
Barão do Rio Branco
José Maria da Silva Paranhos
Júnior
20 de Abril de 1845 |

José Maria da Silva
Paranhos - Barão do Rio Branco
(Filho do Visconde do Rio Branco figura ímpar do Brasil - que na altura devida,
havemos de falar)
O Barão do Rio Branco nasceu em 20 de abril de 1845. Foi deputado (1868/1872),
Secretário Particular na missão de negociação de paz com o Paraguai (1870/1871) e
Cônsul-Geral em Liverpool (1876).
No período que esteve a frente do
Ministério das Relações Exteriores (1902-1912), o Barão do Rio Branco foi responsável
pela consolidação das atuais fronteiras do Brasil, e por importante modernização das
ações da Chancelaria brasileira.
O Barão do Rio Branco personaliza
a tradição de excelência dos serviços prestados ao Brasil pelo Ministério das
Relações Exteriores.
Forma-se em Direito no Recife.
Em 1869 elege-se deputado por Mato Grosso. Torna-se cônsul do Brasil em Liverpool, na
Inglaterra, em 1876. Com a proclamação da República, assume a superintendência geral
do Serviço de Emigração para o Brasil. Entre 1893 e 1900 é designado para resolver as
disputas pelos territórios de Sete Povos das Missões - entre Brasil e Uruguai - e do
Amapá . Assegura o domínio brasileiro nessas áreas e recebe o título de barão do Rio
Branco (1888). Em 1902 é indicado para o Ministério das Relações Exteriores.
Participa, ainda, da disputa pelo Acre com a Bolívia e de questões fronteiriças com
Venezuela, Colômbia e outros países. Membro da Academia Brasileira de Letras, escreve
vários livros sobre história do Brasil. Morre no Rio de Janeiro
Desde estudante revelou
vocação para os estudos históricos geográficos, tendo escrito sobre Luís
Barroso Pereira os "Episódios da Guerra do Prata" seu pequeno estudo
após ter concluído o curso. Outro estudo "Esboço biográfico do general José de
Abreu Barão de Serro Largo", entregue ao Instituto Histórico antes da sua
viagem à Europa, lhe abrir as portas daquela instituição. Professor, no Colégio Pedro
2º, de corografia e História do Brasil, promotor público em Nova Friburgo, deputado por
Mato Grosso de 1869 a 1875, redactor de "A Nação", onde debateu questões da
política internacional e especialmente de limites, iniciou em 1875 a anotação da obra
traduzida de L. Schneider sobre a Guerra do Paraguai. Entrando para a carreira
diplomática, foi nomeado Cônsul Geral e, Liverpool (Inglaterra) em 1876, onde
prosseguiu nos comentários à obra de Schneider, planeou uma história militar do Brasil,
que não chegou a escrever, colaborou na "Nova Geografia Universal", de É.
Reclus, sobre tudo que se referia ao Brasil, e na "Grande Enciclopédia"
dirigida por Émile Levasseur, da qual se extraiu "O Brasil" em 1899. Nesse
mesmo ano escreveu o capítulo "Esboço da História do Brasil", de "O
Brasil em 1889" Edição de Paris. O resumo teve várias edições e
traduções. A obra firmada por Benjamin Mosse "D. Pedro 2º, Imperador do Brasil
(Edição Paris 1889), é na realidade obra do Barão do Rio Branco (mais tarde traduzida
em São Paulo Brasil). Desde 9 de Abril de 1891, quando apareceu o Jornal do
Brasil, fundado pelo seu amigo Rodolfo Dantas, iniciou a "Efemérides
Brasileiras". Em 1893 foi nomeado para defender os direitos do Brasil na questão de
limites com a Argentina, apresentando ao árbitro, o Presidente dos E.U.A Grover
Cleveland, a defesa. A vitória, obtida em 1895, preparada em menos de um ano,
significando a posse de uma área de 30.621 Km2, consagraria a capacidade de trabalho, a
competência histórico geográfica e a erudição do seu autor. Em 1898 foi
novamente nomeado para advogar a defesa da questão de limites com a Guiana Francesa. A 4
de Abril e a 5 de Dezembro de 1899, o Barão do Rio Branco assinou a "1ª
Memória" e replicou aos argumentos franceses. A sentença do 1º de Dezembro de
1900, deu a vitória ao Brasil, representando o reconhecimento da posse de 400 mil Km2 de
área. Nomeado ministro do Brasil em Berlim (Alemanha), foi convidado para assumir a pasta
das Relações Exteriores, em 1902, pelo Presidente Rodrigues Alves, resolvendo a questão
do Acre, na fronteira Brasil Bolívia, ao alcançar nova vitória, em 1903 pelo
Tratado de Petrópolis, que significava a incorporação de 191 mil Km2, os quais, somando
aos da questão com o Peru, representavam ao todo 403 mil Km2. Em 1897, quando Berna
estudava a questão com a França, publicava Rio Branco uma Memória defendendo os limites
do Brasil com a Guiana Britânica. Nas Biografias estão incluídos estudos sobre o
capitão-de-fragata Luís Barroso Pereira, o general José de Abreu, o almirante James
Norton e sobre seu pai o Visconde de Rio Branco. Nos Estudos Históricos estão
transcritos os Episódios da Guerra do Prata, Esboço da História do Brasil, O Brasil, os
Estados Unidos e o Monroismo e os Apontamentos para História do Brasil.
Rio Branco foi um estudioso
invulgar da História do Brasil, especialmente da militar e dos limites. O seu trabalho
"Efemérides Brasileiras" é um livro extraordinário, revelador de u
conhecimento minucioso e erudito. Os extensos estudos, de história e de geografia
histórica do Barão do Rio Branco, serviram-lhe de instrumentos, na prática de suas
actividades diplomáticas, para os grandes sucessos que marcaram a política exterior do
Brasil no último decénio do século XlX e primeiro decénio do século XX.
Gentileza Academia
Brasileira de Letras www.academia.org.br
Barão do Rio Branco (José Maria
da Silva Paranhos Júnior), professor, político, jornalista, diplomata, historiador,
biógrafo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de abril de 1845, e faleceu na mesma
cidade, em 10 de fevereiro de 1912. Eleito em 1o de outubro de 1898 para a Cadeira n. 34,
na sucessão de Pereira da Silva, foi considerado empossado por meio de carta, em 10 de
novembro de 1898.
Era filho de José Maria da Silva
Paranhos, o Visconde do Rio Branco, figura ímpar de estadista, que elevou tão alto o
nome do Brasil no seu tempo. Cursou o Colégio Pedro II, a Faculdade de Direito de São
Paulo, depois a de Recife. Bacharel em 1866, viajou pela Europa e, na volta, regeu a
cadeira de Corografia e História do Brasil no Imperial Colégio. Em 1869, foi nomeado
promotor público de Nova Friburgo. No mesmo ano acompanhou, como secretário da Missão
Especial, o Visconde do Rio Branco ao Rio da Prata e ao Paraguai. No mesmo caráter se
manteve, em 1870 e 1871, nas negociações da paz entre os Aliados e o Paraguai.
Regressando ao Rio, dedicou-se ao
jornalismo. Foi dirigir A Nação, juntamente com Gusmão Lobo. Em maio de 1876, Rio
Branco deixava o jornalismo, para aceitar o cargo de cônsul geral do Brasil em Liverpool.
Em 1884, recebeu a comissão de delegado à Exposição Internacional de São Petersburgo
e, depois de proclamada a República, foi nomeado, em 1891, em substituição do
conselheiro Antonio Prado, superintendente geral na Europa da emigração para o Brasil,
cargo que exerceu até 1893.
Durante a estadia na Europa,
produziu várias obras, sempre em torno da história pátria: redigiu uma Memória sobre o
Brasil para a Exposição de São Petersburgo; para o Le Brésil de SantAnna Nery,
escreveu a Esquisse de lHistoire du Brésil; apresentou contribuições para a
Grande Encyclopédie de Levasseur, na parte relativa ao Brasil; iniciou no Jornal do
Brasil a publicação das Efemérides brasileiras, acumulou material para as Anotações
à História da Guerra da Tríplice Aliança de Schneider e a Biografia do Visconde do Rio
Branco.
Em 1893, Floriano Peixoto escolheu
Rio Branco para substituir o Barão Aguiar de Andrade, falecido no desempenho da missão
encarregada de defender os direitos do Brasil ao territórios das Missões. A questão,
nos últimos dias do Império, fora submetida ao arbitramento do presidente Cleveland, dos
EUA, como resultado do tratado de 7 de setembro de 1889, concluído com a República
Argentina. Rio Branco, encarregado de advogar os pontos de vista brasileiros, apresentou
ao presidente Cleveland uma exposição, acompanhada de valiosa documentação, reunida em
seis volumes A questão de limites entre o Brasil e a República Argentina obra que em
muito contribuiu para o laudo arbitral de 5 de fevereiro de 1895, inteiramente favorável
às pretensões brasileiras.
Em 1898, foi encarregado de
resolver outro importante assunto diplomático a questão do Amapá. O Tratado de 10 de
abril de 1897 escolheu para árbitro da questão o presidente da Suiça. Rio Branco vinha
estudando a questão do Amapá desde 1895. Ao chegar a Berna, apresentou uma memória de
sete volumes. A sentença arbitral, de 1o de dezembro de 1900, foi favorável ao Brasil, e
o nome de Rio Branco foi colocado em plano de superioridade em relação a qualquer outro
político ou estadista brasileiro da época.
Em 31 de dezembro de 1900 foi
nomeado ministro plenipotenciário em Berlim. Em 1902 foi convidado pelo presidente
Rodrigues Alves a assumir a pasta das Relações Exteriores, na qual permaneceu até a
morte, em 1912. Logo no início de sua gestão, defrontou-se com a questão do Acre,
território fronteiriço que a Bolívia pretendia ocupar, solucionando-a pelo Tratado de
Petrópolis. A seguir, encetou negociações com outros países limítrofes cujas
fronteiras com o Brasil suscitavam questões litigiosas. Erigiu como bandeira das
reivindicações o princípio do uti possidetis solis, e foi com ele que dirimiu velhas
disputas do Brasil com quase todos os países da América do Sul.
Em 1901, a questão da Guiana
Inglesa foi resolvida, por laudo do árbitro Victor Emanuel, o rei da Itália, contra o
Brasil, apesar dos esforços e do valor intelectual do plenipotenciário brasileiro
Joaquim Nabuco. Rio Branco soube conhecer os motivos do laudo que despojava o Brasil de
uma parte do seu território. E deu a Joaquim Nabuco a compensação de nomeá-lo
embaixador do Brasil em Washington.
Veio, depois, uma série de
tratados memoráveis: em 1904, com o Equador; em 1906, com a Guiana Holandesa; em 1907,
com a Colômbia; em 1904 e 1909, com o Peru; em 1910, com a Argentina. Ficavam definidos,
de um modo geral, os contornos do território brasileiro, assim como, com pequenas
alterações, ainda hoje subsistem.
Além da solução dos problemas de
fronteira, Rio Branco lançou as bases de uma nova política internacional, adaptada às
necessidades do Brasil moderno. Foi, nesse sentido, um devotado pan-americanista,
preparando o terreno para uma aproximação mais estreita com as repúblicas
hispano-americanas e acentuando a tradição de amizade e cooperação com os Estados
Unidos.
Ao se fundar a Academia, em 1897,
Rio Branco se encontrava ausente do país. Talvez por essa razão não foi ele um dos
fundadores da casa. Seu nome esteve, entretanto, desde logo lembrado para uma das vagas
que ocorressem. Em 1898, ocorria o falecimento de Pereira da Silva. Rio Branco foi eleito
para essa vaga. Foi o segundo acadêmico eleito (o primeiro foi João Ribeiro), mas não
chegou a tomar posse.
Obras: Efemérides brasileiras
(1893-1918); A questão de limites entre o Brasil e a República Argentina, 6 vols.
(1894); A questão de limites entre o Brasil e a Guiana Francesa, 7 vols. (1899-1900);
numerosas obras de história do Brasil, história diplomática, biografias, séries de
comentários concernentes às questões de fronteira.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro -
Marinha Grande - Portugal
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