-Nome:
O nome, que constava da minha cédula de identidade até 2005, era Oleg Andréev. Uma vez radicado no Brasil e casado com
uma brasileira dos quatro costados, acrescentei a ele o sobrenome do sogro
finado – Almeida. Assim se formou o meu nome literário: Oleg Almeida.
- Profissão: Tradutor dos vernáculos russo e francês.
- Quer falar um pouco da terra onde mora? Nascido em 1º de abril de 1971 na
Bielorrússia, que na época fazia parte da União Soviética, eu passei lá mais de
três décadas. Em 2005 mudei-me para o Brasil. Atualmente moro em Brasília, uma
cidade que chamaria, ao mesmo tempo, de estranha e fascinante: estranha por ser
bem diferente das cidades que têm crescido de modo natural, ao longo dos
séculos; fascinante porque foi erguida, em pleno deserto, pela perseverança do
gênio humano e, em menos de 50 anos, reuniu no seu seio os representantes de
todas as etnias e classes sociais do Brasil.
- Quando começou a escrever? Comecei a escrever muito cedo, com 9 ou 10 anos de
idade. Eram diversas histórias infantis, cheias de aventuras mirabolantes, que
eu rabiscava nos meus cadernos escolares e que, anos mais tarde, cederiam espaço
à poesia. Meu primeiro poema Belarus (uma espécie de samba-exaltação em
homenagem à terra natal) foi publicado num jornal bielorrusso em 1988. Desde
então escrevo principalmente em versos, deixando a prosa para o dia a dia.
- Teve a influência de alguém para começar a escrever?
Muitos foram os livros
que não digo “me influenciaram”, mas certamente inspiraram a minha criatividade.
Leio meia dúzia de idiomas e, dentre os meus autores preferidos, destacam-se
Charles Baudelaire e Fernando Pessoa, Aleksandr Púchkin e William Shakespeare,
Albert Camus e Federico García Lorca.
- Tem livro (s) impresso (s) (editora e ano)? Meu livro de estreia, romance
poético “Memórias dum hiperbóreo”, foi lançado pela Editora 7 Letras (Rio de
Janeiro) em 2008.
- Projectos Literários para 2009 / 2010? Espero que consiga publicar as versões
portuguesas dos “Pequenos poemas em prosa” de Charles Baudelaire e dos “Cantos
de Bilítis” de Pierre Louÿs que fiz no ano passado, bem como o meu novo livro de
poesia intitulado “Quarta-Feira de Cinzas e outros poemas”. Além disso, pretendo
organizar uma antologia virtual de poesia lusófona contemporânea e, aproveitando
o ensejo, convido todos os autores interessados a participarem nela.
- Tem livro(s) electrónico(s) (e-books)? Ainda não tenho. Quando tiver,
avisarei.
- Fale-nos um pouco de si, como pessoa humana? Sou uma pessoa simples que dá
valor às boas coisas da vida e singelamente crê no futuro.
- Como Escritor (a)? Não acredito que a beleza (inclusive a das obras
literárias) seja capaz de “salvar o mundo”, conforme profetizou o grande Dostoiévski, mas acho que, despertando n’alma humana os sentimentos mais puros e
nobres, ela possa ajudar a melhorá-lo. Se a humanidade não a desprezar, claro...
- Tem prémios literários? Embora tenha participado de vários concursos
literários, ainda não ganhei nenhum prêmio significativo: sorte ou azar, só o
tempo dirá.
- Tem Home Page própria (não são consideradas outras que simplesmente tenham
trabalhos seus?
www.olegalmeida.com
- Conhece as vantagens que os Autores do CEN têm em ter sua Home Page ou (e)
Livro (s) electrónicos, nos nossos sites? Conheço, sim. Por isso mesmo é que
entrei em contato com o Portal CEN.
- Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever?
A única coisa
que poderia aconselhar a quem estivesse disposto a ingressar no fabuloso mundo
das letras, é a coragem. Procure seu próprio caminho artístico, elabore seu
estilo que seja inconfundível, escreva e divulgue seus escritos sem medo de
atraírem injustas críticas e, afinal de contas, sempre se lembre da máxima
proferida pelo ínclito pensador romano Lúcio Sêneca: “A coragem conduz às
estrelas e o medo, à morte!”
- Para terminar este trabalho, queira fazer o favor de mandar um pequeno (e
original) trabalho seu (em prosa ou em verso)?
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DUM SPIRO, SPERO.
Eu sei, meus amigos, que tudo acaba,
que não existe, no mundo dos homens, nada perene:
gasta-se a saúde,
perde-se a beleza,
esgota-se o prazer
e a força do corpo se vai embora.
Eu sei que a nossa vida não passa
duma centelha a brilhar no escuro sem bordas,
que só um instante separa a infância da senectude,
o berço da cova,
e disso, por vezes, eu tenho medo.
Mas, quando me sinto fraco,
e voltam as dúvidas seculares a deprimir-me,
quando, perante o infinito, deixam de ser relevantes
todos os argumentos lógicos e absurdos,
resta a promessa divina
que os humanos costumam chamar de esperança
em mil idiomas –
vem com o sol nascente,
surge das nuvens que se dispersam após a chuva,
no canto dos pássaros se percebe,
recria os sonhos desfigurados pela tristeza,
de brotos verdes semeia a terra cinzenta...
Forte como a mão paternal
e serena como uma prece,
a esperança compensa a urgência dos dias
com tanta certeza de não me levarem à morte, mas sim ao futuro
que partilhá-la convosco, amigos, quero:
posto que grande demais para mim, em pessoa, seja,
para a humanidade seria de bom tamanho!
Saudações cordiais do poeta e tradutor
Oleg Almeida, Brasília/DF, Brasil
(www.olegalmeida.com).
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2009
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