Do que li sobre o amor, ficou um
pouco, muito pouco, mas dá para o
“gasto". Vamos lá: Aristóteles. O
que teria dito o grande filósofo
sobre este tema tão marginalizado
pela filosofia. “o amor é a força
que une os quatro elementos da
natureza, o fogo, a terra, a água e
o ar, força unitiva e armonizadora,
que se debruça sobre o fundamento do
amor sexual, da política e da
concórdia. O amor é a força que move
as coisas, e as conduz, e as mantêm
juntas. O Reino do amor é o esfero,
ou seja, a fase culminante do ciclo
cósmico na qual todos os elementos
estão ligados na mais completa
harmonia. Nessa fase não há nem sol,
nem terra, nem mar, visto que não há
nada além de um Todo uniforme, uma
divindade que frui a sua solidão."
Em Aristóteles, o amor é uma força
metafísica, Platão, porém, escreveu
o primeiro tratado filosófico a
respeito do amor. Aqui se conservam
os caracteres do amor sexual, mas ao
mesmo tempo tais caracteres são
generalizados e SUBLIMADOS.
Segundo
Platão, o amor é FALTA,
INSUFICIÊNCIA, NECESSIDADE, e, ao
mesmo tempo, desejo de adquirir e de
conquistar o que não se possui. Amor
é desejo e desejo é o apetite
daquilo que é agradável, por isso o
amor está dirigido para a Beleza,
que outra coisa não é que a
aparência do bem, logo, desejo do
bem. O amor também é o instinto de
vencer a morte, a via pela qual o
ser mortal procura salvar-se da
mortalidade, não permanecendo sempre
o mesmo, deixando após si, em troca
do que envelhece algo novo que se
lhe assemelha. Para alcançar o AMOR
PERFEITO, o ser mortal vai passando
dos degraus inferiores aos
superiores, da beleza sensível à
Sabedoria, que é o SUMO BEM, a mais
alta de todas as belezas, a saber, a
filosofia. A teologia platônica do
amor propõe mostrar a via pela qual
o amor sensível pode tornar-se amor
de sabedoria, isto é, filosofia, e o
delírio erótico tornar-se uma
virtude(disposição para a prática do
bem), que afasta o homem dos modos
de vida usuais e o empenha na
difícil procura dialética. Mas vamos
lá para o Romantismo, século XIX.
Vou condensar o assunto em
pensamentos dos mais eminentes
filósofos e cientistas que trataram
desse tema tão encantador.
A palavra amor designa a relação
intersexual, quando essa relação é
seletiva e eletiva, sendo por isso
acompanhada de amizade e de afetos
positivos (solicitude, ternura,
etc.). Com a palavra amor fica
designada uma vasta gama de relações
interpessoais, quando se fala do
amor do amigo pelo amigo, do pai
pelo filho e reciprocamente dos
cidadãos entre si, dos cônjuges
entre si. Além das relações
intersexual e interpessoal, o amor
também existe na forma do interesse
coletivo, amor a comuni9dade, amora
pátria, amor ao partido, etc. O que
caracteriza o amor é a solidariedade
e a concórdia entre os indivíduos
que participam do amor; o desejo de
posse não entra no amor, porque a
possessividade é uma característica
dominante que fica nos limites da
paixão, da personalidade de quem ama
com “amor” apaixonado, e isso não é
bem o amor.
Aristóteles e o Amor
Amor é força unitiva e
harmonizadora, e tal força cósmica
permeia o amor sexual, a concórdia,
a política e a amizade, mas o amor
também é necessidade, imperfeição ou
deficiência; ao amor unem-se a
tensão emotiva e o desejo: ninguém é
afetado pelo amor se antes não foi
tocado pelo gozo da beleza. Toda
paixão (amor ligado ao prazer)
termina em amizade, que é a vontade
de viver junto.
Platão
Aqui, as características do amor
sexual são generalizadas e
sublimadas. Amor é falta. Amor é
insuficiência. Amor é necessidade.
Amor é desejo de adquirir e possuir
o que não se possui, é o interesse
incorporado à alma, mas que pode se
dirigir para a Beleza, a aparência
do bem, o desejo do bem, desejo de
vencer a morte. O amor é uma
entidade que evolui da beleza
sensível (delírio erótico) para a
Sabedoria, que é a mais alta de
todas as belezas, a beleza
altíssima, a saber, a filosofia,
beleza pura, nobre, e que empenha o
homem na difícil busca da dialética.
O amor é a beleza que só alcança o
seu termo dentro de uma ordem
precedida com as noções da verdade e
do bem. O amor alcança a felicidade
por degraus, passando dos bens
inferiores aos bens superiores, seu
termo é a revelação da Verdade (o
Belo). Ao contemplar o Belo, o homem
torna-se caro aos deuses e atinge a
imortalidade. O amor platônico,
portanto, está definitivamente
desvinculado da experiência do
cotidiano, da precariedade,
provisoriedade e finitude da vida.
SCHOPENHAUER
O amor é a força infinita que rege o
mundo, a força soberana de viver, o
gênio da espécie. Os homens não
trabalha para si mesmos e sim para a
perpetuação da espécie, e,
conseqüentemente, os homens são os
provedores da dor do mundo sem
saberem que o são, pois o gênio da
espécie os ludibria com essa grande
invenção dos românticos, o amor. Se
os homens soubessem que trabalham
apenas para a manutenção da espécie,
assim como a formiga trabalha
tão-somente para o sustento da
rainha, não se assujeitariam a esta
farsa, os homens não se deixariam
enganar pelas mulheres, este bicho
de idéias curtas e unhas cumpridas,
que, quando nova, usa seus encantos
para negociar com a fraqueza e a
loucura do homem. Não existe amor. O
amor é uma invenção do romantismo, o
que existe é o interesse dessa força
soberana que se impõe aos interesses
do homem, e o homem sabe que sofre,
mas não sabe por que sofre, o homem
é tocado pelo gozo da beleza, e
desde então, vive na ânsia desse
louco e inexistente amor.
O amor a Deus é impossível porque
Deus não é um objeto dos sentidos.
Sto. AGOSTINHO
Amar a Deus significa amar o amor,
mas ninguém pode amar o amor, se não
se ama quem ama. Não é amor o que
não ama ninguém. O homem não pode
por isso amar a Deus, que é Amor, se
não ama o outro homem. O amor
fraterno (intelectual) entre os
homens não só deriva de Deus, mas é
o próprio Deus, é a revelação de
Deus em um de seus aspectos
essenciais à consciência dos homens.
FREDERICO SCHLEGEL
A fonte e a alma de todas as emoções
é o amor.
JOÃO DUNS ESCOTO
O amor é a conexão e o vínculo de
que está ligada a totalidade das
coisas em amizade inefável e em
indissolúvel unidade.
DESCARTES
O amor é uma emoção da alma
produzida pelo movimento dos
espíritos vitais que a incita a
unir-se voluntariamente aos objetos
que lhe parecem convenientes.
VAUVENARGUES
Na amizade, o espírito é o órgão do
sentimento, no amor são os sentidos.
KANT
O amor a Deus é impossível porque
Deus não é um objeto dos sentidos.
Santo AGOSTINHO
Amar a Deus significa amar o amor,
mas ninguém pode amar o amor, se não
se ama quem ama. Não é amor o que
não ama ninguém. O homem não pode
por isso amar a Deus, que é Amor, se
não ama o outro homem. O amor
fraterno (intelectual) entre os
homens não só deriva de Deus, mas é
o próprio Deus, é a revelação de
Deus em um de seus aspectos
essenciais à consciência dos homens.
FREDERICO SCHLEGEL
A fonte e a alma de todas as emoções
é o amor.
FREUD
O amor é a especificação e a
sublimação de uma força instintiva
originária que é a LIBIDO. A libido
não é um impulso sexual específico
(dirigido para o indivíduo do outro
sexo), mas simplesmente a tendência
à produção e à reprodução de
SENSAÇÕES VOLUPTUOSAS relativas as
chamadas zonas erógenas, tendência
que se manifesta desde os primeiros
instantes da vida humana. O impulso
sexual específico seria uma formação
tardia e complexa, formação que, por
outro lado não é nunca completa,
como se demonstra pelas perversões
sexuais, tão variadas e numerosas.
Essas perversões não são, portanto,
desvios de um impulso primitivo
normal, mas modos de comportamento
que remontam aos primeiros instantes
da vida, que se subtraíram a um
desenvolvimento normal e se fixaram
na forma de uma fase primitiva (fase
oral, primeiro ano de vida; fase
anal, a partir do segundo ano de
vida; fase fálica, dos três anos até
os seis, que são estágios
psicossexuais do desenvolvimento).
Outros estágios são os períodos de
latência (dos seis até os nove ou
onze anos, quando a criança fica
voltada para as atividades
acadêmicas, e a fase genital que
equivale à puberdade e onde começa a
crise de identidade nos jovens). A
crise de identidade reflete uma
confusão de papéis dado que os
conflitos anteriores não foram
resolvidos de maneira positiva, a
saúde mental é o reflexo da solução
positiva dos conflitos nas diversas
fases do desenvolvimento. O amor
adolescente é uma tentativa de
encontrar a identidade, o jovem vê
no outro o ideal do eu e tem o outro
como o objeto de suas aspirações, o
que é muito comum no amor
apaixonado, quando a pessoa o
indivíduo passa a se amar no outro,
o que não é outra coisa do que uma
tentativa de aprimoramento das
figuras paternas, que , em fases
anteriores não proporcionaram
CONFIANÇA BÁSICA, AUTONOMIA,
INICIATIVA e DILIGÊNCIA, ou seja, os
pais não deram amor e segurança o
suficiente para a formação de um ego
saudável, o resultado é o
desajustamento de conduta.
Helder Alexandre Ferreira
E-mail:
vitralhelderalexandre@yhaoo.com.br
Fonte bibliográfica: Manual de
filosofia, verbete Amor.