AEROPORTO INTERNACIONAL DOS
GUARARAPES /GILBERTO FREYRE
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação
Joaquim Nabuco
Os primeiros campos de pouso do
Aeroporto dos Guararapes foram construídos nas terras que
pertenceram ao antigo Engenho Ibura. Este, no século XIX, ao ficar
de "fogo morto" (quando pára de moer), deu origem a uma povoação no
sul do Recife que cresceu e transformou-se em um subúrbio.
O nome Guararapes adveio do fato de que os campos de pouso ficavam
junto às encostas dos montes dos Guararapes, região onde foram
travadas as duas batalhas decisivas da Insurreição Pernambucana. Nas
referidas batalhas, cabe lembrar, os holandeses foram derrotados
pelas tropas brasileiras chefiadas por Fernandes Vieira, Henrique
Dias, Vidal de Negreiros, Filipe Camarão e Antônio da Silva.
Situado hoje na Praça Ministro Salgado Filho, no bairro da
Imbiribeira, o Aeroporto Internacional dos Guararapes teve a sua
construção iniciada em 1950, durante o governo do Presidente Eurico
Gaspar Dutra. Foi inaugurado, contudo, no dia 18 de janeiro de 1958,
pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.
No aeroporto, vale a pena se admirar os três murais do pintor Lula
Cardoso Ayres, retratando as paisagens, os costumes e o folclore do
Nordeste do Brasil. Os murais mostram homens e mulheres trabalhando
em um canavial; outros colhendo café e algodão; apresentam os
sertanejos, a caatinga e os bonecos de barro; a rainha e o séquito
do maracatu, as figuras do bumba-meu-boi e os caboclinhos. No
restaurante, situado no primeiro andar, observa-se outro grande
painel do autor evidenciando peixes, aves e carnes, comidas e
bebidas.
Embora um pouco escondido, há um trabalho de Francisco Brennand em
cerâmica, retratando cenas da zona rural nordestina: gado, plantas e
frutas, animais domésticos tais como cachorros e patos, mulheres
dançando, homens tocando instrumentos e crianças brincando.
Os painéis de Lula Cardoso Ayres e Francisco Brennand documentaram
quatro séculos da civilização nordestina, em suas belas cores e
formas. Existe, ainda, um painel em azulejo, de autoria de Paulo
Leite, sobre o pai e a história da aviação - Santos Dumont.
No aeroporto, há uma placa onde se lê:
A 17 de junho de 1966 aterrou neste aeroporto, em escala
extraordinária, o quadrimotor "Santa Cruz" Boing 707-320 B, da TAP
(Transportes Aéreos Portugueses) no vôo inaugural de Lisboa para o
Rio de Janeiro, termo da primeira travessia aérea do Atlântico Sul
pelos heróicos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral a 17 de
junho de 1922.
Uma outra placa registra um evento trágico ocorrido no aeroporto:
Homenagem da cidade do Recife aos que tombaram neste Aeroporto dos
Guararapes, no dia 25 de julho de 1966, vitimados pela insensatez de
seus semelhantes:
Almirante Nelson Fernandes
Jornalista Edson Régis.
Glorificados pelo sacrifício, seus nomes serão sempre lembrados,
recordando aos pósteros o violento e trágico atentado terrorista,
praticado à sorrelfa pelos inimigos da Pátria. Recife, 25 de julho
de 1967. Um pensamento que se lhes dedique valerá por um preito de
saudade.
Com a promulgação da Lei no. 10.361, em 27 de dezembro de 2001,
durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o
Aeroporto Internacional dos Guararapes passou a se chamar Aeroporto
Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, uma homenagem prestada
pelo Governo ao sociólogo e antropólogo pernambucano.
Nos últimos anos, com o aumento da demanda e a grande evolução dos
serviços aeroportuários em toda a parte, o aeroporto necessitou
passar por grandes mudanças, e suas instalações foram ampliadas e
modernizadas.
Após o término das obras, o aeroporto conta com um novo terminal de
passageiros, um edifício-garagem (em estilo pós-moderno, lembrando a
armação de um circo), com vagas para estacionar 2.020 veículos. Tem
suas pistas de pouso e decolagem ampliadas, e conta com uma área
construída de 42 mil m2. Do novo terminal sairá, também, uma
passarela rolante coberta, com 500m de extensão, que irá até a
estação do metrô.
Com os trabalhos concluídos, o Aeroporto Internacional dos
Guararapes/ Gilberto Freyre – hoje, o maior do Norte e Nordeste do
Brasil - tem capacidade para receber 5 milhões de passageiros por
ano.
Fontes consultadas:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de
Educação e Cultura, 1977.
OLIVEIRA, César Cavalcanti de. Aeroporto Internacional dos
Guararapes: considerações sobre sua expansão e modernização.
Revista Pernambucana de Desenvolvimento, Recife, v. 5, n. 1, p.
43-76, jan./jun. 1978.
ROCHA, Tadeu. Roteiros do Recife. Recife: Mousinho, 1959.