
Eugénio
Andrade
15 de Junho de 2005
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Eugénio de Andrade, nasceu na Póvoa da Atalaia, concelho do Fundão (Província da Beira
Baixa - Portugal). Ainda na infância veio viver para Lisboa e mais tarde deslocou-se para
Coimbra, onde terminou os estudos liceais. Mais tarde, foi para o Porto onde foi superior
de um serviço público. É considerado um dos maiores poetas portugueses contemporâneos
pela força lírica e originalidade de expressão, que alia a uma sensualidade pura mas
ardente, franca mas discreta. Os seus poemas, extremamente densos de sugestividade e de
uma concisão epigramática, celebram não os instantes de frustração da vida, mas os
momentos de plenitude em que as mais antagónicas sensações tomam belíssimas formas
transfiguradas e serenas. O conjunto da sua obra constitui o melhor do nosso imaginismo
numa profunda e segura fusão de várias escolas estético-literárias que apenas afloram
nos seus versos e que conscientemente sempre recusou seguir, como de resto recusa degradar
a sua escrita em nome de ideais políticos ou sociais, preferindo manter-se aquilo a que
Fernando Pessoa chamou "indisciplinador de almas", um poeta. Está traduzido em
inúmeras línguas estrangeiras.
Degraus de sua vida
1923 Nasce na
Póvoa de Atalaia (Beira Baixa), no dia 19 de Janeiro, o futuro poeta Eugénio de Andrade,
a quem foi posto o nome civil de José Fontinhas, rapidamente eclipsado pelo pseudónimo
com que assinou todos os seus livros, desde "Adolescente", em 1942. A mãe,
evocada em tantos dos seus poemas, chamava-se Maria dos Anjos. O pai, oriundo de uma
família rural abastada, era Alexandre. Só bastante depois do nascimento do filho é que
vieram a casar-se, mas o matrimónio durou pouco. Durante décadas, Eugénio rasurou a
figura do pai. Numa entrevista que deu ao PÚBLICO no início dos anos 90, designa-o,
ironicamente, como "o senhorito do Monte da Ribeira da Orca". Quando este,
finalmente, decide perfilhá-lo, Eugénio recusa.
1932 A mãe, a quem o pai ia
escrevendo cartas de Lisboa, muda-se para a capital. Eugénio acompanha-a.
1933 Estuda no Liceu Passos
Manuel e inscreve-se, depois, na Escola Técnica Machado de Castro, pensando seguir
Engenharia.
1935 Na biblioteca de um
vizinho, encontra obras de Eça, Junqueiro e Aquilino, e de romancistas estrangeiros, como
Dumas, Júlio Verne ou Jack London. Descobre ainda um livro de António Botto, que irá
conhecer pessoalmente e que o incitará a publicar o seu primeiro poema, depois repudiado,
"Narciso".
1936 Escreve os seus
primeiros poemas.
1938 Abandona Engenharia e
conclui os estudos liceais, excepção feita à disciplina de Matemática.
1939 Estimulado por Botto,
publica, numa "plaquette", o poema "Narciso", que ainda assina com o
seu nome civil e que cedo rejeitará.
1942 Publica
"Adolescente", o seu livro de estreia, dedicado a Pessoa, do qual apenas irá
salvar alguns poucos textos depois publicados em "Primeiros Poemas".
1943 Instala-se com a mãe
nos arredores de Coimbra. Conhece Afonso Duarte, Torga, Carlos de Oliveira e Eduardo
Lourenço.
1944 É incorporado no
serviço militar, mas, após a recruta, colocam-no nos serviços de saúde de Lisboa, e
depois de Coimbra.
1945 Publica
"Pureza", que terá o mesmo destino de "Adolescente": rejeita a obra,
mas recupera alguns poemas.
1946 Traduz e publica uma
antologia de poemas de Lorca.
1947 Sai pela primeira vez
de Portugal, viajando por Espanha, França e Holanda. Conhece Sophia de Mello Breyner
Andresen. É admitido nos Serviços Médico-Sociais, nos quais se manterá em funções,
como inspector, até 1983.
1948 É o ano da
consagração, com a saída de "As Mãos e os Frutos", que recolhe o aplauso de
críticos tão exigentes como Nemésio e Jorge de Sena.
1949 Torna-se amigo de
Mário Cesariny e priva com o grupo dos surrealistas, um movimento que poucas marcas
deixará na sua poesia.
1950 Publica "Os
Amantes Sem Dinheiro". Muda-se para o Porto. Durante décadas mora num andar da Rua
do Duque de Palmela, que só deixará para ir habitar no edifício da Fundação Eugénio
de Andrade, na Foz do Douro.
1951 Publica "As
Palavras Interditas". Conhece Pascoaes.
1952 - Em Madrid, priva com Vicente
Aleixandre e Ángel Crespo.
1956 Morre a sua mãe.
Publica "Até Amanhã", cuja edição original é ilustrada com originais de
Jean Cocteau.
1957 Publica "Coração
do Dia". Conhece Luis Cernuda, cujas cartas a Eugénio foram publicadas em Espanha,
em 1979. Jorge de Sena, de quem se tornara amigo no início da década, inclui-o nas suas
"Líricas Portuguesas".
1959 Óscar Lopes organiza
no Porto um colóquio sobre a sua poesia.
1960 Conhece Marguerite
Yourcenar, com quem se corresponderá. Lopes-Graça edita em disco as suas composições
para os poemas de "As Mãos e os Frutos".
1961 Viaja pela Galiza e
pelo País Basco. Nos anos seguintes irá sistematicamente escolher como destino de
férias a Espanha, donde era originária a sua avó.
1964 Publica "Ostinato
Rigore", que ele próprio continua a considerar, a par do posterior "Branco no
Branco", um dos seus melhores livros.
1966 Sai, na Portugália, a
primeira edição da sua obra reunida.
1968 Publica "Os
Afluentes do Silêncio" (prosa) e, na editora Inova, "Daqui Houve Nome
Portugal", uma monumental antologia de verso e prosa sobre o Porto.
1969 Traduz as "Cartas
Portuguesas" atribuídas a Mariana Alcoforado.
1971 Publica "Obscuro
Domínio" e mais uma enorme antologia, desta vez dedicada a Coimbra: "Memórias
de Alegria". A Inova, que será a sua principal editora nos anos 70, lança "21
Ensaios Sobre Eugénio de Andrade".
1972 Publica a antologia de
poesia erótica "Variações Sobre Um Corpo", uma recolha da sua própria poesia
- "Antologia Breve" - e o volume "Versos e Alguma Prosa de Luís de
Camões". Uma das reedições da sua escolha de Camões irá bater, logo após o 25
de Abril, todos os recordes de tiragens: nada menos do que meio milhão de exemplares, boa
parte deles distribuídos pelos países africanos de língua portuguesa.
1973 Publica "Véspera
da Água"
1974 Publica, em edição
bilingue (português-italiano) "Escrita da Terra e Outros Epitáfios", que
depois dividirá em dois livros, passando o segundo a chamar-se "Homenagens e Outros
Epitáfios".
1976 Publica "Limiar
dos Pássaros e a sua primeira obra de literatura infanto-juvenil: "História da
Égua Branca". A Inova e a Fundação Eng.º António de Almeida organizam uma
exposição e um colóquio para assinalar os 30 anos de trabalho literário do poeta.
1977 Com o encerramento da
Inova, a sua obra passa a ser editada pela Limiar.
1978 Publica "Memória
Doutro Rio".
1979 Publica "Rosto
Precário", uma selecção das poucas entrevistas que foi dando.
1980 Publica "Matéria
Solar". Nasce, no dia 11 de Março, o seu afilhado, Miguel.
1981 Primeiro encontro com
Jorge Luís Borges. Óscar Lopes edita um volume dedicado à poesia de Eugénio: "Uma
Espécie de Música".
1982 Publica "O Peso da
Sombra". Recebe o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago de Espada.
1983 É nomeado para a
Académie Mallarmé, de Paris.
1984 "Branco no
Branco", editado neste ano, recebe o Prémio de Poesia do Pen Club.
1985 Viaja pela Grécia. A
Câmara do Porto concede-lhe a Medalha de Mérito da cidade.
1986 Recebe o prémio da
Associação Internacional dos Críticos Literários.
1987 Edita "Vertentes
do Olhar", que recebe o Prémio Dom Dinis, da Fundação da Casa de Mateus.
1988 Publica "O Outro
Nome da Terra", ao qual é atribuído o primeiro Grande Prémio de Poesia da
Associação Portuguesa de Escritores. É homenageado com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
1989 A tradução francesa
de "Branco no Branco" vale-lhe o Prémio Jean Malrieu, para o melhor livro de
poesia estrangeira editado em França.
1991 Um grupo de amigos
decide criar a Fundação Eugénio de Andrade, garantindo o apoio da autarquia.
1992 Publica, já com a
chancela da nova fundação, que só abrirá as portas em 1995, o livro "Rente ao
Dizer". Os seus 50 anos de trabalho literário, contados desde a publicação de
"Adolescente", são comemorados com iniciativas em vários locais do país.
1993 Publica o livro em
prosa "À Sombra da Memória" e um volume sobre o Porto: "A Cidade de
Garrett". Realiza-se, em Serralves, um colóquio internacional dedicado ao poeta, com
organização de Arnaldo Saraiva e Fernando Pernes.
1994 Publica "Ofício
de Paciência". Muda-se para a casa da Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do
Douro.
1995 Publica "O Sal da
Língua". A fundação com o seu nome abre finalmente ao público. Desde então tem
promovido regularmente, entre outras actividades, encontros com poetas e romancistas.
1997 Publica "Pequeno
Formato".
1998 Publica "Os
Lugares do Lume".
1996 Recebe o Prémio
Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (Jugoslávia).
2000 É-lhe atribuído o
Prémio Extremadura de criação literária (prémio de carreira para autores da
Península Ibérica e da América Latina), o Prémio Celso Emilio Ferreiro, para autores
ibéricos, e o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.
2001 Recebe o Prémio
Camões. Em Outubro, vai publicar um novo livro, "Os Sulcos da Sede", que terá
edição simultânea em Portugal e Espanha.
José Fontinhas (nome verdadeiro de
Eugénio de Andrade) nasceu a 19 de Janeiro de 1923 em Póvoa de Atalaia, uma pequena
aldeia da Beira Baixa situada entre o Fundão e Castelo Branco, filho de uma família de
camponeses, ";gente que trabalhava a pedra e a terra". A sua infância é
passada com a mãe, que é a figura dominante de toda a sua vida e da sua poesia. O pai,
filho de camponeses abastados, pouco esteve presente, dado que o casamento, efectuado mais
tarde, durou muito pouco.
Entra para a escola da aldeia natal
aos 6 anos. Um ano depois, muda-se com a mãe para Castelo Branco. Em 1932, muda-se
novamente, agora para Lisboa, cidade onde se fixara seu pai, e onde permanece por um
período de 11 anos. Conclui, entretanto, a instrução primária. Prossegue os estudos e,
em 1935, afirma-se em si o interesse pela leitura. Passa horas a ler em bibliotecas
públicas e começa a escrever poemas.
Em 1938 escreve uma carta e envia
três ou quatro poemas a António Botto, que manifesta interesse em conhecê-lo. Em 1939
publica o seu primeiro poema, "Narciso" e, pouco tempo depois, passa a assinar
com outro nome: nasce o poeta Eugénio de Andrade.
Em 1941 faz-se a primeira
referência pública à sua poesia na conferência que Joel Serrão, seu amigo, pronunciou
na Faculdade de Letras de Lisboa, sobre "A Nova Humanidade da Poesia Nova". Um
ano depois, em Novembro, Eugénio lança o seu primeiro livro de poesia:
"Adolescente". Em 1943, o poeta muda-se novamente acompanhado pela sua mãe para
Coimbra, onde permanece até ao final do ano de 1946, altura em que se fixa novamente em
Lisboa. Entretanto, em 1944, cumpre o Serviço Militar e, após a recruta, é colocado nos
Serviços de Sáude de Lisboa mas, visto que morava em Coimbra, trata rapidamente de
transitar para lá. Fazem-se, nesse ano ainda, as primeiras traduções de poemas seus
para francês e, em 1945, a Livraria Francesa publica o seu livro "Pureza".
É com "As Mãos e os
Frutos", em 1948, que Eugénio de Andrade alcança o sucesso. A partir dessa data,
inicia-se uma carreira especialmente rica em poesia, mas também com produções nos
domínios da prosa, da tradução e da antologia. Eugénio de Andrade ergue-se ao primeiro
plano da poesia portuguesa.
Entretanto, em 1947, graças a um
amigo, ingressa nos quadros do Ministério da Saúde como inspector-administrativo dos
Serviços Médico-Sociais, onde permaneceu até 1983. Em 1950 é tranferido para o Porto,
cidade onde ainda hoje vive.
A 14 de Março de 1956 morre a sua
mãe e morre uma parte do poeta: "A minha ligação à infância é, sobretudo, uma
ligação à minha mãe e à minha terra, porque, no fundo, vivemos um para o outro".
Em 1977 inicia-se a publicação da
"Obra de Eugénio de Andrade" pela Editora "Limiar". Nasce, em 1991, a
Fundação Eugénio de Andrade, que está a reeditar toda a obra do poeta, sendo o último
volume o número 26, o livro de poesia "O Sal da Língua" (1995).
Durante os anos que se seguem até
hoje, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e
travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel
Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim
Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge
de Sena, Mário Cesariny de Vasconcelos, José Luís Cano, Ángel Crespo, Luís Cernuda,
Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes
Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros...
Publicou mais de duas dezenas de
livros de poesia. Obras em prosa, antologias, álbuns, livros para crianças e traduções
para português de grandes poetas estrangeiros (Lorca, Safo, Char, Reverdy, Ritsos,
Borges, etc...) completam até ao presente a sua bibliografia, para além de muitos
títulos traduzidos e publicados em 20 línguas e em 20 países: na Alemanha, Itália,
Venezuela, China, Espanha, no México, Luxemburgo, em França, nos Estados Unidos da
América, ...Eugénio de Andrade é, realmente - a par de Pessoa - o poeta português mais
divulgado no mundo. A sua obra tem sido, por outro lado, objecto de estudo e reflexão por
parte de escritores e críticos literários quer estrangeiros quer portugueses.
Poesias (algumas) de Eugénio de Andrade
As Amoras
O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu
país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas
silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu
é azul.
Eugénio de Andrade ("O
Outro Nome da Terra")
«»
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não
respondemos,
se alguém nos pede amor não
estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
«»
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
«»
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
«»
Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.
Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova.
«»
É na escura folhagem do sono
que brilha
a pele molhada,
a difícil floração da língua.
«»
Música, levai-me:
Onde estão as barcas?
Onde são as ilhas?
Procura a maravilha.
Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.
No brilho redondo
e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada
de melancolia.
Procura.
Procura a maravilha.
«»
A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila,
a boca espera
(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)
espera o ardor
do vento
para ser ave,
e cantar.
«»
Levar-te à boca,
beber a água
mais funda do teu ser -
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
«»
Sê tu a palavra
1.
Sê tu a palavra,
branca rosa brava.
2.
Só o desejo é matinal.
3.
Poupar o coração
é permitir à morte
coroar-se de alegria.
4.
Morre
de ter ousado
na água amar o fogo.
5.
Beber-te a sede e partir
- eu sou de tão longe.
6.
Da chama à espada
o caminho é solitário.
7.
Que me quereis,
se me não dais
o que é tão meu?
«»
Colhe todo o oiro
Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.
«»
Ainda sabemos cantar,
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou.
Um verso já não é a maravilha,
um corpo já não é a plenitude.
«»
Nunca o verão se demorara
assim nos lábios
e na água
- como podíamos morrer,
tão próximos
e nus e inocentes?
«»
Devias estar aqui rente aos meus
lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum
«»
De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos
e canta
o êxtase do dia.
«»
Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume.
Húmido de beijos e de lágrimas,
ardor da terra com sabor a mar,
o teu corpo perdia-se no meu.
(Vontade de ser barco ou de cantar.) |

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite
Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
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