ÍNDICE
- Trova e Quadra
no Brasil
- Diretoria da UBT Nacional
- Diretoria da UBT – Paraná
- Concursos de Trovas
- Trovas em Muro
- Trovas de Autores Imortais
- Maria da Graça Stinglin
- Maria José Fraqueza
- Olga Agulhon
- Entrevista com Apollo Taborda França

TROVA E QUADRA NO BRASIL
A Trova, que surgiu
na amena região de Provença, ainda nos longínquos
idos da Idade Média, expandiu-se naturalmente pela
Itália, Espanha e Portugal, transbordando de ternura
os corações das classes sociais da época, numa clara
manifestação do espírito, freqüentemente espontâneo
e extrovertido, dos povos de línguas neo-latinas.
Através dos tempos, a Trova não permaneceu
inalterável como algo estático e acabado, mas sofreu
alterações em sua estrutura, principalmente externa,
como que a procura da própria identidade e
perfeição.
Assim sendo, fora se transformando
progressivamente, através das literaturas, a tal
ponto que podemos evidenciar: “As trovas dos seus
primeiros tempos, bem como dos tempos de Dom Dinis,
diferem, e muito, daquelas que praticamos hoje”.
Ainda no passado próximo, as alterações foram bem
acentuadas. Cristalizaram-se definitivamente os
versos setissilábicos. As rimas, que a princípio nem
sempre existiam, tornaram-se indispensáveis.
Posteriormente, nos jogos florais e nos concursos,
não se admitiu mais a presença de trovas com rimas
simples ( rima do 2º com o 4º verso), permanecendo,
como regra, apenas as de rimas duplas , do 1º com o
3º, e do 2º com o 4º verso.
As históricas alterações, entretanto, preservaram na
Trova a grandeza da essência. O íntimo substancial
praticamente permaneceu, a tal ponto que o conceito
“trova” ultrapassou os séculos e as culturas e, em
nossos dias, recebeu imenso vigor de
expressividade.
E as tendências continuam...
Trovadores sérios do Brasil não admitem mais os
termos “quadrinha”, “trovinha” etc. como referências
à “Trova”.
Ainda mais: Em se tratando de trovadores
brasileiros, mesmo que “trova” e “quadra” sejam
ainda sinônimos, já existe por aqui, talvez por
influência de trovadores da UBT (União Brasileira de
Trovadores), tendência de não reconhecer o termo
“quadra” como simples sinônimo de “trova”.
A Trova representa profícua escola literária da
Língua Portuguesa, onde o dinamismo dos seus
membros, no seio de entidades como a UBT, por
exemplo, expressa o esmero de um gênero literário
florescente, além da convivência de seus pares numa
confraria exemplar.
Entre os brasileiros, o conceito “quadra” faz
pensar, muitas vezes, que se trata de uma forma de
versejar do povo, sem nenhuma preocupação
gramatical, lembrando forma simples de poemeto de
uma estrofe só, onde a simplicidade confunde-se com
expressões incultas.
Diante da sua relevante envergadura, designá-la
simplesmente de “quadra” parece-nos “sacrilégio
literário”.
Nos dias de hoje, o conceito “trova” supõe rigor
maior: Há exigências incondicionais quanto ao
número de sílabas, quanto ao sistema de rimas,
quanto ao primor de conteúdo, quanto à correção
gramatical e quanto à conclusão perfeita de um
pensamento.
Mais do que nunca, representa hoje a “excelência de
um achado”. Por isso, a Trova, por sua estirpe e
magnitude, pertence à alta nobreza da Literatura.
Enfim, o que se propõe, acima de tudo, é o cultivo
da “Trova Literária” que, no seu íntimo, deve ser
muito diferente da simples “trova popular”, apesar
de que o desejo de todo trovador é que sua trova
torne-se popular, no sentido de que seja lida e
recitada por todas as camadas sociais, manifestando
a cultura e o esplendor do lado puro e simples da
Língua Portuguesa.
Apesar disso, a “Trova Literária” será sempre
erudita, ainda que espontânea, cujo conceito
ultrapassa, sem comparações, o mundo limitado e
tacanho do conceito, às vezes pejorativo, de
“quadra popular” do Brasil.
Trovador é aquele que faz trovas. O trovador é maior
que o simples poeta, pois todo trovador é poeta, mas
nem todo poeta é trovador. No reino das musas, não
há orgulho maior que ser trovador!
Por isso, aquele que tem o dom de fazer trovas deve
se sentir privilegiado, pois a Língua Portuguesa
adquiriu suas primeiras formas literárias, através
do labor heróico dos trovadores medievais.
Os modernos trovadores são os legítimos herdeiros
dos primeiros cultores da língua portuguesa.
É possível que, num futuro não muito distante, a
Literatura Brasileira, o Dicionário Aurélio e outros
possam apresentar diferenças essências entre “Trova”
e “quadra”, uma vez que a Língua Portuguesa, sendo
viva e dinâmica, pode, muito bem, continuar a ter
evoluções e aquisições de novos conceitos, mesmo que
alterando noções antigas por serem já, na opinião de
muitos, obsoletas e inadequadas.
Concluindo, as considerações feitas aqui não dizem
respeito à Trova de Portugal, denominada pelos
irmãos lusitanos de “Quadra Popular”, que
historicamente serviu de suporte ao nascimento da
trova no Brasil.

DIRETORIA DA UBT NACIONAL
PRESIDENTE NACIONAL: Eduardo A. O. Toledo - UBT - Pouso
Alegre/MG
VICE-PRESIDENTE NACIONAL: Arlindo Tadeu Hagen - UBT -
Juiz de Fora/MG
SECRETÁRIO NACIONAL: Izo Goldman - UBT - São Paulo/SP
CONSELHO NACIONAL DA UBT
PRESIDENTE: Carolina Ramos - UBT - Santos/SP
VICE-PRESIDENTE: Flávio Roberto Stefani - UBT - Porto
Alegre/MG
SECRETÁRIA: Domitilla Borges Beltrame - UBT - São Paulo/SP

DIRETORIA DA UBT – PARANÁ
PRESIDENTE: Vânia Maria Souza Ennes – UBT - Curitiba/PR
VICE-PRESIDENTE: Maria Lúcia Daloce Castanho – UBT -
Bandeirantes/PR
SECRETÁRIO: Nei Garcez – UBT - Curitiba/PR
CONSELHO ESTADUAL
PRESIDENTE: Dari Pereira - UBT - Maringá/PR
VICE-PRESIDENTE: Apollo Taborda França – UBT - Curitiba/PR
SECRETÁRIA: Maria Aparecida Frigeri – UBT - Londrina/PR

CONCURSOS DE TROVAS
III
CONC. LITERÁRIO CIDADE DE MARINGÁ
Academia de Letras de Maringá
Caixa Postal 982
87001-970 MARINGÁ/PR
Tema: COLHEITA (L/F)
Sistema de envelopes. Máximo de 3 Trovas por
concorrente. ATÉ 31.10.06
*** Há concursos para Crônica, Soneto e Poema Livre.
II COM. NAC/INTERN. RÁDIO DIFUSORA DE OURO FINO
A/C de: Eduardo A.O. Toledo
Caixa Postal 181
37550-000 POUSO ALEGRE – MG
Tema: NOTÍCIA (L/F)
Sistema de envelopes. Máximo de 3 Trovas por
concorrente. ATÉ 31.10.06
CONCURSO UBT – Academia Pedralva
Trovas começadas com a letra X e com a letra Z. Uma de
cada letra para cada concorrente (L.F. ou H.).
A/C. Antonio Roberto
Rua Santa Teresa, 189 – Caju
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
28050 -270 (até 10/02/07)

Os muros do Colégio
Estadual Leonardo Francisco Nogueira, Ensino Médio, da
cidade de Pinhalão/PR/BR estão, pouco a pouco, sendo
ornamentados com belas trovas cujos autores são filhos
da própria Comunidade. Este gesto cultural tem
merecido aprovação de todos os transeuntes que têm
alguma sensibilidade pela arte literária.

TROVAS DE AUTORES
IMORTAIS
Saudade, perfume triste
de uma flor que não se vê;
culto que ainda persiste
num crente que já não crê!
Menotti del Picchia

No mundo são as verdades
como as nossas esperanças;
as que vêm nas tempestades
vão-se nas águas mansas.
Gonçalves Magalhães.

Dá, meu Deus, que eu possa amar,
dá que eu sinta uma paixão,
torna-me virgem a alma
e virgem meu coração.
Gonçalves Magalhães

Este é o exemplo que damos
aos jovens recém-casados:
que é melhor se brigar juntos
do que chorar separados!
Lupicínio Rodrigues

Vi uma estrela tão alta,
vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
na minha vida vazia!
Manuel Bandeira

MARIA DA GRAÇA STINGLIN
Curitiba – PR/BR
Um abraço com freqüência
sempre muito amor nos traz.
Ele desarma a violência,
constrói um mundo de paz.
Por incrível que pareça,
a pessoa que é ranzinza
leva acima da cabeça
uma leve nuvem “cinza”.
Na linda manhã de sol
ouvi uma canção tão bela...
Eu debaixo do lençol
e a cigarra na janela!
Quem trafega com atenção
demonstra conhecimento,
melhora a circulação...
e evita aborrecimento!
Faça o trânsito seguro.
Só dirija com cuidado.
Não deixe o outro no apuro...
Está certo? Combinado!

MARIA JOSÉ FRAQUEZA
Portugal
Trato a trova com carinho
e num gesto mais gentil
segue a trova o bom caminho
dos trovadores do Brasil.
As minhas trovas singelas
que brotam da minha fonte
vogam como caravelas
que avisto no horizonte.
Como o vai-vem da maré
as trovas soltas ao vento
são hinos de amor e fé
que brotam do sentimento.
São um imenso oceano
são fonte que não se esgota
as simples trovas que emano
são livres como gaivota!
Tão livre como a gaivota,
neste céu azul de anil
levam amor nesta rota
de Portugal ao Brasil.

OLGA AGULHON
Maringá - PR/BR
Mil sonhos num
embornal,
tantas pedras no caminho...
Era a sina do “imortal”,
que nunca encontrou seu ninho.
Era uma estrada deserta,
com muito barro... atolamos.
Não me lembro a data certa;
lembro o quanto nos amamos!
Quanto sonho não vivido
do jeito que foi sonhado!
Mas tudo tem mais sentido
quando, enfim, é conquistado.
Neste mundo conturbado,
todos nós, mesmo os ateus,
temos encontro marcado
no fim da vida, com Deus.
Carrego pouca bagagem
porque, na vida, aprendi
que, mesmo longa a viagem,
preciso apenas de ti.

ENTREVISTA COM O TROVADOR
APOLLO TABORDA FRANÇA
A Revista virtual
“Falando de Trovas e de Trovadores” tem a elevada honra
de entrevistar o ilustre escritor Apollo Taborda França,
que já conquistou lugar de destaque na galeria dos
grandes poetas e trovadores do Brasil.
Dr. Apollo, queira
nos dizer onde nasceu e reside.
Apollo: Nasci em Curitiba, capital do estado do
Paraná, onde resido.
Para correspondência: Caixa Postal 1174 – Centro
(41) 80001-970 – Curitiba/PR
Lairton: Como foi a sua infância e adolescência?
Apollo: Tanto minha infância quanto adolescência
foram excelentes, em companhia de meus pais, irmãos,
parentes e amigos.
Lairton: Fale-nos sobre sua vida escolar.
Apollo: Fiz cursos primário e ginasial no Instituto
Santa Maria, dos Irmãos Maristas. Posteriormente me
formei em Direito pela Universidade Federal do
Paraná, em Jornalismo pela Universidade Católica
(hoje PUCPR), ainda em Curso Técnico de Construção
de Máquinas e Motores, pela Escola Técnica Federal
do Paraná que agora está transformada em
Universidade; e mais ainda me formei em Ciências
Econômicas.
Lairton: O Senhor é autor de importantes obras
literárias. Quando começou e que razões o levaram a
escrever? Quantos livros de trovas editou?
Apollo: Efetivamente tenho 17 livros publicados, em
prosa e em verso. Inclusive cinco de Trovas. Passei
a fazer versos naturalmente, talvez por influência
sangüínea, uma vez que meu pai Heitor Stockler de
França era escritor, poeta, jornalista e advogado e
meus irmão também fazem poesias e trovas. Quanto aos
títulos dos meus livros, vou enviar ao amigo o
último que publiquei, Ano 2001 dC., “Vento Forte”
que contam nas orelhas as devidas informações.
Lairton: De que maneira suas obras literárias foram
divulgadas?
Apollo: Minhas composições literárias foram
publicadas em jornais, especialmente em livros e
coletâneas impressas em São Paulo e Rio de Janeiro,
etc.
Lairton: Sabemos que o Senhor é renomado trovador e
fez história nas páginas da Literatura Paranaense.
Participou da criação da UBT-União Brasileira de
Trovadores – no Estado do Paraná?
Apollo: Não participei da criação da UBT em
Curitiba, que foi feita por outros trovadores sob a
presidência do médico e trovador pernambucano
Barreto Coutinho, ladeado por outros aqui da
Capital. De todos um dos remanescentes vivos é o
muito admirado: Prof. Orlando Woczikoski que está
sempre junto às reuniões da UBT-Curitiba.
Posteriormente tive o prazer de presidir a UBT/Curitiba
1984/86 e 1990/92.
Lairton: Em sua opinião, o que faz a trova ser tão
apreciada entre os brasileiros?
Apollo: A TROVA é admirada por pessoas letradas ou
não, face sua singela facilidade de compor
especialmente com o conhecimento das leis do verso;
o setissílabo é muito espontâneo no linguajar
erudito e popular, é só conferir.
Lairton: Podemos afirmar que, no Brasil, o movimento
trovadoresco constitui uma escola Literária?
Explique-nos.
Apollo: Diz-se Escola Literária porque demanda o
melhor conhecimento e prática permanente. Hoje há
aulas de “trovas” em diversas escolas primárias no
elevado sentido cultural e educativo e maneiras de
as fazer e de expressar (recitar) em público. Então,
trata-se de um movimento em ascensão, com muito
brilho e persistência.
Lairton: O Senhor pertence à diversas entidades
literárias do País. O que o levou à Cadeira nº 36
da Academia Paranaense de Letras?
Apollo: A minha já consolidada representatividade
literária como escritor, poeta e jornalista,
inclusive, com livros já editados e com a melhor
aceitação pública.
Lairton: Qual a razão de existir das academias
literárias, além de ser, por si só, merecido
galardão de ilustres escritores?
Apollo: É o sentido de unir, congregar e incentivar
todos os que usam a cultura como meio e fim,
instrumento de comunicação entre os diversos setores
das comunidades física e espiritualmente falando.
Lairton: O que é a MPPr, qual a sua função e que
ligação tem o seu nome com este Movimento?
Apollo: Movimento Poético Paranaense-MPPr.; tem
objetivos e finalidades de publicar e difundir a
literatura, especialmente poética entre seus
leitores, poetas e escritores, em seus diversos
níveis observando e respeitando as individualidades
e suas criações eruditas, clássicas, modernas e que,
por si só, ajudam a estabelecer os parâmetros
funcionais de nossa literatura, frente a do país.
Lairton: Valeu a pena ter sido poeta e trovador?
Sente-se realizado como pessoa e como escritor?
Apollo: Valeu! Mas, continuo me realizando nos meus
seguidos trabalhos em prosa e verso.
Lairton: O Senhor tem usufruído das vantagens da
Internet? Possui algum site?
Apollo: Relativamente, conforme as necessidades
imediatas e mediatas. Os “e-mail” que me estão
ligados são: apolloversos@bol.com.br; mp-pr@ig.com.br;
e também o ordemdosapo@yahoo.com.br
Lairton: Que opinião tem sobre as atividades
literárias do Portal CEN?
Apollo: Portal CEN? Desejo que o mesmo alcance seus
objetivos de difusão literária.
Lairton: Quem é Apollo para Apollo, como pessoa e
como poeta?
Apollo: Apollo para Apollo: Somo um! Com os mesmo
ideais, caráter e personalidade.
Lairton: O que diria aos principiantes da “arte de
fazer trovas”?
Apollo: Aos principiantes insisto que aprendam as
regras da versificação, especialmente sobre tônicas,
ritmo, censura e aplicação das rimas.
Lairton: Agradecemos sua importante participação na
Revista “Falando de Trovas e de Trovadores” e
solicitamos seis trovas de sua autoria, para
coroamento desta preciosa entrevista.
Apollo: As seis trovas solicitadas seguem, junto com
mais uma ao amigo!
Grato: Apollo
TROVAS DE APOLLO TABORDA FRANÇA
Com garra de trovador,
Vou seguindo meus caminhos...
Venturoso e com amor,
Num roseiral sem espinhos!
Cai a tarde, fico triste,
Pressuroso como o quê...
O coração não resiste
A saudade de você!
Poeta diz sempre o que quer,
Na verdade ou de impulsão...
Tenho certeza e assim penso,
Com você e sem vaidade!
Disse adeus à virgindade,
Optou, em seus dilemas...
Quis amar com pouca idade:
– Está cheia de problemas!
Pelas ruas da cidade,
Encontrei com Jesus Cristo...
– Faze e prega a caridade,
Para o Céu bem chega isto!
Especial:
Lairton Trovão de Andrade,
“Setissílabo” perfeito...
Tem da trova a afinidade:
– Na UBT mostra seu jeito!
Apollo Taborda França

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Formatação e Arte: Iara Melo
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