Falando de

"Trovas e de Trovadores"

 

 

Nº  02 – Setembro de 2006

Editor: Lairton Trovão de Andrade

 

 

 


 ÍNDICE


·         Patrono dos Trovadores
·         Curiosidades sobre São Francisco
·         Oração do Trovador
·         Diretoria da UBT Nacional
·         Diretoria da UBT – Paraná
·         Concursos de Trovas
·         Trovas em Muro
·         Trovas de Autores Imortais
·         José Feldman
·         Luiz Hélio Friedrich
·         Maria Granzoto da Silva
·         Entrevista com o Trovador A. A. de Assis
 


PATRONO DOS TROVADORES


            “Falando de Trovas e de Trovadores”, em seu 2º número, comemora com honrosa justiça o Patrono dos Trovadores, São Francisco de Assis, cuja festividade é celebrada no dia 04 de outubro do calendário eclesiástico.

            Nasceu Francisco em 26 de setembro de 1182, na cidade italiana de Assis, filho do próspero comerciante Pedro Bernardone e da piedosa Pica Bourlemont. Faleceu, em odores de santidade, na tarde de 03 de outubro de 1226.

            Dois anos depois, 16 de julho de 1228, foi solenemente elevado às honras dos altares pelo papa Gregório IX, sendo venerado como São Francisco de Assis por todo orbe cristão.

            Desde muito cedo, sentia em seu espírito predestinação para coisas do Altíssimo. Mas foi no mês de abril, de 1207, que deixou definitivamente as alegrias do mundo e o seio da própria família, para viver sob a proteção divina.

            Francisco abandonou tudo: Casa, família, propriedades, riquezas, luxos,  festas, honrarias, amigos, até a felicidade que o mundo aparentemente proporcionava.

            Duas coisas, porém, o acompanhou durante a vida inteira – o profundo amor às criaturas e o fantástico espírito de poeta e trovador.

            O amor que ardia em sua alma era único e superlativo. Ninguém amou tanto o seu semelhante como Francisco. Quando ainda na opulência da vida, não permitia que algum necessitado partisse sem sua ajuda. Chegou a doar a própria túnica ao pobre que passava frio. O “beijo ao leproso” configura toda chama do seu amor fraterno.

            Amou a natureza como ninguém. Em cada ser criado via um irmão. O seu conhecido “Cântico das Criaturas” ou “Cântico do Sol” é apologia sensível de louvor a Deus, através das criaturas. Seu carinho aos seres da natureza atingiu as últimas conseqüências. É digno de ser reconhecido como o mais perfeito ecologista que passou por este mundo.

            Foi poeta e trovador durante a vida inteira. Com sublime
inspiração, soube contemplar toda harmonia radiante do universo. Os motivos da mocidade deram lugar aos motivos celestiais para que se tornasse o maior “trovador de Deus” que a história dos homens conheceu.

            Sua alegria espontânea, seu amor universal, seus dons de poeta, portanto, deram colorido especial à sua encantadora santidade e fizeram, dele, poema vivo de celebração.

            Até o mais conceituado poeta e trovador da época, Divini, conforme nos relata Fülöp-Miller em “Os Santos que Abalaram o Mundo”, “ficou cheio de amor evangélico quando ouviu o Trovador de Deus  falar sobre a
felicidade que a paz da alma proporciona. A transparência, a beleza e a poesia daquelas palavras de vida eterna atingiram a alma daquele famoso trovador, trazendo-lhe seráfica harmonia existencial.

            Divini, ajoelhando-se diante de Francisco, exclamou: “ Paz! Dá-me paz!” E Francisco, abençoando-o, respondeu: “Levanta-te e vem conosco, irmão de paz, irmão Pacífico!”

            Daquele dia em diante, como jogral de Deus,  seguiu a canção de Francisco, levando a luz do Evangelho aos povos.”

            A UBT  - União Brasileira de Trovadores -  adotou São Francisco de Assis como  legítimo patrono dos trovadores.  A seu exemplo,  vivemos, todos, unidos numa real confraria, onde reina o vigor da caridade, que consiste na compreensão exemplar, no respeito mútuo e no incentivo constante, permitindo que a inspiração trovadoresca seja sempre realidade viva na mais dinâmica escola literária de todos os tempos.

O Editor



CURIOSIDADES SOBRE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
 


·        O Trovador de Deus, São Francisco de Assis, compôs o “Cântico das Criaturas”  ou “Cântico do Sol”, em 1225, sendo considerado o primeiro poema da literatura italiana.

·        São  Francisco de Assis seguiu, ao pé da letra, as palavras do Evangelho. Foi o santo que, em vida, mais imitou Cristo. Dois anos antes da sua   morte, 14 de setembro de 1224, recebeu em seu próprio corpo, no Monte   Averno, as cinco chagas de Jesus Crucificado.

·        São Francisco de Assis é fundador de três ordens religiosas: Ordem Franciscana dos Frades Menores (1209),  Ordem Franciscana das Clarissas (1212) e Ordem Terceira (1221).

·        Pio XII dizia que São Francisco de Assis era o “mais italiano dos santos e o mais santo dos italianos.” Por isso, em 1939, proclamou-o “Padroeiro da Itália”.

O Editor
 

ORAÇÃO DO TROVADOR
(São Francisco de Assis)
 


Senhor,
Fazei de mim um instrumento de Vossa Paz!
Onde há ódio, que eu leve o amor!”
Onde há ofensa, que eu leve o perdão!
Onde há discórdia, que eu leve a união!
Onde há erro, que eu leve a verdade!
Onde há dúvida, que eu leve a fé!
Onde há desespero, que eu leve a esperança!
Onde há tristeza, que eu leve a alegria!
Onde há treva, que eu leve a luz!

Ó Mestre,
Fazei que eu procure menos ser consolado do que consolar,
Ser compreendido do que compreender,
Ser amado do que amar!
Porquanto
É dando que se recebe,
Perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a Vida Eterna!


DIRETORIA DA UBT NACIONAL


PRESIDENTE NACIONAL: Eduardo A.O. Toledo – UBT - Pouso Alegre/MG
VICE-PRESIDENTE NACIONAL: Arlindo Tadeu Hagen – UBT -Juiz de Fora/MG
SECRETÁRIO NACIONAL: Izo Goldman – UBT - São Paulo/SP

CONSELHO NACIONAL DA UBT

PRESIDENTE: Carolina Ramos – UBT – Santos/SP
VICE-PRESIDENTE: Flávio Roberto Stefani – UBT – Porto Alegre/MG
SECRETÁRIA: Domitilla Borges Beltrame – UBT – São Paulo/SP

DIRETORIA DA UBT – PARANÁ

PRESIDENTE: Vânia Maria Souza Ennes – UBT - Curitiba/PR
VICE-PRESIDENTE: Maria Lúcia Daloce Castanho – UBT -  Bandeirantes/PR
SECRETÁRIO: Nei Garcez – UBT - Curitiba/PR

CONSELHO ESTADUAL

PRESIDENTE: Dari Pereira- UBT - Maringá/PR
VICE-PRESIDENTE: Apollo Taborda França – UBT - Curitiba/PR
SECRETÁRIA: Maria Aparecida Frigeri – UBT -  Londrina/PR


CONCURSOS DE TROVAS

XX JOGOS FLORAIS DA AURPICAS
Avenida dos Aviadores nº 9
7580-151 -  Alcácer do Sal – Portugal
Modalidade QUADRA POPULAR (trova)
Tema: ALCÁCER E SEUS ENCANTOS
Máximo de 2 trovas datilografadas cada uma delas em uma folha A4, espaço 2, sob o mesmo pseudônimo as duas, em 2 vias. Acompanha envelope de identificação tendo por fora a modalidade e o pseudônimo, e, por dentro, um papel com: modalidade, pseudônimo, nome e endereço completos e assinatura.
ATÉ 10.10.06

III CONCURSO LITERÁRIO CIDADE DE MARINGÁ
Academia de Letras de Maringá
Caixa Postal 982
87001-970      MARINGÁ –PR
Tema: COLHEITA (L/F)
Sistema de envelopes. Máximo de 3 trovas por concorrente.
ATÉ 31.10.06

II CONC. NAC/INTER. RÁDIO DIFUSORA DE OURO FINO
A/C de : Eduardo A.O.Toledo
Caixa Postal 181
37550-000 POUSO ALEGRE –MG
Tema: NOTÍCIA (L/F)
Sistema de envelopes. Máximo de 3 trovas por concorrente.
ATÉ 31.10.06

TROVAS EM MURO


Os muros do Colégio Estadual  Leonardo Francisco Nogueira, Ensino Médio, da cidade de Pinhalão/PR/BR estão, pouco a pouco, sendo ornamentados com belas trovas cujos autores são filhos da própria Comunidade.  Este gesto cultural tem merecido  aprovação de todos os transeuntes que têm alguma sensibilidade pela arte literária.



 TROVAS DE AUTORES IMORTAIS

A primavera opulenta,
rica de cantos e cores,
palpita, anseia, rebenta,
em cataclismo de flores.
Guerra Junqueiro

Entre os suspiros do vento
da noite ao mole frescor,
quero viver um momento,
morrer contigo de amor!
Álvares de Azevedo

A neve desce, flutua,
cai sobre tudo e se espalha
sobre a estrada imensa e nua
como uma branca toalha.
Francisca Júlia

Amor é fazer o ninho
que duas almas contém,
ter medo de estar sozinho,
dizer com lágrimas: - Vem!
Tobias Barreto

Vossa vinda, bom Pastor,
muito há que desejamos,
para que Nosso Senhor
nos conceda o que esperamos.
Pe. José de Anchieta
 


***

JOSÉ FELDMAN
Ubiratã-PR/BR

Num retrato amarelado
a saudade em mim se deu
ontem tinha o pai ao lado
sem ele, hoje...o pai sou eu.

Doce flor que desabrocha
perfumando seu cantinho,
envolvendo toda rocha
com doçura e carinho.

Vivi em busca de carinho
em castelos de ilusão,
tanto tempo estou sozinho
quem me aquece é a solidão.

Uma chave carregamos
porta de um mundo melhor
entretanto não largamos
a muleta de um bem pior.

Tanto mal nós infligimos
Em todos que bem nos queira
E o perdão que lhes pedimos
É uma nuvem passageira.

Tanta gente em si perdida
Entre sombras se escondendo
Cada dia é outra vida
Em disfarces vai morrendo.

***

LUIZ HÉLIO FRIEDRICH
Curitiba-PR/BR

Quem não se importa onde pisa,
na escalada desta vida,
sobe muito mas desliza
e escorrega na descida.

Quisera que o mundo visse
meu ar de felicidade
assim que você me disse:
“Namoro” – e não: “Amizade”.

A cada dia que passa,
muda minha realidade,
meus sonhos viram fumaça,
amores viram saudade.

Qual o filho mais querido
aquele que a mãe mais gosta?
Se existe algum preferido?
Nem ela sabe a resposta!

Saudade, nem sempre triste,
traz lembrança de um ausente
que de longe ainda insiste,
em se dar como presente.

Falhei nesta vida minha,
ao querer ser o teu rei
pois tu já eras rainha,
e escravo teu me tornei.

Contra-senso é eu ter na vida,
Por meu sol os olhos teus,
E ao te olhar, minha querida,
Bem ceguinhos deixo os meus.
 

***


MARIA GRANZOTO DA SILVA
Arapongas-PR/BR

Falar de trovas, meu Deus!
Missão que faz me encantar!
Falar de trovas aos meus!
– Ainda não sei trovar!

Juro que estou a pensar
como se estivesse em prova.
Comecei com Deus falar
que me inspirasse uma trova.

Senti muito a sua ausência
naquele dia sem sol.
Só depois, pura demência,
descobri o meu arrebol.

Foi hilário aquele encontro!
que parecia escondido!
Não é que bati meu ponto
na sala do seu marido?

Asqueroso Presidente
deste País tão querido,
não fique mostrando os dentes
para mulher sem marido.

Tire essa barba nojenta,
bota vergonha na cara!
Hoje ninguém mais agüenta
vê-lo nem ouvir sua fala!



ENTREVISTA COM O TROVADOR A.A.DE ASSIS



            A Revista Virtual “Falando de Trovas e de Trovadores”, em seu 2º número, tem a elevada honra de entrevistar o exímio Trovador Antônio Augusto de Assis, que tem enriquecido a nossa Literatura com belíssimas trovas antológicas.
 

Lairton: Onde nasceu e reside? 
Assis: Nasci em São Fidélis, estado do Rio de Janeiro, no dia 7 de abril de 1933. Resido em Maringá, estado do Paraná.

Lairton: Fale-nos algo sobre Maringá.
Assis: Uma cidade jovem e muito bonita, fundada no dia 10 de maio de 1947, hoje com cerca de 320 mil habitantes. Pólo agropecuário, comercial, industrial e universitário.

Lairton: Qual a sua formação escolar, e que profissão exerceu ou exerce?
Assis:  Jornalista e professor universitário – Letras (aposentado).

Lairton: Por suas inquestionáveis qualidades de trovador, você ocupa lugar de destaque no Mundo das Trovas. Como foi o seu início neste mundo fantástico da poesia  e da trova?
Assis: Comecei a fazer trovas em 1960, participando dos I Jogos Florais de Nova  Friburgo-RJ.
 

Lairton: Como conheceu e como ingressou na UBT – União Brasileira de Trovadores?
Assis: Morei durante alguns meses em Nova Friburgo, em 1960, justamente quando lá começava a nova era da trova. Lá conheci os grandes trovadores da época, entre os quais Luiz Otávio, J.G. de Araújo Jorge, Delmar Barrão, Aparício Fernandes, Cobert Rangel Coelho e outros. Com eles aprendi a gostar da trova e até hoje é ela a minha forma preferida de poesia.
 
Lairton: Percebe-se  claramente o carinho edificante que você tem pela UBT - União Brasileira de Trovadores, dela sendo, não somente um filho amado, mas também ardoroso militante que não se cansa de promovê-la rumo à maior prosperidade. O que o leva a ter tão nobre atitude? 
Assis: Sou um dos poucos remanescentes da geração fundadora da UBT, honrosamente recebi o título de sócio benemérito da entidade e aprendi a considerá-la uma extensão da minha família. Devo à UBT a enorme alegria de ter irmãos muito queridos em todo o Brasil.

Lairton: Em sua opinião, o movimento trovadoresco, no Brasil, pode ser considerado Escola Literária?
Assis: O trovismo é, em todos os sentidos, uma autêntica escola literária, a mais ampla, mais organizada e mais animada de todos os tempos. A única escola literária que se transformou em verdadeira confraria.

Lairton: O que difere a UBT de outras entidades trovistas do Brasil, como ABT (Academia Brasileira da Trova), FEBET (Federação Brasileira de Entidades Trovistas) e outras?
Assis: Tentarei resumir. Em 1960, com o lançamento da grande antologia “Meus irmãos, os trovadores”, de Luiz Otávio, nasceu o moderno trovismo. Em 1958, Rodolfo Cavalcanti fundou na Bahia o GBT – Grêmio Brasileiro de Trovadores. Em 1960, Symaco da Costa rompeu com o  GBT e liderou no Rio de Janeiro a fundação da ABT – Academia Brasileira da  Trova. Em 1961, instalou-se a seção do GBT do então estado da Guanabara: Luiz Otávio ficou como presidente dessa seção e, ao mesmo tempo,delegado do GBT para as regiões Sul-Sudeste-Centro-Oeste. Em 1966, os trovadores que seguiam a liderança de Luiz Otávio desligaram-se do GBT e fundaram a UBT – União Brasileira de Trovadores. Em meados dos anos 1970, Eno Theodoro Wanke rompeu com Luiz Otávio e fundou a Febet (da qual se fez presidente), congregando os grupos não-alinhados com a UBT. Até por volta do ano 2000, o relacionamento entre a UBT  e as demais entidades trovísticas foi pouco amistoso. Hoje, porém, para felicidade geral, todos se entendem fraternalmente.
 

Lairton: Como São Francisco de Assis tornou-se Patrono dos Trovadores?                                                                                  Assis: São Francisco de Assis foi um dos mais importantes trovadores da Idade Média, e Luiz Otávio era seu fiel e entusiasmado devoto. Sua adoção como patrono foi natural e unânime.

Lairton: Por que uma rosa vermelha como símbolo dos trovadores?
Assis: “Rosa” e “roda” têm a mesma raiz etimológica, tal como “redondilha”. Sendo a trova composta de quatro redondilhas maiores (quatro versos setissílabos), é fácil entender por que a rosa foi escolhida como símbolo. O vermelho tem a ver com paixão, amor, lirismo.

Lairton: Somos sabedores de que em Maringá o movimento trovista encontra-se num estágio mais avançado que na maior parte das cidades paranaenses. Que fatores proporcionaram tal desenvolvimento na Cidade Canção?
Assis: Em 1966, Luiz Otávio nomeou-me delegado-fundador da UBT em Maringá. Reuni os poetas da cidade e ousamos realizar aqui o I Festival Brasileiro de Trovadores, alcançando amplo sucesso. Em abril de 1967, a delegacia foi transformada em seção, instalada pessoalmente pelo próprio Luiz Otávio e tendo como presidente o médico Elidir d´Oliveira. Em 1970, assumiu a presidência o professor Dari Pereira, que permanece no cargo até hoje. Ele é recordista brasileiro na presidência de uma seção da UBT. Anualmente, as três seções da UBT paranaense que reúnem maior número de trovadores são as de Curitiba, Maringá e Bandeirantes. A seção de Londrina encontra-se em fase de reativação e a de Ponta Grossa deverá voltar a movimentar-se a partir do próximo ano. Com a dinâmica trovadora Vânia Ennes na presidência estadual, está crescendo também, a cada mês, em todo o Paraná, o número de delegacias municipais da UBT.

Lairton: Você, no decorrer dos anos, tem criado inúmeras trovas do mais alto valor literário. Entretanto, a Missa em Trovas, parece-nos, ultrapassou o limite da inspiração poética.  Fale-nos sobre a Missa em Trovas: Como se sente em ser       autor de obra tão sublime? Sob o ponto de vista religioso, que frutos espera da Missa em Trovas? Que alegrias a Missa em Trovas tem lhe proporcionado?
Assis: Fiz a Missa em Trovas para ser celebrada como ato de abertura do II Festival Brasileiro de Trovadores, em Maringá, em abril de 1970. Estavam presentes trovadores de todo o Brasil, os mais importantes da época. Todos levaram cópia do texto e espalharam por toda parte. Ao longo desses 36 anos, a Missa em Trovas já foi celebrada de Porto Alegre a Belém do Pará. Vejo-a como um modo novo de louvar a Deus e um novo modo de levar a trova ao povo. Fico muito feliz em poder deixar essa contribuição à UBT como uma lembrança de minha geração. 
 

Lairton: Você é o editor do Jornal Trovia-UBT Maringá. Como conseguiu manter o nível e a constância desse precioso informativo em homenagem à trova e ao trovador, durante longos oito anos?
Assis: “Trovia” começou, há oito anos, como um “bilhete” mensal enviado apenas aos trovadores de Maringá e a uns poucos de outras regiões. Foi aumentando mês a         mês o número de destinatários. Com a transformação do boletim em jornal virtual, distribuído via internet. O endereçário multiplicou-se. Hoje enviamos o “Trovia” por e-mail direto, a centenas de pessoas, entre os trovadores e não-trovadores. Além disso, temos contado com o precioso apoio do Portal CEN, que remete o nosso jornalzinho para mais de 23 mil endereços em todo o mundo lusófono. Claro que dá trabalho (praticamente sozinho e sem ganhar nada com isso) selecionar todos os meses mais de 50 trovas, montar com máximo zelo cada edição e enviar para tantos amigos. Mas a alegria resultante desse trabalho é imensa, e enquanto houver fôlego seguiremos em frente.
 

Lairton: Avalie o Portal CEN.
Assis:  O Portal CEN, uma das maiores pontes culturais entre o Brasil e Portugal, é um belíssimo serviço de utilidade pública criado e mantido por um dos mais ardorosos apóstolos da arte literária, nosso querido mestre Carlos Leite Ribeiro.            
A trova, particularmente, deve muito ao Carlos, à Iara e ao seus demais colaboradores. O “Cá Estamos Nós” tem levado os nossos versos aos mais distantes lugares deste planeta.

 

Lairton: O que o levou a editar livros e e-books?
Assis: Quem escreve quer ser lido. E o modo mais moderno, econômico e eficaz de chegar aos leitores é o e-book. O autor nem imagina quantos estão lendo seus trabalhos. De repente, você fica conhecido em mil lugares, como se ocorresse um milagre.
 

Lairton: Sob o ponto de vista literário, você é pessoa realizada?
Assis:  Ninguém jamais se sentirá inteiramente realizado. Posso dizer, porém, que, como “poeta amador”, sem pretensão de lucro material com o que escrevo,   sinto-me bastante feliz pelo que já produzi e pelo que espero produzir ainda na reta final da vida.
 

Lairton: Agradecemos a oportunidade que nos deu nesta entrevista e solicitamos, para o encerramento, algumas trovas da sua autoria. Um fraterno abraço!
Assis: O prazer foi meu, e dou-lhe os parabéns pelo seu excelente trabalho de produção e divulgação da trova. O mundo anda muito carente de poesia, e você contribui significativamente para preencher essa lacuna.
 

Algumas trovas minhas:
 

Num tempo em que tanta guerra
enche o mundo de terror,
benditos os que, na Terra,
semeiam versos de amor!

*
 Irmanemos nossas vidas
em comunhão generosa,
tal como vivem unidas
as pétalas de uma rosa!

*
Tem muito mais graça a vida
quando a gente tem com quem
repartir bem repartida
a graça que a vida tem!

*
Sorria, amigo, sorria...
pois, neste tempo de tédio,
qualquer sinal de alegria
é sempre um santo remédio!

*
Amai-vos, e as derradeiras
 muralhas hão de cair.
 Havendo amor, as fronteiras
não têm razão de existir!

 


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Formatação e Arte: Iara Melo