A
Organização Meteorológica Mundial
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), da qual são Membros 185* Estados e
Territórios, é uma agência especializada das Nações Unidas, cujos Objectivos são:
(a)Facilitar a cooperação à escala
mundial na instalação de redes de estações para a execução de observações
meteorológicas, hidrológicas e outras observações geofísica relacionadas com a
meteorologia e promover a criação e manutenção de centros destinados à prestação de
serviços de meteorologia e afins;
(b)Promover a criação e manutenção
de sistemas destinados ao rápido intercâmbio de informações meteorológicas e afins;
(c)Promover a uniformização das
observações meteorológicas e afins e assegurar a publicação uniforme das observações e
estatísticas;
(d)Prosseguir a aplicação da
meteorologia à aeronáutica, à navegação, à problemática dos recursos hídricos, à
agricultura e a outras actividades humanas;
(e) Promover actividades no domínio da
hidrologia operacional e manter uma íntima cooperação entre os Serviços Meteorológicos e
Hidrológicos;
(f)Incentivar a investigação e a
formação no domínio da meteorologia e, quando conveniente, em áreas afins e apoiar a
coordenação das respectivas vertentes internacionais.

A Meteorologia é a ciência que se
dedica ao estudo dos processos que ocorrem na atmosfera terrestre, principalmente na camada
mais próxima da superfície com aproximadamente 20 km de espessura. É nessa camada que
ocorre a maioria das actividades humanas, e, é aí que podem ser sentidos os efeitos que as
condições atmosféricas exercem no desenrolar dessas actividades. Dessa constatação surgiu
a necessidade de se conhecer melhor os processos que causam a evolução das condições do
tempo.
Aplicações da Meteorologia:
Previsão do Tempo: com a ajuda de
satélites, radares e análises climáticas são elaborados boletins e alertas diários,
semanais e mensais sobre as condições do tempo para o período estipulado.
Climatologia: preocupa-se em determinar
as condições médias do tempo nas mais diversas regiões do globo terrestre e a pesquisar as
causas das mudanças climáticas através das décadas, centenas e, até milhares de anos.
Hidrometeorologia: consiste na
aplicação da Meteorologia nos estudos hidrológicos no que se diz em respeito ao
planejamento de grandes reservatórios no controle de enchentes, e no abastecimento de água.
Radiometeorologia e Sensoriamento
Remoto: estuda as influências meteorológicas na propagação de microondas na troposfera,
importante para as radiocomunicações terrestres e via satélite, assim como, desenvolve
metodologias de sensoriamento remoto da atmosfera, tanto a partir de sensores na superfície
terrestre quanto a partir de plataformas terrestres.
Agrometeorologia: consiste na
aplicação da Meteorologia aos projectos agrícolas, visando a melhoria da produtividade, na
determinação das condições meteorológicas favoráveis para o plantio e colheita, e na
aclimatação de novas espécies vegetais e do zoneamento agrícola.
Meteorologia Ambiental: está ligada ao
estudo e controle da poluição atmosférica. O estudo das condições meteorológicas que
favorecem altas concentrações de poluentes ou que asseguram boa qualidade do ar.
Um dos principais objectivos da
meteorologia é o de estabelecer o tempo, isto é, o conjunto de factores meteorológicos tais
como a pressão atmosférica, o vento, a temperatura, a precipitação e a humidade do ar.
Nas actividades humanas o tempo é um
elemento de máxima importância e praticamente todos os segmentos da sociedade dele dependem.
De maneira alguma os estudiosos em
meteorologia pretendem interferir nos fenómenos meteorológicos, tanto é que a esse estudo
se dá o nome de Previsão, que não deixa de ser uma estimativa do que poderá ocorrer nas
condições do tempo baseada em estudos de modelagem numérica de computadores e análise de
imagens de satélites. O que realmente a moderna meteorologia (previsão do tempo) pretende é
que com os seus avisos antecipados se evite fundamentalmente a perda de vidas humanas e perdas
materiais, fato que a poucas décadas atrás se tornava muito difícil de faze-lo.
As noções de tempo e clima são
diferentes, enquanto o tempo se refere a um curto período das condições atmosféricas, hoje
até dez dias de antecedência. O clima é o estudo médio desse mesmo tempo só que por um
período muito mais longo e que abrange séries históricas longas e que se destinam a
verificar a repetição de eventos que possam alterar o comportamento do tempo, é o caso dos
fenómenos El Niño, La Niña.
O que devemos levar muito em
consideração na previsão do tempo, são as estações do ano, o dia e a noite, as formas de
relevo e de vegetação, a latitude e a longitude e a proximidade a grandes lagos e oceanos,
pois podem influir de maneira decisiva no comportamento do tempo.
Outro fato importante é de que a
meteorologia trabalha baseada em regras da física e que as vezes pode deixar brecha para de
alguma maneira haver uma excepção.
PRESSÃO ATMOSFÉRICA
O mais importante para o entendimento
da pressão atmosférica é o conhecimento nas variações que ela está sujeita sob o efeito
de diversos factores.
Basicamente quase todas a variáveis
meteorológicas estão vinculadas a pressão atmosférica, e isso iremos acompanhando a
seguir.
De qualquer maneira deve-se ter em
mente que a pressão média ao nível do mar situa-se em torno de 1013 Milibar (Mb) ou
Hectopascal (hPa), essas são as unidades de medidas mais utilizadas hoje em dia no mundo. Os
instrumentos utilizados para determinar a pressão atmosférica chamam-se barómetro ou
barógrafo.
Diante disso quando temos uma pressão
atmosférica superior a 1013 Mb ou hPa (alta pressão ou anticiclone) é por que o ar está
mais pesado, descendo, consequentemente mais frio e seco e nos dá uma boa pista para dizermos
que poderemos ter um tempo bom e/ou frio. Se a pressão atmosférica estiver com valor abaixo
de 1013 Mb ou hPa (baixa pressão ou ciclone) é porque o ar está mais leve, se ele está
mais leve, ele subirá, subindo leva o calor e humidade que se transformarão em nuvens e mais
tarde em chuva, assim sendo o tempo poderá ser ruim e/ou quente.
VENTO
O vento está intimamente associado as
variações da pressão atmosférica, vejamos. Se o ar mais quente (baixa pressão) sobe, o ar
mais frio (alta pressão) desce e virá para ocupar o lugar do ar que subiu. A estes
movimentos verticais se originam os movimentos horizontais e que simplesmente chamamos de
vento.
Assim sendo, quanto maior for a
diferença da pressão atmosférica para um determinado ponto mais intenso deverá ser o vento
que actuará sobre este ponto.
As unidades mais usadas para a
determinação da velocidade do vento são o quilometro por hora, metro por segundo e nó por
hora e a direcção é dada pela rosa dos ventos (Norte, Sul, Leste e Oeste) ou em graus de 0
a 360. Os instrumentos utilizados são o anemómetro ou barógrafo.
TEMPERATURA
A temperatura é determinada por meio
de graus, que podem ser Celsius (° C) e Fahrenheit (F), sendo que primeira forma é a mais
utilizada. Utiliza-se o termómetro de mercúrio e de álcool e o termógrafo.
Aqui novamente a pressão atmosférica
está influenciando nas variações.
Quanto mais alta a pressão maiores as
condições de frio e quanto mais baixa a pressão maiores as condições de calor, sempre
respeitando as regras colocadas na introdução.
PRECIPITAÇÃO
O termo precipitação se refere a
queda de humidade ao solo na forma de líquido (chuvisco, garoa, chuva) ou de sólido (neve,
granizo), mas a forma mais comum entre nós é a chuva e também a mais importante para o
desenvolvimento da vida.
Aqui também se faz presente a
actuação da pressão atmosférica, pois se temos baixa pressão (calor) e humidade, o ar e
humidade subirão por evaporação, esse ar aquecido ao chegar ao alto irá se condensar e se
transformar em nuvens e que mais tarde poderão ser nuvens de chuva que precipitará.
A unidade mais utilizada para a chuva
é o milímetro (mm) e isso quer dizer que um milímetro (mm) de chuva corresponde a um litro
de água precipitada por metro quadrado de área do solo. Os instrumentos utilizados são o
pluviómetro e o pluviógrafo.
HUMIDADE
A medida mais utilizada para a
determinação da humidade presente na atmosfera é a humidade relativa do ar e que é
expressa em porcentagem (%), assim, quanto mais alta a porcentagem de humidade relativa do ar,
mais humidade encontraremos na atmosfera. Pode-se utilizar o higrómetro ou psicrómetro para
a sua determinação
Quanto mais próximos estivermos de
rios, lagos ou oceanos, maior a probabilidade de termos humidade alta e quanto mais alto
estivermos ou mais afastados dos corpos de água menos humidade encontraremos na atmosfera.
Mapa
de Portugal e Ilhas
DIA METEOROLÓGICO MUNDIAL 2005
O TEMPO, O CLIMA, A ÁGUA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Mensagem de A. Serrão Presidente do IM - Portugal O Dia Meteorológico Mundial, 23 de Março,
comemora a entrada em vigor da Convenção que criou a Organização Meteorológica Mundial
(OMM), agência especializada das Nações Unidas para a Meteorologia. Todos os anos o
Conselho Executivo da Organização escolhe um tema actual para as comemorações que neste
dia se realizam em todos os Estados Membros. Para este ano o tema escolhido foi "Tempo,
Clima, Água e Desenvolvimento Sustentável". A oportunidade do tema escolhido encontra
justificação na crescente preocupação pela degradação do ambiente associado ao
desenvolvimento das sociedades, sentimento colectivo que estimulou a realização de
Conferências no âmbito das Nações Unidas, a primeira das quais em Estocolmo em 1972 sobre
o Ambiente e o Homem, em 1992, no Rio de Janeiro sobre o Ambiente e o Desenvolvimento que
culminaram na Cimeira sobre o Desenvolvimento Sustentado, que teve lugar em 2002, em
Joanesburgo. Nos últimos anos, mais do que nunca, a sociedade tem mostrado maior
preocupação em assegurar a protecção do ambiente, enquanto se desenvolve de forma a
garantir um futuro mais seguro e próspero à escala global. Neste contexto, foi desenvolvida
a noção de desenvolvimento sustentável baseada em três pilares essenciais: crescimento
económico, desenvolvimento social e protecção dos recursos naturais e do ambiente. Os temas
relacionados com o desenvolvimento sustentável têm sido discutidos em vários fora, e a sua
importância tem sido reconhecida nas declarações e planos de implementação de várias
outras cimeiras como foi o caso da Declaração do Milénio e dos seus objectivos. Na
realidade, o desenvolvimento nos últimos anos tem tido como efeito: um crescimento das
populações e sua migração para as zonas urbanas, com impactos imediatos no aumento da fome
e da pobreza associados a uma produção agrícola de expansão limitada; o aumento do consumo
de água não só do consumo humano, mas sobretudo pela a agricultura e a indústria o que
constitui uma verdadeira ameaça a este recurso natural; a diminuição das florestas através
do aumento das áreas urbanas e agrícolas; a alteração da ocupação dos solos, incluindo
alteração do coberto vegetal e o desenvolvimento urbano, responsável pela alteração do
balanço energético à superfície da terra; o aumento de emissão de gases responsáveis
pela destruição da camada de ozono e consequente aumento da radiação solar que atinge a
superfície na região do ultravioleta próximo; o aumento do consumo de energia, como um dos
factores determinantes na poluição atmosférica e dos oceanos e uma das principais causas
das alterações climáticas; o aumento da vulnerabilidade das populações aos desastres
naturais, com impacto determinante no desenvolvimento social e económico das sociedades e na
degradação do ambiente; um aumento de conflitos e a proliferação de armas nucleares. O
desafio resultante das alterações climáticas e dos seus impactos tem levado a comunidade
internacional a tomar medidas concretas, não só na área da sua mitigação, através do
estabelecimento de acordos e convenções internacionais, designadamente através do
estabelecimento do protocolo de Kyoto, como também, através de um esforço de
monitorização do fenómeno e de pesquisa para definição de possíveis cenários. É
essencial, neste contexto, ter em consideração as implicações do tempo e do clima nos
três pilares essenciais para o desenvolvimento sustentável e incorporar o conhecimento
desenvolvido na área da meteorologia e da climatologia nas medidas de política a tomar a
nível global, regional, nacional e local. O Instituto de Meteorologia, a nível nacional tem
como prioridades nesta área de intervenção: a observação meteorológica e a previsão do
tempo a curto e médio prazo, essencialmente para a planificação de actividades
sócio-económicas e para a emissão de alertas atempados de fenómenos meteorológicos
extremos que poderão ocasionar desastres naturais; a observação meteorológica para fins
aeronáuticos e a previsão especifica para esta actividade; a previsão para suporte à
navegação marítima; a previsão de risco de fogos florestais e a divulgação da
informação meteorológica especifica para apoio ao seu combate; a observação
climatológica, para manter bases de dados, informação, essencial ao planeamento do
desenvolvimento urbano, agrícola, florestal e industrial, quer nacional, quer regional, quer
local, e ao acompanhamento do clima e das alterações climáticas; a participação em
estudos para a definição de cenários para Portugal no âmbito das alterações climáticas;
a observação climatológica nas áreas urbanas, para a manutenção de uma base de dados de
climatologia urbana essencial ao planeamento do desenvolvimento dos centros urbanos; o
desenvolvimento de métodos de previsão a longo prazo, semestral e interanual, para suporte
às actividades sócio-económicas designadamente a agricultura e a indústria; a observação
e previsão da radiação UV que atinge a superfície do território, para a emissão de
alertas sobre o risco de exposição solar associado; a vigilância sísmica para protecção
de vidas e bens em caso de sismos; a participação em estudos de perigosidade sísmica
informação essencial para o planeamento urbano e industrial; a pesquisa necessária à
melhoria da informação e alertas acima referidos; a divulgação aos decisores e à
população em geral dos riscos e dos produtos existentes que permitam o seu adequado uso
pelos utilizadores a que são destinadas, através dos órgãos de comunicação e da
organização de seminários, exposições e visitas guiadas à Instituição. A nível
internacional, nesta área, o Instituto de Meteorologia tem como prioridades: a participação
no sistema global de observação da terra GEOS (Global Earth Observation System) através da
Organização Meteorológica Mundial e da EUMETSAT (Agência Europeia para a Exploração de
Satélites Meteorológicos); a participação no ECMWF (Centro Europeu de Previsão a Médio
Prazo) a participação no Projecto Aladin (utilização de modelos de previsão de área
limitada para o nosso território); as actividades que contribuem para o acompanhamento do
tratado de não proliferação de armas nucleares CTBTO; a participação no projecto
internacional Land SAF da EUMETSAT, do qual é a entidade responsável pela coordenação; a
participação, através da Land SAF, no projecto integrado GEOLAND, enquadrado na iniciativa
GMES, da Comissão Europeia, no qual um dos seus fundamentos principais é a sua
contribuição a nível global para o desenvolvimento sustentável; o suporte a Convenções
relacionadas com este tema, como é o caso da Convenção Quadro sobre as Alterações
Climáticas, a Convenção de Combate à Desertificação e a Convenção sobre a Diversidade
Biológica; a cooperação internacional através da OMM ou de organizações regionais para a
diminuição do impacto dos desastres naturais e para o desenvolvimento sustentado. Na área
da cooperação internacional tem ainda particular realce a cooperação com os PLOPs através
da CRIA, agência para o Clima e Respectivos Impactos Ambientais, criada pelos Serviços ou
Institutos de Meteorologia dos países de língua oficial portuguesa que inclui Macau,
Território Autónomo da República Popular da China. Os objectivos desta agência, que passam
pela criação das infra-estruturas de observação meteorológica e climatológica nos
diferentes países e do desenvolvimento do seu conhecimento em meteorologia e climatologia,
enquadram-se claramente na necessidade de assegurar um efectivo contributo dos respectivos
Serviços ou Institutos de Meteorologia para o desenvolvimento sustentado de cada um dos
países membros. O desenvolvimento desta agência tem tido dificuldades, fundamentalmente nos
aspectos de definição de prioridades e de obtenção dos fundos essenciais ao seu
funcionamento. Para desbloquear a situação o IM está neste momento a negociar um acordo com
a OMM que permita facilitar o acesso a fontes de financiamento internacionais para o
prosseguimento das actividades da agência e, assim, permitir que os seus objectivos venham a
ser atingidos. O IM tem consciência que a sua contribuição para estas temáticas, quer a
nível nacional quer internacional, não pode ser dissociada da contribuição de outros
sectores e instituições, dadas as características multidisciplinares do desenvolvimento
sustentável. Desta forma, o IM tem estado disponível, e continuará a estar, para participar
no estabelecimento de parcerias adequadas, a nível nacional e internacional, com outras
instituições que tenham contributos relevantes nesta área por forma a garantir um
desenvolvimento harmonioso que permita satisfazer as necessidades da sociedade actual e não
hipoteque a satisfação das necessidades das sociedades do futuro.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro -
Marinha Grande - Portugal
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