Dia de Aniversário do Estado de Minas Gerais - Brasil

16 de Julho

          Minas Gerais é o quarto maior Estado do Brasil, com uma superfície de 588 384,30 km2.  Localiza-se no Sudeste do Brasil e limita-se a norte e nordeste com a Bahia, a leste com o Espírito Santo, a sudeste com o Rio de Janeiro, a sul e sudoeste com São Paulo, a oeste com o Mato Grosso do Sul e a noroeste com Goiás, incluindo uma pequena fronteira com o Distrito Federal. O Estado de Minas Gerais esta localizado entre os paralelos de 14º13'58' ' de latitude norte e 22º54'00' ' de latitude sul e os meridianos de 39º51'32' ' e 51º02'35' ' a oeste de Greenwich. É o segundo Estado mais populoso do Brasil, com 18 milhões de habitantes que se distribuem por 853 municípios, conferindo a Minas Gerais uma característica peculiar, que é ser a unidade da federação com o maior número de municípios, possuindo 32,2% municípios a mais do que o Estado de São Paulo. Os municípios mineiros são 51,2% dos existentes na região Sudeste e 15,5% dos existentes no Brasil. A capital é Belo Horizonte, com 2,2 milhões de habitantes.


Mapa do Brasil com destaque para o Estado de MG

          Este Estado, tem o seu relevo composto por cinco unidades morfológicas. O Planalto Cristalino estende-se por todo o Leste, o Sudeste e o Sul, formando serras como a da Mantiqueira e suas ramificações, como Caparaó e Aimorés, onde se encontram alguns dos mais altos picos da região Sudeste: pico do Cristal (2.798 metros), que é o ponto mais elevado de Minas Gerais; pico das Agulhas Negras (2.787 m); serra Fina (2.580 m). Os picos mais baixos do planalto, que tem altitude média de 8oo m, são a Zona da Mata e os vales dos rios Doce e Jequitinhonha. A serra do Espinhaço, começa no centro do Estado e chega até ao norte da Bahia. Com terrenos ricos em ferro, manganês, bauxita e ouro, sua altitude média é de 1.300 m. A Oeste, fica a depressão do Rio São Francisco (*), que atravessa Minas Gerais no sentido Norte-Sul, percorrida por esse curso de água. O planalto do São Francisco ergue-se a oeste da depressão e é formado por chapadões separados por vales. O planalto do Paraná situa-se no triângulo Mineiro, com altitude média de 300 m. Os principais rios deste Estado: Rio Carinhanha - Rio Doce - Rio Grande - Rio Jequitinhonha - Rio das Mortes - Rio Mucuri - Rio Paracatu - Rio Paraíba do Sul - Rio Paraopeba - Rio Paranã - Rio Paranaíba - Rio São Francisco (*) - Rio Urucuia - Rio das Velhas - Rio Verde Grande.
           
          (*) - O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra em Minas Gerais, a aproximadamente 1200 m de altitude, atravessa o Estado da Bahia, fazendo a divisa deste Estado ao norte com Pernambuco, faz a divisa natural dos Estados de Sergipe e Alagoas e desagua no Oceano Atlântico. Tem uma extensão estimada de 2.830 km. É um rio de grande importância (económica, social e cultural) para os Estados que atravessa. Folcloricamente, é citado em várias músicas (chamado popularmente de "Velho Chico") e há muitas lendas em torno das carrancas (entidades do mal) que até hoje persistem. Os trechos navegáveis estão no seu médio e baixo cursos. O maior deles, entre Pirapora e Juazeiro-Petrolina, com 1.371 km de extensão, pode ser analisado em três sub partes, devido a algumas características distintas de seus percursos.
         
 
          No decorrer do século XVl e metade do século seguinte, diversas bandeiras percorreram o território que viria a ser o actual Estado de Minas Gerais, partindo dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Dificuldades causadas pela natureza, os índios hostis e a ausência de ouro e pedras preciosas, não deram para a fixação de população. A pedido do rei de Portugal, Fernando Dias Pais, experimentado bandeirante paulista, organizou uma bandeira com a finalidade de descobrir ouro e pedras preciosas na região pouco explorada. A expedição percorreu o território durante muitos anos, e a descoberta de pedras verdes, que Fernão Dias julgou serem esmeraldas, provocou o retorno da bandeira. Esta não descobriu as riquezas desejadas, mas abriu caminhos, devassou matas e deixou diversas povoações. No último decénio do século XVll, foi finalmente descoberto ouro. Grande abundância e à superfície da terra atraíram milhares de aventureiros. Rápido mas cheio de problemas, com a hostilidade dos índios e a escassez de alimentos, o povoamento desencadeou o início do comércio, da agricultura e da pecuária. Os paulistas, primeiros descobridores do ouro, ressentiram-se da presença e do sucesso de mineiros de outras origens, a quem chamavam emboadas. Houve choques violentos de 1707 a 1710. Em Novembro de 1709, o governo de Portugal decidiu separar a região das minas do Rio de Janeiro, de que era dependente, e criar a capitania de São Paulo e Minas de Ouro. António de Albuquerque Coelho de Carvalho, nomeado governador, conseguiu pacificar a região, dando fim à guerra dos Emboadas em 1710. Em 1720, deu-se em Vila Rica (actual Ouro Preto (**)), centro da região do ouro, uma rebelião contra as Casas de Fundição e o imposto do quinto. Liderada por Filipe dos Santos, a Revolta de Vila Rica foi violentamente reprimida pelo Conde de Assumar, governador da capitania. Nessa época, Minas Gerais tornou-se o centro político e económico do Brasil, transformando-se em 1720 em capitania independente. A riqueza proveniente do ouro criou em Minas Gerais no século XVlll, uma verdadeira civilização com características peculiares. Em termos culturais e artísticos houve uma intensa actividade: a arquitectura e a escultura de Aleijadinho (***), as obras literárias de Tomás António Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. Em 1729 a descoberta de diamantes, na região do Arraial do Tijuco, - dos amores do contratador João Fernandes de Oliveira com Chica da Silva - (a actual Diamantina) e do Serro frio, aumentou a riqueza da capitania. Todavia, a desordem na exploração das minas, a extinção dos filões à superfície e a falta de recursos técnicos fizeram com que, no final do século XVlll, se iniciasse a decadência do trabalho das minas. Em 1789, a decisão da Coroa portuguesa de fazer a derrama (cobrar os impostos atrasados) foi uma das causas mais importantes da Inconfidência ou a Conjuração Mineira, liderada por Tiradentes. A população que se dedicava à indústria mineira acabou por ter que optar por outros meios de vida, como a agricultura de subsistência e a criação de gado. A Independência do Brasil em 1822, teve todo o apoio do Estado de Minas Gerais, já então com o seu traçado actual. A participação da então província na vida política da então província na vida do Império foi intensa e constante. Durante a regência, deu-se em Ouro Preto, em 1833, um movimento restaurador dominado pelo governo provincial. O movimento pela Maioridade de D. Pedro 2º encontrou fortes ressonâncias em Minas Gerais, que, em 1842, participou da Revolução Liberal, ao lado de São Paulo. Minas Gerais era a província brasileira que tinha maior número de escravos. Com a abolição da escravatura em 1888, a resistência dos proprietários em libertar seus escravos não chegou, porém, a provocar conflitos de grande monta. De 1889 a 1930, durante a República Velha, Minas Gerais, tendo quatro mineiros ocupado a presidência da República Brasileira: Afonso Pena, Venceslau Brás, Delfim Moreira e Artur Bernardes. Este Estado, teve actuação marcante na Revolução Liberal de 1930. Apoiou o poder central e lutou contra os paulistas, em 1932. Benedito Valares foi nomeado interventor e ocupou o cargo de 1933 a 1945. Dos mineiros partiu a manifestação mais concreta da insatisfação gerada pela ditadura do Estado Novo, traduzida no Movimento dos Mineiros, de 1943, que exigia a redemocratização do Brasil. Com a queda do regime de Getúlio Vargas, em 1945, Minas Gerais conheceu um período de intranquilidade que se prolongou até 1947. Com o retorno da ordem, Milton Campos foi eleito governador do Estado de Minas Gerais, dedicando-se à implantação da administração em moldes racionais. Jucelino Kubitschek de Oliveira, que se tornou Presidente do Brasil, inaugurou uma fase de dinamismo e desenvolvimento. Em 1964, Minas Gerais teve actuação decisiva no movimento que derrubou o Governo Federal. O Estado de Minas Gerais ainda mantém importante liderança política e cultural.
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          (**) - Ouro Preto : A antiga capital de Minas Gerais, situada a 89 km de Belo Horizonte, foi fundada em 1698, quando bandeirantes paulistas exploravam o território mineiro em busca de ouro. A cidade foi berço da Inconfidência Mineira, movimento que pretendia libertar o Brasil de Portugal e que culminou com a prisão de todos os conspiradores e o enforcamento de seu líder, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, em 1789. Ao lado de outros inconfidentes, como Thomaz António Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Cláudio Manoel da Costa, José Álvares Maciel e o padre Oliveira Rolim. Tiradentes escreveu uma das mais importantes páginas da História do Brasil e envolveu Ouro Preto em uma aura de história, liberdade e encantamento que permanece até hoje. Com suas ladeiras sinuosas, Ouro Preto foi reconhecida como património cultural da humanidade em 5 de Setembro de 1980, pela importância e imponência do seu acervo arquitectónico e artístico barroco, com destaque para as criações de Aleijadinho e Mestre Athaíde. Entre elas a igreja de São Francisco de Assis é considerada uma obra-prima do barroco brasileiro. Mas há ainda as igrejas de Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Carmo, a Casa dos Contos, a ponte de Marília e a casa da Baronesa.
           
          (***) - Minas Gerais reúne o mais importante acervo arquitectónico e artístico do período colonial brasileiro, preservado em cidades de fama internacional como Ouro Preto, Diamantina e Congonhas do Campo, ricas pela profusão de obras-primas do estilo barroco, nas quais se destacam o trabalho de António Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Mestre Athaíde.


          Falando de Aleijadinho: - Filho do mestre-de-obras português Manuel Francisco Lisboa e da escrava Isabel, o arquitecto, escultor e entalhador António Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, hoje Ouro Preto, e é considerado a maior expressão da arte brasileira de todos os tempos. Sua extensa obra de arquitecto, escultor, entalhador e imaginário acha-se disseminada por toda a antiga região do ouro, estando também algumas peças avulsas de sua autoria em museus e colecções particulares. A manifestação mais alta de seu talento pode, porém, ser sintetizada em realizações excepcionais como os conjuntos dos profetas e dos passos da Paixão, em Congonhas, e a concepção arquitectónica e ornamental da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto. O apelido Aleijadinho, com que ficaria conhecido em vida e na posteridade, advém de uma doença de carácter deformador, contraída por volta dos 40 anos de idade. Não se sabe ao certo em que data nasceu, 1730 ou 1738. Faleceu em 18 de Novembro de 1814 e seu corpo está sepultado na matriz de Nossa Senhora de Conceição de António Dias, em Ouro Preto.
          Outras obras de destaque são a igreja do Carmo (Sabará), o chafariz no Palácio dos Governadores (Ouro Preto) e a fachada da matriz de Santo António, em Tiradentes, apontada como sua última criação.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
                                                                                                                                 

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