Pela aliança PSD-PTB, Juscelino foi eleito Presidente da República em outubro de 1955 com 36% dos votos — Naquela época as eleições se realizavam em turno único.
Foi difícil o lançamento da candidatura Juscelino pois se acreditava em um veto militar a ela por Juscelino ser acusado de ter apoio dos comunistas. Somente quando o presidente Café Filho divulgou a carta dos militares na Voz do Brasil que Juscelino se lançou candidato alegando que a carta dos militares não citava o seu nome.
Juscelino obteve, em 3 de outubro de 1955, 500 mil votos a mais que o candidato da UDN Juarez Távora e 700 mil votos a mais que o terceiro colocado, o ex-governador de São Paulo Ademar de Barros. Juscelino foi favorecido pelo lançamento da candidatura de Plínio Salgado, a qual tirou votos do candidato Juarez Távora. Plínio Salgado teve 500.000 votos.
A UDN tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por maioria absoluta. A posse de Juscelino e do vice eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que em 11 de novembro de 1955 depôs o então presidente interino da República Carlos Luz, que teria tentado impedir a posse do presidente eleito.
Juscelino foi o último presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete em 31 de janeiro de 1956. Em seu mandato presidencial, Juscelino lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento,
também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema "Cinquenta anos em cinco".
O plano tinha 31 metas distribuídas em seis grandes grupos: energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e — a meta principal — Brasília. Visava estimular a diversificação e o crescimento da economia, baseado na expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões com a capital no centro do território brasileiro.
Anos Dourados
Após a retomada da democracia no Brasil, Juscelino Kubitschek e sua
atuação na Presidência da república, foram referências para o Brasil
entre os anos de 1956 e 1961. A era JK estava em todo canto: na nota
de 100 mil cruzeiros nos chamados "Anos Dourados". Ao longo da
década de 1950, a sociedade brasileira fora dividida em urbana e
industrial.
Nessa época foram aparecendo os eletrodomésticos, que prometiam
facilitar a vida em casa. Eram de todos os tipos, desde enceradeiras
a aspiradores de pó. Foram criados os objetos de plástico e fibra
sintética, além de carros e casas, com mobílias com menos adornos.
Em se tratando de política, foi criado o que se chamou de "American
Way of Life" (Estilo de vida americano) por conta da influência
norte-americana da Segunda Guerra Mundial. Enquanto tudo isso se
consolidava, os meios de comunicação se ampliavam. Eram rádios,
revistas, jornais, radionovelas, programas musicais e de humor.
Foram criadas as chanchadas, filmes surgidos na década de 1940 que
tinham música e comédia e duraram até a década de 1950.
Os teatros, telenovelas e telejornais tinham mais audiência que
nunca.
Em 1958, a música fora consolidada, com sucessos como "Chega de
saudade" de João Gilberto. Fora criada também a Bossa-Nova.
Sem esquecer de uma inauguração importante, de uma junção de JK com
Lúcio Costa: a nova capital do país, Brasília. No esporte o Brasil
foi campeão na Copa do Mundo de 1958 e Éder Jofre foi campeão
mundial de boxe na Suécia, competindo como boxeador peso-galo.
O salário-mínimo, em 1959, em termos reais, descontado a inflação é
considerado o mais alto da história do Brasil.
Os anos dourados inspiraram o espírito otimista e inovador,
consagrando assim o governo de Juscelino Kubitschek.
Embora o governo de Juscelino Kubitschek usasse uma plataforma
nacional desenvolvimentista, o Plano de Metas, lançado em 1956,
permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro.
Isentou de impostos de importação as máquinas e equipamentos
industriais, assim como os capitais externos, desde que associados
ao dinheiro nacional ("capital associado"). Para ampliar o mercado
interno, o plano ofereceu uma generosa política de crédito.
Financiou a implantação da indústria automobilística e da indústria
naval, a expansão da indústria pesada, a construção de usinas
siderúrgicas e de grande usinas hidrelétricas, como Furnas e Três
Maias, abriu as rodovias transregionais e aumentou a produção de
petróleo da Petrobrás.
Em 15 de dezembro de 1959, JK criou a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste, Sudene, para integrar a região ao
mercado nacional. Em maio de 1960, um mês após a inauguração de
Brasília, Juscelino fez com que o Brasil obtivesse do FMI um
empréstimo de 47,7 milhões de dólares para financiar o seu plano
industrial — sobretudo, a indústria automobilística em São Paulo.
Os críticos de Juscelino Kubitschek frisam o fato de ele ter
priorizado o transporte rodoviário em detrimento do ferroviário
devido à indústria automobilística, o que teria causado prejuízos ou
isolamento a certas cidades. A opção pelas rodovias é considerada
por muitos danosa aos interesses do país, que seria melhor servido
por uma rede ferroviária.
De fato, a expansão do crédito, a grande quantidade de importações
para indústria automobilística e as constantes emissões de moeda -
para manter os investimentos estatais e pagar os empréstimos
externos - provocaram crescimento da inflação e queda no valor dos
salários.
Em 1960, a inflação estava a 25% ao ano, subiu para 43% em 1961,
para 55% em 1962 e chegou a 81% em 1963.
A dívida externa aumentou 1,5 bilhão de dólares, chegando ao todo a
3,8 bilhões de dólares. Foi ainda agravada pelas altas remessas de
lucros das empresas estrangeiras de "capital associado" e pelo
consequente aumento do déficit na balança de pagamentos. Durante o
governo JK, a produção industrial cresceu 80%, os lucros da
indústria cresceram 76%, mas os salários cresceram apenas 15%.
Construção de Brasília
A construção de Brasília foi, sem dúvida, um dos fatos mais
marcantes da história brasileira do século XX. A idéia de construir
uma nova capital no centro geográfico do País estava prevista na
primeira Constituição republicana de 1891, mas foi adiada por todos
os governos desde então. Até que o Congresso, mesmo com descrença,
aprovou a Lei n° 2874, sancionada por JK em 19 de setembro de 1956,
determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia
Urbanizadora da Nova Capital — Novacap.
As obras, lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer
começaram com entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200 máquinas
e de 30 mil operários - os candangos - vindos de todas as regiões do
Brasil (principalmente do Nordeste), exerceram um regime de trabalho
ininterrupto, dia e noite, para construir Brasília até a data
prefixada de 21 de abril de 1960, em homenagem à Inconfidência
Mineira.
As obras terminaram em tempo recorde de 41 meses — antes do prazo
previsto. Já no dia da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília
era considerada como uma das obras mais importantes da arquitetura e
do urbanismo contemporâneos. Além da obediência à Constituição, a
construção da Nova Capital visava a integração de todas as regiões
do Brasil; a geração de empregos, absorvendo o excedente de
mão-de-obra da região Nordeste; e o estímulo ao desenvolvimento do
interior, desafogando a economia saturada do centro-sul do País.
Outro fato importante do governo de JK foi a manutenção do regime
democrático e da estabilidade política, que gerou um clima de
confiança e de esperança no futuro entre os brasileiros.
Teve grande habilidade política para conciliar os diversos setores
da sociedade brasileira, mostrando-lhes as vantagens de cada setor
dentro da estratégia de desenvolvimento de seu governo. Evitou
qualquer confronto direto com seus adversários políticos e apelou a
eles para que fizessem oposição sempre dentro das leis democráticas.
No plano internacional, Juscelino procurou estreitar as relações
entre o Brasil e os Estados Unidos da América, ciente de que isso
ajudaria na implementação de sua política econômica industrial e na
preservação da democracia brasileira.
Formulou a Operação Pan-americana, iniciativa diplomática em que
solicitava apoio dos Estados Unidos ao desenvolvimento da América do
Sul, como forma de evitar que o continente fosse assolado pelo
fantasma do comunismo.
Em seu governo ocorreram duas rebeliões de oficiais da Força Aérea
Brasileira: em 19 de fevereiro de 1956 em Jacareacanga, Pará, e em 3
de dezembro de 1959, em Aragarças, Goiás. Ambas foram rapidamente
controladas e seus líderes foram anistiados.
Apesar do crescimento econômico, o mandato de Juscelino Kubitschek
terminou com crescimento da inflação, aumento da concentração de
renda e arrocho salarial. Ocorreram várias manifestações populares,
com greves na zona rural e nos centros industriais.
As eleições de 3 de outubro de 1960 foram vencidas pelo candidato
oposicionista Jânio Quadros, ex-governador de São Paulo apoiado pela
UDN. Jânio obteve 48% dos votos — a maior votação obtida por um
político brasileiro até então. Juscelino havia apoiado o marechal
Henrique Lott, da aliança PSD-PTB.
Ao passar a faixa presidencial para Jânio Quadros em 31 de janeiro
de 1961 Juscelino tornou-se o primeiro presidente desde Artur
Bernardes a ser eleito pelo voto direto que iniciou e concluiu seu
mandato dentro do prazo determinado pela Constituição Federal.
JK também foi acusado diversas vezes de corrupção. As acusações
vinham desde os tempos em que ele era governador, e se
intensificaram no período em que ele foi presidente. As denúncias se
multiplicaram por conta da construção de Brasília: havia sérios
indícios de superfaturamento das obras e favorecimento de
empreiteiros ligados ao
grupo político de Juscelino, além do fato de apenas a Panair do
Brasil fazer transporte de pessoas e materiais.
Na época, a imprensa chegou a dizer que JK teria a sétima maior
fortuna do mundo, o que nunca foi provado. Durante a campanha de
sucessão presidencial, as denúncias de corrupção contra JK foram
amplamente exploradas pelo candidato Jânio Quadros, que prometia
"varrer a corrupção" do governo de JK. Após ter sido exilado pela
ditadura militar, JK pretendeu voltar para a vida política. Para
dissuadi-lo, os militares usaram os fantasmas das denúncias de
corrupção, buscando desmoralizá-lo politicamente. Eles ameaçavam
levar as investigações adiante caso Juscelino tentasse voltar à cena
política. Apesar dos fortes indícios de corrupção e da pressão de
alguns segmentos políticos e da opinião pública da época, JK nunca
chegou a responder formalmente à Justiça pelas acusações de
corrupção.
A vida e carreira política de Juscelino Kubitschek foi tema de
inúmeros livros e, de 3 de Janeiro até 24 de março de 2006, foi
contada através de uma minissérie da Rede Globo intitulada "JK".
Juscelino Kubitschek já foi retratado como personagem no cinema e na
televisão, interpretado por José de Abreu no filme "JK - Bela Noite
Para Voar" (2005), e José Wilker e Wagner Moura na minissérie de
televisão "JK" (2006).
Também teve sua efígie impressa nas notas de Cz$100,00 (cem
cruzados) de 1986 e cunhado no verso das moedas comemorativas de 1
real lançadas em 2002 no Brasil, por ocasião do centenário de seu
nascimento.