.
Carlos: Mudando de assunto. O que é para você o termo
Esoterismo?
Marques: São interpretações filosóficas antigas, de
conteúdo obscuro.
Carlos: Acredita na reencarnação?
Marques: Acredito
Carlos: Acredita em fantasmas ou em “almas do outro
mundo”?
Marques: Em fantasmas não acredito. Quanto a almas, não
sei se é esse o nome adequado, mas eu acho que talvez
seja a "essência" que vive dentro de nosso corpo e que
continua a viver para além da morte.
Carlos: O Imaginário será um sonho da realidade?
Marques: Penso que poderá ser as duas coisas dependendo
das situações e da vontade de Deus, pois sem Sua vontade
nada acontecerá.
Carlos: Acredita em histórias fantásticas?
Marques: Se forem reais e contadas por pessoas
credíveis, posso acreditar, de contrário são histórias
de banda desenhada.
Carlos: Falando de Arte, Literatura. A pergunta é esta:
A Cultura será uma botija de oxigénio?
Marques: Na minha opinião acho que é, principalmente
para quem não a tem na quantidade desejada.
Carlos: O Joaquim Marques está na Web?
Marques: Sim. "NAS ASAS DA POESIA"
http://jepmarques.blogspot.com e "ACONTECEU NO MUNDO"
http://coletaneadeacontecimentos.blogspot.com
Carlos: Que livro anda a ler?
Marques: O Último Segredo (de José Rodrigues dos Santos)
Carlos: Falando de sua obra Literária?
Marques: "NAS ASAS DA POESIA" -- "VOANDO COM A POESIA"
-- "POETAR CONTEMPORÂNEO", Vol. I, Vol. II, (em papel),
onde tenho vários poemas publicados num Coletivo de
Poetas Contemporâneos Lusófonos, pela Editora Vieira da
Silva -- "MIGRAÇÃO", publicado no livro EJA pela Editora
Brasileira Escala.
Carlos: Autores e livros preferidos?
Marques: Bom! Eu gosto de ler! Tendo um livro junto de
mim, nunca me sinto só. Gosto de ler boas obras de
autores consagrados e contemporâneos. A escolha faço-a
na altura que começo a ler, dependendo do meu estado de
espírito mediático.
Carlos: Música e autores preferidos?
Marques: Gosto de quase toda a música, mas adoro
clássicos de boa qualidade.
Carlos: O filme comercial que mais gostou?
Marques: Foram imensos os que gostei, até porque era um
cinéfilo frequente, no entanto me marcaram bastante
entre muitos outros, os filmes: -- Cleópatra; Os Dez
Mandamentos, O Padrinho; Titanic; Sissi; E tudo o Vento
Levou, etc., etc.
Carlos: Uma última pergunta: para o Joaquim, Deus
existe?
Marques: Acredito que sim! Nunca O vi, mas sinto-O.
E assim falámos de:
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Joaquim Marques |

Aposentado
Nascido a 4 de Março de um ano que o tempo apagou...
ssrr
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A CIDADE de © Joaquim Marques
Alvorece!... E, sobre a cidade
o crepúsculo da madrugada
aparece!
Com ele, a aurora surge
lá bem ao longe, no Oriente.
Por detrás das montanhas
o Sol aparece, começando a derramar
seus raios luminosos sobre a Terra.
É manhã!
Na cidade, começam as pessoas
no seu afã!
O bulício do dia é impressionante
carros de toda a espécie
num vai e vem constante
vão poluindo a atmosfera
com gás mortificante...
As pessoas se cruzam e seguem
seus destinos...
Muitas vezes ombro a ombro
com humores matutinos...
que fácilmente, podem desencadear
desatinos!
A cidade é sempre centro de atracção
pra onde todos querem
ir ganhar seu pão.
Há montras bonitas, luz em profusão
os olhos querem ver tudo que é bom!
Monumentos, estátuas
jardins sem rival...
E tudo mais que existe na cidade
afinal...
Mas verão também a parte negativa...
A miséria humana...
A falta de ética
nos costumes de vida!
Tudo isto é a cidade...
Por muitos
Tão apetecida!... |
Formato de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande -
Portugal
2012 |