D. João 3º - o “Piedoso”
(governou de 1521 a 1557)


Nasceu em Lisboa no dia 06 de Junho de 1502,
e morreu a 11 de Junho de 1557

          Filho do rei D. Manuel 1º de Portugal e de D. Maria de Aragão, princesa de Espanha. João III sucedeu a seu pai em 1521.
          João III ascendeu ao trono numa altura em que Portugal se destacava entre as potências europeias do ponto de vista económico e diplomático. Durante o seu reinado Portugal adquiriu novas colónias na Ásia e começou a colonização do Brasil. João era, no entanto, extremamente religioso, facto que o tornou subserviente ao poder da Igreja e permeável à introdução da Inquisição em 1536. As consequências foram desastrosas do ponto de vista social, uma vez que provocava insegurança nos cristãos novos, e económico, visto que obrigou à fuga de muitos mercadores judeus em Portugal. A estagnação que caracterizou o seu reinado amplificou-se ainda mais pelo seu neto e sucessor, o rei Sebastião. João III morreu de apoplexia em Lisboa.
          Ainda as Descobertas:
          Nesta época continuaram os portugueses a percorrer os mares orientais e a descobrir novas terras. Foram à Nova Guiné e atingiram as costas do Japão, tendo conquistado as Ilhas Molucas, as de Celebes e de Sonda.
          D. Nuno da Cunha, governador da Índia, fundou em 1535, a fortaleza de Dio, que mais tarde sustentou dois grandes cercos, postos pelo rei de Cambaia. António da Silveira distinguiu-se em 1538, durante o primeiro cerco. No segundo, notabilizaram-se D. João de Mascarenhas e, principalmente, no auxílio que a este prestou, o valente e heróico D. João de Castro, ao tempo vice-rei da Índia (1546). D. João de Castro, marcou também pela nobreza do seu carácter: - Precisando de dinheiro para reconstruir aquela praça, que após o cerco, ficou em ruínas, pediu-o à Câmara de Goa, "entregando como garantia as suas próprias barbas, cujo elevado penhor lhe fora logo devolvido, acompanhado de palavras honrosas e da quantia solicitada".
          Começou a colonização do Brasil:
          As terras da Índia tinham sido a constante preocupação dos portugueses, a quem as suas riquezas, principalmente as especiarias, pimenta, chá, sedas, etc., seduziam e deslumbravam. Do Brasil, ninguém cuidava.
          D. João 3º, porém, guiado por uma intuição feliz, pensou de maneira diferente. Reconhecendo que o Brasil era manancial de recursos quase inesgotáveis, tratou logo de os aproveitar. Problema difícil, é certo, mas glorioso para Portugal. Em 1549, começou por fazer dividir as terras em fracções de 50 léguas, as chamadas capitanias, distribuindo-as em seguida por colonos portugueses que, pagando à Coroa certos direitos, ficaram com a obrigação de as cultivar, povoar, defender e evangelizar. Mais tarde, devido ao aumento da população e a muitos outros progressos, criou um Governo Geral e nomeou governador Tomé de Sousa, que, instalando-se na Bahia, fundou a cidade de São Salvador (Salvador), a primeira capital do Brasil (1549).
          Inquisição:
          O Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição, foi estabelecido neste reinado com assentimento do Papa Paulo 3º, por bula de 23 de Maio de 1536. Destinava-se a impedir os abusos e delitos dos hereges contra a religião Católica, ou crimes graves contra os bons costumes, e a castigar aqueles que os praticassem.
          Foi um verdadeiro desastre !
          Protecção às Letras:
          D. João 3º evidenciou sempre uma natural inclinação a favor das letras. A Universidade, que se encontrava em Lisboa desde o tempo de D. Fernando 1º, foi em 1537, transferida para Coimbra. O rei criou novos estatutos e novas faculdades, e contratou distintos professores nacionais e estrangeiros.
          Companhia de Jesus:
          Criada por Santo Inácio de Loiola, foi introduzida em Portugal a pedido de D. João 3º, em 1540. Esta instituição, que tinha por objectivo principal difundir a civilização cristã, prestou a Portugal relevantes serviços, missionando as terras que íamos descobrindo, protegendo e amparando os humildes, educando, instruindo e divulgando a Língua Portuguesa. Na Índia, tornou-se notável, pela sua acção evangelizadora, São Francisco Xavier – o "Apóstolo das Índias". No Brasil, também se distinguiram alguns missionários, tais como: os padres Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes e José de Anchieta.
          Perda de algumas praças em África:
          As dificuldades com que lutava D. João 3º para administrar e manter tão grande império espalhado por todo o Mundo, e ainda as enorme despesas que então faziam na Índia, e depois no Brasil, levaram o rei a abandonar em África, 1542, as praças de Safim e Azamor; e em 1540, Alcácer Ceguer e Arzila.
          Fundação de Macau:
          Como recompensa dos valiosos serviços prestados à China contra os piratas malaios, foi consentido pelos chefes daquele país que os portugueses ali se estabelecessem, em 1557, a ali fundassem a colónia de Macau.
          Os restos mortais de D. João 3º, repousam no Mosteiro dos Jerónimos, assim com os de seu pai. D. Manuel 1º.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
                                                                                                                                 

 

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