- Nome: Virgínia Fülber
- Profissão: Terapeuta
- Quer falar um pouco da terra onde mora?
Nasci em Novo Hamburgo, RS, aos vinte anos fui para São Paulo,
gerenciar um escritório de advocacia, pois cursava Direito na época. De
lá fui adiante, estudei em diversos Estados do Brasil e fora. Retornei a
Terra natal, dezesseis anos depois e desta feita passei a apreciar a
cidade e sua população que me recebeu de braços abertos.
Apesar de limpa e organizada herança da colonização alemã, resguarda um
ressentimento típico. Porém a cidade e as pessoas, por necessidade,
tornou-se menos fechada, mas ainda há uma austeridade pairando sob nosso
solo e resta um certo esnobismo europeu o que realmente uma lástima. Nas
andanças conheci o Brasil de verdade, já com meu pai desde pequena
comecei a perceber a grande diferença do sul em relação ao centro e
norte do País. Por muito tempo o Indústria do Calçado moveu a
economia que agora diversifica.
Temos uma Universidade FEEVALE, um dos primeiros cursos Faculdade foi a
de Belas Artes e de Letras. A instituição é motivo de orgulho, um ponto
de referência cultural, assim como o Museu e inúmeras habitações
seculares restauradas. Este solo gerou renomados artistas plásticos e
músicos internacionalmente conhecidos, fato que torna mais fácil de
respirar o ar poluído e o pouco caso com nosso Rio dos Sinos, herança
dos curtumes e da ignorância. Mas há esperanças, tem projeto tramitando
para a recuperação de nossas águas, fauna e flora que dela dependem com
ajuda financeira e tecnológica estrangeira; Alemã , talvez nossos
bisnetos verão o rio como a minha geração o conheceu, repleto de peixes,
aves na vegetação ciliar com perfume de flores e o Rio volte a ser
navegável por pequenas embarcações e um convite à convescotes.
- Quando começou a escrever?
Muito cedo, assim que entrelacei palavras, gostava de escreve na máquina
de escrever, minha caligrafia nunca foi boa, e no momento da
criatividade derramo palavras com tal velocidade que depois não
compreendo minha própria letra, mas lembro do tema, assim o que escrevo
com caneta são apenas notas. Desde a puberdade, gostava de ler filosofia
mas não Poesia, estas eu as queria construir. Ao cursar o magistério fui
repreendida pela professora de Literatura por minha escrita
demasiadamente lírica. Confessou-me esta mestra a pouco tempo, Cronista
excelente, que na Poesia teme arriscar-se. Bem finalizando comecei a
ter uma disciplina com minha necessidade de expressão após o advento da
internet. Adentrei nos grupos de literatura e vim a conhecer Escritores
e Poetas que me encorajaram à divulgar minha produção. Sou aprendiz,
tenho sensibilidade mas muito me falta, treinar é preciso e ainda
trabalho bastante e para escrever bem precisamos de tempo, eu pelo menos
de muito espaço-tempo e solidão.
- Teve a influência de alguém para começar a escrever?
Não, sempre gostei de ler. Mas nenhuma influencia significativa,
libertador porém foi ter lido Niezsche muito cedo, reconheci-me em sua
diferença, o que me encorajou, um sopro de vida uma verdadeira aceitação
de minha individualidade. Mas sou “evocativa” por natureza, aprecio de
mais à música.
- Lembra-se do seu 1º trabalho literário?
Versos para um gato, depois longos discursos filosóficos que jamais
publiquei. Na adolescência a Poesia foi meu refúgio bem como a leitura,
aí um reconhecimento, gostava e gosto da corrente existencialista, Franz
Kafka atraía-me tanto quanto Sartre e Nietzsche, depois veio Espinosa e
os demais filósofos.
- Tem livro (s) impresso (s) (editora e ano)?
Não. Apenas Participei de OBRAS Coletivas - ANTOLOGIAS
Antologia de Poemas – vol 1- Café Filosófico “Das Quatro”- no XIV
Congresso Brasileiro de Poesia-2006.
Em 2007 participa como convidada do LIVRO ECO-AR-TE Para o
Reencantamento do mundo - (Org.) Michèle Sato Ed.UFSC.
Na Antologia Poetas Pela Paz e Justiça Social – Ed. Alcance na Feira do
Livro em Porto Alegre.
Na Antologia Prosa e Verso Ed. Das Hortências-2009 -Grupo A.G.U.I.A- RS,
lançado em Gramado e na Feira do Livro de Novo Hamburgo.
E da Antologia Literária Internacional POEGRAPHIA, 2009, ABRILI
Edições.
Em 2011 Participarei da Coletânea da CAPORI, Casa do Poeta Riograndense.
Na Feira do Livro em Porto Alegre.
- Projectos Literários para 2011 / 2012?
Mencionei acima Antologia Poegraphia e E-books.
- Tem livro(s) electrónico(s) (e-books) ?
Sim, quatro pela AVBL- Apologias de um Viajante e Parolas ao Sol.
Lento Retrato e Flasches (título com licença poética).
- Como vão ser editados?:
Não tenho idéia, são ensaios, e presentes, lembranças, testemunhos de
vida, para meus descendentes.
- Fale-nos um pouco de si, como pessoa humana?
Sou simples, gosto da solidão criativa, de natureza, não vivo sem
música, preciso do perfume das flores e de toda flora assim como da
beleza das forma, alimento de cores. Apaixonada pela orlas e por
navegar, o Mar é minha fascinação,além de inspirar-me e elevar meus
pensasentimentos, o incessante movimento e o som profundo como o dos
violancellos me atrai, arrebata!
- Como Escritor (a)?
Escrever é uma necessidade via de sublimação e auto realização. O
Bionômio LER-ESCREVER é próprio dos amantes da privacidade povoada.
Sou bastante seletiva e adoro a privacidade, mesmo com amigos Livros,
vozes-pensamentos-imagens-subjetividades que me afetam. Escrevendo
revivo, reinvento o passado, pois que um novo olhar é criado a cada
despertar.
- Tem prémios literários?
Não, tampouco tenho pretensões neste sentido. Em 1974 uma redação minha
tirou o segundo lugar numa destas disputas Estaduais entre Colégios.
Recebi um Certificado. Acho que o coloquei fora junto com papeladas do
colegial e da faculdade. Não gosto de guardar muitos papéis. Não fui à
cerimônia, sou tímida apesar de não transparecer.
Em 2010 indicada como Escritora Imortal à ALB - Academia de Letras do
Brasil, talvez possa ser considerado um Prêmio.!
- Tem Home Page própria (não são consideradas outras que simplesmente
tenham trabalhos seus)?
Se poderia ser considerado o meu Site Multiply Journal.
http://vicamf.multiply.com/journal
- Conhece as vantagens que os Autores do CEN têm em ter sua Home Page ou
(e) Livro (s) electrónicos, nos nossos sites?
Não.
- Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a escrever ?
Praticar, muito e ousar jogar tudo que vem à mente, sentimentos pra fora
e depois lapidar, lapidar constantemente, esculpir as palavras, as
idéias...
- Para terminar este trabalho, queira fazer o favor de mandar um pequeno
(e original) trabalho seu (em prosa ou em verso) ?:
|
Fluências - Virgínia Fulber
Ontem falei com uma amigo de várias décadas, que vive do outro lado do
Oceano Atlântico. Os afetos povoaram meus sonhos e acordei impregnada de
imagens, do rumor das ondas do mar e dos tempos em que traçamos rumos
tão distintos e, ao mesmo tempo iguais. A intensidade das palavras
multiplicaram belezas, subtraíram
cansaços, somaram afetos e foram divididos recortes de vida; a
cumplicidade tem resistido ao tempo e às distâncias. Nossas conversas
sempre foram marcadas por disfluências, pausas suficientes para inspirar
e expirar significados.
Não sei por quantos anos ainda iremos comemorar nossos aniversários
através das ondas, pois que das incertezas estamos marcados. Não sei
também se algum dia, lado a lado celebraremos e, se estaremos novamente
vestidos com sonhos de proporções e transparências similares.
Embora em vias paralelas andamos, foram os momentos de confluências que
contaram e ainda contam.
Creio, não ser possível esculpir em pedra, dada a quantidade de
expressões que nos escaparam e os afetos que continham, mas arrisco
dizer que nas areias intemporais algo foi inscrito e, este algo que nos
escapa flui através da voz do vento.
(confluência - mobilidade de fluxos que convergem, direções que se
juntam, encontro entre dois caminhos, ruas ou avenidas, dois rios que
passam a correr em um leito comum)
|
2011
|
|
|
|