Memorial da América Latina, na capital
de São Paulo - Brasil
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Meus queridos amigos e amigas que sempre
prestigiam meu trabalho e de tantos
poetas amigos.
Agradeço a todos que participam desta
edição e saibam que "No Cantar das
Letras" tem como objetivo acarinhar
nossos leitores e agrupar o maior número
de amigos nesta nova fase do CEN, como
colaboradores e integrantes desta grande
família luso-latino-americana!!!
É com prazer que apresento para todos,
uma entrevista com meu amigo Argentino,
Alberto Peyrano, que gosta muito do
Brasil, de Portugal e do nosso idioma.
Desfilam também, grandes nomes da nossa
poesia...
Obrigada a todos pelo carinho!
Ligi@Tomarchio®
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SERÁ VOCÊ?
Célia Jardim
Há tempos que me acostumei sozinha
sem acreditar que ainda pudesse sonhar
de repente chega você como quem nada
quer
e todas as minhas certezas você fez
desmoronar
Eu que já estava acostumada com esta
solidão
passo agora as horas com os pensamentos
a vagar
desenhando sua imagem a todo o momento
em minha mente
acreditando que ainda terei uma chance
de outra vez amar
Você age de um jeito discreto, mas tão
envolvente
deixa-me confusa, insegura, não sei o
que deseja afinal
só sei que meus dias negros ganharam de
novo o brilho
se não é você eu desisto, porque nunca
senti nada igual
Basta falar com você por alguns segundos
tudo fica melhor, quero para os seus
braços correr
se esta força que mexe com minha emoção
é tão intensa
ainda que me machuque, preciso sem medo,
este risco correr
Nada me dá a certeza de que você possa
sentir tudo que sinto
enquanto isto eu vou sonhando, a mim não
resta outra saída
se tudo a minha volta, antes já não
tinha mais sentido
hoje eu vivo, mesmo sem saber se é você,
o amor da minha vida!
Belo Horizonte - MG - Brasil
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MEU MAIOR SENTIMENTO
Alcina Maria Silva Azevedo
Crônica
São tantas as formas de sentir, já tive
tantos sentimentos bons e maus, alegres
e tristes, que fica difícil definir qual
seria o maior deles.
Existem aqueles sentimentos de perdas de
entes queridos, que marcam nossa vida de
uma forma traumática e nos deixa
vulneráveis. Perdas materiais também nos
maltratam, mas passa logo.
Prefiro aqui particularmente falar dos
bons sentimentos. O sentimento de
conhecer pessoas que deixam um gosto
doce e mágico em minha vida, isso jamais
irá morrer, é sem dúvida alguma um
grande sentimento.
O nascimento dos meus filhos, gerou em
mim um grande sentimento de felicidade e
alegria.
Conhecer meu marido ( já falecido), foi
algo maravilhoso e ao mesmo tempo muito
triste quando eu o perdi para a
espiritualidade.
Mas existe um grande sentimento dentro
de mim, e este é sem dúvida alguma o
maior dos sentimentos que possuo. É a
esperança de acreditar em Deus e em sua
justiça divina, suas promessas, de que
um dia todos nos encontraremos novamente
na eternidade, e que não existe perda de
nada aqui, pois tudo passa e é
transitório, e nos leva ao ponto de
partida que é a Eterna Criação da nossa
vida!
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ALVORECER PRIMAVERIL
Laura Limeira
Tão bela é a Primavera
Época de grandes amores
Estação das flores
Tempo de poucos rumores
São bem-te-vis, beija-flores e colibris
Diariamente visitando os jardins
E de flor em flor seguem felizes a
bailar
Batendo asas, chegando a todos os
confins
Flores margeando as estradas
Multicolorindo a paisagem
No asfalto, a ilusão de ótica a refletir
O espelho d'água com a aragem
Primavera das açucenas
Angélicas, jasmins e hortênsias
Perfumando o entardecer
Das saudades dos meus sentires
Bela, bela, oh Primavera
Assim te revelas em primazias
Energizando em multicores
Os alvoreceres dos meus dias!
Recife/PE/Brasil
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BRINCADEIRA
Muriel E. T. Niess Pokk
Brincando tu disseste:
"A tua casa eu irei,
me espera as oito em ponto,
que por lá eu passarei!"
Por brincadeira na janela,
eu fiquei a te esperar,
e por brincadeira, imagina!
Tu vieste me buscar.
Eu desci por brincadeira,
só pra ver no que ia dar.
Com o coração aos saltos,
contigo fui me encontrar.
Encontrei-te finalmente,
e por brincadeira fingindo,
fitavas-me ternamente,
com seus lábios sorrindo.
E por incrível que pareça,
ninguém vai acreditar,
por brincadeira é certo,
tu viestes me beijar.
Nós dois abraçadinhos,
era brincadeira porém,
dirigimos bem juntinhos,
sem reparar em ninguém.
Deste passeio brincadeira
para casa nós voltamos,
e talvez por asneira,
outro encontro marcamos.
Um encontro que sabíamos
não ia se realizar.
Marcado por brincadeira,
só para poder terminar.
Brincadeira, brincadeira,
este jogo de ilusão,
se tudo foi brincadeira,
devolva meu coração.
Muriel E. T. N. Pokk - 22/5/74
Poesia registrada em cartório
São Paulo - SP - Brasil
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Mãe Negra
Arlete Piedade
Mãe que teu filho carregas,
em tuas costas esforçadas,
no teu dia a dia de refregas,
nos trilhos, em caminhadas...
Procurando o parco sustento,
que noutras mesas, é sobejo...
impotente em teu sentimento,
de perda, frustração e desejo...
Queres para teu filho, o melhor,
por ele te sacrificas com amor,
em dias de desespero a sofrer...
Nesse teu quotidiano de horror,
lutas contra a doença e a dor,
para veres teu filho sobreviver!
Santarém - Portugal
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Ainda bem!
rivkahcohen
Será que um pai
precisa mesmo
dizer para o filho
que o ama?
Acho tão sem propósito isto,
mas..
melhor pensando
nas decisões de um governo
em diminuir os proventos
dos aposentados!!!
É mais que necessário!
Talvez um grito!
E pior, de desespero!
Afinal,
não foi lembrando
todo um passado
de dor,
de sacrifício!
E pensar
que foram atitudes
tomadas por filhos!
É.. esqueceram
seres que deveriam
ser amados
e no outono de suas vidas,
resguardados,
protegidos..
Não entendo mais nada!
Como querem
erguer uma casa
se a fundação
é relegada, esquecida?
E quando vierem
as tempestades,
os ventos,
as chuvas de granizo?
Ainda bem
que meu pai
foi para a eternidade
sem presenciar isso...
Brasília - DF - Brasil
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ESPELHO DO MUNDO
NANY SCHNEIDER
Mira o espelho da águas cristalinas,
Refletindo a natureza a sua volta,
exuberante!
O espelho dourado do sol, iluminando
areias brancas,
Parecendo cegar pela beleza
irradiante...
Mira o espelho translúcido da lágrima,
Caída perdida, na saudade ou na
felicidade...
É o espelho da alma refletindo
sentimentos,
Como o livro da vida, vira cada
página...
Mira o fulgor espelhado de prédios
reluzentes,
A esconder tanta dor e miséria por entre
suas bases,
É o abandono das cidades espelhadas e
cruas,
Onde tamanho reflexo, esconde
indigentes...
Mira o espelho do luar, nas águas do
mar,
Veja a grandeza que tantos deixam para
trás.
É o espelho em que o Pai presenteia seus
filhos,
Para que um dia esse esplendor, nos
ensine a amar...
Curitiba - Pr - Brasil
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ENTREVISTA
Alberto Peyrano
Ligia: Qual é o seu nome completo?
Alberto: Alberto Peyrano.
Ligia: Quando e onde nasceu?
Alberto: 14 de junho de 1945 em Peyrano,
província Santa Fe, Argentina.
Ligia: Onde reside atualmente?
Alberto: Buenos Aires, Argentina, no
centro da cidade (bairro do Congreso, na
área histórica).
Ligia: Qual é o seu estado civil?
Alberto: Divorciado.
Ligia: Qual é a sua atividade
profissional?
Alberto: Psicoanalista, docente,
escritor, crítico de espetáculos e
cantor de tangos.
Ligia: Você é uma pessoa caseira ou
gosta de uma vida social mais agitada?
Alberto: Gosto muito do silêncio da
minha casa mas as vezes preciso o
barulho das ruas.
Ligia: Quais as atividades de lazer que
pratica?
Alberto: Assisto cinemas e teatros,
desenho páginas Webs.
Ligia: Gosta de freqüentar restaurantes,
bares ou bailes?
Alberto: Os restaurantes e bares são
minha segunda casa. Antes gostava muito
de dançar, agora aquietei-me.
Ligia: Qual é o seu prato preferido?
Alberto: Peixe e frutos de mar.
.
Ligia: Qual é a sua bebida preferida?
Alberto: Champagne e café.
Ligia: Desde quando escreve?
Alberto: Escrevi meu primeiro poema aos
10 anos de idade.
Ligia: Qual o livro que leu e mais
gostou?
Alberto: Guardo no coração "Fortunata y
Jacinta" de Benito Pérez Galdós.
Ligia: Gosta de qual estilo literário,
além da poesia?
Alberto: Gosto muito escrever contos e
relatos. Sou mais contista do que poeta.
Ligia: Como ingressou na Internet?
Alberto: Desejava divulgar minha obra e
fazer propaganda das minhas atividades,
e assim comecei, em 2000.
Ligia: Qual é a sua opinião sobre o
trabalho de divulgação da literatura
através da Internet?
Alberto: Importantíssima, e também uma
grande oportunidade que nos brinda a
tecnologia à serviço da cultura dos
povos.
Ligia: Já conhecia o CEN "Cá Estamos
Nós"?
Alberto: Conheço o CEN de muito tempo.
Ligia: Conte-nos sobre seu processo de
criação de maneira resumida e se sofre
influência de algum autor em especial.
Alberto: Eu sempre crio baseado num fato
real ou num estado de ánimo mas o meu
nunca se afasta da realidade embora
pareça uma fantasia. Sempre aponto à
natureza humana em todo sentido.
Quanto às influências, têm muita
importância na minha produção literária
as leituras que fiz de Alfonsina Storni,
Gabriel García Márquez, Federico Garcia
Lorca e também dos meus mestres Enrique
Medina e Maria del Mar Estrella, em
espanhol. Em língua portuguesa Vinicius
de Moraes, Castro Alves e Clarice
Lispector no Brasil, e vibrei sempre com
os poemas de Florbela Espanca, Cesário
Verde, Antônio Gedeão e os romances de
Eça de Queiros de Portugal.
Ligia: A escrita para você é um
instrumento ou uma arma?
Alberto: Geralmente é uma chamada à
consciência mas os espíritos fracos
interpretam isso como uma arma.
Ligia: Qual o período que prefere: dia,
tarde ou noite?
Alberto: Cada momento do dia tem seu
encanto mesmo.
Ligia: Gosta de animais? Quais? Tem
algum em casa?
Alberto: Adoro animais: gatos, cachorros
e pássaros. Moro com um gato siamês: o
Néstor.
Ligia: Quais seus estilos musicais
prediletos?
Alberto: Adoro tango, fado e música
clássica, mas gosto muito também da MPB
e jazz.
Ligia: Se considera uma pessoa
religiosa?
Alberto: Não professo religiões mas sou
um homem de profunda fé em Deus e nas
leis cósmicas.
Ligia: Tem livros publicados? Quais?
Alberto: Dois poemários publicados faz
muito tempo e já esgotados: "Cantares" e
"Lágrima de trébol". Em breve vou
publicar "El habitante del silencio",
meu primeiro livro de contos.
Ligia: Tem e-books publicados? Quais?
Alberto: Tenho vários: "Lágrima de
trébol", "Cancionero", "A la luz del
sol" e também um e-book de duetos que
escrevi com a Mari Trujillo: "Pura
Magia" todos editados pela editora da
Drica Del Nero. Também "Desde lo
profundo" editado pela Betsy Calisto do
Chile e "Vôo da alma" editado pela Yara
Nazaré de Brasília, além de ter
participado em muitas antologias
editoriadas em e-book.
Ligia: Possui um web site? Qual o link?
Alberto: "La Web de Alberto Peyrano",
http://www.albertopeyrano.com.ar
Ligia: Qual é o seu e-mail para contato?
Alberto: albertopeyrano@gmail.com
POEMAS
CANTO DE NOVEMBRO
Autor: Alberto Peyrano
Versão em português: María Petronilho
Vagueio pelo poema
este meu poema que se quedou sem forma
sem o latido visceral de tua palavra
e consagro-me a escurecer com tinta
o branco recanto que sempre ocupas,
tão só recordando,
recordando...
tentando manter-te em meu presente
sem poder resgatar-te do passado.
Prendeste-me fogo
queimaste-me vivo
deixaste-me para sempre a tua marca
um cardeal que nunca cicatriza
e que grita na minha avidez teu nome.
Percorro os mil labirintos da tua
ausência
começo a acostumar-me
a que só o silêncio me responda-
Será que foste ou que ficaste?
Não logro defini-lo
não sei se foste um duende,
uma paixão ou um mito
Tampouco sei se este poema
pode conter a inconsistente
doçura de tua essência
essa, que um dia do oitavo arcano
me ocupou por completo
sem deixar-me lugar a prosseguir
pensando
Buenos Aires - Argentina
APOCALIPSE, 6
Autor: Alberto Peyrano
Versão em português: Marilena Trujillo
E os pássaros fugiram
para um horizonte incerto cada vez mais
vermelho.
As últimas ervas foram arrasadas pela
fome final,
os lagos se engoliram inteiros.
A música silenciou na mudez
das cordas rompidas.
Os mares, alterados, preparavam o
regresso
ao estado do Princípio.
E os templos, vazios, ainda albergavam
os últimos desejos,
a última oração desesperada.
E a fugitiva precipitada com as bolsas
de ouro,
no tumulto despojado de piedade.
Os ossos dos homens deambulavam
pelas ruas desertas,
enchendo-se de pó em sua desintegração.
A sinfonia do vento as vezes o desarmava
e outras o transladava para
lugares aterrorizantes onde reinavam o
caos
e o nada.
Quando o último ai, se perdeu num eco
imenso
que cobriu o planeta desfalecente,
os olhos do Criador, satisfeitos,
fecharam-se para sempre
e morreu.
Buenos Aires - Argentina
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CEN SEMPRE
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