CORDEIRO (bairro, Recife)
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da
Fundação Joaquim Nabuco
O atual bairro do Cordeiro
pertence à paróquia da Várzea, situando-se entre os bairros
de Zumbi e Iputinga, a cerca de 6 quilômetros da cidade do
Recife. No início, as terras situadas na ilha de Antônio Vaz
ou Santo Antônio, nas vizinhanças da Campina do Taborda, em
frente ao Forte das Cinco Pontas, pertenciam ao coronel
Ambrósio Machado, que também era senhor de engenho. Nessas
terras existiam ainda uns poços que proviam de água o
povoado.
Ambrósio Machado era também um senhor de engenho
pernambucano que exerceu o cargo, durante três anos (de 1616
até 1619), de capitão-mor governador da capitania do Rio
Grande do Norte.
Era de um determinado local do engenho de Ambrósio Machado
que se praticava o passo, ou travessia do rio Capibaribe. O
caminho em direção a uma das margens era chamado de Passagem
de Ambrósio Machado e, o outro, de Passagem de Jerônimo Paes
(o senhor do engenho Casa Forte). Por essas passagens, em
1645, as forças libertadoras pernambucanas atravessaram o
rio Capibaribe com o intuito de atacar o exército holandês.
Isto porque os flamengos, tendo sido derrotados no Monte das
Tabocas, haviam montado acampamento no engenho da senhora
Anna Paes. Com a derrota dos invasores holandeses, o engenho
de Casa Forte virou patrimônio português, tendo isso durado
até o final de 1693.
O engenho de Ambrósio Machado, por sua vez, tendo sido
confiscado pelos holandeses em 1654, foi incorporado aos
bens da coroa flamenga. Parte dessas terras, porém, foi
ocupada pelo capitão João Cordeiro de Mendanha, um ajudante
de ordens do governador João Fernandes Vieira.
Posteriormente, a propriedade foi arrematada em leilão
público pelo capitão José Camelo Pessoa, o senhor do engenho
Monteiro. E em escritura lavrada em 16 de novembro de 1707,
o capitão incorpora aquela propriedade às terras de dois
outros sítios que lhe pertenciam.
No final do século XVIII, Sotero de Castro compra todas
essas terras e lhes coloca, de forma oficial, o nome de
Cordeiro - como já era conhecida popularmente a localidade -
em homenagem ao antigo lavrador João Cordeiro de Mendanha.
Por sua vez, a Passagem de Ambrósio Machado passa a se
chamar de Passagem do Cordeiro.
O engenho Cordeiro teve uma curta existência. Dele, apenas
resta a casa de vivenda, mas com um aspecto bem diferente,
diga-se de passagem. Em 1900, lá é construída uma capelinha
dedicada a São Sebastião.
O Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano
ergue, em 1872, no lugar onde existiu o 2o. Forte Real do
Bom Jesus - o Arraial Novo do governador João Fernandes
Vieira -, uma elegante coluna de três metros de altura. Em
seu topo, coloca uma cruz, protegida por uma grade de ferro.
O monumento é chamado de Cruzeiro do Forte. Há vários anos,
infelizmente, roubaram a cruz. Tampouco existe a grade de
ferro que lhe protegia. Restou a coluna solitária, somente,
assentada sobre a base de mármore em forma de prisma
quadrangular.
Situada no Cordeiro, a avenida Caxangá é uma via muito
grande, onde se concentram inúmeras revendedoras de
automóveis do Recife, o hospital público Barão de Lucena,
vários bancos, farmácias e muitos outros estabelecimentos
comerciais.
No número 2.200 dessa mesma avenida, pode-se apreciar, hoje,
o Parque Professor Antônio Coelho, conhecido como Exposição
de Animais do Cordeiro. Neste parque, é possível observar
dois monumentos: o primeiro, um zebu, uma doação dos
criadores de Pernambuco e, o segundo, o célebre cavalo
Mossoró, nascido em 1929, produto do haras de Maranguape e
grande campeão nacional. Nos últimos anos, além de
exposições de animais e apresentações noturnas de cantores
famosos, o governo instalou na área do parque um núcleo de
prestação de serviços – Expresso Cidadão –, para expedição
de carteiras de identidade, carteiras de motorista, e outros
documentos importantes, prestando um atendimento mais rápido
à população.
Fontes consultadas:
COSTA, F. A. Pereira da. Arredores do Recife.
Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1981.
GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos. Diccionario
chorografico, histórico e estatístico de Pernambuco.
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1908. 4v.