
Hermes
Fontes
Nasceu
a 28 de Agosto de 1888 |

Hermes Floro Martins de
Araújo, poeta e cronista brasileiro, nasceu em 28 de Agosto de 1888, em Buquim, no Estado
de Sergipe. Formou-se em Direito, no Rio de Janeiro, e foi jornalista e funcionário
público, acabando por se suicidar na sequência da Revolução de 1930, época em que lhe
foi feita uma grosseira sindicância a que se juntou a separação de sua mulher e o
agravamento da sua surdez. A sua carreira poética foi iniciada sob excelentes auspícios
como "Apoteoses", onde patenteava, ao modo da geração realista, uma tendência
científica. Porém, a sua poesia acabou evoluindo para um intimismo crescente e uma
temática espiritualista, sendo hoje considerado um dos poetas simbolistas brasileiros.
Contribuiu, segundo Massaud Moisés, para a introdução dos versos assimétricos na
literatura do Brasil.
Faleceu no Rio de Janeiro - RJ, em
25/12/1930. Filho de lavradores, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais no Rio de
Janeiro, para onde se mudou com a ajuda do governador da Província de Sergipe. Foi
oficial de gabinete do Ministério da Viação durante o governo de Washington Luiz. Em
1908, publicou "Apoteoses", sua primeira obra poética. Em 1913 publicou
"Gênese", seu segundo livro de poesias. No mesmo ano, teve gravada pelo cantor
Roberto Roldan, na Odeon, a modinha "Constelações", parceria com Cupertino de
Menezes. Colaborou com o jornal "O Fluminense", de Niterói (RJ), e mais tarde
fundou o jornal "A Estréia", trabalhando ao mesmo tempo nos Correios e
Telégrafos. Em 1922, o cantor Bahiano lançou na Odeon, o fado-tango "Luar de
Paquetá" (*), composta dois anos antes, em parceria com Freire Júnior e que
alcançou enorme sucesso, tornando-se no ano seguinte, título de uma revista que logrou
mais de uma centena de apresentações. Regravada várias vezes, entre outros por
Francisco Alves, logrou repetir o sucesso em 1944, quando foi regravada em dueto por
Dircinha Batista e Déo, com acompanhamento de orquestra e coro. Publicou ainda os livros
de poesias Ciclo da perfeição, Mundo em chamas, Miragem do deserto, Epopéia da vida,
Microcosmo, Despertar, A lâmpada velada e A fonte da mata.
(*) A Ilha de Paquetá é visível do alto do Cristo Redentor.
"Luar de
Paquetá" é a mais conhecida das composições sobre a bucólica ilha, que inspirou
tantas outras canções e até um romance célebre, A Moreninha, de Joaquim Manoel de
Macedo. E merece essa popularidade muito mais pela melodia de Freire Júnior do que pelos
versos de Hermes Fontes. Um exagerado simbolista, o poeta impregnou a canção de imagens
afectadas como "nereidas incessantes", "hóstia azul fervendo em
chamas", "noites olorosas"... Aliás, a propósito desta imagem, há
algumas gravações em que os intérpretes - entre os quais Francisco Alves - trocam o
adjectivo e cantam "nessas noites dolorosas". Lançado em 1922, "Luar de
Paquetá" estendeu seu sucesso ao ano seguinte, quando deu nome a uma revista
teatral.
Luar de Paquetá
Freire Jr. / Hermes Fontes
Nestas noites dolorosas,
Quando o mar desfeito em rosas,
Se desfolha à lua cheia,
Lembra a ilha onde me oculto,
Onde o amor celebra em tudo,
Todo o encanto que a rodeia.
Nos canteiros ondulantes,
As nereidas incessantes,
Abrem lírios ao luar,
A água em prece burburinha,
Em redor da capelinha
E vai rezando o verbo amar.
Jardim de afetos, pombal de amores,
Humildes tetos de pescadores,
E a lua brilha - que bem nos dá -
Amar na Ilha de Paquetá !
Pensamento de quem ama
Oh que beijo ardendo em chama
Entre lábios separados,
Pensamento de quem ama,
Leva o meu radiograma
Ao jardim dos namorados,
Onde há esse paraíso
O caminho que idealizo,
Na ascensão para este altar,
Paquetá é um céu profundo
Que começa neste mundo
Mas não sabe onde acabar... |

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite
Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
|
|

|
|
|