Dia Mundial da Terra
22 de Abril 

          A Terra é o terceiro planeta em órbita do Sol, depois de Mercúrio e Vénus, e anterior a Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno e Plutão. Possui um satélite natural, a Lua.
          Entre os planetas do Sistema Solar, a Terra tem condições únicas: mantém grandes quantidades de água, tem placas teutónicas e um forte campo magnético. A atmosfera interage com os sistemas vivos. A ciência moderna coloca a Terra como único corpo planetário que possui vida. Alguns cientistas como James Lovelock consideram que a Terra é um sistema vivo chamado Gaia.
          O planeta Terra tem aproximadamente uma forma esférica, mas a sua rotação causa uma deformação para a forma elipsóide (achatada aos pólos).
         
          O Dia Mundial da Terra foi criado em 1970 quando o Senador norte-americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição. É festejado em 22 de abril e a partir de 1990, outros países passaram a celebrar a data.
          Sabe-se que a Terra tem em torno de 4,5 bilhões de anos e existem várias teorias para o "nascimento" do planeta. A Terra é o terceiro planeta do Sistema Solar, tendo a Lua como seu único satélite natural. A Terra tem 510,3 milhões de km2 de área total, sendo que aproximadamente 97% é composto por água (1,59 bilhões de km3). A quantidade de água salgada é 30 vezes a de água doce, e 50% da água doce do planeta está situada no subsolo.
          A atmosfera terrestre vai até cerca de 1.000 km de altura, sendo composta basicamente de nitrogénio, oxigénio, argónio e outros gases.
          Há 400 milhões de anos a Pangéia reunia todas as terras num único continente. Com o movimento lento das placas tectónicas (blocos em que a crosta terrestre está dividida), 225 milhões de anos atrás a Pangéia partiu-se no sentido leste-oeste, formando a Laurásia ao norte e Godwana ao sul e somente há 60 milhões de anos a Terra assumiu a conformação e posição atual. dos continentes.
          O relevo da Terra é influenciado pela acção de vários agentes (vulcanismo), abalos sísmicos, ventos, chuvas, marés, acção do homem) que são responsáveis pela sua formação, desgaste e modelagem. O ponto mais alto da Terra é o Everest no Nepal/ China com aproximadamente 8.848 metros acima do nível do mar. A Terra já passou por pelo menos 3 grandes períodos glaciais e outros pequenos.
          A reconstituição da vida na Terra foi conseguida através de fósseis, os mais antigos que conhecemos datam de 3,5 bilhões de anos e constituem em diversos tipos de pequenas células, relativamente simples. As primeiras etapas da evolução da vida ocorreram em uma atmosfera anaeróbia (sem oxigénio).
          As teorias da origem da vida na Terra, são muitas, mas algumas evidências não podem ser esquecidas. As moléculas primitivas, encontradas na atmosfera, compõe aproximadamente 98% da matéria encontrada nos organismos de hoje. O gás oxigénio só foi formado depois que os organismos fotossintetizantes começaram suas actividades. As moléculas primitivas se agregam para formar moléculas mais complexas.
          A evidência disso é que as mitocondrias celulares possuam DNA próprio. Cada estrutura era capaz de se satisfazer suas necessidades energéticas, utilizando compostos disponíveis. Com este aumento de complexidade, elas adquiriram capacidade de crescer, de se reproduzir e de passar suas características para as gerações subsequentes.
          A população humana atual. da Terra é de aproximadamente 6 bilhões de pessoas e a expectativa de vida é em média de 65 anos.
          Para mantermos o equilíbrio do planeta é preciso consciência dessa importância, a começar pelas crianças. Não se pode acabar com os recursos naturais, essenciais para a vida humana, pois não haverá como repô-los. O pensamento deve ser global, mas a acção local, como é tratado na Agenda 21.
          (Marina Silva)

          A Terra no princípio da nossa Era
          O conhecimento que temos do Universo é pequeno em várias maneiras. Mas ainda é enorme considerando que estamos a olhar para ele por apenas tubos de cartão, plástico e ferro num calhau flutuante no meio deste infinitésimo (ou não?) todo, durante vidas e vidas que passam, eras e eras que vão ficando, passando por civilizações e tempos perdidos, e que são apenas um suspiro na vida do Universo.
          O nosso conhecimento e compreensão de hoje é baseado na acumulação de toda a informação junta e deduzida pela humanidade ao longo de milhares de anos. Como tijolos que formam uma casa, cada pedaço de conhecimento tem sido empilhado em cima de outros pedaços, para formar a nossa ainda incompleta "Casa de Compreensão". A história humana inclui histórias e feitos incríveis de ingenuidade, esperteza, inteligência, destreza e coragem, que fazem parte deste imenso esforço acumulado por compreender. Nenhuma destas histórias é mais fantástica que a do antigo cientista grego e autor chamado Eratosthenes. Sem nenhum dos instrumentos modernos de hoje, Eratosthenes, que vivia na antiga Cidade Egípcia da Alexandria no sec. III A.C., conseguiu determinar que a Terra era realmente redonda. E fê-lo numa época em que isto era rejeitado por pessoas comuns e mesmo cientistas. Ainda mais espectacular, ele conseguiu determinar com um alto grau de certeza o tamanho actual da Terra, menos a sua circunferência. E fê-lo apenas com um pau de madeira!
          Erastosthenes leu que na cidade Egípcia do Sul, Syene (agora Aswan), ao meio-dia no dia do solstício de verão de cada ano (agora a 21 de Julho), o Sol encontrava-se a um ângulo em que as colunas do templo não tinham sombra. Ele não o sabia naquela altura, mas a razão disso é que Syene estava directamente na latitude de 23,5 graus Norte (chamado Trópico de Câncer), onde o Sol passa, de facto, directamente em pico ao meio-dia no dia do solstício de Verão, fazendo com que as sombras dos objectos verticais desaparecessem por breves minutos. Ele ficou curioso acerca deste facto, e se acontecia o mesmo onde ele vivia, e se não acontecia, porquê?
          Ele descobriu que no mesmo dia e á mesma hora, paus e objectos verticais tinham sombra na Alexandria. Como era possível que no mesmo instante não houvesse sombra em Syene e houvesse na Alexandria? A única resposta possível que ele viu era que a superfície da Terra fosse curva, fazendo com que os ângulos dos raios do sol sejam diferentes em locais diferentes. Ainda mais, ele conjecturou que, quanto maior a curvatura, maior a sombra.
          A diferença no comprimento das sombras entre Syene e Alexandria indicavam que a diferença no ângulo dos raios do sol entre as duas cidades era de 7,2 graus. Erastosthenes sabia que a distância entre Alexandria e Syene era de cerca de 800Km. Concluindo que a Terra era redonda (e que grande conclusão era nessa altura) usou métodos matemáticos relativamente simples para calcular que se 800Km de distância resultava em aproximadamente 7,2 graus de curvatura, então seriam necessários aproximadamente 40.000Km de distância para obter 360 graus de curvatura, ou seja, uma volta completa. Então Erastosthenes era a primeira pessoa na história humana a medir o tamanho de um planeta! Apenas motivado pela simples curiosidade e persistência humana para compreender, Erastosthenes determinou o tamanho da Terra apenas com um simples pau, e com o melhor instrumento astronómico que existe, o seu cérebro.

          Os seres na evolução da Terra

          Era Pré-Cambriana – 570 milhões
          Os cientistas criaram uma escala de tempo que divide a história da Terra em eras. Estas eras, por sua vez, são divididas em períodos, os quais se dividem em épocas. A mais longa dessas divisões temporais foi a era Pré-Cambriana. Ela se estendeu desde o início da Terra, cerca de 4,6 bilhões de anos, até aproximadamente 570 milhões de anos atrás. Durante esse tempo, a vida no mar se desenvolveu desde as minúsculas e gelatinosas bolhas flutuantes até os primeiros vermes.
          Era Paleozóica - Cambriano – 500 milhões de anos
          Animais providos de conchas ou de outros revestimentos duros aparecem nos mares.
          Ordoviciano – 430 milhões de anos
          Corais constroem recifes pedregosos em mares quentes e pouco profundos. Ouriços-do-mar se desenvolvem e aparecem os primeiros peixes sem barbatanas e mandíbulas.
          Siluriano – 395 milhões de anos
          Peixes de diferentes grupos, com barbatanas, aparecem no mar e já podem nadar. Na terra, as primeiras plantinhas começam a crescer.
          Devoniano – 345 milhões de anos
          Também chamada "idade dos peixes", com tubarões e muitos outros tipos de peixes se multiplicando nos mares. Insectos e anfíbios aparecem rastejando sobre a terra.
          Carbonífero – 280 milhões de anos
          Samambaias gigantes crescem em pântanos cobertos de vapor, enquanto anfíbios gigantes caçam enormes libélulas. O carvão, que usamos como combustível, começa a se formar neste período.
          Permiano – 225 milhões de anos
          Répteis se desenvolvem em vários grupos e começam a tomar conta da terra. Os trilobitas, formados no período Cambriano, foram aos poucos desaparecendo do mar.
          Era Mesozóica - Triássico – 193 milhões de anos
          O apogeu da Idade dos Répteis. Muitas espécies se desenvolvem na Terra. A mais importante delas é a dos dinossauros. Outros répteis se adaptam à vida no mar.
          Jurássico – 136 milhões de anos
          Os dinossauros, os maiores animais terrestres de todos os tempos, reinam nesse período. Surgem as primeiras aves.
          Cretáceo – 64 milhões de anos
          Dinossauros continuam ocupando a Terra. Ocorre a evolução das plantas, que passam a ter flores. No fm deste período, porém, todos os dinossauros e muitas outras espécies foram extintos.
         
          Era Cenozóica - Paleoceno – 54 milhões de anos
          Pequenos mamíferos se desenvolvem rapidamente e se espalham pelos diversos ambientes terrestres.
          Eoceno – 33 milhões de anos
          Os mamíferos se tornam maiores e mais numerosos. No mar, enormes baleias aparecem. Na terra, grandes pássaros caçadores e até morcegos se desenvolvem.
          Oligoceno – 26 milhões de anos
          A maioria dos mamíferos que existem até hoje se estabeleceu nesta época. Por outro lado, pássaros gigantes, incapazes de voar, foram extintos.
          Mioceno – 7 milhões de anos
          O clima se torna seco. As florestas ficam mais escassas e as pradarias se expandem. Cavalos, cervos, rinocerontes e elefantes se alimentam nas planícies. Surgem os primeiros hominídeos (fósseis datam 3,5 milhões de anos).
          Plioceno – 2 milhões de anos
          A maioria dos animais terrestres – insectos, répteis, pássaros e mamíferos – são semelhantes aos de nossa época. No mar, os peixes com ossos se tornam o grupo marinho mais importante.
          Pleistoceno – 10 mil anos
          Alguns mamíferos conseguem sobreviver ao frio desta época graças ao seu "casaco de pele". Plantas e animais tropicais se deslocam para o norte.
          Holoceno – até hoje
         
          A Terra e a Vida
          Assim como a luz atravessa o espaço, as rochas atravessam o tempo, trazendo até nós fósseis que testemunham os estágios anteriores da vida. Quando a Terra atingiu a idade de 1,5 bilhões de anos (3 bilhões de anos atrás), já existiam macro-moléculas compostas por milhões de átomos. Uma delas, a do DNA, tinha a interessante capacidade de se reproduzir (pequena estrutura filamentar na parte inferior da imagem da Terra). Nascia a vida na Terra, em forma de bactérias. Pouco sabemos sobre isso, mas imaginamos que ocorreu por uma causa natural, intrínseca às leis da matéria e energia. Os ingredientes parecem ter sido o material carbonado existente nos oceanos submetido a relâmpagos incessantes. Há mais de meio século já se conseguiu produzir em laboratório os componentes básicos da vida (aminoácidos) seguindo uma receita parecida: descargas eléctricas num recipiente contendo amónia e metano. É provável que isto tenha ocorrido em uma infinidade de outros planetas esparramados pelo céu. Algumas dúzias deles já foram descobertos, mas se imagina que milhões deles orbitam estrelas parecidas com o Sol e têm composição química igual à da Terra. É mais aceitável pensarmos que somos parte da regra que da excepção. A vida na Terra se espalhou como uma praga. (a sequência de leitura acompanhando o tempo vai de baixo para cima, em cada imagem da Terra e continua na imagem seguinte). Há 2 bilhões de anos formam-se as primeiras células que se alimentavam por fotossíntese. Há 1,6 bilhões de anos, numa atmosfera rica em Oxigénio, a respiração aeróbica se torna dominante. Mais um pouco e eis que as células se diferenciam em sexos e formam organismos pluricelulares. A separação em sexos permite grande diversidade biológica e adaptação a diferentes ecossistemas. A vida se ramifica em animais e vegetais e povoa os oceanos. Há 550 milhões de anos aparecem os corais, as esponjas, os trilobitas e os invertebrados, que passam por uma vasta diversificação. Há 440 milhões de anos, as plantas saíram da água e colonizaram os continentes, ao mesmo tempo em que surgiam os primeiros peixes. Há 360 milhões de anos, os anfíbios, depois os répteis também ocupam a terra firme. Os insectos fazem o mesmo e são tão bem sucedidos que somam 3/4 de todas as espécies vivas. Há 270 milhões de anos os dinossauros começam o seu reinado, que foi abruptamente interrompido há 64,5 milhões de anos atrás, aparentemente pela queda de um grande meteoro. Há 135 milhões de anos surgiam as primeiras aves. Há 100 milhões de anos aparecem as flores e os frutos, permitindo uma diversificação dramática das plantas. Com a morte dos dinossauros, os mamíferos até então de pequeno porte, encontram espaço para crescer e evoluir, dando origem, em poucos milhões de anos, aos primatas. As gramíneas começam a se espalhar, formando pradarias, que são ecossistemas colossais. Há 4,2 milhões de anos, um ramo dos primatas desce das árvores e passa a andar sobre dois pés. Com as mão livres para outras tarefas os hominídeos adquirem vantagens sobre seus competidores no domínio do meio ambiente (figura humanóide de pé comendo frutos). Há 2 milhões de anos adquire capacidade de construir instrumentos de pedra e há 400 mil anos domina o fogo. Num ramo paralelo ao que originou o homem moderno, Homo de Neanderthal , se desenvolve lentamente ao longo de 600 mil anos, vivendo em grupos e com capacidade para emitir um número limitado de palavras.

          As formigas são habitantes muito antigos da Terra
          As formigas apareceram no planeta Terra há cerca de cem milhões de anos. Depois de todo esse tempo converteram-se em um de seus habitantes mais representativos, donas de uma prática social que não deixa de assombrar igualmente estudantes, estrategistas, engenheiros, psicólogos e cientistas. Estes pequenos animais são estudados por uma disciplina científica especial, conhecida como mirmecologia. Não é raro também que sejam objecto de pesquisa, porque, depois de tudo, a palavra "formiga" agrupa cerca de 20 mil espécies que representam, aproximadamente, 20% da biomassa do planeta.
          Segundo a classificação científica, são membros da família formicidae, da ordem ymenóptera. Uma de suas características mais conhecidas é que pertencem a um grupo de seres conhecidos como "insetos sociais". As formigas constróem espectaculares formigueiros, onde estabelecem comunidades, em cujo interior cada uma tem uma função. Para alguns teóricos, assim se consegue colocar em funcionamento um virtual "superorganismo".
          As colónias de formigas nascem com a fecundação de uma rainha. A fascinação causada pela capacidade, lealdade, especificidade e perfeição do trabalho das formigas levaram alguns humanos a criarem colónias artificiais, para melhor estudá-las. Na Internet há portais sobre as formigas, sites educativos onde se revisa a complexa existência destes pequenos seres, e alguns sites que tratam de espécies específicas, com a formiga de fogo, considerada uma praga nos Estados Unidos.
          Para conhecimento do interior da Terra é preciso efectuar muitas observações e consequentes estudos. Sabe-se que a Terra tem, em média, 6.400 Km de raio e, portanto, um estudo directo não poderá ir além de pequenas profundidades. De facto, para além das milhares de sondagens que se tem feito para prospecção de jazigos de petróleo e outros minerais as quais não excedem geralmente a profundidade de 2.500 metros (quando ultrapassam esta profundidade dizem-se ultraprofundas e não ultrapassam os 9.000 metros), efectuaram-se algumas sondagens ultraprofundas com o objectivo de se conhecer a constituição do interior da Terra. Contudo, a perfuração mais profunda atingiu a profundidade de 12.023 metros, realizada, em 1984, na Península de Kola (ex-URSS), o que corresponde a 0,19% do raio da Terra. A perfuração de poços de grande profundidade permite que se realizem importantes investigações no domínio da petrologia, paleontologia, geoquímica e geofísica. As minas que se destinam à exploração de recursos minerais não excedem os 4 Km de profundidade.
          O estudo aprofundado dos afloramentos rochosos à superfície são de grande importância para o conhecimento da estrutura interna da Terra. Algumas rochas que têm a sua origem em profundidade podem aflorar à superfície. Para isso é necessário que sejam submetidas a forças que as façam ascender e, posteriormente, sejam postas a descoberto pela erosão. O vulcanismo, no seu sentido limitado, é um fenómeno superficial, pois os produtos emitidos na superfície e a formação do aparelho vulcânico podem ser observadas directamente. Mas as causas do vulcanismo são de origem profunda. A matéria fundida (magma) que alimenta os vulcões forma-se no interior da Terra em consequência de perturbações do equilíbrio normal.
          Para as zonas que ultrapassam os processos de observação directa, há que recorrer a outros métodos, chamados indirectos, como por exemplo o magnetismo, a sismicidade, o estudo dos meteoritos e a astrogeologia, a fim de conhecer o que se passa naquelas zonas do nosso planeta.
          A análise sismológica dos muitos sismos ( tremores de terra ) que ocorrem em todo o planeta Terra, em regiões, actualmente, bem conhecidas, foi um dos principais métodos que levou à concepção de um modelo para a estrutura da Terra. Para que possamos perceber, não só como foi concebido o referido modelo mas também o próprio modelo, teremos que ter em conta alguns conceitos básicos de sismologia.
          Sismos são abalos naturais da crosta terrestre que ocorrem num período de tempo restrito, em determinado local, e que se propagam em todas as direcções ( Ondas Sísmicas ), dentro e à superfície da crosta terrestre, sempre que a energia elástica ( movimento ao longo do plano de Falha ) se liberta bruscamente nalgum ponto ( Foco ou Hipocentro ). Ao ponto que, na mesma vertical do hipocentro, se encontra à superfície terrestre dá-se o nome de Epicentro, quase sempre rodeado pela região macrossísmica, que abrange todos os pontos onde o abalo possa ser sentido pelo Homem.
          A energia libertada no foco de um sismo propaga-se em todas as direcções sob a forma de ondas elásticas, designadas por ondas sísmicas, que se deslocam com uma velocidade determinada (velocidade de propagação),e segundo a direcção de propagação. Em meios de composição homogénea, que não é o caso da Terra, as ondas sísmicas são, em todos os pontos equidistantes, sendo um raio sísmico, por analogia com um raio luminoso, toda e qualquer normal à superfície da onda. Deste modo é possível admitir que a energia sísmica se propaga ao longo dos raios sísmicos. Na Terra, devido à sua composição heterogénea, o trajecto (raio sísmico) das ondas sísmicas é, regra geral, curvilíneo.
          As ondas sísmicas propagam-se através dos corpos por intermédio de movimentos ondulatórios, como qualquer onda, dependendo a sua propagação das características físico-químicas dos corpos atravessados.
          As ondas que se geram nos focos sísmicos e se propagam no interior do globo, designadas ondas interiores, volumétricas ou profundas (1 e 2), e as que são geradas com a chegada das ondas interiores à superfície terrestre, designadas por ondas superficiais (3 e 4).
          As ondas interiores, são de dois tipos: 1) Ondas primárias, longitudinais, de compressão ou simplesmente ondas P - correspondem a um movimento vibratório em que as partículas dos materiais rochosos oscilam para a frente e para trás , na mesma direcção de propagação do raio sísmico, comprimindo e distendendo as rochas alternadamente; a direcção de vibração das partículas é a mesma da propagação da superfície de onda; são as mais rápidas e, portanto, as primeiras a atingir a superfície terrestre, daí também a designação de ondas primae. 2) Ondas transversais, de cisalhamento ou simplesmente ondas S - provocam vibrações nas partículas numa direcção perpendicular ao raio sísmico , isto é, as partículas que transmitem as ondas vibram perpendicularmente à direcção de propagação da onda; propagam-se com menos velocidade do que as ondas P, atingindo a superfície terrestre em segundo lugar, sendo, também, designadas por ondas secundae.
          As ondas P propagam-se nos meios sólidos, líquidos e gasosos, havendo variação de velocidade quando passam de um meio para o outro, enquanto as ondas S apenas se propagam nos meios sólidos. A velocidade das ondas P e S varia com as propriedades das rochas que atravessam, nomeadamente com a sua rigidez e com a sua densidade.
          Com a chegada das ondas interiores à superfície geram-se ondas superficiais que são, em geral, as causadoras das destruições provocadas pelos sismos de grande intensidade. Nas ondas superficiais distinguem-se dois tipos: 1) Ondas de Love ou ondas L, que são ondas de torção, em que o movimento das partículas é horizontal e em ângulo recto (perpendicular) à direcção de propagação da onda ; 2) Ondas de Rayleigh ou ondas R, que são ondas circulares em que o movimento das partículas se produz num plano vertical àquele em que se encontra a direcção de propagação da onda . As ondas superficiais propagam-se com menor velocidade que as ondas P e S.
          Os sismógrafos são aparelhos de precisão que registam, em sismogramas, as ondas sísmicas.
         
          Em 1909, em Zagreb na Jugoslávia, André Mohorovicic, notável geofísico, depois de complicados cálculos matemáticos chegou à conclusão que uma descontinuidade separa a crosta terrestre do que se encontra por baixo; este limite, denominado em sua honra descontinuidade de Mohorovicic, descontinuidade de Moho ou descontinuidade M, situa-se a uma profundidade média de 40 quilómetros. À zona situada abaixo dessa descontinuidade chamou-se manto. A descoberta de Mohorovicic permitiu seleccionar dados com interesse para o conhecimento da estrutura da Terra.
          É de salientar que a profundidade da crosta (crusta) não é constante, variando entre os 5 e os 10 Km de espessura sob os oceanos, e entre os 20 e os 70 Km sob os continentes, sendo os valores mais elevados atingidos nas grandes cadeias montanhosas continentais.
          A diferença de velocidade de propagação das ondas P nos oceanos (7 Km/s) e nos continentes (6 Km/s) permite considerar a crusta (crosta) subdividida em dois tipos: crusta continental e crusta oceânica. Esta variação da velocidade das ondas P ao longo da crusta deve-se à variação da sua composição - a crusta continental é constituída, essencialmente por rochas graníticas (d=2,7), enquanto que a oceânica é constituída, principalmente, por rochas basálticas mais densas (d=2,9).
          Em 1906, o irlandês Oldham verificou que as ondas P registadas no pólo oposto ao epicentro de um sismo se encontravam atrasadas em comparação com as registadas nas proximidades do epicentro, propagando-se a 4,5 Km/s em vez dos 6,5 Km/s habitualmente observáveis. Oldham concluiu que "as ondas, penetrando a grande profundidade, atravessam um núcleo central composto por uma matéria diferente, que as transmite com menor velocidade". E, assim, admitiu-se pela primeira vez a existência de um núcleo, contudo, de dimensão desconhecida. Sete anos mais tarde, o alemão Beno Gutenberg consegue determinar a sua dimensão, depois de observar que, para cada sismo, existe um sector da superfície terrestre onde é impossível registar ondas sísmicas directas, isto é, ondas sísmicas que atingem a superfície terrestre sem sofrerem desvios na sua trajectória, que, no interior da Terra, é geralmente curvilínea. A esta faixa dá-se o nome de zona de sombra e a mesma situa-se a uma distância angular do epicentro compreendida entre os 105o e os 142o (103o e 143o); fazendo a conversão da distância angular em distância quilométrica, sobre a superfície terrestre, a zona de sombra de um sismo situa-se entre os 11.500 e os 14.000 Km de distância do epicentro. As estações sismográficas localizadas até 105o registavam a chegada das ondas P e S nos horários previstos; as estações situadas para além dos 142o do epicentro do sismo não registavam a chegada das ondas S (S sombra), e as ondas P (K) eram registadas com atraso em relação ao tempo previsto.
          Gutenberg demonstrou que esta zona de sombra se deve a uma descontinuidade. A análise comparada de séries de sismogramas de diferentes estações sismográficas permitiu a Gutenberg calcular a profundidade desta descontinuidade - 2.900 Km. Por este facto, a esta fronteira que assinala o início do núcleo, dá-se o nome de descontinuidade de Gutenberg.
         
          Dia Mundial da Terra (dia 22 de Abril)
          O Departamento de Geociências da Universidade de Évora, e o Centro de Geofísica de Évora, vão promover uma série de acções de divulgação, no domínio das Ciências da Terra e da Atmosfera, no dia 22 de Abril (dia mundial da Terra). Esta iniciativa pretende despertar o interesse e alertar a população para uma série de problemáticas relacionadas com a dinâmica do Planeta Terra. As acções destinam-se maioritariamente a estudantes do ensino básico e/ou secundário, de acordo com o programa indicado em baixo não sendo, no entanto, vedada a participação de cidadãos a título pessoal
          A participação a título colectivo ou individual, deve ser precedida de uma inscrição prévia, através dos contactos indicados no final do texto.
          Programa
          Dia 22 de Abril, sexta-feira, Colégio Luís António Verney
          9h - Os sismos depois do terramoto de Lisboa de 1755 (Geofísica – Palestra)
          Responsável – Prof. Bento Caldeira
          Número de participantes – até 3 turmas
          Local – Anfiteatro 3
          Duração da acção – aproximadamente 1 hora
          Público alvo – 7º ano de escolaridade ou superior
          10h – Água e Ambiente (Geologia – Palestra)
          Responsável – Prof. António Chambel Pedro
          Número de participantes – até 3 turmas
          Local – Anfiteatro 3
          Duração da acção – aproximadamente 1 hora
          Público alvo – 5º ano de escolaridade ou superior
          11h - Rochas ao microscópio - o interior das pedras (Geologia – visita a laboratórios)
          Responsável – Prof. José Carrilho Lopes
          Número de participantes – duas turmas
          Local 1 – Sala 122 (1ª turma)
          Local 2 – Laboratório 024 (2ª turma)
          Duração da acção – aproximadamente uma hora.
          Público alvo – 7º ano de escolaridade ou superior.
          12h - Os fósseis e a história da Terra e da Vida 1 (Paleontologia – acção laboratorial)
          Responsável – Profa. Ausenda Balbino
          Número de participantes – uma turma
          Local – Laboratório 023
          Duração da acção – aproximadamente 45 min.
          Público alvo – 5º e 6º anos de escolaridade.
          12.45h - Os fósseis e a história da Terra e da Vida 2 (Paleontologia – acção laboratorial)
          Responsável – Profa. Ausenda Balbino
          Local – Laboratório 023
          Número de participantes – uma turma
          Duração da acção – aproximadamente 45 min.
          Público alvo – 5º e 6º anos de escolaridade.
          14h – Causas e efeitos da erosão e degradação do solo. Desafios e estratégias para o seu combate (Geologia – Palestra)
          Responsável – Profa. Rita Fonseca
          Número de participantes – até 4 turmas
          Local – Anfiteatro 2
          Duração da acção – aproximadamente 1 hora
          Público alvo – Estudantes do ensino secundário
          15h - À descoberta da cidade de Évora (Geografia – passeio pela cidade)
          Responsáveis – Profa. Patrícia Rego e Profa. Domingas Simplício
          Número de participantes – uma turma
          Local de encontro – Parque de estacionamento do Colégio Luís António Verney
          Duração da acção – aproximadamente 1.30h.
          Público alvo – 7º ano de escolaridade ou superior.
          16h – Alterações Climáticas (Física da Atmosfera – Palestra)
          Responsável – Profa. Ana Maria Silva
          Número de participantes – até 4 turmas
          Local – Anfiteatro 2
          Duração da acção – aproximadamente 45 min.
          Público alvo – Estudantes do ensino secundário
          17h – Falhas e sismos em Portugal Continental (Geologia – Palestra)
          Responsável – Prof. António Alexandre Araújo
          Número de participantes – até 4 turmas
          Local – Anfiteatro 2
          Duração da acção – aproximadamente 1 hora
          Público alvo – Estudantes do ensino secundário
          Contactos para marcações:
          Secretariado do Departamento de Geociências da Universidade de Évora
          Tel: 266745301

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
                                                                                                                                 

 

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