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GRANDES
ENTREVISTAS
por
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ENTREVISTADO

Maridásio Martins Santos
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Durante a
viagem aérea Lisboa/Salvador, reli uns
apontamentos que tinha levado para
tentar surpreender o meu entrevistado. O
jornal “O Comércio” (Portugal) de
Setembro de 1900, dava o seguinte
apontamento do Estado da Bahia: “(…) é
um dos 20 Estados da República do
Brasil, entre o Oceano Atlântico, e os
Estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco,
Piauí, Goiás, Minas Gerais e Espírito
Santo. Sua capital é Salvador da Bahia.
Cidades
mais importantes, são: Feira de Santana,
Bomfim, Cachoeira, Maragogipe,
Itaparica, Camamu, Santo Amaro,
Alagoinhas, Jacobina, Nazaré, Ilhéus,
Caravelas, Barra do Rio Grande, e
outras. Tem de superfície 426.427 Km
quadrados; população de cerca de
2.335.000 habitantes e 127 municípios. O
Congresso do Estado compõe-se de duas
câmaras: Câmara dos Deputados (42
membros eleitos pós dois anos) e o
Senado (21 membros renovados pelo terço
bienalmente). Principais produções:
tabaco, cacau, café, couros e peles”.
Este apontamento tem mais de 120 anos!!!
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Estado
da Bahia |
Estado
da Bahia - brasão |
Salvador da Bahia- brasão |
Tínhamos combinado
telefonicamente e por motivos de agenda
do entrevistado, que a entrevista
começaria em Humaitá, junto à entrada do
Forte do Monte Serrat. Cheguei um pouco
antes do Maridásio e aproveitei para
reler uns apontamentos sobre este Forte:
“A
Ponta de Humaitá é uma ponta de terra
onde fica o bairro de Mont Serrat.
Humaitá é uma bela palavra de origem
indígena que significa: "a pedra agora é
negra".
Protegida pelo forte e abençoada pela
Igreja de Mont Serrat. O Forte do Monte
Serrat foi construído entre os anos de
1583 e 1587; inicialmente, apenas um
fortim. Entre 1591 e 1602, foi reformado
e dotado de maior poder ofensivo. Desde
então, até o início do século XIX, foi
conhecido como Forte de São Felipe,
também chamado de Fortaleza ou Castelo
de Tapagipe. Em 1624, durante o dia 9 de
maio, impediu o desembarque dos
holandeses, mas acabou sendo tomado
pelos inimigos. Em 1638, foi ocupado
pelos holandeses em sua 2ª investida
contra a cidade. Em 1654, na gestão do
Conde de Castelo Melhor, o forte passou
por grandes obras de reforma. Em 1724, o
Vice-Rei André de Melo e Castro mandou
reedificá-lo. Em 1837, foi tomado pelos
combatentes da Sabinada, sendo
recuperado no ano seguinte pelas tropas
imperiais. Finalmente, em 1926, no
governo de Góis Calmom, o baluarte é
reformado, conservando-se todas as
características originais e
ajardinando-se a área que lhe fica em
frente. Considerado "uma das melhores
obras militares do Brasil Colónia", seu
1º fortim tinha forma de hexágono
irregular com torreões circulares nos
ângulos recobertos por cúpulas.
Do forte, pode-se avistar a paisagem da
Baía de Todos os Santos, da Ilha de
Itaparica e da Cidade Baixa.
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Igreja de Mont
Serrat |
Forte do Monte
Serrat |
Maridásio: Oi,
Carlos! Que prazer em conhecê-lo
pessoalmente! Apresento-lhe minha esposa
e minhas duas filhas, que aproveitaram a
boleia (carona) para irem fazer compras.
E estou à sua disposição para a
entrevista.
Carlos: Também tive grande prazer em
conhecê-los. Vamos subir ao terraço do
Forte e junto ao canhão (bombarda) em
bronze, que fica do lado direito do
terraço, vamos à entrevista.
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Ilha de Itaparica |
Maria Quitéria |
Cidade Baixa |
Depois de subir as estreitas
escadas de pedra, que no cimo tem uma
lápida que tem lá escrita que o
comandante holandês foi esmagado pelos
fuzileiros portugueses quando da
reconquista do Forte, entrámos numa
antecâmara que tem à direita uma
secretária e à esquerda, metida num
nicho, a heroína brasileira, Maria
Quitéria.
Carlos: O Maridásio mora na
Pituba, não é?
Maridásio: Sim,
no Bairro da Pituba, a pouco mais de 100
metros da Praia de mesmo nome.
Pituba é uma palavra de origem tupi que
significa brisa, hálito, sopro forte. A
história do bairro nasce no início do
século XX, quando Joventino Pereira da
Silva, juntamente com seu cunhado Manoel
Dias da Silva, adquiriu a Fazenda Pituba,
e, juntos, traçaram o plano Cidade Luz.
Joventino, que era mineiro, trouxe
consigo a ideia de implantar na Pituba
uma estrutura moderna igual à de Belo
Horizonte, com quadras divididas
estrategicamente, ruas largas e muitos
espaços para belas moradias. O projeto
de loteamento foi publicado em 1919, com
relatório assinado pelo engenheiro civil
Teodoro Sampaio, e aprovado pela
Prefeitura Municipal de Salvador em
1932. O esquadrinhamento do terreno
estabeleceu a abertura de 10 vias
longitudinais paralelas à linha da
costa, algumas das quais seriam
denominadas avenidas, e 15 transversais
perpendiculares às primeiras. Ficou
estabelecido em documento de 1915 que o
eixo principal do arruamento, então
conhecido como Estrada da Pituba, seria
denominado Avenida Manoel Dias da Silva,
oficializada pela Lei Municipal nº
1.664, de 2 de dezembro de 1964”. Até a
década de 70, muitas famílias ainda
veraneavam na Pituba mas, de lá pra cá,
o bairro presenciou um desenvolvimento
surpreendente. Hoje a Pituba é um bairro
super moderno, com uma infra-estrutura
invejável e talvez, o mais
auto-suficiente da cidade, possuindo
diversas agências bancárias,
restaurantes, bares, teatros, escolas,
shopping centers e um comércio muito
diversificado.
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Bairro da Pituba |
Baía de Todos os
Santos |

Carlos: Nasceu
aqui em Salvador?
Maridásio: Nasci na aprazível Cidade de
Rio de Contas-Bahia. (tendo o prazer de
ter nascido no mesmo dia (não no ano) da
fundação do CEN..rsrs..!)
Carlos: O que é para você o termo
Esoterismo?
Maridásio: - Considerando que na
antiguidade, certos filósofos,
entendendo-se detentores de
conhecimentos extraordinários, fundam ou
criam escolas, para a preparação de
seguidores de suas verdades (ocultas),
só o fazendo àqueles que demonstravam
aptidão para tanto: os iniciados. Tendo
como seu antônimo o termo Exoterismo,
ensinamento aberto, público, do que se
tinha como segredo. Também defendido por
certos filósofos antigos...
Carlos: Acredita na reencarnação?
Maridásio: - Sim! A Doutrina Espírita,
da qual sou seguidor, está fundamentada,
de um modo geral,em alguns princípios,
dentre os quais a Lei da Reencarnação,
que entendemos como uma
oportunidade/dádiva de Deus, afim de que
o espírito, originariamente criado
simples e ignorante, possa por esse
mecanismo aperfeiçoar e com isso, por
seus méritos, por seus esforços, gozar
do bem-estar a que é destinado.
Carlos: Acredita em fantasmas ou em
“almas do outro mundo”?
Maridásio: Não! Nosso mundo é o Orbe
Terra, portanto, as visões fluídicas que
venhamos a ter, são ordinariamente do
nosso próprio mundo. Permita-me uma
pequena observação sobre “almas do outro
mundo”. Como já dissemos, trata-se de
registros apreciados neste nosso mundo e
não em outro! Outra ponderação que
fazemos é que precisamos, para melhor
clareza, definir os dois estados que o
espírito pode se encontrar. Se fora do
corpo físico, ou seja, desencarnado,
mantém-se o mesmo nome “espírito”. Já,
revestido do corpo físico, denominamos
de alma, palavra de origem latina ,
significando ânimo; o que dá ânimo, o
que anima, em síntese, que dá vida ao
corpo. É por essa razão que afastada a
alma, morre-se o corpo, deperece,
voltando à condição de espírito.
Carlos: Acredita em histórias
fantásticas?
Maridásio: Acredito no poder criador do
ser humano, sua sensibilidade, até para
“fantasiar” realidades. Vejamos a
questão anterior, trocamos apenas o
termo! “Histórias Fantásticas” é o nome
que melhor encontramos para definir um
“esboço” da concretização de sonhos, ou
seja, saímos dos sonhos, do imaginário,
rumo à realidade, mesmo que, pelas vias
das “histórias fantásticas”!
Carlos: Que vício gostaria de não ter?
Maridásio: Os que tenho, ainda me
mantêm. Como por exemplo, o de só dormir
pela madrugada, mas isso me oportuniza
haurir melhor as inspirações para
continuar. É meio complicado, mas é isso
mesmo! Rsrs...
Carlos: Seus passatempos preferidos?
Maridásio: Ler, escrever (quando nada
mais quero fazer), conversar “fiado”,
desenhar amadoristicamente, fotografar
natureza...etc
Carlos: Sua melhor qualidade, e, seu
maior defeito?
Maridásio: Qualidade, primo pela
simplicidade nas coisas; receia-me o
conforto (desconfortável) do sucesso
temporal!. Defeito, não ter,ainda,
conseguido, plenamente, desculpar-me
(auto-perdão!) por erros cometidos, por
ignorância. Mas estou trabalhando esse
aspecto.
Carlos: O arrependimento mata?
Maridásio: Não! O arrependimento é
oportunidade para novas reflexões,
porque resulta de erro cometido! Se
errar é humano, acertar constitui o
desejo de ascensão do espírito.
Portanto, o arrependimento maltrata, mas
não mata. Alimenta a caminhada de cada
um de nós, rumo aos acertos!
Carlos: De que mais se orgulha?
Maridásio: De ser criado por Deus,
simples e ignorante, mas dotado do
princípio da inteligência para alcançar
a sabedoria! Sem pressa, gradualmente!
Carlos: Qual foi o maior desafio que
aceitou até hoje?
Maridásio: Manter-me sóbrio ante as
diferenças comportamentais existentes.
Carlos: Qual a personagem que mais
admira?
Maridásio: Algumas: Tais como, Gandhi,
Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Chico
Xavier, Divaldo P. Franco, Martin Luther
King, Marieta Gottschall, cada um no seu
contexto, mas todos inspirados pelo
Mestre dos mestres, Jesus, o maior de
todos!!! Em outro aspeto, a COGITO
EDITORA, como aquela que editou o meu
livro "Pingos d'Alma, do nosso jovem e
comum amigo e editor Ivan de Almeida.
Carlos: O dia começa bem se...?
Maridásio: Se você está bem! Se teve um
sono reparador; se você tem ânimo e
boa-vontade e está disposto a ser útil,
melhor, ético e, sobretudo se ama as
pessoas e o tempo, para bem
aproveitá-los. Em síntese se você
estiver com Deus!
Carlos: Que influência tem em si a queda
da folha e a chegada do frio?
Maridásio: Concebo-s como alterações
naturais, que a Natureza, com sua
generosidade, atende a todas as
necessidades.
Carlos: As piadas às louras são
injustas?
Maridásio: São preconceituosas e
imbecis. Na cor do cabelo, não reside o
caráter e nem a moral do ser.
Carlos: Prato preferido e bebida?
Maridásio: Cheio! Quando estou com fome.
E menos cheio, sem fome!!! Rsrsrs. Na
verdade, preferencialmente, o que os
pedantes chamam de trivial: feijão
(simples), macarrão (sempre) e frango na
chapa ou similar, acompanhados de
saladas. Bebida, Vinho suave...dos mais
populares. Sangue de Boi, por exemplo,
para horror dos sofisticados
consumidores! O gosto é meu! Rsrsrs...
Carlos: Como vai de amores?
Maridásio: Quanto aos amores, minha
mulher e meus filhos. Ah, esses são os
que me sustentam e me dão o ânimo
necessário, nesta jornada humana!!! São
todos eles, que constituem meu grupo
familiar, meus professores de aulas
práticas! Sem contar aqui, a influência
dos amigos, que aos poucos,
vão plasmando a "formatação" da grande
família Universal!
Carlos: Qual a característica que mais
aprecia em si, e, nos outros?
Maridásio: Em ambos os casos, a
amabilidade, polidez e calor humano.
Estava na hora do almoço e o nosso
entrevistado convidou-me para almoçar
com ele no restaurante Gibão de Couro,
na rua Mato Grosso. Já tinha almoçado e
jantado lá muitas vezes e conhecia bem a
rua. Durante o repasto e depois,
continuámos a entrevista.
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restaurante Gibão de
Couro |
Carlos:
Que livro anda a ler?
Maridásio: Por força da avidez de
leitura de determinados conteúdos, que
aprecio, leio de forma um pouco
desorganizada mais de um livro, chegando
mesmo ao ponto de tê-los marcados em
número superior a cinco (risos...).
Dificilmente concluo uma leitura, em
virtude de estar sempre a braços com
consultas e pesquisas, para as palestras
que faço, mormente em Casas Espíritas,
na Cidade do Salvador. Recentemente
terminei de ler “A Conspiração
Franciscana”, de John Sack. Dou
seguimento também à leitura do Livro
“Memórias de um Suicida”, de Yvonne A.
Pereira, pelo espírito Camilo Cândido
Botelho.
Carlos:
A cultura será uma botija de oxigénio?
Maridásio: Jamais! A cultura, obedece,
também, a leis naturais: se alterna se
altera, cresce, expande, mas não
explode, porque sob a égide da Lei da
Impermanência!
Carlos:
Autores e livros preferidos?
Maridásio: Além de um grande número de
autores espíritas, cujos nomes
demandariam um considerável tempo para
anotar, até porque os temos ainda,
vivendo em corpo físico,
como também, muitos em espírito, que
escrevem pela psicografia de vários
médiuns, posso relacionar mais um
reduzido número de outros como: Gabriel
Garcia Márquez:
“Crônica de uma Morte Anunciada”;
Euclides da Cunha:”Os Sertões”; Augusto
Cury: “MARIA, a maior educadora da
História”, “O Mestre dos Mestres” e
quase todos escritos por ele até agora!
Obs: Os clássicos da literatura, tanto
brasileira, quanto portuguesa, mais
antigos, não os li, quando jovem, por
total falta de acesso. E atualmente não
o faço!
Carlos:
Sua obra Literária?
Maridásio: Livro: “Pingos d’Alma” –
Poemas e outros Escritos p/ Reflexão.
Várias participações em Coletâneas
Poéticas.
Carlos:
Música e autores preferidos?
Maridásio: Todas que me chegam, tanto de
Luciano Pavarotti, como de Andrea
Boccelli.
Gosto de qualquer música que me toca, me
deixa ou passa uma mensagem, um
sentimento qualquer e sempre agradável,
românticas sobretudo!
Carlos:
O filme comercial que mais gostou?
Maridásio: Vários filmes me despertaram
a atenção mas poucos ficaram marcados.
Por conseguinte não os memorizei.
Carlos:
Que género de filme daria sua vida?
Maridásio: Que enfocasse um ser simples,
sem maiores angústias para alcançar o
pódio da classificação transitória ou
fama efêmera, temporal.
Carlos:
Quando era criança...?
Maridásio: Andar pelas matas e rios de
minha Terra natal, Rio de Contas-BA;
montar em animais, quase sempre tirados
dos pastos particulares; muitas vezes na
madrugada, juntamente com um dos meus
irmãos (Marinilton); “roubar” frutas em
quintais e cercados, nunca nos quintais
dos vizinhos! Rsrs...
Carlos:
E hoje como se auto-define?
Maridásio: Sem falsa modéstia, um
aprendiz da vida, no seu aspecto mais
holístico. Tímido, sem ser retraído.
Sincero, sem ser deselegante. Um
buscador do conhecimento do “ser”, de
forma mais ampla, mais integral nos seus
aspectos macro-constitutivos.
Carlos:
O Imaginário será um sonho da realidade?
Maridásio: No meu entendimento, não
concebo o homem imaginando, o que não
seja possível realizar! Por esse
raciocínio, aceito o princípio de que a
imaginação se confunde com o próprio
pensamento, e este é produto do “ser
pensante” e, sendo que o ser pensante,
em nosso conjunto, é o próprio espírito,
que já trás uma gama relativamente
considerável de experiências transatas,
e novas experiências a serem adquiridas,
concluímos que: “O Imaginário, nesse
aspecto, é uma antevisão (um sonho) da
realidade”!
Carlos:
Para terminar: Deus existe?
Maridásio: Sim! E aquele que me exigir
provas de que Deus existe, devolverei a
pergunta, indagando-o das provas de que
Deus não existe!
Por aceitar a forma judiciosa, racional
e lúcida com que a Doutrina Espírita nos
expõe os seus postulados, faço minhas,
as asseverações que os Espíritos
Superiores, fizeram ao Codificador do
Espiritismo, quando consultados sobre as
provas da existência de Deus.
Perg.-”Onde se pode encontrar as
provas da existência de Deus?”
Resposta dos Espíritos- “Num
axioma que aplicais às vossas ciências.
Não há efeito sem causa. Procurai a
causa de tudo o que não é obra do homem
e a vossa razão responderá.”

E assim, falámos de:
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Maridásio Martins Santos
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Nascido a 15 de Julho de 1946
Funcionário público aposentado.
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COLHAMOS, POIS!
Não há presente que não
forje seu porvir,
Sedimentando, de já, nova
vivência
Que boa ou nefasta há de
vir;
Que se plante, pois, o
melhor!
Elegendo das sementes as
sãs,
De cujos frutos provaremos o
sabor,
Merecido, por seguidas
manhãs;
Fazemos jus à colheita do
plantio,
Daí preocuparmo-nos com a
semeadura
Com racionalidade e sem
atavio,
Na seleção dos atos, de sua
estatura!
Colhe-se amor de amor
plantado;
Da afeição negada, a
indiferença;
É nossa a escolha do amanhã,
Pela nossa atual vivência.
Maridásio Martins |
Formato de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande -
Portugal
2012 |
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