SEBO LITERÁRIO

 

 

João Roberto Cônsoli
 

 

 
 
VERSO E PROSA
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A Bailarina
J.R.Cônsoli


Uma folhinha cai... Vem pelos ares,
Brinca feliz com a brisa matutina...
Com movimentos leves, regulares,
Como se fosse meiga bailarina.

O sol, por entre as folhas da amoreira,
Lança seus raios de luz, de purpurinas,
Transforma assim, a eventual parceira,
Na mais bela e feliz das dançarinas.

Mas a cena se acaba... Chega ao fim
Cai a folha no chão, sem mais escolha...
Fica sem luz num canto do jardim.

Nosso enredo tem certa semelhança,
Após bailarmos livres como a folha,
Nos quebra à mão a taça da esperança.

J.R.Cônsoli

 

Amor
J.R.Cônsoli


Dizem que o amor é chama que se apaga,
Mas eu, com meus botões, não acredito,
A chama, qualquer vento a torna vaga...
Amor segue com a gente pro infinito.

O Mundo gira, tudo muda, enfim...
Somente a luz perpétua permanece,
O amor é eterno, é luz que não tem fim...
Quem muito amou decerto nunca esquece.

O amor é raio de luz que ameniza,
É pétala de flor beijando a brisa,
É um rasgo de alegria que envereda.

Ele nos cinge com grilhões de seda,
Nunca aprisiona a nossa liberdade,
TEM PERFUMES E SONS DE ETERNIDADE.

J.R.Cônsoli

 
 

As rosas falam!
J.R.Cônsoli


As rosas falam pelos seus perfumes,
Mandam mensagens aos que tem sentidos,
Alegram as flores nos jardins floridos
Declamam versos para os vaga-lumes...

Quem nunca ouviu, talvez nunca o fará,
Porquanto contam os seus... (quase segredos),
Aos corações mais simples e sem medos...
Quem muito ama sempre as ouvirá.

Seus espinhos só dizem da incerteza
Que a vida aponta-nos a cada dia...
E seus perfumes... Versos de alegria!

As rosas falam... Só não são ouvidas:
Unidas na alegria e na tristeza,
Presentes nas chegadas e partidas.

J.R.Cônsoli

 

Busca
J.R.Cônsoli


Fui peça de artilharia
apontada para o teu
alvo.
Chorei lágrimas de fogo e
explodi-me no teu terraço
de flores.
Sorri e chorei cotidianos,
procurei-te esquinas e becos,
varei estradas com as rodas
pesadas da minha carga.
Fiquei sem combustível
no deserto da minha solidão.
Andei passos de tartaruga e
viajei veloz nas ondas relativas
da velocidade da luz.
Procurei-te nas telas do meu
dispositivo interno e só
encontrei o preto e branco
da tua ausência.
Sonhei sonhos sem conta
em noites intermináveis
de fria solidão.
Fiz promessas aos santos,
andei por todos os cantos,
a cavalo fui à lua.
Percorri os vários caminhos
dos precipícios do mundo,
voei alto e nadei fundo.
Enfeitei-me com a poeira
das estrelas,
visitei fadas das florestas,
fantasiei-me de esperança para
encontrar-te.
E afinal defrontei-me
com a explosão de cores da tua
presença, quando o sol raiou
no final da madrugada.

J.R.Cônsoli

 

Eco Soneto
J.R.Cônsoli


A brisa agita as folhas da roseira,
Concede ao sol tocá-las uma a uma...
Levando a luz assim, dessa maneira,
A todas elas, sem omitir nenhuma.

A Natureza acaricia os seres,
Com um fluir e um prover imensos,
Só mesmo o homem com seus padeceres,
A ignora com seus contra-sensos.

A humanidade impõe os seus pesares:
Macula os rios, apodrece os mares,
Destrói o verde, oprime o animal,

Transforma a Terra em nichos de esqueletos,
Faz das florestas montes de gravetos,
Antecipando assim seu funeral.

J.R.Cônsoli

Livro de Visitas

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