Revista "HAIKAI
- com Amor"
nº
02
Setembro 2006 |

Editora: Benedita Azevedo |
Neste segundo número da revista, daremos
continuidade às informações sobre o
HAIKAI, trazendo aos nossos leitores um
pouco mais de informação sobre sua
história e consolidação na Literatura
Brasileira.
Matsuo Bashô
No século XVII Bashô, que era um poeta
boêmio, fez escola e consolidou o haikai,
essa poesia essencialmente sintética
muito popular no Japão; porém a poesia
mais popular é a tanka, de trinta e uma
sílabas.
Bashô: 300 Anos.
Em poucos artistas veremos tão ligadas
as concepções de vida e de poesia como
em Bashô, poeta japonês falecido no
outono de 1694, há 300 anos. Encontramos
em Bashô, reunidos, os ideais do sábio
iluminado, do mestre generoso, do poeta
viajante, do humanismo confuciano e da
compaixão budista. A história de Bashô é
a história da transformação do haicai em
uma forma literária madura. E a história
do haicai é a história da influência de
Bashô, pois depois dele, ninguém mais
poderia escrever um haicai ignorando a
sua presença.
O Poema de Bashô e o Zen
H. Masuda Goga
Quase todos os que estudam haicai
acreditam que Bashô escreveu seus poemas
de acordo com a iluminação Zen.
Portanto, pensam que o haicai é uma
poesia que nasceu do zen-budismo. Mas o
próprio Bashô disse que não era bonzo
nem adepto da seita Zen, apesar da
grande amizade com o bonzo Bucchô.
Pode-se dizer que Bashô foi
espiritualmente influenciado pelo bonzo
amigo de forma profunda, tendo a sua
atitude perante a arte tornado-se cada
vez mais rigorosa e séria. Ele ficou
sensibilizado pelas vicissitudes não só
da vida humana, mas também da vida dos
outros seres vivos que habitam o
universo.
O saudoso bonzo zen Ryohan Shingu, no
livreto "Zen", no2, publicado em São
Paulo em 1968, discorreu sobre a
"tranqüilidade". Esta é uma virtude do
zen-budismo. Pensamos que Bashô queria
expressar no famoso haicai da rã um
ambiente de quietude, inspirado pelo
súbito acontecimento da natureza: um
salto de rã na água de um velho tanque.
Certa vez, lemos que este haicai foi
criticado por Kikaku, um de seus
discípulos, que sugeriu o termo "yamabuki"
(um tipo de rosa) no lugar de "velho
tanque". Mas o Mestre preferiu o
original, reforçando sua sensibilidade
poética ao referir-se à quietude que
enfrentava e ao mesmo tempo apreciava.
Reconhecemos a influência do budismo no
poema de Bashô, mas o haicai itself não
é Zen ou produto artístico do Zen.
Palestra de 14/03/1987 aos
membros do Grêmio Haicai Ipê
Arquivo de Francisco Handa
Leitura
Alguns dos livros disponíveis na praça,
em que podem ser encontrados haicais de
Bashô traduzidos para o português:
Haikais de Bashô (tradução de Olga
Savary). São Paulo, 1989, Editora
Hucitec. 82 páginas com ilustrações.
Vejamos alguns haikais de Bashô:
kare-eda ni karasu no tomare keri aki no
kure
Num galho seco,
Um corvo pousado.
Tarde de outono.
Bashô
kono michi ya yuku hito nashi ni aki no
kure
Por este caminho,
Ninguém mais passa —
Tarde de outono.
Bashô
Fonte:
www.kakinet.com
A primeira divulgação do haiku (haikai)
na literatura brasileira aconteceu em
1919. Afrânio Peixoto (1875-1947) no
prefácio do seu livro Trovas Populares
Brasileiras, além de apresentar o haikai,
explica:
"Os japoneses possuem uma forma
elementar de arte, mais simples ainda
que a nossa trova popular: é o haikai,
palavra que nós ocidentais não sabemos
traduzir senão com ênfase, é o epigrama
lírico. São tercetos breves, versos de
cinco, sete e cinco pés, ao todo
dezessete sílabas. Nesses moldes vazam,
entretanto, emoções, imagens,
comparações, sugestões, suspiros,
desejos, sonhos... de encanto
intraduzível" .
E no rodapé da página 19 do mesmo livro,
apresenta como exemplo para compreensão:
Uma pétala caída
Que torna a seu ramo:
Ah! é uma borboleta!
Sustenta ainda que por causa de sua
simplicidade e facilidade de composição,
o haiku (haikai) é produzido com toda a
naturalidade pela população em geral do
Japão. Para mostrar a concisão do haiku,
cita a famosa frase de Bashô: "Na
composição, não se vá compor demais..."
do Kyoraishô, explicando o sentido da
mesma.
Sobre as evidências históricas, se de
fato Afrânio Peixoto foi o primeiro a
introduzir o haiku no Brasil,
possivelmente haverá margem para novos
estudos. Todavia, considero um
testemunho valioso o que o poeta e
haicaísta Jorge Fonseca Júnior deixou
escrito, pouco antes do seu falecimento
em carta datada de 25 de junho de 1985
destinada ao autor destas linhas:
"Peixoto foi o admirável pioneiro da
divulgação e cultivo (digno de efetiva
consideração) do haikai no Brasil".
Se é verdade que Afrânio constitui a
presença mais importante nos primórdios
da história da difusão do haicai no
Brasil, quanto à questão de quem
divulgou primeiro o haiku em língua
portuguesa, é possível que tenha havido
outro ou outros que o antecederam.
Afrânio Júlio Peixoto nasceu no Estado
da Bahia e faleceu na cidade do Rio de
Janeiro. Escritor, médico, professor da
Faculdade de Medicina da Bahia, depois
da Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro. Crítico literário, ensaísta,
historiador, atuou em vários campos de
atividade. Numerosas obras publicadas.
Em janeiro de 1928, publicou um artigo
sobre haicai na revista Excelsior.
Texto de H. Masuda Goga: Fonte:
www.kakinet.com
NOTÍCIAS
Haicais premiados do Festival Tanabata
2006
Publicamos os haicais vencedores do
concurso de haicai em português do 28o
Festival das Estrelas (Tanabata Matsuri)
da cidade de São Paulo, realizado
durante os dias 29 e 30 de julho de
2006, no bairro da Liberdade. Os haicais
tiveram temas ligados ao Festival das
Estrelas, sendo que o julgamento foi
efetuado pelos haicaístas Edson Kenji
Iura e Francisco Handa, sob a
coordenação da Professora Rosa Yuka Sato
Chubaci. A cerimônia de premiação
ocorrerá no dia 11 de agosto de 2006, às
18h00, no auditório da Associação
Miyagui Kenjinkai, Rua Fagundes, 152,
Liberdade, São Paulo. Parabéns a todos
os participantes!
A haikaísta Benedita Azevedo, autora do
Portalcen conseguiu a 4ª classificação.
1o lugar
Irene Fuke
Cabelos branquinhos
Fazendo mil pedidos
Penduram tanzaku
2o lugar
Renata Paccola
Tanzakus amarelos
Prevalecem no bambu
Dinheiro em falta?
3o lugar
Neide Portugal
Tanzaku vermelho
Cansado de amor antigo
Desejo amor novo
4o lugar
Benedita Azevedo
Manhã nebulosa.
Tanabatas coloridos
dão o tom à festa
5o lugar
Estela Bonini
Vega e Altair
Escondidas atrás das nuvens
Não podem inspirar
O que é o Festival das Estrelas?
A cerca de 4000 anos, as estrelas Veja e
Altair foram a fonte de inspiração para
o surgimento de uma estória na China.
Uma certa princesa Orihime e o sua
amado, o pastor Kengyu, assim conhecido
pelos japoneses, ao se conhecerem
dedicaram-se apenas às paixões,
esquecendo-se completamente das suas
obrigações. Por este motivo, foram
transformados em duas estrelas e
separados pela Via Láctea, mas foi
permitido a ambos, um encontro anual, no
mês de julho. Ansiosos por este dia,
eles passaram a se dedicar ao trabalho
com mais afinco do que antes.
Baseado nessa lenda surgiu o Festival
das Estrelas.
A festa foi introduzida no Japão a
aproximadamente 1.300 anos com o nome de
Tanabata Matsuri, e a cidade de Sendai
promove esta, que é uma das maiores e
mais belas manifestações do folclore
oriental e cuja réplica passou a ser
realizada em São Paulo, desde 1979.
Nos dias de TANABATA MATSURI, as pessoas
costumam escrever os seus desejos em
pequenos papéis chamados TANZAKU e
pendurá-los em ramos de bambus
enfeitados (SASSA DAKE). Segundo a
crença, os pedidos feitos aos deuses, do
fundo do coração, serão atendidos como
forma de gratidão pela dádiva recebida..
Os Tanzaku são confeccionados em seis
cores, cada uma com uma significação:
Amarelo...............Dinheiro
Azul......Proteção dos Céus
Branco..........................Paz
Rosa..........................Amor
Verde.................Esperança
Vermelho.................Paixão
Obs.: A palavra TANZAKU não tem
plural, é assim tal a palavra pires em
português.
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Oficina de haicai – C.E.
Alcindo Guanabara – Guapimirim - RJ
O Grêmio Haicai Sabiá realiza Oficinas
12 / 08 / 2006 – Colégio Estadual
Oswaldo Cruz - Benedita Azevedo
13 / 08 / 2006 – Colégio Estadual
Barbosa Porto - Benedita Azevedo
14 / 08 / 2006 – Colégio Estadual
Alcindo Guanabara - Demétrio Sena
Praia do Anil- Magé – RJ, 03 de setembro
de 2006
Benedita Azevedo
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