Dia Mundial do Escuteiro
23 de Abril 

Ser Escuteiro - Vitor Simão

          Ser Escuteiro... É um conceito de difícil definição... Não há consensualidade nas respostas encontradas para este conceito...
          A minha opinião em relação a este conceito é muito vasta. Para mim ser escuteiro não é ir somente no dia da actividade e apresentar-se perante o grupo, pensando que assim se está a cumprir o dever de Escuteiro.
          Ser Escuteiro é pertencer a uma familia , é todos os dias viver de acordo com esses ideais, é um modo de vida.
          Ser Escuteiro é no dia a dia envergarmos sem medo a nossa farda virtual, de modo a que todos os dias quando nos deitarmos possamos pensar que em mais um dia o Escuteiro que está dentro de nós cumpriu o seu dever.
          É por isso que ninguém se deve esquecer, acima de tudo, que ser Escuteiro é um modo de vida!
          Vitor Simão - do Agrupamento 1185 Bodiosa
         
          Algumas pessoas nunca entenderão o que é ser-se escuteiro. É conhecimento geral que um escuteiro não pode mentir, que é bem-comportado e que ajuda as velhinhas a atravessarem a rua. Quando passam na rua, cantam muito e alto e ocupam a carruagem de metro inteira com as suas mochilas e violas. Ajudam a limpar aldeias quando por lá passam e até animam as missas – por vezes chegam a levar o próprio padre para aldeias que ficam para lá do sol posto e que têm missa uma vez por ano. Quando me perguntam – quer por curiosidade, quer por malícia – o que é que eu faço nas ‘actividades’ que tenho ao sábado, custa-me um pouco a explicar. Afinal, porque hei-de revelar o mundo do escutismo a quem parece não querer compreender? Acabo sempre por levantar o véu em algumas questões - as actividades ao sábado são momentos de desenvolvimento pessoal, social, religioso e físico através de actividades direccionadas ao grupo etário em que se está inserido. Quando se é lobito, as actividades são simples e visam aumentar a independência das crianças. Quando se é explorador, as actividades ainda são muito físicas, mas há um lado de descoberta, de criatividade e desenvolvimento do raciocínio ; procura-se desenvolver a responsabilidade e o trabalho de equipa. Quando se é pioneiro está-se a viver uma fase de conflitos e de mudança em todos os níveis, procurando-se, através do escutismo, ajudar a superar as dificuldades, a aceitar as perdas e a viver alegremente as vitórias. É uma altura de reflexão, de descoberta, de imposição de limites às acções e de responsabilização dos actos e escolhas. Quando se é caminheiro é-se um jovem adulto. Existem outras 'pedras' importantes na vida e os escuteiros começam a perder terreno no calendário. Mas se é caminheiro, nunca se poderá deixar de ser escuteiro, pois ser-se caminheiro é ser-se auto-suficiente, responsável, livre, disciplinado, generoso, trabalhador... é ser-se alguém que tira alegria do serviço. É dar-se profundamente ao movimento! Começa-se a dar aquilo que durante anos se recebeu. Na Oração do Escuta há um verso que diz [Senhor Jesus ensinai-me a ] « Trabalhar sem procurar descanso / A gastar-me sem esperar outra recompensa / Senão saber que faço a vossa vontade Santa ». Eu suponho que é isso que é ser-se chefe. Ainda não o sei, porque tenho 19 anos e dois anos de Clã, mas talvez um dia conseguirei sabê-lo, se aprender a gerir o meu tempo e a minha vida. Há uma altura da nossa vida em que parece termos tempo para fazer tudo, mas em que não temos idade para fazer quase nada. Se já no fim da adolescência e inicio da idade adulta não temos tempo para fazer nada, não deixa de ser verdade que continuamos a ter vontade de fazer tudo! Mas o tempo escasseia… Outros montes – mais próximos – precisam de ser escalados, e como o ser humano ainda não inventou uma maneira de fazer duas coisas ao mesmo tempo, os escuteiros são postos de lado. São parte de nós mesmos e tal como a família, esperamos que compreendam a razão pela qual os pomos de parte – porque os amamos. Mas – e há quase sempre um ‘mas’ – chegámos aos caminheiros, e nos caminheiros se não somos nós que fazemos e queremos e conquistamos, certamente não são os chefes que o fazem. Afinal de contas, o Clã são os Caminheiros que o fazem e sem caminheiros, há só uma distante memória do que é ser-se escuteiro. O problema que divide o coração de todos que amam o escutismo é – o escutismo não é ir-se aos escuteiros, é um modo de viver a vida. É intrínseco a cada célula, é uma força que nos impele a caminhar e a rodear os obstáculos que não podem ser movidos ; é uma bússola que está sempre certa, o rumo que sobre a montanha, e não aquele que a desce ; é o curso de água que serpenteia por entre as rochas e que só encontra o caminho para o mar porque se junta a outros cursos. É parte de quem somos. Nós somos o escutismo vivo e podemos viver sem ir às reuniões, e aos acampamentos. No entanto, o escutismo-instituição não vive sem membros que vão às reuniões e aos acampamentos. Precisa de ser regada todos os dias e a água de que precisa somos tão-somente todos nós. Digo que é possível ser-se escuteiro sem se ir às reuniões e actividades – porque o é. Mas nada, nada, se compara a um raid à chuva, ou à construção de uma mesa ; partilhar um almoço com o bando, patrulha ou equipa, cantar e tocar viola à volta de uma fogueira, beber leite quente, aquecido em panelas de alumínio que já foram esfregadas por (quase !) 2 gerações de escutas ; fazer serviço ao campo, vender jornais à chuva, para arrecadar dinheiro para a actividade de Verão ; e tantas outras coisas que tornam o escutismo no que ele é – um movimento de crescimento, conhecimento, partilha e amor. Nada disto significa nada se cada um de nós não dar o seu quê, não fizer a sua quota-parte, se quando chega a sua vez, abandona o movimento que o viu crescer e o ensinou. Sim, é possível ser-se escuteiro sem se ir aos escuteiros, mas não se é um verdadeiro escuteiro se não se faz tempo para ajudar a manter e construir o seu movimento.
          Mocho das Brumas
         
          Os discípulos de B.-P (Baden-Powell) - por Jacinto Silva Duro
          "Sempre alerta!"
          Vestem calções, meias até ao joelho e camisas caqui. Na cabeça, usam bêret ou um chapéu a lembrar os utilizados no século XIX pela cavalaria colonial. São uma organização democrática onde as resoluções são tomadas com o assentimento de todos, não obstante adoptarem uma postura semi-militar. Quem passa pelas suas fileiras não esquece nunca os momentos ali vividos
          Designados por escoteiros - caso pertençam à AEP-Associação de Escoteiros de Portugal - ou escutas ou escuteiros - caso pertençam ao católico CNE-Corpo Nacional de Escutas -, milhares de jovens colocam, quase todos os fins-de-semana, a mochila às costas e partem rumo à aventura.
          "Sempre alerta!", como manda o seu lema, para estes jovens dos 6 aos 22 anos, ser escuteiro é mais que uma ocupação para os tempos livres, é um modo de vida.
          "As actividades que via os escuteiros fazerem, as canções e a animação despertaram em mim o desejo de pertencer ao CNE", conta Alexandra Silva, Pioneira no agrupamento 194 do CNE, sedeado na Batalha – na região, que corresponde aos limites geográficos da diocese de Leiria-Fátima, não existem escoteiros da AEP.
          Para esta jovem de 17 anos, o tempo passado em acampamentos e outras actividades de fim-de-semana não é perdido mas "muito bem aplicado". O que se aprende no escutismo é muito importante para a vida, porque não é só teoria, mas e tem também aspectos práticos.
          "Divirto-me muito. Não só pelo facto de fazermos actividades fantásticas, mas também porque as amizades tornam-se muito fortes, adianta.
          No caso de Nicolau Roque, Caminheiro do agrupamento 1112 do Souto da Carpalhosa, Leiria, não se explica o que é ser escuteiro: "Vive-se". Para este escuteiro, "o simples estar em comunidade, a partilha e todas as coisas que vêm ligadas à farda e ao lenço contam".
          A viver a parte final do percurso escutista, Nicolau Roque vive e aplica todos os dias o imaginário do "Homem Novo" e do serviço à comunidade, específicos da Quarta Secção, a última em que se dividem os jovens escuteiros.
          "Ser Caminheiro e escuteiro significa que fazemos tudo para deixar este mundo um pouco melhor. Não somos melhores ou piores que as outras pessoas, erramos tanto como qualquer outro mas quem, à semelhança de nós, deixa tudo o que tem pra ir acampar para o nada ou ajudar as pessoas?", questiona.
          Os acampamentos e actividades, conhecidas por "caçadas" entre os Lobitos (6-10 anos), "aventuras" entre os Exploradores (10-14 anos), "empreendimentos" entre os Pioneiros (14-18 anos) e "caminhadas" entre os caminheiros (18-22 anos) são, a maior parte das vezes, carregados de fantasia e concebidos pelos mais novos na certeza que apenas o céu é o limite quando se quer fazer algo diferente. A prová-lo estão as viagens feitas de mochila às costas e de carta topográfica na mão, as regatas de jangadas ou até a aventura que por vezes é conseguir um local para dormir em pleno Inverno."

          O grande chefe
          Há, entre os mais novos, quem acredite piamente que os chefes apenas existem para mandar e para "chatear". Mas, afinal, o que são, quem são e para que servem os dirigentes dos escuteiros? Serão irmãos mais velhos, ou escuteiros que nunca cresceram?
          "Para mim são irmãos mais velhos, que estão lá sempre que precisamos. Orientam-nos e prepararam-nos para a vida", diz Alexandra Silva.
          "Para ser chefe não é preciso ser louco, mas ajuda. Não há tempo para a família e o esforço que cada vez mais nos é pedido ao nível da pedagogia e da ética podem deixar qualquer um de rastos", conta José Silva, dirigente há oito anos. O tempo de um Chefe de Unidade – expressão por que são conhecidas as secções - é passado em reuniões com a sua equipa de animação, preparando actividades e ensinamentos, cursos de aprofundamento pedagógico e outros cursos específicos, relatórios, contas, orçamentos e nas sessões ao fim-de-semana com os mais novos.
          "É recompensador", assegura Diamantino João Gonçalves, Chefe-adjunto do agrupamento 127, Leiria-Sé. Conhecido por "Balú", devido ao "Livro da selva", escrito por Rudyard Kipling, e seguido como imaginário entre os Lobitos, este dirigente é reconhecido por quase todos os escuteiros da região de Leiria. "Somos uma organização que assenta no voluntariado, na pedagogia, no contacto com a natureza, na vida em comunidade e na camaradagem", refere, adiantando que é "interessante" ver que 90 por cento dos jovens escuteiros chega à universidade. "Não estou a dizer que é um remédio certo, mas com certeza que ajuda". Escuteiro desde 1977, data em que entrou no agrupamento 46 de Algualva-Cacém, "Balú" defende que o movimento é uma escola onde os mais novos aprendem a ser melhores homens e mulheres.

          O escutismo católico
          A Associação dos Escoteiros de Portugal que representa o escotismo interconfessional e plural, foi a primeira instituição deste tipo a ser fundada em Portugal, tendo comemorado em 2003 nove décadas de existência.
          No entanto, é o CNE-Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português quem congrega maior número de elementos.
          Fundado em Braga a 27 de Maio de 1923 pelo arcebispo D. Manuel Vieira de Matos e por Avelino Gonçalves, que tinham, no ano anterior, em Roma tido os primeiros contactos com o movimento, o CNE, que ostentava na ocasião o nome de Corpo de Scouts Católicos Portugueses, sempre esteve muito ligado à Igreja Católica. Não é por acaso que um dos elementos com maior poder prático dentro de um agrupamento – unidade que corresponde aos escuteiros de uma paróquia – é o "assistente", o padre.
          A fé e os princípios cristãos a par com as destrezas manual e física, sentimento de comunidade e dos outros, e sentimento de si próprio constituem as bases educativas do escutismo. O jovem é instruído na ideia de Deus e nos princípios defendidos pela Igreja Católica.
          Num tempo de grandes mudanças na sociedade e nos valores, também o CNE está envolvido numa reestruturação e mudança de procedimentos. A estrutura nacional pretende voltar o escutismo para os desafios que hoje se colocam aos jovens, adaptando-o à actualidade. O objectivo final é a transformação do movimento numa escola cada vez mais séria, onde se aprende através da brincadeira e do jogo, valores e cidadania.

          Região pioneira
          A região de Leiria esteve desde os primeiro momentos ligada ao escutismo e muitas vezes na vanguarda do movimento. Actualmente, é chefiada pela única mulher Chefe Regional em todo o País, Margarida Marques, conta com 35 agrupamentos e foi palco do primeiro acapamento nacional de escuteiros, ou Acanac, há mais 81 anos, em Aljubarrota.
          Depois disso, recebeu a sexta e a 14ª iniciativas deste tipo, em 1938 e 1973, respectivamente. Em 1997, Valado dos Frades acolheu o 19º Acanac e, no ano seguinte, as fardas regressaram, desta vez a Calvaria de Cima, Porto de Mós, a escassos quilómetros do local onde o antigo Corpo de Scouts Católicos Portugueses acampou pela primeira vez.

          O mito do "Gigato"
          Em todos os acampamentos e actividades há histórias que se constituem como marcos e que ao serem recordadas são capazes de iluminar um sorriso na face de quem as viveu.
          No último acampamento regional, realizado no Verão passado em Pataias, foi a vez do mito do "Gigato".
          Metade girafa, metade gato branco em loiça, o "Gigato" foi a bandeira de batalha de duas facções de escuteiros e chegou a ser motivo da criação de clubes a favor e contra o "Gigato".
          "Começou por ser o símbolo do nosso campo – Tatuanchéri-, até que um dia, alguém, farto de nos ver sempre com o gato de loiça atrás e de o levarmos para o chuveiro criou o ‘Clube Anti-Gigato’", recorda Nicolau Roque, escuteiro do agrupamento 1112-Souto da Carpalhosa.
          A "guerra" atingiu o zénite com um julgamento mediado pelo chefe "Balú", com advogados de acusação e de defesa e testemunhas. No fim da sessão, o "Gigato" foi condenado a quatro anos de prisão. "Era ver os Lobitos a chorar, por causa de uma sentença ‘tão injusta’", lembra Nicolau Roque. " E tudo começou porque, o Nuno - um rapaz do meu agrupamento - passou ao pé de um contentor do lixo e viu lá o gato de loiça e levou-o para o campo. Na ocasião, todos gozaram com ele mas afinal..."
          Neste momento, depois de alguns meses de cativeiro, o "Gigato" fugiu da prisão eestá a monte. Espera-se que o "destemido animal" volte a aparecer no próximo acampamento regional, dentro de três anos.

          O fundador
          Em 22 de Fevereiro de 1857 nasceu em Londres, Robert Stephenson Smith Baden-Powell. Militar de carreira, durante a guerra do Transvaal -África do Sul-, em 1889, comandou a guarnição de Mafeking, importante entroncamento ferroviário. A cidade foi duramente atacada, durante 217 dias, pelas forças inimigas, entre os anos de 1899 e 1900. Como havia poucos soldados regulares em Mafeking, Baden-Powell treinou os cidadãos capazes de empunhar uma arma e para isso teve que organizar um grupo de adolescentes da cidade, que desempenhavam todas as tarefas de apoio, como a cozinha, comunicações e primeiros socorros.
          Terá sido este acontecimento que deu a B.-P. a ideia de criar os escuteiros como resposta ao marasmo em que a juventude inglesa se afundava.
          Mas foi com o livro "Escutismo para rapazes" que o movimento realmente arrancou.
          Um ano antes de morrer, Baden-Powell escreveu uma última carta aos milhares de escuteiros de todo o mundo. Um documento sempre recordado e posto em prática cuja mensagem principal é: "Procurai deixar o mundo um pouco melhor de que o encontrastes".
          B.-P. faleceu na madrugada de 8 de Janeiro de 1941 enquanto dormia.

          Organigrama do CNE

          I Secção:
          denomina-se "Alcateia" a unidade formada pelos bandos de Lobitos;
          a cor representativa desta secção é o amarelo
          II Secção:
          denomina-se "Grupo Explorador" a unidade formada pelas patrulhas de Exploradores;
          a cor representativa desta secção é o verde
          III Secção:
          os Pioneiros estão divididos em equipas de quatro a oito elementos;
          denomina-se "Grupo Pioneiro" a unidade formada pelas equipas de Pioneiros;
          cada equipa identifica-se com o nome de um animal, um santo da Igreja, ou um benemérito da Humanidade
          a cor representativa desta secção é o azul;
          IV Secção:
          os Caminheiros estão divididos em equipas de cinco a oito elementos;
          denomina-se "Clã" a unidade formada pelas equipas de Caminheiros;
          o patrono da IV Secção é São Paulo;
          a cor representativa desta secção é o vermelho
          Jacinto Silva Duro

          GLOSSÁRIO do ESCUTEIRO
          AA.A.G. - Associação de Antigas Guias - Associação que promove o Guidismo adulto em Portugal
         
          ABRIGO - proteção feita com ramos ou toldos para passar a noite.
          ACANTONAMENTO - actividade na qual se pernoita numa habitação.
          ADRIÇA - espia que iça a bandeira no mastro.
          A.E.M.- Associação de Escoteiros de Macau
          A.E.P.- Associação dos Escoteiros de Portugal
          A.G.P. - Associação Guias de Portugal
          ALCATEIA - secção dos lobitos
          ALERTA - divisa dos escuteiros do CNE; grita-se para chamar a atenção de outro escuteiro
          ALVORADA - fenómeno curioso e muito lento e que é a primeira coisa a acontecer num dia de acampamento
          AQUELÁ - Chefe dos lobitos
          ASPIRANTE - jovem que ainda não fez a Promessa
          AVENTURA - ramo da AGP para a faixa etária entre os 10 e os 14 anos; actividade típica da II secção
          AVEZINHA - ramo da AGP para a faixa etária entre os 6 e os 10 anos
          AZIMUTE - direcção definida em graus a partir de um ponto, sendo de 0º para norte, 90º para este, 180º para sul, etc.)
          BB.A. - boa acção diária
          BADGE - termo inglês para insígnia
          BAGUIRÁ - adjunto do Chefe dos lobitos
          BALU - adjunto do Chefe dos lobitos
          BANDEIROLA - o mesmo que totem de patrulha
          BANDO - grupo de 4 a 8 lobitos; unidade que agrega os Ninhos (de Avezinhas) de uma Companhia de Guias
          BASE - sede dos caminheiros
          BE PREPARED - original em inglês de "alerta" ou "sempre pronto"
          BERET - termo em inglês, que significa boina
          BIFURCADA - vara do caminheiro; o mesmo que Tronca
          BIVACAR - passar a noite no mato
          BIVAQUE - acampamento apenas para passar a noite
          BOA-CAÇA - termo usado entre escuteiros para desejar felicidades, bom trabalho ou boa actividade.
          BORNAL - saco de tiracolo para actividade, normalmente contendo sisal, ou material de campismo.
          BOY SCOUT - termo mais apropriado, em inglês, para traduzir "escuteiro"
          B.P. - abreviatura por que é conhecido Baden-Powell
          B.P.(um) - chapéu de escuteiro de abas largas
          B.S.A. - abreviatura de Boy Scouts of America, a associação de escuteiros dos EUA
          BUREAU MUNDIAL - secretariado mundial do escutismo, o qual serve de referência e reúne todas as associações escutistas do mundo, presentemente na Suiça
          CABANA - sede dos Exploradores
          CABEÇA - material de campo que os escuteiros muitas vezes se esquecem de levar para os acampamentos
          CABEÇA-DE-LOBO - condecoração atribuída a escuteiros do CNE que revelem assiduidade, bom comportamento e bom aproveitamento (fitas: amarela, verde, azul ou encarnada, conforme a secção a que pertença o escuteiro)
          CABIDE DE FARDA - escuteiro vaidoso e pouco trabalhador
          CADERNO DE CAÇA - pequeno livro ou caderno, feito pelo escuteiro, e onde ele aponta todas as coisas de interesse; caderno com que o escuteiro "caça"
          C.A.F. - Curso de Ajuntos de Formadores, destinado a dirigentes que participarão em cursos de formação de dirigentes (insígnia de madeira de 3 contas)
          C.A.P. - Curso de Aprofundamento Pedagógico, destinado a chefes de unidade, e relativos a uma unidade específica (insígnia de madeira de 2 contas)
          CAMINHEIROS - escuteiros com mais de 17 anos
          CAMPO-ESCOLA - campo com infraestruturas onde tradicionalmente se dá instrução a dirigentes ou guias, normalmente também usado como local de acampamento para escuteiros; em Portugal há vários: Caparica (AEP), S.Jacinto (CNE), Fraião (CNE), etc.
          CANHOTA - nome por que é conhecido o aperto de mão escutista, feito com a mão esquerda.
          CANTIL - recipiente fechado usado para transportar água nas caminhadas
          CANTINA - panelas, tachos e restante equipamento de culinária para os acampamentos
          CARAVELA - ramo da AGP para a faixa etária entre os 14 e os 17 anos
          CARICAS - insígnias de especialidade
          CAVALEIRO DA PÁTRIA - última etapa do sistema de progresso escutista; esta insígnia é concedida ao escuteiro que, para além de ter completado as provas todas da insígnia de Ouro e de ter conquistado várias especialidades, demonstre qualidades extraordinárias como escuteiro, como pessoa e como cidadão, e que os seus dirigentes o achem deveras merecedor de usar essa insígnia.
          C.D.F. - Curso de Directores de Formação, destinado aos dirigentes que irão dirigir cursos de formação de dirigentes (insígnia de madeira de 4 contas)
          CHEFE DE GRUPO - Chefe dos Exploradores ou dos Pioneiros (CNE); Chefe de Agrupamento (AEP)
          CHEFE DE EQUIPA - responsável por uma equipa de caminheiros
          CHEFIA - relacionado com os chefes ou com a equipa de animação
          CHEFIA DE CAMPO - conjunto dos chefes responsáveis pelo acampamento
          CHEFINHO - nome dado carinhosamente aos chefes
          C.I. - Curso de Introdução, destinado a todos os futuros dirigentes que nunca tenham sido escuteiros, e que devem fazer antes do CIP
          CICLO DE HOMÓGRAFO - o código homógrafo está dividido em ciclos, cada um correspondente á posição fixa de uma das bandeirolas
          C.I.P.- Curso de Iniciação Prática, que todos os dirigentes têm de fazer antes de serem investidos, no CNE
          CLÃ - secção dos caminheiros
          C.N.E. - Corpo Nacional de Escutas
          COLAR-DE-N'ÁLVARES - condecoração mais alta do CNE, atribuída a pessoas que tenham prestado serviços extraordinários e de muito valor ao CNE; é usada automáticamente pelo Chefe Nacional (fitas: branca com risca vermelha central ao alto)
          COMPROMISSO DE HONRA - o mesmo que a Promessa
          COMPANHIA - conjunto do Bando, Odisseia, Frota e Patrulhas de Moinhos da AGP; as Companhias de Guias são designadas por ordem de antiguidade e pelo nome da localidade em que estão implantadas
          COMPETÊNCIAS - insígnias diversas cujas provas obdecem a requisitos específicos de determinadas áreas e especialidades
          CONSELHO DE GUIAS - reunião da Equipa de Animação com os Guias de Patrulha, e onde se tomam decisões relativas ao Grupo; os Guias estam nesta reunião para representar as suas patrulhas;
          COPO-DE-CANTIL - copo de metal que normalmente acompanha os cantis militares e que pode servir para beber, comer, cozinhar ou despejar água no número do elefantezinho
          CORPO DE SCOUTS CATÓLICOS PORTUGUESES - nome inicial do CNE;
          CORRIDA DE AZIMUTES - jogo tradicional com um percurso feito pelo seguimento de direcções definidas por azimutes
          CROQUIS - esboço de uma área geográfica contendo as características mais importantes
          CRUZ-DE-ABNEGAÇÃO - condecoração atribuída a escuteiros do CNE que tenham posto em risco a própria vida ao tentar socorrer outras vidas (fitas: vermelha com risca amarela central ao alto)
          CURSO DE GUIAS - actividade só para guias onde lhes é dada instrução mais avançada
          DIRIGENTE - o mesmo que chefe
          DIVISÃO - grupo de escuteiros da mesma faixa etária; na AEP existem 4: Alcateia, Tribo Júnior, Tribo Sénior e Clã
          D.M.F.- Depósito de Material e Fardamento, CNE
          EÉCLAIREUR - termo francês para "escuteiro"
          EMPREENDIMENTO - actividade típica da IIIªSecção
          E.p.R. - abreviatura do livro "Escutismo para Rapazes"
          EQUIPA - grupo de 4 a 8 pioneiros ou caminheiros
          EQUIPA DE ANIMAÇÃO - equipa de dirigentes e/ou caminheiros que orientam e/ou chefiam uma secção, ou actividade
          ESCALPO - fitas com as cores da patrulha; troféu obtido pela patrulha e que é pendurado no totem da patrulha;
          ESCOLA DE GUIAS - o mesmo que Curso de Guias
          ESCOTEIRO - o mesmo que escuteiro, mas usado noutras associações, por exemplo AEP, AEM e UEB.
          ESCOTEIRO DA PÁTRIA - o mesmo que Cavaleiro da Pátria, na AEP
          ESCUTA - o mesmo que escuteiro
          ESPIA - corda utilizada para amarrações e nós
          ESCUTEIRO DE PAU E CORDA - escuteiro desalinhado e pouco sabedor
          ESCUTEIRO DE SALA - escuteiro aprumado e condecorado que só aparece em festas e cerimónias.
          ESPECIALIDADES - insígnias tipo competências atribuídas a caminheiros; antigamente, as insígnias de competência eram chamadas especialidades
          EXPLORADOR - escuteiro com idade entre os 10 e os 14 anos (CNE); tradução literal para português da palavra inglesa "scout" que significa escuteiro (ou batedor);
          FFITINHAS - fitas usadas pelos guias e sub-guias no bolso esquerdo
          FLEXÕES - exercício de meditação muito salutar destinado aos escuteiros que percam a cabeça numa formatura
          FLOR DE LIZ - emblema do escutismo; revista oficial do CNE
          FOGO DE CONSELHO - cerimónia á volta de uma fogueira, á noite, onde se apresentam canções, teatro, jogos e onde se fazem reflexões.
          FORMATURA - maneira de os escuteiros estarem numa cerimónia qualquer, sob as ordens de alguém. As formaturas mais comuns são em coluna e em ferradura.
          FOSSA - buraco feito no solo para lixo ou para servir de latrina
          FROTA - unidade da III Secção no Escutismo Marítimo; unidade que agrega as Patrulhas de Guias Caravela de uma Companhia
          GGAMBOZINO - animal de características especiais, nocturno, e que é muito difícil de caçar. Normalmente caçam-se nos acampamentos.
          GILCRAFT (SÉRIE) - série de livros editada pelo Campo Escola de Gilwell Park (Londres) dedicados a dirigentes
          GILWELL PARK - primeiro campo escola para formação de chefes
          GIRL GUIDE - termo inglês para guia, do movimento das Guias;
          GRANDE UIVO - saudação dos lobitos ao Chefe
          GRITO DE PATRULHA - saudação feita pelos escuteiros de uma patrulha; também serve para estes comunicarem entre si á noite no mato.
          GRITO DE ANIMAÇÃO - grito dado pelos escuteiros em sinal de agradecimento, aplauso ou reprovação.
          GUIA - o líder do bando, alcateia, patrulha, grupo ou equipa; rapariga pertencente à AGP.
          GUIDISMO - movimento fundado por Baden-Powell, com base no método por si criado, e que reúne apenas raparigas
          HHIPOPÓTAMO - latrina do acampamento
          HOMÓGRAFO - técnica de sinalagem por meio de um código (código homógráfico) usando bandeirolas ou mãos nuas, baseado em posições diferentes dos braços
          HORÁRIO DE CAMPO - programa com o horário das actividades de um acampamento, e que é feito de propósito para toda a gente se atrasar
          IIMPOSSÍVEL - aquilo que qualquer coisa nunca é para um escuteiro;
          INDABA - encontro de dirigentes
          INSÍGNIA DE MADEIRA - cordão de couro com contas de madeira usada pelos dirigentes que tenham concluído um curso para dirigentes tipo CAP ou CAF,
          INSÍGNIA DE MÉRITO - insígnia que se atribui ao escuteiro que tire, pelo menos, uma competência de cada área, e que só é retirada da farda quando tire a primeira especialidade no Clã.
          INSPECÇÃO - visita feita pela chefia de campo aos campos de patrulha para descobrir espaguete, papel de rebuçado e bocadinhos de salsicha no chão.
          INTENDENTE - elemento da patrulha encarregue da compra ou busca de comida ou material;
          INTER - concurso inter-patrulhas, em que as patrulhas competem entre si em diversos assuntos na disputa de um trofeu
          INVESTIDURA - compromisso para determinado cargo escutista, normalmente equivalente á promessa mas para dirigentes e caminheiros
          JJAMBOREE - acampamento internacional
          JAMBOREE-NO-AR - actividade anual que põe escuteiros de todo o mundo a comunicarem uns com os outros através de rádios de rádio-amadores, durante 48 horas.
          JARRETEIRA - liga com a cor da secção que segura as meias.
          JERRICAN - contentor de plástico para transportar água nos acampamentos.
          JUNTA - sede da Junta Regional; onde se pode comprar uniformes, livros escutistas, insígnias, etc.
          K
          LLATAS - o mesmo que cantina ou marmita
          LISTEL - sítio da insígnia associativa onde se escreve a divisa escutista
          LOBITISMO - movimento originário do escutismo e que contempla apenas lobitos
          LOBITO - escuteiro com 6-9 anos
          MARMITA - o mesmo que cantina ou latas
          MASTRO - da bandeira; tubos que sustêm o tecto da tenda;
          MEDALHA-DE-CAMPO - condecoração atribuída a escuteiros do CNE que se distingam em grandes acontecimentos da vida em campo (fitas: verde claro, com risca amarela central ao alto)
          MEDALHA-DE-HEROÍSMO - condecoração atribuída a escuteiros do CNE que tenham cometido actos de coragem e heroísmo ao socorrerem pessoas ou bens (fitas: amarela e verde)
          MOINHO - ramo da AGP para maiores de 18 anos
          MOOT - encontro mundial de caminheiros (equivalente ao jamboree)
          MORSE - código de comunicações usando pontos e traços, e que pode ser usado por diversos meios (apitos, nuvens, luz, reflexos de luz, fogueiras, piscar de olhos, etc)
          MOSQUETÃO - peça de metal com o formato de uma argola oval, com abertura, usada em montanhismo, e que se usa de cada lado do cinto de escuteiro;
          MOVIMENTO - quando se fala do movimento escutista.
          NNACIONAL - acampamento nacional com escuteiros de todo o país
          NECKER - termo inglês para lenço
          NHANHA - refeição típica feita por escuteiros em campo
          NHECA - o mesmo que nhanha
          NINHO - Grupo de 4 a 6 Avezinhas que desenvolvem em conjunto as suas actividades e sua progressão
          NÓ-DA-AMIZADE - nó em esquadria que se dá com as duas pontas do lenço durante actividades com muitos escuteiros
          NÓ-DE-MÉRITO - condecoração atribuída a escuteiros do CNE que demonstrem fidelidade á Lei, Princípios e Promessa, ser exemplo de atitudes em favor da comunidade, etc.(fitas: amarelo, verde, azul e vermelho)
          NOITE DE CAMPO - coisa que os escuteiros gostam de juntar, e que ganham por cada vez que dormem num acampamento; se ficarem acordados também ganham.
          NOVATO - o mesmo que aspirante, mais caracacterizado pela sua falta de experiência
          NOVIÇO - escuteiro que passou de secção mas que ainda não renovou a sua Promessa na nova secção
          NÚMERO - número de Fogo de Conselho, que pode ser uma canção, um jogo, uma história, uma peça de teatro, etc.
          OOLH´ Ó DÉCIMO! - recomendação feita a um escuteiro para lhe lembrar o 10º artigo da Lei do Escuta
          ODISSEIA - Unidade que agrega as Patrulhas de Guias Aventura de uma Companhia
          PPALAVRÃO - palavra, que pode ser pequenina, e que um escuteiro costuma dizer para pedir para lavar a loiça ou fazer flexões
          PASSAGEM - mudança de secção
          PATA-TENRA - escuteiro novato, inexperiente, que em campo dá mostras de não se saber desenrascar nem de trabalhar em equipa
          PATCH - termo inglês para insígnia
          PENACHO - espécie de molho de penas usada pelos chefes no chapéu BP
          PESCADINHAS - o mesmo que fitinhas
          PIONEIRISMO - arte de fazer nós e construções
          PIONEIROS - escuteiros com 14-16 anos
          PISTA - percurso marcado com sinais especiais (sinais de pista) ou com objectos, ou de qualquer outra maneira.
          PÓRTICO - construção de campo por onde os escuteiros entram para o seu campo de patrulha.
          PROGRAMA - plano para uma actividade e muito sujeita a alterações
          PROMESSA - cerimónia em que o jovem passa a ser escuteiro
          P.T. - abreviatura de pata-tenra
          QUENÉ - escuteiro do CNE chamado por outro de outra associação
          RAID - actividade em que se andam grandes distâncias a pé, normalmente de mais de 24h
          RAMO - Divisão dos membros da AGP por faixas etárias e com uma progressão adequada a cada idade. Na AGP existem quatro ramos: Avezinha, Aventura, Caravela e Moinho
          REGIONAL - acampamento com escuteiros da mesma região
          ROVER - termo em inglês para caminheiro
          SSAÍDA DE CAMPO - actividade fora da sede, com a duração máxima de um dia
          SAL - condimento que o escuteiro costuma esquecer de deitar na comida, ou cuja quantidade nunca acerta
          SCARF - termo inglês para lenço
          SCOUT - termo em inglês que significa escuteiro; batedor; explorador;
          SCOUTING FOR BOYS - "escutismo para rapazes" em inglês;
          SECÇÃO - o mesmo que divisão
          SEMPRE ALERTA PARA SERVIR - lema dos dirigentes do CNE
          SEMPRE PRONTO - divisa dos escuteiros da AEP; um "sempre pronto" é um escuteiro da AEP; grita-se para chamar a atenção de um escuteiro da AEP; revista oficial da AEP
          SEMPRE PRONTO PARA SERVIR - lema dos dirigentes da AEP ou AEM
          SENTIDO - posição que se deve tomar em sinal de respeito. É feita com os calcanhares juntos, braços ao longo do corpo, e queixo ligeiramente levantado.
          SENTIDO DE HUMOR - aquilo que nunca falta a um escuteiro
          SERVIR - lema dos caminheiros
          SISAL - tipo de corda muito usada pelos escuteiros em construções
          S.JORGE - cavaleiro-santo patrono dos escuteiros em todo o mundo
          S.M.U. - Serviço de Material e Uniformes, AEP
          TTONG QUAN - termo chinês para escuteiro
          TOTEM - conjunto da vara, bandeirola e escalpos da patrulha, usada apenas pelo guia ou seu substituto.
          TRALHA - lado da bandeira onde segura a adriça
          TRÊS-FITAS - guia de grupo ou alcateia
          TRIBO - secção dos Exploradores ou Pioneiros, na AEP
          TRIBUNAL DE HONRA - reunião dos Guias com a Equipa de Animação para julgar o acto de algum escuteiro que tenha atentado á Lei do Escuta; por norma, se o réu for um dos Guias, nenhum sub-Guia poderá participar nesse Tribunal de Honra;
          TRILHO - caminho de terra batida no meio do mato; pode ser largo para passar um carro, ou estreito para só caber uma pessoa
          TRONCA - vara do caminheiro
          UUEB - União dos Escoteiros do Brasil
          UNIDADE - o mesmo que divisão e secção; no CNE há a Alcateia, Grupo Explorador, Grupo Pioneiro e Clã
          VVEDAÇÃO - divisão normalmente feita com sisal e que delimita o campo de cada patrulha nos acampamentos
          VOLUNTÁRIO - (para lavar a loiça ou fazer flexões) escuteiro que, depois de fazer uma asneira, se oferece prontamente para uma dessas tarefas.

          Baden-Powell - O Fundador do Escotismo

          Robert Stephenson Smyth Baden-Powell (conhecido por BP) nasceu em Londres, Inglaterra, a 22 de fevereiro de 1857.
          Seu pai era o Reverendo H. G. Baden-Powell, professor em Oxford. Sua mãe era filha do Almirante inglês W. T. Smyth. Seu bisavô, Joseph Brewer Smyth, tinha ido como colonizador para New Jersey (América do Norte) mas, voltou para a Inglaterra e naufragou na viagem de regresso.
          Baden-Powell era pois descendente, por um lado, de um Ministro Evangélico, e por outro lado, de um colonizador aventureiro do Novo Mundo.

          B-P na juventude
          Seu pai morreu quando Robert tinha perto de três anos, deixando sua mãe com sete filhos, dos quais o mais velho não tinha ainda catorze anos. Havia, com frequência, momentos difíceis para uma família tão grande, mas o amor mútuo entre mãe e filhos ajudava-os a continuar para a frente.
          Robert viveu uma bela vida ao ar livre com seus quatro irmãos, excursionando e acampando com eles em muitos lugares da Inglaterra.
          Em 1870 B-P ingressou na Escola Charterhouse em Londres, com uma bolsa de estudos. Não era um estudante que se destacasse especialmente dos outros – mas era um dos mais vivos. Estava sempre metido em tudo o que acontecia no pátio do colégio, e cedo se tornou popular pela sua perícia como goleiro da equipe de futebol de Charterhouse.
          Seus camaradas da escola muito apreciavam suas habilidades como actor. Sempre que pediam, ele improvisava uma representação que fazia a escola toda morrer de riso. Tinha também vocação para a música, e seu dom para o desenho permitiu-lhe, mais tarde, ilustrar todas as suas obras.

          B-P na Índia
          Aos dezanove anos B-P colou grau na Escola Charterhouse e aceitou imediatamente uma oportunidade para ir à Índia como Subtenente do Regimento que formara a ala direita da Cavalaria na célebre "Carga da Cavalaria Ligeira" da Guerra da Criméia.
          Além de uma carreira excelente no serviço militar – chegou a Capitão aos vinte e seis anos – ganhou o trofeu desportivo mais desejado de toda a Índia – o trofeu de "sangrar o porco", caça ao javali selvagem, a cavalo, tendo como única arma uma lança curta. Vocês compreenderão como este esporte é perigoso ao saber que o javali selvagem é habitualmente citado como "o único animal que se atreve a beber água no mesmo bebedouro com um tigre".

          Combatendo na África
          Em 1887 encontramos B-P na África, participando da campanha contra os Zulus, e mais tarde contra as ferozes tribos dos Ashantis e os selvagens guerreiros Matabeles. Os nativos o temiam tanto que lhe davam o nome de "Impisa", o "lobo-que-nunca-dorme", devido à sua coragem, sua perícia como explorador e sua impressionante habilidade em seguir pistas.
          As promoções de Baden-Powell na carreira militar eram quase automáticas, tal a regularidade com que ocorriam – até que, subitamente, se tornou famoso.
          Corria o ano de 1889 e Baden-Powell tinha sido promovido a Coronel.
          Na África do Sul estava se fermentando uma agitação. As relações entre a Inglaterra e o governo da República de Transval tinha chegado ao ponto do rompimento. Baden-Powell recebeu ordens de organizar dois batalhões de carabineiros montados e marchar para Mafeking, uma cidade no coração da África do Sul. "Quem tem Mafeking, tem as rédeas da África do Sul", era um dito corrente entre os nativos, que se verificou ser verdadeiro.

          O cerco de Mafeking
          Veio a guerra, e durante 217 dias – a partir de 13 de outubro de 1899 – B-P defendeu Mafeking cercada por forças esmagadoramente superiores do inimigo, até que tropas de socorro conseguiram finalmente abrir caminho lutando para auxiliá-lo, no dia 18 de maio de 1900.
          A Inglaterra estivera de respiração suspensa durante estes longos meses. Quando finalmente chegou a notícia: "Mafeking foi socorrida" ficou louca de alegria. Procure "Mafeking" em seu dicionário de inglês e junto a esta palavra você encontrará duas outras criadas neste dia tumultuoso, derivadas do nome da cidade africana: "Maffick" e "Maffication" – significando "celebração tumultuosa".
          B-P promovido agora ao posto de Major-General, tornou-se um herói aos olhos de seus compatriotas.

          Nasce o Escotismo
          Foi como um herói dos adultos e das crianças que, em 1901, ele regressou da África do Sul à Inglaterra, para ser cumulado de honrarias e para descobrir, surpreso, que a sua popularidade pessoal dera popularidade ao livro que escrevera para militares – "Aids to Scouting" – "Ajudas à Exploração Militar". O livro estava sendo usado como um compêndio nas escolas masculinas.
          B-P viu nisto uma provocação e um desafio. Compreendeu que estava aí a oportunidade de ajudar os rapazes de sua Pátria a se desenvolverem para uma robusta varonilidade. Se um livro para adultos sobre as actividades dos exploradores podia exercer tal atracção sobre os rapazes e servir-lhes de fonte de inspiração, outro livro, escrito especialmente para os rapazes, poderia despertar muito maior interesse!
          Pôs-se, então, a trabalhar, aproveitando e adaptando sua experiência na Índia e na África, entre os Zulus e outras tribos selvagens.
          Reuniu uma biblioteca especial e estudou nestes livros os métodos usados em todas as épocas para a educação e o adestramento dos rapazes – desde os jovens espartanos, os antigos bretões e os peles-vermelhas, até os nossos dias.
          Lenta e cuidadosamente, B-P foi desenvolvendo a ideia do Escotismo.
          Queria estar certo de que a ideia podia ser posta em prática e, por isso, no verão de 1907, foi com um grupo de vinte rapazes para a Ilha de Brownsea Reuniu uma biblioteca especial e estudou nestes livros os métodos usados em todas as épocas para a educação e o adestramento dos rapazes – desde os jovens espartanos, os antigos bretões e os peles-vermelhas, até os nossos dias.
          Lenta e cuidadosamente, B-P foi desenvolvendo a ideia do Escotismo.
          Queria estar certo de que a ideia podia ser posta em prática e, por isso, no verão de 1907, foi com um grupo de vinte rapazes para a ilha de Brownsea, no Canal da Mancha, para realizar o primeiro acampamento escoteiro que o mundo presenciou.
          O acampamento teve um completo êxito.

          "Escotismo para Rapazes"
          E a seguir, nos primeiros meses de 1908, lançou em seis fascículos quinzenais o seu manual de adestramento, o "Escotismo para Rapazes" – sem sequer sonhar que este livro ia por em ação um Movimento que iria afectar a juventude do mundo inteiro.
          Mal tinha começado a aparecer nas livrarias e nas bancas de jornais o "Escotismo para Rapazes" e já surgiam Patrulhas e Tropas Escoteiras – não apenas na Inglaterra, mas em muitos outros países.

          A segunda vida de B-P
          O Movimento cresceu tanto e tanto, e tinha, em 1910, atingido tais proporções, que B-P compreendeu que o Escotismo seria a obra a que dedicaria sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que podia fazer mais pelo seu país preparando a nova geração para a boa cidadania do que preparando um punhado de homens para uma possível futura guerra.
          E, assim, pediu demissão do Exército, onde havia chegado a tenente-general, e ingressou na sua "segunda-vida" – como costumava chamá-la -, sua vida de serviço ao mundo por meio do Escotismo.

          Fraternidade mundial
          Em 1912 fez uma viagem ao redor do mundo para se por em contacto com os Escoteiros de muitos outros países. Foi este o primeiro passo para fazer do Escotismo uma Fraternidade Mundial.
          Veio a Primeira Guerra Mundial e momentaneamente interrompeu este trabalho; mas com o fim das hostilidades foi recomeçado, e em 1920 os Escoteiros de todas as partes do mundo se reuniram em Londres para a primeira concentração internacional de Escoteiros – o Primeiro Jamboree Mundial.
          Na última noite deste Jamboree, a 6 de agosto, B-P foi proclamado "Escoteiro-Chefe Mundial", pelos aplausos da multidão de rapazes.
          O Movimento Escoteiro continuou a crescer. No dia em que atingiu a "maioridade" completando vinte e um anos, contava com mais de dois milhões de membros em praticamente todos os países civilizados do mundo.
          Nesta ocasião B-P recebeu de seu Rei, Jorge V, a honra de ser elevado a Barão, sob o nome de Lord Baden-Powell of Gilwell.
          Mas, apesar deste título, para todos os Escoteiros ele continuou e continuará sendo sempre B-P, o Escoteiro-Chefe Mundial.
          O Primeiro Jamboree Mundial foi seguido por muitos outros – em 1924 na Dinamarca, em 1929 na Inglaterra, em 1933 na Hungria, em 1937 na Holanda.
          Em cada um destes Jamborees Baden-Powell foi a figura principal, tumultuosamente saudado pelos "seus" rapazes onde quer que estivesse.
          Mas os Jamborees eram apenas uma parte do esforço no sentido de se formar uma Fraternidade Mundial de Escoteiros. B-P fez longas viagens cuidando dos interesses do Escotismo, mantinha correspondência com os dirigentes escoteiros de numerosos países e continuou a escrever sobre assuntos escoteiros, ilustrando com seus próprios desenhos artigos e livros.

          Os últimos anos de B-P
          Quando suas forças afinal começaram a declinar, depois de completar oitenta anos de idade, regressou à sua amada África com a sua esposa, Lady Baden-Powell, que fora uma entusiástica colaboradora em todos os seus esforços, e que era a Chefe Mundial das "Girl Guides" (Bandeirantes) – movimento também iniciado por Baden-Powell.
          Fixaram residência no Kênia, num lugar tranquilo, com um panorama maravilhoso: florestas de quilómetros de extensão, tendo ao fundo montanhas de picos cobertos de neve.
          Foi lá que morreu B-P, em 8 de janeiro de 1941 – faltando pouco mais de um mês para completar oitenta e quatro anos de idade.
          WILLIAM HILLCOURT
          Diretor de Técnica Escoteira
          Boy Scouts of America

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
                                                                                                                                 

 

EFEMÉRIDES - índice