Nº 09 - Fevereiro de 2004

EDITOR: CARLOS LEITE RIBEIRO

 

"QUEM SOU ?..." Maísa Cristina Vibancos

1º - a) Nome -;- Idade (o ano de nascimento é facultativo -; - b) Profissão -;- c) Morada (não publicamos endereços de e-mail) -;- d) - Quer falar um pouco da terra onde mora ? :

a) - :Maísa Cristina Vibancos - 46 / 1957
b) -: Professora
c) - :São Paulo
d) - :Terra que amo, todo seu movimento encanta, ; há corações batendo, rangendo, vidas transbordando em sentimentos, Um mundo dentro da minha São Paulo há.

2º - a) Quando começou a escrever ? -;- b) Teve a influência de alguém para começar a escrever ? -;- c) Lembra-se do seu 1º trabalho literário (se puder, indique o título) -;- d) Foi divulgado (como) ?:

a) - :Já gostava de escrever em meus cadernos escolares, eram cheios de versos escondidos.
Mas efetivamente comecei a juntá-los e a escrevê-los mais e mais há 3 anos.
b) - : Não, foi mais intuitivo, as palavras me chegavam naturalmente, facilidade de passar para a poesia minhas emoções e pensamentos.
c) - : Mãos de mulher
d) - : Está apenas na página da Usina de letras.

3º - a) Tem livro (s) impresso (s) (editora e ano) ? -;- b) Tem livro (s) electrónico (e-book ? (editora e ano) -;- c) Projectos literários para este ano de 2003 ? -;- d) Como vão ser editados ?:

a) - : Apenas participação em antologias.( Painel Brasileiro de Novos Talentos Nº18 - 1ªedição);
Participação no livro: 'Palavras de Mulher em prosa e verso', na parte II de Maria do Socorro Cardoso Xavier ou Maria do Socorro; participações em sites de amigos e blogs.Angela Lara , por exemplo.
b) -: Ainda não possuo.
c) -: Divulgação e participação em grupos. Pretendo fazer um e-book para 2004.
d) -: Estudando as propostas de sites de poesia sérios.

4º - a) Fale-nos um pouco de si, como pessoa humana ? -;- b) Como Escritor (a) ? -;- c) Para se inspirar literariamente, precisa de algum ambiente especial ? -;- c) Tem prémios literários?:

a) - : Sou uma mulher muito introspectiva, observo muito tudo a minha volta; Sempre olho nos olhos das pessoas; a verdade, o amor e o bom senso sempre me acompanham. Sempre pronta a aprender.
b) - : Pupila ...este é meu pseudônimo e é assim que me sinto...sempre aprendiz... As palavras fluem de dentro de mim ...eu as respiro..elas me inspiram.
c) - : Gosto de ambiente onde esteja só, música ao fundo.
d) - : Não.

5º - a) Tem Home Page própria ( não são consideradas outras que simplesmente tenham trabalhos seus) -;-b) Conhece as vantagens que os Autores do CEN têm em ter sua Home Page ou (e) Livro (s) electrónicos, nos nossos sites (preços, condições e divulgação) ? -;- c) Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever ? -;- d) Para terminar este trabalho, queira fazer o favor de mandar um pequeno (e original) trabalho seu (em prosa ou em verso) ?:

a) - : Não.
b) - : Estive lendo sobre as vantagens, por isso quero entrar para CEN.
c) - : Não guarde suas palavras na gaveta, Sopre-as para o mundo.
d) - :

Escrevo sonhos

O sonho é brisa daquele que sente,
Que fecha os olhos, suspira e voa.
Momento de silêncio e de ouvir o coração,
Tecer paisagens que seguram a mão.
Levar ao alto de uma montanha,
Navegar num barco em alto mar,
Mergulhar onde possa ser um peixe-espada,
Criar asas, ir ao céu e conhecer a lua.
No deserto ser como uma migalha de gente,
Na floresta um animal que fala;
Teu lugar é tua criação,
É teu momento que importa.
Sonhar não tem proibição
É teu comprimido sem restrição.
Palavras que sonham e fazem voar
Estão em todo lugar
Em segundos viaja e retorna
Para enfrentar teu mundo
Com bagagem renovada.
E eu ...
Estarei aqui entre as palavras
Onde as respiro e as entrego
Como esperança a teu coração
É ler e sonhar.
By Pupila

Estalagem da Pateira de Fermentelos (Aveiro - Portugal) - Rosélia Martins

          Vem dos nossos antepassados a tradição de festejar o dia 14 de Fevereiro, como o dia dos Namorados, recordando a lenda de S.Valentim.
          Ora para se namorar não é preciso escolher dia; para se amar não é preciso escolher hora; para se encontrarem dois corações apaixonados não é preciso local...mas acontece que de vez em quando nos é muito agradável mudar de lugar e reviver momentos lindos de amor e ternura.
          Aconteceu, uma noite maravilhosa, na Estalagem da Pateira de Fermentelos, concelho de Águeda.
          A noite estava calma , ainda que o nevoeiro se erguesse da pateira, grande lagoa que desagua no rio Águeda, rodeada do mais belo esplendor da natureza
          O edifício é grande e acolhedor, com seus corredores salas, quartos, discoteca...Enfim um harmonioso conjunto convidativo para o amor, em todas as idade. Àmedida que anoitecia , aumentava a azáfama na cozinha e na sala de jantar. Os enamorados começavam a chegar e a ser servido o jantar.
          Mesa posta a rigor, onde não faltava a luz das velas e o cartãozinho com o nome, abraçado a uma flor
          Chegámos. Como entrada foi servida sapateira com camarões aos abraços.
          As velas aos pares , aos beijos.Os enamorados iam deglutindo os acepipes variados que se seguiram, entre abraços e beijos.
          Verdadeiros momentos de ternura, onde não faltava a gentilleza e amabilidade do pessoal que nos atendia.
          De repente...
          Apagou-se a luz .Só a pálida luz das velas. Silêncio.Ouve-se uma voz forte gritando:
          - onde está a minha garina ? e dando um sopapo nos belos candeeiros, conseguiu dar a luz . Estupefactos os enamorados olhavam para aquele ser estranho, saindo do nada, vindo não se sabe donde. Então começaram as tropelias
          Saltando de mesa em mesa, o deconhecido mas famoso TÓ KANDAR berrava pela sua garina Todos acompanhados menos ele , oh não podia ser " Também quero namorarrr " berrava ele.
          Então descobriu as sapateiras quase esvaziadas, e começou a rapá-las com os dedos e a limpar-se nas mangas.
          Ai, que eu não sabia que fazer e escondi a cara no ombro acolhedor que me amparava. Mas o malandro lá me descobriu e clamou "madrinha!! " e dirigiu-se para a minha mesa Que fazer? Bem, com calma lá expliquei que ainda era muito novo para namorar..."eu oh não! todos os dias tenho uma namorada só hoje estou só. Eh há pra í alguma moça para eu amar??? " começou cantar : "encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora, que não vou embora.; que não vou embora, eu também quero mamorar namorar ,que já tenho idade para malandrar..."
          Oh TÓ Kandar vem cá, disse eu.Vamos lá ao rés-do -chão, ao bar e vejo se há chocolates.Oi tive que comprar todos os que havia e não se calava. Então foram umas garrafinhas de WISKY e muito mais .
          E, pegando pelas orelhas levei-o para a piscina aquecida, com vistas para a rua, com grandes vidraças. Agora vais ficar ali até o jantar acabar e não incomodas estes apaixonados.
          Já cambaleando ele descobriu o carrinho das vistosas sobremesas com um grande bolo de chocolate e zaz ! desapareceu com ele
          Tivemos que fehar as portas que dão para as piscinas
          Acabado o jantar os enamorados decidiram ir até à discoteca, para dar um pé de dança e fazer a digestão.
          Tudo à madia luz , como se impunha, a música no ar, os pares a dançar..
          e...eis senão quando o malandro do TÓ Kandar , já desperto, aparece na sala e grita " eh que música é esta ? Nem percebem nada disto Se voceses ouvissem a banda dos meus amigos BLACK TIE, do filho dum amigo meu lá dos Brasis, um tal Baçan (não é maçã,) é qu'então pulavam inté ó teto
          E começou a tocar todos os instrumentos, a saltar e a pular até que bateu ca cabeça no vidro de uma das muitas janelas e foi cair na pateira
          Lá fomos até ao largo que dá para a a pateira e se avista o monumento ao emigrante, procurar o doidivanas
          Ao fundo, no monte de ervas, surgiu o rapazola. Veio caminhando para terra e disse "isto 'é uma porcaria Não têm vergonha de ter uma coisa assim Puxa vida que até a casa do meu burro está mais limpa"
          Oi gente, quem manda nesta lagoa para a limpar,? Olhem só este monte de jacintos aqui a estragarem o meu material " socorro !
          querem que chame os mes amigos? Num instantinho dexiávamos tudo limpinho.
          Prontus!
          Só quero uns chocolates, umas garrafinhas e uma noite ....bem acompanhado no quarto vip , ms agora vou bater uma sorna debaixo daquele guarda sol, ali estendido na relva
          Na vou ficar aí dentro não, com tanto amor...pode cair o chão..."
          E foi assim que se passou mais um noite dos namorados.
          Na manhã seguinte acordaram todos cansados mas o Tó kandar já tinha ido em busca de ajuda para limpar a grande lagoa.


MUITO PARA REMOVER - Celito Medeiros

O poder não me seduz
Nem reduz
Meu grito.
Não sou um santo
Fico no canto
Atento.
Não sou um omisso
Tenho compromisso
Incomodo.
Abalo o descrente
Que não vê na gente
Esperança.
Nesta linha poética
Estou de olho na ética
Te cuida!
Não inovo
Mas ainda removo
A montanha...


"QUEM SOU ?..." - Simone Borba Pinheiro

1º - a) Nome -;- Idade (o ano de nascimento é facultativo -; - b) Profissão -;- c) Morada (não publicamos endereços de e-mail) -;- d) - Quer falar um pouco da terra onde mora ? :

a) - :Simone Borba Pinheiro
b) - :42 anos
c) - :Professora Educ Física
d) - :Santa Maria, é uma linda cidade de médio porte, situada no coração do Rio Grande do Sul - Brasil. A cidade possui uma das melhores Universidades Federais do País - UFSM.
O clima é muito úmido no inverno, quando a temperatura vai a 0º , e muito quente e seco no verão quando a temperatura beira os 40º.

2º - a) Quando começou a escrever ? -;- b) Teve a influência de alguém para começar a escrever ? -;- c) Lembra-se do seu 1º trabalho literário (se puder, indique o título) -;- d) Foi divulgado (como) ?;

a) - :Aos 13 anos
b) - :Do fabuloso poeta Mário Quintana
c) - :O que eu mais gosto em ti
d) - :Na Net em sites amigos

3º - a) Tem livro (s) impresso (s) (editora e ano) ? -;- b) Tem livro (s) electrónico (e-book ? (editora e ano) -;- c) Projectos literários para este ano de 2003 ? -;- d) Como vão ser editados ?:

a) - :Ainda não
b) - :Meu não, apenas participações em e-book de amigos
c) - :Apresentar mais trabalhos na net através do site da familia.
d) - :No site Família Borba Pinheiro

4º - a) Fale-nos um pouco de si, como pessoa humana ? -;- b) Como Escritor (a) ? -;- c) Para se inspirar literariamente, precisa de algum ambiente especial ? -;- c) Tem prémios literários ?:

a) - :Sou amiga, preocupada com os amigos, sincera, tranquila, caseira, adoro as artes em geral, e sou muito carinhosa com as pessoas que me cercam, sou uma pessoa de muita paciência, procuro não julgar os outros, acho que para tudo tem uma explicação na vida...
b) - :Sou bastante romântica e ao mesmo tempo dramática. Quando escrevo, vivo intensamente um personagem, não tenho estilo determinado, verso sobre todos os assuntos, seja em crônica, sonêtos, poesias, enfim...
c) - : Preciso de silêncio total e absoluto, o único som que me permito para escrever é música new age, que me inspira e me transporta ao mundo dos sonhos que é a poesia.
d) - : Sim, tenho alguns.

5º - a) Tem Home Page própria ( não são consideradas outras que simplesmente tenham trabalhos seus) -;-b) Conhece as vantagens que os Autores do CEN têm em ter sua Home Page ou (e) Livro (s) electrónicos, nos nossos sites (preços, condições e divulgação) ? -;- c) Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever ? -;- d) Para terminar este trabalho, queira fazer o favor de mandar um pequeno (e original) trabalho seu (em prosa ou em verso) ?:

a) - : Para minha felicidade e de minha família, acabamos de ganhar de presente, das mãos da querida amiga e grande poetisa Jacira Cardoso, à quem seremos eternamente gratos, o site Família Borba Pinheiro.
b) - : Honestamente não, pois jamais pensei que teria um site.
c) - : Ser fiel aos seus sentimentos e nunca mais parar de escrever, pois a poesia ilumina a alma, alegra a vida e ganha vida na força de suas palavras.
d) - :Entre muitos outros, amo este: Chibata, Chicote e Açoite, que é uma homenagem ao belo povo negro, que soube de forma altaneira, com garra e coragem, passar por cima do destino e ganhar um futuro.

Chibata, Chicote,e Açoite

Marcados a ferro e fogo
na pele lisa, brilhante,
narrando a história de um povo
que soube seguir adiante,
matando no peito as injustiças
sofridas de boca calada,
salgando as costas feridas
dos açoites, das chibatadas.
Negro da cor da noite,
em senzala, acorrentado,
nascido de negra bonita,
pelo branco, maltratada.

Com altivez e coragem
próprias, de quem sofreu,
carrega nas costas largas
as dores todas do mundo,
sem que por um segundo
se ouça um gemido de dor.

Negro, foi o destino
cruel e traiçoeiro,
deste povo guerreiro
que mesmo se curvando
às regras da Casa Grande,
manteve no peito, acesa,
a chama da esperança,
e como qualquer criança,
não desistiu de lutar.

O patrão branco, recatado,
devoto de desconfiar,
era pai de muito negro,
com lágrimas derramadas
em noites de amedrontar.
Mas, negro nascido em senzala,
não podia dizer não,
cavava a própria vala
chamando de pai o patrão.
Negro, domado a castigo,
trazia desde o berço,
as amarras do destino
traduzido em
chibata, chicote e açoite!...

 


INOCÊNCIA - Vera Di bomfim

S e por um lapso de momento
Nada se fizesse tarde ou cedo,
Na ilusória divisão do tempo
Em mim catalogado,

Se por um lapso, de momento
Sem as fantasmagóricas cortinas das dimensões,
movendo-me sobre o nada e tudo
Energia primaria eu contemplasse o espaço sem divisões

Se por um lapso de momento
Pudesse, livre do estigma do saber adquirido,
conviver em comunhão com meus atávico conhecimentos,
Certamente que entenderia da inocência o conceito.

Então, talvez por um lapso de momento
Se escolher, me fosse ofertado,
eu elegeria a inocência, retrato
imagem da liberdade do poeta.

Salvador- Bahia - Brasil

.

Não sei... - Zeca Soares


Não sei o que hei-de escrever
Não sei o que hei-de falar...
Se hei-de falar de meu sofrer
Ou simplesmente,em silêncio,chorar...

Não consigo esconder a minha dor
Não consigo recuperar meu sorrir...
Até já tenho medo do Amor
E de um dia o voltar a sentir...

Hoje sou um homem magoado
Pois magoaram-me no passado
E desde aí nunca mais amei...

E hoje em dia se quisesse amar
Não saberia parar de chorar
E amar já não sei...

"Pressa Incerta" - manuel de sousa

manuel.jpg (5298 bytes)

Estou com pressa de ficar para sempre
Estou com urgência em nunca partir
Um dia hei-de partir então sem querer
Um dia o destino mudará nosso rumo
Partiremos para lado nenhum conhecido
Partiremos para sítios onde nunca chegaremos

Voltaremos de seguida ao local de partida
Voltaremos de manso à origem de sempre
Será bom estar sentindo tudo sem querer
Será bom voltar a restabelecer o rumo
Conseguiremos voltar a ver um conhecido
Conseguiremos voltar sem saber se chegaremos

Haveremos de estar cá mesmo antes de partir
Haveremos de regressar como sempre
Há-de ser assim que estaremos aqui sem querer
Há-de ser este o nosso verdadeiro rumo
Estaremos aqui por influência do tal conhecido
Estaremos aqui incertos se alguma vez lá chegaremos...

Em Honra dos que partem definitavamente para terras distantes e aos que partem e nunca chegam...,
e aos que sonham em partir e nunca o fazem...

Escrito por manuel (duarte) de sousa, a 18 de Fevereiro de 2004 em Luanda, Angola


Quem Sou ? Yêda Schmaltz

Idade:43
Local onde reside:Goiânia Goiás Brasil
Ocupação Profissional: Escritora e Professora Universitária
Balanço da sua actividade literária do ano de 2002: Lancei o livro Urucum e alfenins - poemas de Goyaz; tomei posse na cadeira número hum da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás; fiz parte da Diretoria da UBE/GO , como Conselheira; participei de Comissões Julgadoras de Concursos Literários, etc.
De 01 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2002 escreveu ... ?: - Tenho três livros em andamento.
Que tipo de trabalho (prosa – poesia – crónica – outros trabalhos) ... ?: - Prosa, poesia e ensaio
Como foram divulgados estes seus trabalhos ... ?: - Publicação de livros, publicações em jornais e revistas
Durante o ano de 2002, publicou algum livro ... ?: - Sim, já citado anteriormente
Faça um breve sumário do tema (s) de sua obra ... ?: - Poemas sobre o Estado de Goiás
Como foi divulgado ... ?: - A cargo da Editora e através de jornais principalmente
Projectos literários para o ano de 2003...?: - Continuo trabalhando livros novos
Que tipo (s) de trabalho (s) ... ?: - literário e também de artes plásticas
Como via divulgar seus trabalhos ... ?: - Publico-os
Se tem livros publicados: Sim
Nome e ano de publicação de seus livros ... ?: - Caminhos de mim (poesia),1964.Tempo de Semear (poesia),1969. Secreta ária (poesia),1973. O peixenauta (poesia), 1ª edição, 1975; 2ª edição,1983.A alquimia dos nós (poesia), 1979.Miserere (contos), 1980. Os procedimentos da arte (ensaio),1983. Anima mea (seleção de poemas), 1984. Baco e Anas brasileiras (poesia), 1985. Atalanta (contos),1987. A ti Áthis (poesia), 1988. A forma do coração (poesia),1990. Prometeu americano (poesia), l966. Ecos (poesia), l966. Rayon (poesia),1997.Vrum (poesia), 1999. Chuva de ouro (poesia), 2000. Urucum e alfenins – Poemas de Goyaz2002.
Onde foram lançados ... ?: - Em inúmeros locais e cidades brasileiras, principalmente em livrarias
Outras apresentações ... ?: - Em Congressos, simpósios e etc
Como podem ser adquirido (s) seu (s) livro (s) – se possível indique o preço (s) ... ?: - Nas livrarias ou diretamente da autora
Colabora normalmente com o "cá estamos nós" ... ?: - Não
Qual o género de colaboração (poesia, contos, crónicas, na sua divulgação, etc) ... ?: - ...
De 00 a 10 qual a nota que atribui à Divulgação "cá estamos nós" ... ?: - Considero interessante a amizade Brasil-Portugal
Divulga o "Cá Estamos Nós ?... se S I M, em que condições ?... ?: - Não
Se tiver Home Page, ou, se tiver trabalhos seus em algum (s) site (s), indique qual (quais) ... ?: - Tenho somente um pequeno Blog de registro: http://yschmaltzretrospectiva2002.blig.ig.com.br/Observações ... ?: -Deve juntar um pequeno trabalho seu, original:

Cavalo de Pau - Yêda Schmaltz

Quando amo, sou assim:
dou de tudo para o amado
— a minha agulha de ouro,
meu alfinete de sonho
e a minha estrela de prata.

Quando amo, crio mitos,
dou para o amado meus olhos,
meus vestidos mais bonitos,
minhas blusas de babados,
meus livros mais esquisitos,
meus poemas desmanchados.

Vou me despindo de tudo:
meus cromos, meu travesseiro
e meu móbile de chaves.
Tudo de mim voa longe
e tudo se muda em ave.

Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando:
um pandeiro de cigana
com mil fitas coloridas;
de cabelo esvoaçando,
a Vênus que nasceu loura.
(E lá vou eu navegando.)

Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando,
enchendo-se os braços curtos
e o amado vai se inflando.

— O que de mais me lamento
e o que de mais me espanto:
o amado vai se inflando
não dos mitos, mas de vento
até que o elo arrebenta
e o pobre do amado estoura.

(Nenhum amado me agüenta.)

Livro: A alquimia dos nós ©

E se eu disser .? - Sara Rafael


E se eu disser que tua imagem me faz sentir menos
abandonada?
E se eu disser que teus poemas são beijos dulcíssimos
na minha alma?
E se eu disser que a saudade de ti me faz
sonhar rendilhados?
E se eu disser que a imaginação de teus dedos dão à luz
meus devaneios inseminados?
E se eu disser que em mim ressoas
fuga de Bach pagã?
E se eu não disser mais nada
de minha quimera vã?

TRÊS NOTURNOS... E DEZ VALSAS - Salomão Rovedo

TRÊS NOTURNOS...

(Nº 1)
Quando a minha noite chegar
e se fechar manta sobre mim,
vai me encontrar o pequenino,
não verá o velho ancião, não,
mas aquele mesmo menino
filho das noites sem calafrio.

Quando essa noite me visitar,
verá o mais breve reencontro
entre a paz total e a escuridão,
vai encarar o mesmo olhar
que nela previra o desatino,
o habitante da noite devassa.

É primavera em algum lugar,
aqui a escuridão se debruça
a matutar porque não a temo.

(Nº 2)
Se pressentisse pobre, temeroso,
breves sinais de Sua existência,
leve caminho, eternidade, instante,
tivesse Deus a mim escolhido,
pespegando-me que fosse chaga,
seria eu uma de Suas moradas?

De repente está tudo claro, claro,
noutro tempo escurece de repente,
tal qual a primavera em outra terra.
Venci na existência tantos deuses:
não sei quando este virá, se existe,
onde está, se Deus é êxito em fé.

Se alguém quer ser feliz e alegre
que seja hoje, porque amanhã
nenhuma coisa se pode garantir.
É certo encontrá-Lo algum dia...
Outubro! Quem diria que apura
em mim coragem, não incerteza?

(Nº 3)
Podem conservar meu coração salpreso, as vísceras não,
mas que será do peito em que baterá um coração ferido?
Eis o que resta: pernas, braços, costelas, pomo de Adão.
Mais tarde estarei comendo grama e margaridas pela raiz.
Êta mundo sem sucesso, sem nunca se dar por vencido...
Foi assim que gozei a dor sem jamais me sentir desinfeliz.

O que não foi? O que fiz? O que foi? O que não fiz? Tudo.
Um dia na vida fui o Cavaleiro da Triste Figura – e errante
tive de gritar, gritei, chorei, nu esperneei, ri de todos e tudo.
Podem conservar o coração salpreso, transborda emoção.
Sabe? Se for bater em outro peito, talvez chorará sofrido,
porque jamais tem cura esta ferida a nós legada por Adão.

...E DEZ VALSAS

(Nº 1)
A alma em sereno repouso,
espera por um canto para
alquebrar esta falsa paz.
O que fazer agora? Lembrar
e andar, cantar revolvendo
os cantinhos da memória.

(Nº 2)
Tradição, disciplina, excelência.
Tramóia, decadência, excremento.
Três princípios de honra e horror.
Tornem suas vidas imperfeitas.
Poetas ergam o nariz sem nojo,
Sujem os dias com seus versos.

(Nº 3)
Ela anda em sensual esplendor,
desesperadamente calada.
Procura voz própria e encontra
tudo, tudo de outra maneira.
Mesmo a voz alheia inspira
a sugar a essência da vida,
mas ela hesita, desmaia, foge...

(Nº 4)
Lua azul, dia finito, ambíguo.
Desperto sob o telhado cinza.
Cabelo castanho avermelhado.
Porta branca, pessoas negras.
Velhos cavalos tordilhos baios.
A terra amazônica desmaia.
A mata expira pardacenta.
A água retinta o capim seco.
Teto enfumaçado brumoso.
Um esqueleto descorado.
Tempo sombrio – queimada.
Estrume, cinzas, sebe negra.

As telhas cobertas de musgo
se desesperam contra o céu.

(Nº 5)
Nuvens são véus de noivas no céu,
no vento zefirino, azul, transparente.
O sol é pupila que doura os corpos.
Noivas, nuvens alvas, encarnadas.
Ipanema, bela Ipanema, ela morena,
chopes gelados, chopes dourados.
Noivas nas igrejas, noivas domingo,
grinaldas de orquídeas, rosas, rosas.
Alvura nos vestidos virgens, a gente
na praia, em alegre zanguizarra.

Secular gesto: quem será a festiva
premiada com o buquê, a simpatia
poderosa, mágica, infalível, fatal
da toda poderosa flor-de-laranjeira?

(Nº 6)
A vida nos dá prazeres,
cosmos de surpresas,
mas não deixa escolha:
– é viver ou viver.
           (Eterna, com certeza.)
Assim quando chega
a pessoa amada:
basta um olhar,
sentir a eletricidade.
           (De mansinho, felino.)
Então para sempre
seguir a correnteza:
breve vida escrava,
é vulcão, fogo, lava.
           (Vida encantada.)
Não serei o Anjo Triste,
aquele que dá notícia
dos amigos que caíram
durante a jornada, não.
           (A vida é porrada.)

(Nº 7)
Toma o meu coração porque
prometi te amar para sempre.
Lembra daquela ocasião?
A vida bela, o amor é lindo,
pode tudo, pede a alegria,
céu azul, calor, frente fria.
A simplicidade das coisas,
simplesmente a emoção,
– pode também a paixão.

O amor é vida, é drama,
feito encontro de rua,
pode tudo, luta, pede lua.
Prometo-te a vida bela,
invento o amor mais lindo,
o céu sem nuvem azulino.

Só não te prometo a lua
(sem ela não há alegria,
nem céu azul, noite fria).
Isso! Toma meu coração,
porque sei que vou te amar
– eternamente vou te amar.

(Nº 8)
Corri atrás dos meus sonhos,
coração de ouro, sem pensar
– sem contabilizar pesadelos.
Eras meu sonho? Eras a vida?

Corri atrás dos meus sonhos,
te encontrei, carne viva, alma,
– e não estavas nos sonhos.
Sonhei meu sonho. Vivi a vida...

(Nº 9)
Para que poesia hoje? Belas
palavras não chegam fáceis,
são como balas perdidas:
elas circulam em silêncio,
aproximam-se impertinentes,
fatais, penetrantes, assassinas.

(Nº 10)
Quem acha que se pode viver
só pelo prazer dos dias,
– merece a solidão.

O sol e a praia cheia de gente,
o dia de riso, o que nasce,
– a fome, a sede...

Divide-se o céu com os amigos,
o inferno não precisa de gente:
– é deserto árido.

O trigo não produz espinho,
ouro e chope, azul e vinho,
– dividimos com amigos.

O inferno se goza solitário,
masturbação mal sucedida,
– porque se perdeu.

Coração, sorriso, o futebol,
escola de samba, pagode,
– tudo, amigos, é divisível.

O que não se divide é a dor,
o inferno descrito nos astros,
– porque é finito.