Revista Trovia UBT -

Maringá - PR

Ano 8 - nº 98 - Setembro/2007

Editor: Antonio Augusto de Assis

(A. A. de Assis)

Formatação e Arte: Iara Melo

PORTALCEN – A maior ponte literária Brasil - Portugal

O que você faz pela trova é tão importante quanto as trovas que você faz

 
O delegado da UBT
 
 
Ele era o único poeta da cidade. Por acaso alguém o descobriu e o indicou à direção da União Brasileira de Trovadores. Um mês depois, foi-lhe feito o convite e ele aceitou de pronto: fez-se delegado da UBT em seu município. A cada boletim de trovas que recebia, mais se entusiasmava. Aprendeu direitinho a técnica e logo já estava até ganhando prêmios em concursos. O drama era não ter em sua cidade ninguém com quem trocar idéias. Só um professor de português demonstrava certa sensibilidade. Pensou em promover concursos, porém não havia sequer como formar uma comissão julgadora. Sentia-se um João Batista a pregar no deserto. Mas continuou sonhando, teimando. Até que decidiu anunciar pela rádio local uma oficina de trovas, destinada a quem interessar pudesse. Para sua surpresa, apareceram vários “alunos”. Após algum tempo, ele já contava com mais de dez parceiros. A delegacia foi crescendo, virou seção, e sua cidade entrou definitivamente no mapa da trova. Repetia-se assim uma história igual à de muitos outros delegados municipais da UBT espalhados Brasil afora. Graças a eles, o trovismo se tornou em meio século a mais bela, a mais fraterna, a mais numerosa e mais animada escola literária de todos os tempos. São verdadeiros apóstolos da trova. A cada um deles, nosso carinhoso abraço, e um enorme muito-obrigado!

 


Inesquecíveis
 
 
Hoje sei que foi loucura...
Mas ao louco que fui eu
devo o pouco de ternura
que o bom senso não me deu.
Cesídio Ambroggi
 
Inverno, melancolias,
errando, à toa, nas ruas...
As minhas mãos estão frias
e com saudade das tuas!
Colombina
 
Por mais que nos fira e doa,
a saudade um bem nos faz:
é o resto da “coisa boa”
que o tempo deixou pra trás...
Geraldo Guimarães
 
Tu gostas do que não gosto,
e eu sofro por ser assim...
Vou ver se de mim desgosto,
para gostares de mim!
Luiz Otávio
 
O livro, o cigarro ao lado,
o rádio, o abajur antigo...
Eu deixo tudo arrumado
fingindo que estás comigo...
Maria Tereza Noronha
 
Seja a todos proveitosa
esta lição comezinha:
– Ninguém jamais colhe rosa
cultivando erva daninha.
Waldir Neves


Revista


Academia – Reeleita, para o biênio 2007-2009 (com algumas poucas alterações), a diretoria da Academia de Letras de Maringá – Presidente de honra: Antonio Augusto de Assis; presidente: Antonio Facci; vice-presidente: Jeanette De Cnop; secretária geral: Olga Agulhon; 1ª secretária: Florisbela Durante; 2ª secretária: Maria Eliana Palma; 1º tesoureiro: Alberto Paco; 2ª tesoureira: Arlene Lima;orador: Dari Pereira; Bibliotecários: Jorge Fregadolli e Ademar Schiavone. Conselho: Armando Bettinardi (presidente), Cônego Benedito Telles e Nelson Maimone.

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Almanaque da Vozes – Já em circulação o Almanaque Santo Antônio - 2008, tradicional publicação da Editora Vozes.  As páginas 123 e  124 são dedicadas à Trova.

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Izo Goldman – Tanto os amigos insistiram, que o consagrado mestre Izo Goldman decidiu reunir num belo livro os seus versos geniais. Trovas de quem ama a trova é o título, e é dessas obras que a gente lê e relê de ponta a ponta, e lê de novo, e vai reler por toda a vida. Parabéns, irmãozão!

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Flávio Stefani – O dinâmico presidente da UBT-RS, Flávio Roberto Stefani, lançando uma obra de fundamental importância para o trovismo: Jogos Florais – história, essência e vida. Pedidos diretamente ao autor.

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José Lucas – Natal é realmente um rico berço de grandes poetas. De um dos mais ilustres – José Lucas de Barros – recebemos Caminhada,  primoroso álbum de trovas, sonetos, glosas e poemas diversos. Gratíssimos pelo precioso presente.
 
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Brincantes – José Fabiano dá prosseguimento à serie de livros que vem publicando, repartindo espaço em cada um deles com um parceiro homenageado. O mais novo lançamento da coleção é Trovas brincantes, que o querido poeta / filósofo mineiro compartilha com A. A. de Assis.

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Buenos Aires – Emendando com a festa de encerramento dos Jogos Florais 2007 de Porto Alegre (26 a 28 de outubro), está programada para o período de 29 de outubro a 2 de novembro a festa de premiação dos  I Juegos Florales de Buenos Aires.
 

Humorísticas
 
 
Minha sogra é mesmo o fim...
– Eu falo e sinto vergonha...
Duvida tanto de mim,
que acredita na cegonha...
Antônio C. T. Pinto – Brasília
 
Ouço à noite, e quase morro,
um fantasma assobiar,
mas a vizinha Socorro,
ao contrário, manda entrar!...
Clenir Ribeiro – N. Friburgo
 
“Não há pão? Comam brioche!",
disse a rainha ao seu povo.
Antes um pão que o deboche,
de preferência... com ovo.
Diamantino Ferreira – Campos
 
Faminta e, pelo seu porte,
mal cabendo no maiô,
pediu: – “Me indique um esporte...”
E o terapeuta: – “Sumô!”
Edmar Japiassú Maia – Rio
 
Vendo a perua chegar,
pergunta logo a vizinha:
– Querida, que vai tomar?
– Seu marido, queridinha...
Istela Marina – Bandeirantes
 
A noiva, por ironia,
na mala só vai levar
a camisola-do-dia,
que á noite... nem vai usar...
Izo Goldman – São Paulo
 
Quando a pimenta “apertou”,
parei o carro na estrada.
E o meu azar piorou:
– a moita estava roçada!...
Neide R. Portugal – Bandeirantes
 
Não agüentou... fez no mato;
estava cheia a bexiga...
Quanta má sorte! Que chato!
Era uma moita de urtiga...
Olga Agulhon – Maringá

 

Líricas e filosóficas
 

Meus sonhos estão murchando,
perdendo a cor e a fragrância...
– Meu Deus, estou precisando
de uma transfusão de infância!
A. A. de Assis – Maringá
 
Lembranças da minha infância,
lembranças da mocidade.
Hoje só resta a distância
ligada pela saudade.
Alberto Paco – Maringá
 
Para os que seguem sozinhos,
descalços e combalidos,
que importa ter mil caminhos,
se todo são proibidos?...
Amália Max – Ponta Grossa
 
Esta vida é uma viagem
onde a gente vai e vem.
Estou aqui de passagem
qual passageiro de um trem.
A.M.A. Sardenberg – São Fidélis
 
Teus desdéns são previsíveis
e eu receio, ao te encontrar,
ver teus braços disponíveis
e correr para abraçar.
Arlindo T. Hagen – B. Horizonte

Enquanto, em rico arremate,
se gasta tanto em leilão,
muitos se dão por resgate
em troca do próprio pão.
Carlos A. Cavalcanti –  Arcoverde
 
Esta chama que hoje acendo,
para unir-me à sua luz,
é como prece envolvendo
o árduo caminho da cruz.
Cidinha Frigeri – Londrina
 
Liberta dessa união
que era tormento e ansiedade,
deu-me o tempo outra prisão:
sou cativa da saudade...
Conceição de Assis – Pouso Alegre
 
Contendo idéia completa
e pregando o bem geral,
um só verso de um poeta
pode torná-lo imortal!
Dari Pereira – Maringá
 
A saudade é conhecida
como a dor do amor ausente...
Saudade não tem medida,
só sabe o tanto quem sente.
Djalma Mota – Caicó
 
Pão nosso de cada dia
pedimos em oração,
sem pedirmos a alegria
de a ninguém faltar o pão.
Domingos F. Cardoso – Portugal
 
Coragem?! Ah quem me dera
que por graça ou bruxaria,
aquela mulher que eu era
ressuscitasse algum dia!
Dorothy J. Moretti – Sorocaba
 
Num casebre abandonado
ao pé da serra, silente,
vive escondido o passado
na solidão do presente!
Eduardo A. O. Toledo – Pouso Alegre
 
Meu carnaval mais risonho
foi aquele em que eu vesti
as fantasias de um sonho
que até hoje não vivi!
Elisabeth S. Cruz – N. Friburgo
 
Quando a saudade malvada
bate à porta de olhar ancho,
a insônia fica hospedada
por uns dias no meu rancho.
Flávio Stefani – Porto Alegre
 
Ainda guardo lembranças
de coisas não permitidas:
pedacinhos de esperanças,
restinhos de nossas vidas.
Francisco Garcia – Caicó
 
Neste emadrugadecer
no aconchego do teu braço...
me deixei adormecer
vencido pelo cansaço!
Francisco Macedo – Natal
 
Pelo glamour, pelo brilho,
que a mulher tem, e me atrai,
é fácil fazer um filho...
difícil mesmo é ser pai!
Francisco Pessoa – Fortaleza
 
Queria, em meu coração,
uma enchente, só de amores,
onde as águas da emoção
brilhassem em novas cores!
Gislaine Canales – B. Camboriú
 
De manhã o sol me acorda
e à noitinha me adormece.
Um “reloginho” sem corda
cujo toque nos aquece.
Humberto Del  Maestro – Vitória
 
A lua, atriz de Jesus,
interpreta seu papel,
quando, dourada, reluz
no picadeiro do céu.
Jair Figueiredo – Natal
 
A vida de quem não sonha
e vive sem ter um  bem
lembra uma rua tristonha,
onde não passa ninguém!
José Messias Braz – Juiz de Fora
 
Velhas mensagens, esparsas,
num diário já sem cor,
são testemunhas das farsas
que um dia chamei de... amor!...
José Ouverney – Pinda
 
O trabalho me norteia
e dele eu não me despeço,
pois quero meu grão de areia
na construção do progresso.
José Lucas – Natal
 
Apesar de meu soluço
todo o corpo sacudir,
sobre a tristeza debruço
a coragem de sorrir.
Lóla Prata – Bragança Paulista
 
Sem ter consciência total
da dimensão percorrida,
há quem se torna imortal
no desenlace da vida!
Lucília Decarli – Bandeirantes
 
Novo estatuto vigora
nas leis do amor hoje em dia:
sei que vale mais o agora
do que a mais bela utopia!
Luiz Carlos Abritta – B. Horizonte
 
La amistad, bello tesoro
que al compartir nos hermana.
Al amigo lo atesoro
por la dulzura que emana
Ma. Cristina Fervier – Argentina
 
Em meus rascunhos guardados,
não há mistérios...  Porque
nos versos que são lavrados
o tema é sempre... você!
Ma. Lúcia Daloce – Bandeirantes
 
A primavera passou,
mas passou tão distraída,
que nem sequer se lembrou
de reflorir minha vida...
Marina Bruna – São Paulo
 
Nos extremos desta vida,
um contraste se percebe:
– A Terra chora a partida
daquele que o Céu recebe!
Osvaldo Reis – Maringá
 
Se foi presságio, não sei;
mas eu senti, na partida,
que aquele adeus que eu te dei
dava adeus à nossa vida...
Otávio Venturelli – N. Friburgo
 
Receio o destino incerto
de perder-me em teus encantos
e tornar-me um livro aberto,
esquecido... pelos cantos.
Sérgio F. da Silva – São Paulo
 
Guardo das minhas jornadas,
entre emoções bem vividas,
os sorrisos das chegadas
e as tristezas das partidas.
Thereza Costa Val  – B. Horizonte
 
O macuco canta as horas
em que o tempo vai andando.
Deixa atrás velhas auroras,
mas continua cantando.
Vidal Idony Stockler – Curitiba
 
Busquei no trabalho honrado,
seguindo de Deus os trilhos,
deixar sempre iluminado
um degrau para os meus filhos.
Wandira F. Queiroz – Curitiba
 
 

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Catedral-Basílica de Nossa Senhora da Glória – Maringá - Brasil

Música: Maringá * (Joubert de Carvalho)

Formatação e Arte: Iara Melo