Dia Mundial da Meteorologia 

(OMM - Organização Meteorológica Mundial)

23 de Março 

A Organização Meteorológica Mundial

 

          A Organização Meteorológica Mundial (OMM), da qual são Membros 185* Estados e Territórios, é uma agência especializada das Nações Unidas, cujos Objectivos são:
          (a)Facilitar a cooperação à escala mundial na instalação de redes de estações para a execução de observações meteorológicas, hidrológicas e outras observações geofísica relacionadas com a meteorologia e promover a criação e manutenção de centros destinados à prestação de serviços de meteorologia e afins;
          (b)Promover a criação e manutenção de sistemas destinados ao rápido intercâmbio de informações meteorológicas e afins;
          (c)Promover a uniformização das observações meteorológicas e afins e assegurar a publicação uniforme das observações e estatísticas;
          (d)Prosseguir a aplicação da meteorologia à aeronáutica, à navegação, à problemática dos recursos hídricos, à agricultura e a outras actividades humanas;
          (e) Promover actividades no domínio da hidrologia operacional e manter uma íntima cooperação entre os Serviços Meteorológicos e Hidrológicos;
          (f)Incentivar a investigação e a formação no domínio da meteorologia e, quando conveniente, em áreas afins e apoiar a coordenação das respectivas vertentes internacionais.
         
          A Meteorologia é a ciência que se dedica ao estudo dos processos que ocorrem na atmosfera terrestre, principalmente na camada mais próxima da superfície com aproximadamente 20 km de espessura. É nessa camada que ocorre a maioria das actividades humanas, e, é aí que podem ser sentidos os efeitos que as condições atmosféricas exercem no desenrolar dessas actividades. Dessa constatação surgiu a necessidade de se conhecer melhor os processos que causam a evolução das condições do tempo.
          Aplicações da Meteorologia:
          Previsão do Tempo: com a ajuda de satélites, radares e análises climáticas são elaborados boletins e alertas diários, semanais e mensais sobre as condições do tempo para o período estipulado.
          Climatologia: preocupa-se em determinar as condições médias do tempo nas mais diversas regiões do globo terrestre e a pesquisar as causas das mudanças climáticas através das décadas, centenas e, até milhares de anos.
          Hidrometeorologia: consiste na aplicação da Meteorologia nos estudos hidrológicos no que se diz em respeito ao planejamento de grandes reservatórios no controle de enchentes, e no abastecimento de água.
          Radiometeorologia e Sensoriamento Remoto: estuda as influências meteorológicas na propagação de microondas na troposfera, importante para as radiocomunicações terrestres e via satélite, assim como, desenvolve metodologias de sensoriamento remoto da atmosfera, tanto a partir de sensores na superfície terrestre quanto a partir de plataformas terrestres.
          Agrometeorologia: consiste na aplicação da Meteorologia aos projectos agrícolas, visando a melhoria da produtividade, na determinação das condições meteorológicas favoráveis para o plantio e colheita, e na aclimatação de novas espécies vegetais e do zoneamento agrícola.
          Meteorologia Ambiental: está ligada ao estudo e controle da poluição atmosférica. O estudo das condições meteorológicas que favorecem altas concentrações de poluentes ou que asseguram boa qualidade do ar.
          Um dos principais objectivos da meteorologia é o de estabelecer o tempo, isto é, o conjunto de factores meteorológicos tais como a pressão atmosférica, o vento, a temperatura, a precipitação e a humidade do ar.
          Nas actividades humanas o tempo é um elemento de máxima importância e praticamente todos os segmentos da sociedade dele dependem.
          De maneira alguma os estudiosos em meteorologia pretendem interferir nos fenómenos meteorológicos, tanto é que a esse estudo se dá o nome de Previsão, que não deixa de ser uma estimativa do que poderá ocorrer nas condições do tempo baseada em estudos de modelagem numérica de computadores e análise de imagens de satélites. O que realmente a moderna meteorologia (previsão do tempo) pretende é que com os seus avisos antecipados se evite fundamentalmente a perda de vidas humanas e perdas materiais, fato que a poucas décadas atrás se tornava muito difícil de faze-lo.
          As noções de tempo e clima são diferentes, enquanto o tempo se refere a um curto período das condições atmosféricas, hoje até dez dias de antecedência. O clima é o estudo médio desse mesmo tempo só que por um período muito mais longo e que abrange séries históricas longas e que se destinam a verificar a repetição de eventos que possam alterar o comportamento do tempo, é o caso dos fenómenos El Niño, La Niña.
          O que devemos levar muito em consideração na previsão do tempo, são as estações do ano, o dia e a noite, as formas de relevo e de vegetação, a latitude e a longitude e a proximidade a grandes lagos e oceanos, pois podem influir de maneira decisiva no comportamento do tempo.
          Outro fato importante é de que a meteorologia trabalha baseada em regras da física e que as vezes pode deixar brecha para de alguma maneira haver uma excepção.
          PRESSÃO ATMOSFÉRICA
          O mais importante para o entendimento da pressão atmosférica é o conhecimento nas variações que ela está sujeita sob o efeito de diversos factores.
          Basicamente quase todas a variáveis meteorológicas estão vinculadas a pressão atmosférica, e isso iremos acompanhando a seguir.
          De qualquer maneira deve-se ter em mente que a pressão média ao nível do mar situa-se em torno de 1013 Milibar (Mb) ou Hectopascal (hPa), essas são as unidades de medidas mais utilizadas hoje em dia no mundo. Os instrumentos utilizados para determinar a pressão atmosférica chamam-se barómetro ou barógrafo.
          Diante disso quando temos uma pressão atmosférica superior a 1013 Mb ou hPa (alta pressão ou anticiclone) é por que o ar está mais pesado, descendo, consequentemente mais frio e seco e nos dá uma boa pista para dizermos que poderemos ter um tempo bom e/ou frio. Se a pressão atmosférica estiver com valor abaixo de 1013 Mb ou hPa (baixa pressão ou ciclone) é porque o ar está mais leve, se ele está mais leve, ele subirá, subindo leva o calor e humidade que se transformarão em nuvens e mais tarde em chuva, assim sendo o tempo poderá ser ruim e/ou quente.
          VENTO
          O vento está intimamente associado as variações da pressão atmosférica, vejamos. Se o ar mais quente (baixa pressão) sobe, o ar mais frio (alta pressão) desce e virá para ocupar o lugar do ar que subiu. A estes movimentos verticais se originam os movimentos horizontais e que simplesmente chamamos de vento.
          Assim sendo, quanto maior for a diferença da pressão atmosférica para um determinado ponto mais intenso deverá ser o vento que actuará sobre este ponto.
          As unidades mais usadas para a determinação da velocidade do vento são o quilometro por hora, metro por segundo e nó por hora e a direcção é dada pela rosa dos ventos (Norte, Sul, Leste e Oeste) ou em graus de 0 a 360. Os instrumentos utilizados são o anemómetro ou barógrafo.
          TEMPERATURA
          A temperatura é determinada por meio de graus, que podem ser Celsius (° C) e Fahrenheit (F), sendo que primeira forma é a mais utilizada. Utiliza-se o termómetro de mercúrio e de álcool e o termógrafo.
          Aqui novamente a pressão atmosférica está influenciando nas variações.
          Quanto mais alta a pressão maiores as condições de frio e quanto mais baixa a pressão maiores as condições de calor, sempre respeitando as regras colocadas na introdução.
          PRECIPITAÇÃO
          O termo precipitação se refere a queda de humidade ao solo na forma de líquido (chuvisco, garoa, chuva) ou de sólido (neve, granizo), mas a forma mais comum entre nós é a chuva e também a mais importante para o desenvolvimento da vida.
          Aqui também se faz presente a actuação da pressão atmosférica, pois se temos baixa pressão (calor) e humidade, o ar e humidade subirão por evaporação, esse ar aquecido ao chegar ao alto irá se condensar e se transformar em nuvens e que mais tarde poderão ser nuvens de chuva que precipitará.
          A unidade mais utilizada para a chuva é o milímetro (mm) e isso quer dizer que um milímetro (mm) de chuva corresponde a um litro de água precipitada por metro quadrado de área do solo. Os instrumentos utilizados são o pluviómetro e o pluviógrafo.
          HUMIDADE
          A medida mais utilizada para a determinação da humidade presente na atmosfera é a humidade relativa do ar e que é expressa em porcentagem (%), assim, quanto mais alta a porcentagem de humidade relativa do ar, mais humidade encontraremos na atmosfera. Pode-se utilizar o higrómetro ou psicrómetro para a sua determinação
          Quanto mais próximos estivermos de rios, lagos ou oceanos, maior a probabilidade de termos humidade alta e quanto mais alto estivermos ou mais afastados dos corpos de água menos humidade encontraremos na atmosfera.
         
Mapa de Portugal e Ilhas
          DIA METEOROLÓGICO MUNDIAL 2005
O TEMPO, O CLIMA, A ÁGUA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Mensagem de A. Serrão Presidente do IM - Portugal O Dia Meteorológico Mundial, 23 de Março, comemora a entrada em vigor da Convenção que criou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada das Nações Unidas para a Meteorologia. Todos os anos o Conselho Executivo da Organização escolhe um tema actual para as comemorações que neste dia se realizam em todos os Estados Membros. Para este ano o tema escolhido foi "Tempo, Clima, Água e Desenvolvimento Sustentável". A oportunidade do tema escolhido encontra justificação na crescente preocupação pela degradação do ambiente associado ao desenvolvimento das sociedades, sentimento colectivo que estimulou a realização de Conferências no âmbito das Nações Unidas, a primeira das quais em Estocolmo em 1972 sobre o Ambiente e o Homem, em 1992, no Rio de Janeiro sobre o Ambiente e o Desenvolvimento que culminaram na Cimeira sobre o Desenvolvimento Sustentado, que teve lugar em 2002, em Joanesburgo. Nos últimos anos, mais do que nunca, a sociedade tem mostrado maior preocupação em assegurar a protecção do ambiente, enquanto se desenvolve de forma a garantir um futuro mais seguro e próspero à escala global. Neste contexto, foi desenvolvida a noção de desenvolvimento sustentável baseada em três pilares essenciais: crescimento económico, desenvolvimento social e protecção dos recursos naturais e do ambiente. Os temas relacionados com o desenvolvimento sustentável têm sido discutidos em vários fora, e a sua importância tem sido reconhecida nas declarações e planos de implementação de várias outras cimeiras como foi o caso da Declaração do Milénio e dos seus objectivos. Na realidade, o desenvolvimento nos últimos anos tem tido como efeito: um crescimento das populações e sua migração para as zonas urbanas, com impactos imediatos no aumento da fome e da pobreza associados a uma produção agrícola de expansão limitada; o aumento do consumo de água não só do consumo humano, mas sobretudo pela a agricultura e a indústria o que constitui uma verdadeira ameaça a este recurso natural; a diminuição das florestas através do aumento das áreas urbanas e agrícolas; a alteração da ocupação dos solos, incluindo alteração do coberto vegetal e o desenvolvimento urbano, responsável pela alteração do balanço energético à superfície da terra; o aumento de emissão de gases responsáveis pela destruição da camada de ozono e consequente aumento da radiação solar que atinge a superfície na região do ultravioleta próximo; o aumento do consumo de energia, como um dos factores determinantes na poluição atmosférica e dos oceanos e uma das principais causas das alterações climáticas; o aumento da vulnerabilidade das populações aos desastres naturais, com impacto determinante no desenvolvimento social e económico das sociedades e na degradação do ambiente; um aumento de conflitos e a proliferação de armas nucleares. O desafio resultante das alterações climáticas e dos seus impactos tem levado a comunidade internacional a tomar medidas concretas, não só na área da sua mitigação, através do estabelecimento de acordos e convenções internacionais, designadamente através do estabelecimento do protocolo de Kyoto, como também, através de um esforço de monitorização do fenómeno e de pesquisa para definição de possíveis cenários. É essencial, neste contexto, ter em consideração as implicações do tempo e do clima nos três pilares essenciais para o desenvolvimento sustentável e incorporar o conhecimento desenvolvido na área da meteorologia e da climatologia nas medidas de política a tomar a nível global, regional, nacional e local. O Instituto de Meteorologia, a nível nacional tem como prioridades nesta área de intervenção: a observação meteorológica e a previsão do tempo a curto e médio prazo, essencialmente para a planificação de actividades sócio-económicas e para a emissão de alertas atempados de fenómenos meteorológicos extremos que poderão ocasionar desastres naturais; a observação meteorológica para fins aeronáuticos e a previsão especifica para esta actividade; a previsão para suporte à navegação marítima; a previsão de risco de fogos florestais e a divulgação da informação meteorológica especifica para apoio ao seu combate; a observação climatológica, para manter bases de dados, informação, essencial ao planeamento do desenvolvimento urbano, agrícola, florestal e industrial, quer nacional, quer regional, quer local, e ao acompanhamento do clima e das alterações climáticas; a participação em estudos para a definição de cenários para Portugal no âmbito das alterações climáticas; a observação climatológica nas áreas urbanas, para a manutenção de uma base de dados de climatologia urbana essencial ao planeamento do desenvolvimento dos centros urbanos; o desenvolvimento de métodos de previsão a longo prazo, semestral e interanual, para suporte às actividades sócio-económicas designadamente a agricultura e a indústria; a observação e previsão da radiação UV que atinge a superfície do território, para a emissão de alertas sobre o risco de exposição solar associado; a vigilância sísmica para protecção de vidas e bens em caso de sismos; a participação em estudos de perigosidade sísmica informação essencial para o planeamento urbano e industrial; a pesquisa necessária à melhoria da informação e alertas acima referidos; a divulgação aos decisores e à população em geral dos riscos e dos produtos existentes que permitam o seu adequado uso pelos utilizadores a que são destinadas, através dos órgãos de comunicação e da organização de seminários, exposições e visitas guiadas à Instituição. A nível internacional, nesta área, o Instituto de Meteorologia tem como prioridades: a participação no sistema global de observação da terra GEOS (Global Earth Observation System) através da Organização Meteorológica Mundial e da EUMETSAT (Agência Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos); a participação no ECMWF (Centro Europeu de Previsão a Médio Prazo) a participação no Projecto Aladin (utilização de modelos de previsão de área limitada para o nosso território); as actividades que contribuem para o acompanhamento do tratado de não proliferação de armas nucleares CTBTO; a participação no projecto internacional Land SAF da EUMETSAT, do qual é a entidade responsável pela coordenação; a participação, através da Land SAF, no projecto integrado GEOLAND, enquadrado na iniciativa GMES, da Comissão Europeia, no qual um dos seus fundamentos principais é a sua contribuição a nível global para o desenvolvimento sustentável; o suporte a Convenções relacionadas com este tema, como é o caso da Convenção Quadro sobre as Alterações Climáticas, a Convenção de Combate à Desertificação e a Convenção sobre a Diversidade Biológica; a cooperação internacional através da OMM ou de organizações regionais para a diminuição do impacto dos desastres naturais e para o desenvolvimento sustentado. Na área da cooperação internacional tem ainda particular realce a cooperação com os PLOPs através da CRIA, agência para o Clima e Respectivos Impactos Ambientais, criada pelos Serviços ou Institutos de Meteorologia dos países de língua oficial portuguesa que inclui Macau, Território Autónomo da República Popular da China. Os objectivos desta agência, que passam pela criação das infra-estruturas de observação meteorológica e climatológica nos diferentes países e do desenvolvimento do seu conhecimento em meteorologia e climatologia, enquadram-se claramente na necessidade de assegurar um efectivo contributo dos respectivos Serviços ou Institutos de Meteorologia para o desenvolvimento sustentado de cada um dos países membros. O desenvolvimento desta agência tem tido dificuldades, fundamentalmente nos aspectos de definição de prioridades e de obtenção dos fundos essenciais ao seu funcionamento. Para desbloquear a situação o IM está neste momento a negociar um acordo com a OMM que permita facilitar o acesso a fontes de financiamento internacionais para o prosseguimento das actividades da agência e, assim, permitir que os seus objectivos venham a ser atingidos. O IM tem consciência que a sua contribuição para estas temáticas, quer a nível nacional quer internacional, não pode ser dissociada da contribuição de outros sectores e instituições, dadas as características multidisciplinares do desenvolvimento sustentável. Desta forma, o IM tem estado disponível, e continuará a estar, para participar no estabelecimento de parcerias adequadas, a nível nacional e internacional, com outras instituições que tenham contributos relevantes nesta área por forma a garantir um desenvolvimento harmonioso que permita satisfazer as necessidades da sociedade actual e não hipoteque a satisfação das necessidades das sociedades do futuro.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
                                                                                                             

 

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