REVISTA "NO CANTAR DAS LETRAS"
 
SÃO PAULO - BRASIL

 

 
Ano 1
 
3ª Edição - Agosto/2006
 
Entrevistas - Prosa e Poesia
 
 

Memorial da América Latina, na capital de São Paulo - Brasil
*Clique nas imagens para saber mais*



Meus queridos amigos e amigas que sempre prestigiam meu trabalho e de tantos poetas amigos.
Agradeço a todos que participam desta edição e saibam que "No Cantar das Letras" tem como objetivo acarinhar nossos leitores e agrupar o maior número de amigos nesta nova fase do CEN, como colaboradores e integrantes desta grande família luso-latino-americana!!!
É com prazer que apresento para todos, uma entrevista com meu amigo Argentino, Alberto Peyrano, que gosta muito do Brasil, de Portugal e do nosso idioma.
Desfilam também, grandes nomes da nossa poesia...

Obrigada a todos pelo carinho!
Ligi@Tomarchio®

*******************************************************

SERÁ VOCÊ?
Célia Jardim



Há tempos que me acostumei sozinha
sem acreditar que ainda pudesse sonhar
de repente chega você como quem nada quer
e todas as minhas certezas você fez desmoronar
Eu que já estava acostumada com esta solidão
passo agora as horas com os pensamentos a vagar
desenhando sua imagem a todo o momento em minha mente
acreditando que ainda terei uma chance de outra vez amar
Você age de um jeito discreto, mas tão envolvente
deixa-me confusa, insegura, não sei o que deseja afinal
só sei que meus dias negros ganharam de novo o brilho
se não é você eu desisto, porque nunca senti nada igual
Basta falar com você por alguns segundos
tudo fica melhor, quero para os seus braços correr
se esta força que mexe com minha emoção é tão intensa
ainda que me machuque, preciso sem medo, este risco correr
Nada me dá a certeza de que você possa sentir tudo que sinto
enquanto isto eu vou sonhando, a mim não resta outra saída
se tudo a minha volta, antes já não tinha mais sentido
hoje eu vivo, mesmo sem saber se é você, o amor da minha vida!

Belo Horizonte - MG - Brasil

******************************************************

MEU MAIOR SENTIMENTO
Alcina Maria Silva Azevedo

Crônica


São tantas as formas de sentir, já tive tantos sentimentos bons e maus, alegres e tristes, que fica difícil definir qual seria o maior deles.

Existem aqueles sentimentos de perdas de entes queridos, que marcam nossa vida de uma forma traumática e nos deixa vulneráveis. Perdas materiais também nos maltratam, mas passa logo.

Prefiro aqui particularmente falar dos bons sentimentos. O sentimento de conhecer pessoas que deixam um gosto doce e mágico em minha vida, isso jamais irá morrer, é sem dúvida alguma um grande sentimento.

O nascimento dos meus filhos, gerou em mim um grande sentimento de felicidade e alegria.

Conhecer meu marido ( já falecido), foi algo maravilhoso e ao mesmo tempo muito triste quando eu o perdi para a espiritualidade.

Mas existe um grande sentimento dentro de mim, e este é sem dúvida alguma o maior dos sentimentos que possuo. É a esperança de acreditar em Deus e em sua justiça divina, suas promessas, de que um dia todos nos encontraremos novamente na eternidade, e que não existe perda de nada aqui, pois tudo passa e é transitório, e nos leva ao ponto de partida que é a Eterna Criação da nossa vida!

*******************************************************

ALVORECER PRIMAVERIL
Laura Limeira


Tão bela é a Primavera
Época de grandes amores
Estação das flores
Tempo de poucos rumores

São bem-te-vis, beija-flores e colibris
Diariamente visitando os jardins
E de flor em flor seguem felizes a bailar
Batendo asas, chegando a todos os confins

Flores margeando as estradas
Multicolorindo a paisagem
No asfalto, a ilusão de ótica a refletir
O espelho d'água com a aragem

Primavera das açucenas
Angélicas, jasmins e hortênsias
Perfumando o entardecer
Das saudades dos meus sentires

Bela, bela, oh Primavera
Assim te revelas em primazias
Energizando em multicores
Os alvoreceres dos meus dias!

Recife/PE/Brasil

*****************************************************

BRINCADEIRA
Muriel E. T. Niess Pokk

Brincando tu disseste:
"A tua casa eu irei,
me espera as oito em ponto,
que por lá eu passarei!"

Por brincadeira na janela,
eu fiquei a te esperar,
e por brincadeira, imagina!
Tu vieste me buscar.

Eu desci por brincadeira,
só pra ver no que ia dar.
Com o coração aos saltos,
contigo fui me encontrar.

Encontrei-te finalmente,
e por brincadeira fingindo,
fitavas-me ternamente,
com seus lábios sorrindo.

E por incrível que pareça,
ninguém vai acreditar,
por brincadeira é certo,
tu viestes me beijar.

Nós dois abraçadinhos,
era brincadeira porém,
dirigimos bem juntinhos,
sem reparar em ninguém.

Deste passeio brincadeira
para casa nós voltamos,
e talvez por asneira,
outro encontro marcamos.

Um encontro que sabíamos
não ia se realizar.
Marcado por brincadeira,
só para poder terminar.

Brincadeira, brincadeira,
este jogo de ilusão,
se tudo foi brincadeira,
devolva meu coração.

Muriel E. T. N. Pokk - 22/5/74
Poesia registrada em cartório

São Paulo - SP - Brasil
*******************************************************

Mãe Negra
Arlete Piedade


Mãe que teu filho carregas,
em tuas costas esforçadas,
no teu dia a dia de refregas,
nos trilhos, em caminhadas...

Procurando o parco sustento,
que noutras mesas, é sobejo...
impotente em teu sentimento,
de perda, frustração e desejo...

Queres para teu filho, o melhor,
por ele te sacrificas com amor,
em dias de desespero a sofrer...

Nesse teu quotidiano de horror,
lutas contra a doença e a dor,
para veres teu filho sobreviver!

Santarém - Portugal

*******************************************************

Ainda bem!
rivkahcohen



Será que um pai
precisa mesmo
dizer para o filho
que o ama?
Acho tão sem propósito isto,
mas..
melhor pensando
nas decisões de um governo
em diminuir os proventos
dos aposentados!!!
É mais que necessário!
Talvez um grito!
E pior, de desespero!
Afinal,
não foi lembrando
todo um passado
de dor,
de sacrifício!
E pensar
que foram atitudes
tomadas por filhos!
É.. esqueceram
seres que deveriam
ser amados
e no outono de suas vidas,
resguardados,
protegidos..
Não entendo mais nada!
Como querem
erguer uma casa
se a fundação
é relegada, esquecida?
E quando vierem
as tempestades,
os ventos,
as chuvas de granizo?
Ainda bem
que meu pai
foi para a eternidade
sem presenciar isso...



Brasília - DF - Brasil

********************************************************

ESPELHO DO MUNDO
NANY SCHNEIDER

Mira o espelho da águas cristalinas,
Refletindo a natureza a sua volta, exuberante!
O espelho dourado do sol, iluminando areias brancas,
Parecendo cegar pela beleza irradiante...

Mira o espelho translúcido da lágrima,
Caída perdida, na saudade ou na felicidade...
É o espelho da alma refletindo sentimentos,
Como o livro da vida, vira cada página...

Mira o fulgor espelhado de prédios reluzentes,
A esconder tanta dor e miséria por entre suas bases,
É o abandono das cidades espelhadas e cruas,
Onde tamanho reflexo, esconde indigentes...

Mira o espelho do luar, nas águas do mar,
Veja a grandeza que tantos deixam para trás.
É o espelho em que o Pai presenteia seus filhos,
Para que um dia esse esplendor, nos ensine a amar...

Curitiba - Pr - Brasil

******************************************************

ENTREVISTA


Alberto Peyrano


Ligia: Qual é o seu nome completo?
Alberto: Alberto Peyrano.

Ligia: Quando e onde nasceu?
Alberto: 14 de junho de 1945 em Peyrano, província Santa Fe, Argentina.

Ligia: Onde reside atualmente?
Alberto: Buenos Aires, Argentina, no centro da cidade (bairro do Congreso, na área histórica).

Ligia: Qual é o seu estado civil?
Alberto: Divorciado.

Ligia: Qual é a sua atividade profissional?
Alberto: Psicoanalista, docente, escritor, crítico de espetáculos e cantor de tangos.

Ligia: Você é uma pessoa caseira ou gosta de uma vida social mais agitada?
Alberto: Gosto muito do silêncio da minha casa mas as vezes preciso o barulho das ruas.

Ligia: Quais as atividades de lazer que pratica?
Alberto: Assisto cinemas e teatros, desenho páginas Webs.

Ligia: Gosta de freqüentar restaurantes, bares ou bailes?
Alberto: Os restaurantes e bares são minha segunda casa. Antes gostava muito de dançar, agora aquietei-me.

Ligia: Qual é o seu prato preferido?
Alberto: Peixe e frutos de mar.
.
Ligia: Qual é a sua bebida preferida?
Alberto: Champagne e café.

Ligia: Desde quando escreve?
Alberto: Escrevi meu primeiro poema aos 10 anos de idade.

Ligia: Qual o livro que leu e mais gostou?
Alberto: Guardo no coração "Fortunata y Jacinta" de Benito Pérez Galdós.

Ligia: Gosta de qual estilo literário, além da poesia?
Alberto: Gosto muito escrever contos e relatos. Sou mais contista do que poeta.

Ligia: Como ingressou na Internet?
Alberto: Desejava divulgar minha obra e fazer propaganda das minhas atividades, e assim comecei, em 2000.

Ligia: Qual é a sua opinião sobre o trabalho de divulgação da literatura através da Internet?
Alberto: Importantíssima, e também uma grande oportunidade que nos brinda a tecnologia à serviço da cultura dos povos.

Ligia: Já conhecia o CEN "Cá Estamos Nós"?
Alberto: Conheço o CEN de muito tempo.

Ligia: Conte-nos sobre seu processo de criação de maneira resumida e se sofre influência de algum autor em especial.
Alberto: Eu sempre crio baseado num fato real ou num estado de ánimo mas o meu nunca se afasta da realidade embora pareça uma fantasia. Sempre aponto à natureza humana em todo sentido.
Quanto às influências, têm muita importância na minha produção literária as leituras que fiz de Alfonsina Storni, Gabriel García Márquez, Federico Garcia Lorca e também dos meus mestres Enrique Medina e Maria del Mar Estrella, em espanhol. Em língua portuguesa Vinicius de Moraes, Castro Alves e Clarice Lispector no Brasil, e vibrei sempre com os poemas de Florbela Espanca, Cesário Verde, Antônio Gedeão e os romances de Eça de Queiros de Portugal.

Ligia: A escrita para você é um instrumento ou uma arma?
Alberto: Geralmente é uma chamada à consciência mas os espíritos fracos interpretam isso como uma arma.

Ligia: Qual o período que prefere: dia, tarde ou noite?
Alberto: Cada momento do dia tem seu encanto mesmo.

Ligia: Gosta de animais? Quais? Tem algum em casa?
Alberto: Adoro animais: gatos, cachorros e pássaros. Moro com um gato siamês: o Néstor.

Ligia: Quais seus estilos musicais prediletos?
Alberto: Adoro tango, fado e música clássica, mas gosto muito também da MPB e jazz.

Ligia: Se considera uma pessoa religiosa?
Alberto: Não professo religiões mas sou um homem de profunda fé em Deus e nas leis cósmicas.

Ligia: Tem livros publicados? Quais?
Alberto: Dois poemários publicados faz muito tempo e já esgotados: "Cantares" e "Lágrima de trébol". Em breve vou publicar "El habitante del silencio", meu primeiro livro de contos.

Ligia: Tem e-books publicados? Quais?
Alberto: Tenho vários: "Lágrima de trébol", "Cancionero", "A la luz del sol" e também um e-book de duetos que escrevi com a Mari Trujillo: "Pura Magia" todos editados pela editora da Drica Del Nero. Também "Desde lo profundo" editado pela Betsy Calisto do Chile e "Vôo da alma" editado pela Yara Nazaré de Brasília, além de ter participado em muitas antologias editoriadas em e-book.

Ligia: Possui um web site? Qual o link?
Alberto: "La Web de Alberto Peyrano", http://www.albertopeyrano.com.ar

Ligia: Qual é o seu e-mail para contato?
Alberto: albertopeyrano@gmail.com


POEMAS

CANTO DE NOVEMBRO
Autor: Alberto Peyrano

Versão em português: María Petronilho


Vagueio pelo poema
este meu poema que se quedou sem forma
sem o latido visceral de tua palavra
e consagro-me a escurecer com tinta
o branco recanto que sempre ocupas,
tão só recordando,
recordando...
tentando manter-te em meu presente
sem poder resgatar-te do passado.
Prendeste-me fogo
queimaste-me vivo
deixaste-me para sempre a tua marca
um cardeal que nunca cicatriza
e que grita na minha avidez teu nome.
Percorro os mil labirintos da tua ausência
começo a acostumar-me
a que só o silêncio me responda-
Será que foste ou que ficaste?
Não logro defini-lo
não sei se foste um duende,
uma paixão ou um mito
Tampouco sei se este poema
pode conter a inconsistente
doçura de tua essência
essa, que um dia do oitavo arcano
me ocupou por completo
sem deixar-me lugar a prosseguir pensando

Buenos Aires - Argentina




APOCALIPSE, 6
Autor: Alberto Peyrano

Versão em português: Marilena Trujillo


E os pássaros fugiram
para um horizonte incerto cada vez mais vermelho.
As últimas ervas foram arrasadas pela fome final,
os lagos se engoliram inteiros.
A música silenciou na mudez
das cordas rompidas.
Os mares, alterados, preparavam o regresso
ao estado do Princípio.
E os templos, vazios, ainda albergavam
os últimos desejos,
a última oração desesperada.
E a fugitiva precipitada com as bolsas de ouro,
no tumulto despojado de piedade.
Os ossos dos homens deambulavam
pelas ruas desertas,
enchendo-se de pó em sua desintegração.
A sinfonia do vento as vezes o desarmava
e outras o transladava para
lugares aterrorizantes onde reinavam o caos
e o nada.
Quando o último ai, se perdeu num eco imenso
que cobriu o planeta desfalecente,
os olhos do Criador, satisfeitos,
fecharam-se para sempre
e morreu.

Buenos Aires - Argentina

********************************************************
CEN SEMPRE
********************************************************
Quem for do CEN e desejar enviar seus textos, clique na figura: 

********************************************************
CEN SEMPRE
********************************************************
Quem desejar enviar seus textos, clique na figura:

********************************************************

 

visite o site da LIGI@TOMARCHIO®: