Eu creio na honestidade,
na justiça clara e reta.
no fim da desigualdade...
Não sou louco... eu sou poeta?
Politicamente certo
é quem, a qualquer momento,
tem o coração aberto
para o bom entendimento.
Ampla inclusão social
ocorrerá certamente
quando for bem natural
tratar todos como gente.
Felicidade... encontrei,
depois de buscar a esmo,
naquele dia em que olhei
para dentro de mim mesmo.
- “Querido, diga porque
acorda sempre risonho?”
-“Um sonho lindo, você,
enfeita sempre o meu sonho”.
Essas rosas que florescem
em jardins de casas pobres
são as mesmas que fenecem
enfeitando covas nobres?
Eu não lamento a saudade
que a tudo invade porque
é tão bom sentir saudade
quando a saudade é você.
Eram alegres os meus olhos
e tristes eram os teus,
por serem tristes teus olhos
ficaram tristes os meus.
Felicidade, um ranchinho
e, dentro dele, nós dois,
nove meses de carinho
e um molequinho depois.
Ao homem Deus deu a Terra
e veja o que o homem faz:
cria as hienas da guerra
e mata as pombas da paz.
O trabalho do banqueiro
está no seu jogo impuro:
tem lucro com meu dinheiro
e ainda me cobra juro.
Amor cigano, utopia,
triste busca por alguém;
quem tem um amor por dia
não tem o amor de ninguém.
Um eremita perfeito
eu encontrei certo dia...
Era tão chato o sujeito
que de si mesmo fugia.
Eu creio na honestidade,
na justiça clara e reta,
no fim da desigualdade...
Não sou louco!... Eu sou poeta.
Desprezo eu senti de fato
ao ver em seus escaninhos
aquele nosso retrato
rasgado em mil pedacinhos.
Finges desprezo e eu não ligo,
vejo amor no teu olhar;
como diz ditado antigo:
“Quem desdenha quer comprar”.
Indiferença de leve
percebi nos olhos teus:
Tua boca disse: “Até breve!”
Teu coração disse: “Adeus!”
Perdida não é a bala,
que gera um medo profundo,
mas aquele que se cala
ante a violência do mundo.
Leva a palha com carinho
e, depois, leva alimento;
assim é que o passarinho
mostra seu devotamento.
Quem cultiva uma amizade
dentro do seu coração
pode morrer de saudade
mas nunca de solidão.
Cultive a fraternidade
como quem cultiva a terra;
quem planta grãos de amizade
não colhe os frutos da guerra.
O trem da vida ao destino
chega no horário marcado;
- Por que não desce o menino,
que embarcou tão animado?
Um mau negócio o turista
faz no Rio de Janeiro,
pois enquanto vê a vista
fica a prazo sem dinheiro.
Feliz de quem não permite
que o domínio da razão
seja mais forte e limite
o que sente o coração.
Nas noites claras de lua,
no desenho da calçada,
vejo a silhueta tua
à minha sombra abraçada.
Noel Rosa bem sabia
o que mata uma paixão:
A noite triste e sombria
sem luar e sem violão.
Bem malandro é o Ademar,
de “fogo”, quase caindo,
entra de costa em seu lar
pra fingir que está saindo.
A banda toca um dobrado
e o português logo diz:
- “Eta maestro apressado,
ninguém aqui pediu bis!”
Oferecendo a miragem
de uma vida sem escolta,
o vício vende passagem
para a viagem sem volta.
“Cada vez mais pobre fico...”
diz, num lamento, o agiota;
e vai ficando mais rico
quanto mais conta lorota.
No alpendre do casarão,
em permanente vigília,
Dirceu cantava a paixão
em versos para Marília.
OLYMPIO DA CRUZ SIMÕES COUTINHO |