REVISTA "CÁ ESPERAMOS NÓS"
 
Nº 12 - Janeiro/2007

 

 
Editor: Carlos Leite Ribeiro
Formatação e Arte: Iara Melo
 

 

PERMITA-SE - Arlinda Lamêgo

 

Permita-se
Ver o por do sol, em dia de calor...
Permita-se errar
E fazer um novo começo.
Permita-se acordar cedo
Pra ver a aurora.
Permita-se acordar tarde
E dizer que está com preguiça.
Permita-se ser criança
E se iludir de vez em quando,
Acreditar no amanhã.
Sempre que puder,
Permita-se sonhar.
Faça tudo pra que ele aconteça.
Permita-se amar a tudo e a todos,
Amar a vida, os momentos.
Permita-se apaixonar-se.
Permita-se viver o agora
Pra não lamentar no futuro,
O passado que passou.
Permita-se amar-se a si mesmo.
Permita-se amar a Deus.

 

 

Caminhos e Sonhos - Cândido Pinheiro
 
 

Muitos caminhos se encontram nas encruzilhadas do destino
Alguns se quebram nas dobras das esquinas, são quinas da vida
Outros próximos e ao lado não se cruzam, são paralelos e não se tocam
Todos são estradas viajantes, onde diversos obstáculos encontramos
Às vezes pedregulhos ou entulhos desafiam nossa passagem
Alguns são vencidos e outros contornados, são pedras da caminhada
Muitos são deixados à beira da estrada, não vêm ao caso
Outros quem sabe chamados carmas são levados como cruzes pela vida afora
E na poeira que se levanta há uma imagem em face de sacrifícios
Pois nem a chuva que refresca nosso corpo e que alimenta o sedento chão
É capaz de apagar as marcas que ficam de nossos passos
Estes são marcados por um suor derramado ao trilhar da viagem
São gotas que tingimos os desenhos e escritos nas páginas do tempo
E no calendário dos anos vamos riscando os dias passados
Deixando ao longo das primaveras o mais puro cheiro de existência
Um aroma de nossa essência, perfume que identifica nossas pegadas

Muitas são as sementes de sonhos que jogamos nos caminhos de outrora
Algumas são desprezadas e esquecidas a beira dos passos
Relegadas à própria sorte ou ao tempo, às vezes vingam e afloram
Outras por interesse plantamos e nas margens das águas cultivamos
Nem sempre rompem a rigidez do solo, nem ao sol forte vencem
Pois não basta apenas plantar nem tampouco esperar crescer
É preciso preparar a terra e adubar com carinho para florescer
Pois não existe terra fértil se o coração for estéril, não adianta apenas desejar
É preciso querer e fazer acontecer, é necessário amor para água chover

Nossas pegadas são sementes, os caminhos são terras que pisamos
Sonhos nos levam a muitos lugares e o chão percorrido a muitas chegadas
Onde em muitas vezes nos encontramos num instante sonhador
Pois paramos o tempo e descansamos ao colo do amor
E sem temor continuamos arriscando a caminhada na incerteza da escolha
Do continuar retilíneo nossa jornada ou seguir um tortuoso caminho
São peças de um inesperado destino ou coincidências da vida
Podem ser ou não enganos, pois existem muitas trilhas
Da paixão ao amor eterno há uma distância de sentimentos
Em que um é o fogo alucinante do corpo e da mente
E o outro é o bater profundo de um coração sereno em eterno momento

Mas no final, sem dúvidas, existe uma linda árvore frondosa,
Majestosa em sombra acolhedora e refrescante, à nossa espera
É o fim da jornada, nosso recanto derradeiro e de íntima reflexão
De olhar para trás e percorrer em pensamento tudo o que foi viajado
Vivenciar a dúvida se o caminho escolhido e percorrido era nosso ou de outrem
Neste momento não adianta mais nada, pois somos o resultado de nossas escolhas
Pouco ou muito interessa se a direção tomada não tenha sido acertada
E se as sementes que ao longo não germinaram foram apenas sonhos sonhados
Pode ser que aconteça um arrepender daquilo que não se fez
Ou talvez de alguns feitos indevidos, frutos impulsivos de vontades incontidas
Pouco importa, não há mais hora para andar, nem mesmo nenhum passo à dar
Apenas esperar e descansar a sombra dos braços da árvore frondosa
Este é o final do caminho, uma triste ou alegre chegada
Não há mais partida para novos sonhos, pois o nosso tempo o vento levou...

 

 

AO MEIO DO CAMINHO - (GENA MARIA)
 
 

Cheguei, chegaste...
Tinha a alma de sonhos povoada
E a alma de sonhos, povoada eu tinha.
 
E paramos de súbito na estrada da vida
Longos anos presos tua mão á minha
A vida deslumbrada tive
De luz que teu olhar continha.
 
E hoje segues de novo
Na partida nem o pranto os olhos tu me deste
E nem te comove à dor da despedida
 
E eu solitária volto à face e tremo
Vendo o teu vulto que desaparece
Na curva extrema do caminho extremo.

 

 

Rapsódia de um Coração Feminino - Ligia A Leivas
 

 

... do pó?
... do barro?
... da costela de Adão?
Que importa? Há alguma diferença?
       ... surgia a Mulher tão-somente.
À sombra do homem ela deveria ficar
       para sempre... sem cessar
       qual Sísifo sacrificado.
O tempo passou;
a resignação sucumbiu.
E a Mulher buscou a luz,
buscou a própria essência.
Houve lástimas, lamentos.
No contraponto, porém,
vislumbrou o céu inteiro,
a noite total.
Hoje ainda há limites,  
há fronteiras demarcadas...
mas a luta continua.
Mesmo que se algemem alguns pulsos,
o resgate foi feito:
mostramo-nos sem máscaras... — Somos Mulheres!

 

 

VEM CÁ, MENINA ! - Luiz Poeta – Luiz Gilberto de Barros
 
 

Limpa essa poeira, abre a janela,
Deixa entrar a luz, apaga a vela
Tênue dessa velha solidão,
Rasga esse retrato insistente,
Queima esses bilhetes renitentes
Que maltratam tanto um coração.
 
Vem cá, menina...
 
Olha o sol nascer ! ... há passarinhos
soltos, cantando, fazendo ninhos !
Deixa entrar encanto em tua vida !
Quantas flores novas no jardim
E teu coração tristonho assim
Revivendo tépidas feridas...
 
Vem cá, menina !
 
Há um novo tempo te instigando,
Há um mar imenso te chamando...
Iça tuas velas, parte para o mar !
Mas... se mesmo assim tu não puderes,
Sonha o sonho lindo que quiseres.
Deixa o vento manso te levar.

 

 

Procurando o Amor - Mel Ribeiro
 
 

Sou  transparente e independente
Digo sempre o que penso.
Jamais minto.
 
Pleno século XXI espanto alguns.
Cabeça feita in_disponível
Não sou pra qualquer um.
 
Há mulheres omissas
Que vivem como a preguiça
Sujeitas a machistas
Submissas.
 
Desculpe o preconceito.
Mas no meu conceito
Valem menos que as fubanas
Submetidas a cobranças.
 
Vai se escandalizar?
Não deve se preocupar.
A hipocrisia reinará.
 
Não vou me preocupar
Sou liberta para amar
E sinto que vou decolar.
 

 

Gotas de Explosão - A Nadir A D’Onofrio
 


Quantas lágrimas derramei,
nessa vida, já nem sei!
Foram lágrimas de alegrias,
ou de muita tristeza.
Lágrimas de emoção,
revolta, maltratando o coração...
Sem elas, com certeza
Explodiríamos como um vulcão!
Feliz aquele que chora....
 
Quanto já chorei por amor!
também..por desamor.
Pela saudade dos pais
que já se foram.
Lágrimas de despedidas,
são difíceis de conter.
Lágrimas de prazer,
derrama-las sem contenção.
Gotas de explosão!

 

 

"Passando ao lado das paixões" - Pinhal Dias
  
 

Nunca fui um galã,
Tão pouco um conquistador
Mas?
Foram elas que me galardoaram,
Com o selo de tal galã.
Em livro aberto fui conquistado!
E muito mal mal amado...
Não te culpo!
Também não me faças de culpado.
Esse tempo... para mim terminou,
Cumpriu-se o nosso karma.
 
Algumas passagens foram bem marcadas...
Aliviando esse tempo... com boa vida.
Ela foi bem doseada e harpejada em Amor...
Essa sim!.... Nos sorria!
Que nos levava ao clímax conjugal
Ditai-me esse valor!
Nostálgico?
Sim! Nostálgico! Amor! Valorizado...

 

 

AMOR E PAZ - Selma Amaral Barbosa Leite

 

A qui, ali e acolá
M ais hoje do que ontem
O utrora menos que agora
R einam em meu coração

E ternamente

P orque vêm do Ser Maior e
A ntes de qualquer outro sentimento
Z elo para que habitem sempre em meu coração.

 

 

Paixão Nacional - Simone Borba Pinheiro
 
Correm os homens no campo,
atrás da bola a rolar.
Noventa minutos de encanto
pra torcida que vai olhar.
 
O juiz sempre nervoso,
não aceita provocação,
e se sente poderoso
com o apito na mão.
 
Carrega no bolso da blusa
os coloridos cartões,
que sem hesitar ele usa
para conter confusões.
 
O bandeirinha, coitado,
tem muito que trabalhar,
não fica nunca parado
pois, tem muito a confirmar.
 
Na arquibancada ,sentados,
estão os torcedores,
no estádio sempre lotado
para ver os jogadores.
 
A bola rola no campo
driblando o adversário,
e os companheiros no banco,
só controlando o horário.
 
De repente solta o grito
sempre preso na garganta,
é o gol estourando no agito,
da platéia que se levanta.
 
É o momento mais esperado
dos noventa minutos ao sol,
é o povo olhando encantado,
uma partida de futebol!...
 

 

 

Convite aos Autores e Colaboradores do CEN

Podem mandar vossos trabalhos, em prosa ou em verso, para as Revistas:

 

"Sinfonia em Blu" - Editora: Terezinha Manczak  manczak@terra.com.br

e

"A Gruta da Poesia" - Editora: Iara Melo iarameloportalcen@sapo.pt

 

IMAGEM TOPO: PRAIA DE SÃO PEDRO DE MOEL -  PORTUGAL

FORMATAÇÃO E ARTE: IARA MELO