SEBO LITERÁRIO

DIDÁCTICO ILUSTRADO

 

 

 

De Cabral a Lula...

Nomes que fizeram a Historia
1500 a 2009

2º CAPITULO
PÁGINA 27 DE 
87 PÁGINAS

Juscelino Kubitschek:
de 31/01/1956 a 31/01/1961

Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em Diamantina, 12 de setembro de 1902 e morreu em Resende, 22 de agosto de 1976.

Pela aliança PSD-PTB, Juscelino foi eleito Presidente da República em outubro de 1955 com 36% dos votos — Naquela época as eleições se realizavam em turno único.
Foi difícil o lançamento da candidatura Juscelino pois se acreditava em um veto militar a ela por Juscelino ser acusado de ter apoio dos comunistas. Somente quando o presidente Café Filho divulgou a carta dos militares na Voz do Brasil que Juscelino se lançou candidato alegando que a carta dos militares não citava o seu nome.
Juscelino obteve, em 3 de outubro de 1955, 500 mil votos a mais que o candidato da UDN Juarez Távora e 700 mil votos a mais que o terceiro colocado, o ex-governador de São Paulo Ademar de Barros. Juscelino foi favorecido pelo lançamento da candidatura de Plínio Salgado, a qual tirou votos do candidato Juarez Távora. Plínio Salgado teve 500.000 votos.
A UDN tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por maioria absoluta. A posse de Juscelino e do vice eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que em 11 de novembro de 1955 depôs o então presidente interino da República Carlos Luz, que teria tentado impedir a posse do presidente eleito.
Juscelino foi o último presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete em 31 de janeiro de 1956. Em seu mandato presidencial, Juscelino lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento, também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema "Cinquenta anos em cinco".
O plano tinha 31 metas distribuídas em seis grandes grupos: energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e — a meta principal — Brasília. Visava estimular a diversificação e o crescimento da economia, baseado na expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões com a capital no centro do território brasileiro.
 

Anos Dourados


Após a retomada da democracia no Brasil, Juscelino Kubitschek e sua atuação na Presidência da república, foram referências para o Brasil entre os anos de 1956 e 1961. A era JK estava em todo canto: na nota de 100 mil cruzeiros nos chamados "Anos Dourados". Ao longo da década de 1950, a sociedade brasileira fora dividida em urbana e industrial.
Nessa época foram aparecendo os eletrodomésticos, que prometiam facilitar a vida em casa. Eram de todos os tipos, desde enceradeiras a aspiradores de pó. Foram criados os objetos de plástico e fibra sintética, além de carros e casas, com mobílias com menos adornos.
Em se tratando de política, foi criado o que se chamou de "American Way of Life" (Estilo de vida americano) por conta da influência norte-americana da Segunda Guerra Mundial. Enquanto tudo isso se consolidava, os meios de comunicação se ampliavam. Eram rádios, revistas, jornais, radionovelas, programas musicais e de humor.
Foram criadas as chanchadas, filmes surgidos na década de 1940 que tinham música e comédia e duraram até a década de 1950.
Os teatros, telenovelas e telejornais tinham mais audiência que nunca.
Em 1958, a música fora consolidada, com sucessos como "Chega de saudade" de João Gilberto. Fora criada também a Bossa-Nova.
Sem esquecer de uma inauguração importante, de uma junção de JK com Lúcio Costa: a nova capital do país, Brasília. No esporte o Brasil foi campeão na Copa do Mundo de 1958 e Éder Jofre foi campeão mundial de boxe na Suécia, competindo como boxeador peso-galo.
O salário-mínimo, em 1959, em termos reais, descontado a inflação é considerado o mais alto da história do Brasil.
Os anos dourados inspiraram o espírito otimista e inovador, consagrando assim o governo de Juscelino Kubitschek.
Embora o governo de Juscelino Kubitschek usasse uma plataforma nacional desenvolvimentista, o Plano de Metas, lançado em 1956, permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro.
Isentou de impostos de importação as máquinas e equipamentos industriais, assim como os capitais externos, desde que associados ao dinheiro nacional ("capital associado"). Para ampliar o mercado interno, o plano ofereceu uma generosa política de crédito. Financiou a implantação da indústria automobilística e da indústria naval, a expansão da indústria pesada, a construção de usinas siderúrgicas e de grande usinas hidrelétricas, como Furnas e Três Maias, abriu as rodovias transregionais e aumentou a produção de petróleo da Petrobrás.
Em 15 de dezembro de 1959, JK criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, Sudene, para integrar a região ao mercado nacional. Em maio de 1960, um mês após a inauguração de Brasília, Juscelino fez com que o Brasil obtivesse do FMI um empréstimo de 47,7 milhões de dólares para financiar o seu plano industrial — sobretudo, a indústria automobilística em São Paulo.
Os críticos de Juscelino Kubitschek frisam o fato de ele ter priorizado o transporte rodoviário em detrimento do ferroviário devido à indústria automobilística, o que teria causado prejuízos ou isolamento a certas cidades. A opção pelas rodovias é considerada por muitos danosa aos interesses do país, que seria melhor servido por uma rede ferroviária.
De fato, a expansão do crédito, a grande quantidade de importações para indústria automobilística e as constantes emissões de moeda - para manter os investimentos estatais e pagar os empréstimos externos - provocaram crescimento da inflação e queda no valor dos salários.
Em 1960, a inflação estava a 25% ao ano, subiu para 43% em 1961, para 55% em 1962 e chegou a 81% em 1963.
A dívida externa aumentou 1,5 bilhão de dólares, chegando ao todo a 3,8 bilhões de dólares. Foi ainda agravada pelas altas remessas de lucros das empresas estrangeiras de "capital associado" e pelo consequente aumento do déficit na balança de pagamentos. Durante o governo JK, a produção industrial cresceu 80%, os lucros da indústria cresceram 76%, mas os salários cresceram apenas 15%.


Construção de Brasília


A construção de Brasília foi, sem dúvida, um dos fatos mais marcantes da história brasileira do século XX. A idéia de construir uma nova capital no centro geográfico do País estava prevista na primeira Constituição republicana de 1891, mas foi adiada por todos os governos desde então. Até que o Congresso, mesmo com descrença, aprovou a Lei n° 2874, sancionada por JK em 19 de setembro de 1956, determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia Urbanizadora da Nova Capital — Novacap.
As obras, lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer começaram com entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200 máquinas e de 30 mil operários - os candangos - vindos de todas as regiões do Brasil (principalmente do Nordeste), exerceram um regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para construir Brasília até a data prefixada de 21 de abril de 1960, em homenagem à Inconfidência Mineira.
As obras terminaram em tempo recorde de 41 meses — antes do prazo previsto. Já no dia da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras mais importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos. Além da obediência à Constituição, a construção da Nova Capital visava a integração de todas as regiões do Brasil; a geração de empregos, absorvendo o excedente de mão-de-obra da região Nordeste; e o estímulo ao desenvolvimento do interior, desafogando a economia saturada do centro-sul do País.


Outro fato importante do governo de JK foi a manutenção do regime democrático e da estabilidade política, que gerou um clima de confiança e de esperança no futuro entre os brasileiros.
Teve grande habilidade política para conciliar os diversos setores da sociedade brasileira, mostrando-lhes as vantagens de cada setor dentro da estratégia de desenvolvimento de seu governo. Evitou qualquer confronto direto com seus adversários políticos e apelou a eles para que fizessem oposição sempre dentro das leis democráticas.
No plano internacional, Juscelino procurou estreitar as relações entre o Brasil e os Estados Unidos da América, ciente de que isso ajudaria na implementação de sua política econômica industrial e na preservação da democracia brasileira.
Formulou a Operação Pan-americana, iniciativa diplomática em que solicitava apoio dos Estados Unidos ao desenvolvimento da América do Sul, como forma de evitar que o continente fosse assolado pelo fantasma do comunismo.
Em seu governo ocorreram duas rebeliões de oficiais da Força Aérea Brasileira: em 19 de fevereiro de 1956 em Jacareacanga, Pará, e em 3 de dezembro de 1959, em Aragarças, Goiás. Ambas foram rapidamente controladas e seus líderes foram anistiados.
Apesar do crescimento econômico, o mandato de Juscelino Kubitschek terminou com crescimento da inflação, aumento da concentração de renda e arrocho salarial. Ocorreram várias manifestações populares, com greves na zona rural e nos centros industriais.
As eleições de 3 de outubro de 1960 foram vencidas pelo candidato oposicionista Jânio Quadros, ex-governador de São Paulo apoiado pela UDN. Jânio obteve 48% dos votos — a maior votação obtida por um político brasileiro até então. Juscelino havia apoiado o marechal Henrique Lott, da aliança PSD-PTB.
Ao passar a faixa presidencial para Jânio Quadros em 31 de janeiro de 1961 Juscelino tornou-se o primeiro presidente desde Artur Bernardes a ser eleito pelo voto direto que iniciou e concluiu seu mandato dentro do prazo determinado pela Constituição Federal.
JK também foi acusado diversas vezes de corrupção. As acusações vinham desde os tempos em que ele era governador, e se intensificaram no período em que ele foi presidente. As denúncias se multiplicaram por conta da construção de Brasília: havia sérios indícios de superfaturamento das obras e favorecimento de empreiteiros ligados ao grupo político de Juscelino, além do fato de apenas a Panair do Brasil fazer transporte de pessoas e materiais.
Na época, a imprensa chegou a dizer que JK teria a sétima maior fortuna do mundo, o que nunca foi provado. Durante a campanha de sucessão presidencial, as denúncias de corrupção contra JK foram amplamente exploradas pelo candidato Jânio Quadros, que prometia "varrer a corrupção" do governo de JK. Após ter sido exilado pela ditadura militar, JK pretendeu voltar para a vida política. Para dissuadi-lo, os militares usaram os fantasmas das denúncias de corrupção, buscando desmoralizá-lo politicamente. Eles ameaçavam levar as investigações adiante caso Juscelino tentasse voltar à cena política. Apesar dos fortes indícios de corrupção e da pressão de alguns segmentos políticos e da opinião pública da época, JK nunca chegou a responder formalmente à Justiça pelas acusações de corrupção.
A vida e carreira política de Juscelino Kubitschek foi tema de inúmeros livros e, de 3 de Janeiro até 24 de março de 2006, foi contada através de uma minissérie da Rede Globo intitulada "JK".
Juscelino Kubitschek já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por José de Abreu no filme "JK - Bela Noite Para Voar" (2005), e José Wilker e Wagner Moura na minissérie de televisão "JK" (2006).
Também teve sua efígie impressa nas notas de Cz$100,00 (cem cruzados) de 1986 e cunhado no verso das moedas comemorativas de 1 real lançadas em 2002 no Brasil, por ocasião do centenário de seu nascimento.

 

 

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