SEBO LITERÁRIO

   

Marcos Milhazes***
 

 
 
Poesias
 
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Clave de Sol

Marcos Milhazes***


A madrugada me despertou
com seu musical
Fez-me respirar ar de prata
Fez-me emitir ruídos quando ainda placenta.

Atenta-me, porém...
Senta-te e me escute
Surgi cheio de virtudes
Também com muitos defeitos e trejeitos
Nem tenho mais jeito, apenas os aceito.

Não os invento.
Vieram em minha bagagem!!!
E em caso de dúvidas vou a busca.

Quiçá, procurar na música minha resposta.

Tento nos bailes, rádios, músicas de banheiro.
Nem preciso de dinheiro...
Arrisco, como um petisco.
Alento-me em uma canção de solidão e
com olhos marejando.

Tento seguir rastros, sinais de fato.
Soltar meus bichos.
Ai de mim!
Os bichos pularam em mim.
Fazendo-me compor a clave perdida de achar você.

Minha mulher melodia.
Tudo isso para admitir.
E sem mentir.
Sentir-me uma nota musical.
Elevar-me como uma clave de Sol.

Apenas para tocar você...

Marcos Milhazes***

 

Decassílabo

Marcos Milhazes***


Como posso achar nos alados ou no vácuo,
a minha expressão de carinho
Como desvendar o oculto de seus olhos
Como poderei capturar as gotas púrpuras,
que passeiam de sua alva face
Como e quando meu lenço saberá da mágica hora..

E esse meu coração que quando te vê
Bate repetidamente por você
Em forma de oração
E sempre se desmancha de carinho e emoção

E o que direi para o meu relógio?
Que as pontas de seus ponteiros são derradeiras
Que ele apenas passe ou espere
Que fique ou permaneça

E se o meu hoje, não for hoje?
Mas!
E se antes desse tempo passar,
consiga uma carona nele
Será que ainda terei o derradeiro tempo para dizer-te.

"Meurepentistaatipertence"


Marcos Milhazes***

 

O Confidente

Marcos Milhazes***


Em algum lugar do mundo, lá está ele.
Sempre imóvel, atencioso, confortável, discreto e confiável.
São tantas as vidas ouvidas de lamentos, alegrias, conforto do corpo
Histórias variadas imaginárias ou não.
Todas são ouvidas!
Vidas que se entregaram a ele e suas últimas palavras nesse mundo
Jamais serão por ele ditas ou disseminadas.
E como tal, cada qual, sucumbe com seus segredos.
Atencioso, não importa o tema e nem as origens
Dos lamentos das perdas de amor, emprego, injustiças, doenças.
Dos falsos ou dos verdadeiros
Das alegrias, de um passeio dos amados, um saco de pipocas, sorvetes
de verão, um baita cachorro quente, um churrasquinho de um conto e
aquele refresco de boteco.
E nunca se queixa, pois por tantas vezes é atingido dessas bagunças da
tal farra de passeios de fim de semana.
Desde os registros com ele guardados em forma de tatuagem e os recados
em forma de futuras lembranças e seus escritos com jeito de herança.
Do conforto para os mais carentes, oferece seu colo sem medidas, nas noites
frias ou nas tardinhas do Verão. O afeto permitido.
Raros são aqueles que em num cantinho de reflexão, nunca pediram a sua mão.
Milionários, proletários, mendigos, amantes e amigos.
Acreditem!
Para todos aqueles sinceros e que nunca negaram seus fatos e fizeram dele
seu confessionário de igreja, ora veja.
E com tudo aquilo aqui dito dele, continua a sua espera
Ali no mesmo jardim e com toda a sua graça.
O eterno e discreto amigo de tantas vidas.
Aquele mesmo banquinho da mesma praça...

Marcos Milhazes***

 

Pé de Vento

Marcos Milhazes***


Pegadas efêmeras
seguiam pela estrada mágica
deixando rastros de imaginação,
em forma de lendas ou fábulas.

Na imagem da cabeça
Uma dançarina dos ventos
Artista dos palcos da noite
Dançastes comigo enroscada tal uma cobra
Tudo muito esquisito
Apenas mais um quesito

Jazia a noite da preguiça
A lua até já dormia,
linda!
E minha alma gemendo gêmea da sua
Acodia-me totalmente nua

Busquei na solidão do deserto
Atraquei-me nas amarras dos ventos
As minhas esperanças arredias, contidas
E sem mais,
deixa-se notar naquele raro momento

Minhas marcas em ti deixadas através das areias do tempo...

Marcos Milhazes***

 

Mascarados

Marcos Milhazes***


Se a tristeza tira a minha paz.
Se as razões se misturaram
em meios aos confetes
Criei minhas fantasias,
sem perceber que faltava você

Sim!
Sei que desfilei nesse Carnaval
Nas passarelas da euforia
Sem adeus
Sem beijos de despedida
Sem um único aceno na saída
Que se fazia num enredo só de ida

Nem me lembrei que são dias de ilusão
Que depois da farra
Continuava minha alegria
Me divertia, ria e nem percebia
Que era apenas um Pierrô sem a minha Colombina.

Foi como num bloco de sujo
Que vai passando nas desatentas ruas
Em noite alta, fria e escura
Vem a terça de realidade e amargura.

Sim, assim são os carnavais
e fogueiras de São João
Sempre acabam em cinzas,
E sempre numa quarta onde os sonhos terminam...

E aos eternos e desatentos foliões
Que nessas épocas surgem como mandriões
Quando desprovidos das suas fantasias
Se esvaem sob as fantasiosas mascaras de desenlaces
Mostram nesse momento as suas verdadeiras faces

Marcos Milhazes***

 

Jura a si

Marcos Milhazes***


Qual essa jura?
De confissão, namoro ou amor
Ah, de casamento, assim eu não agüento.
Não me contento, mas fico atento.
Então, que jura é essa?

De perdão, será então.
É de amizade ou compaixão. Não?
Ah,já sei.
Se vem da Ana, Eliana ou Juraci
Podem até ser de paixão.

Bem!

Sem fazer sermão, confirmo de antemão
Já sei dessa jura em questão.
Como o tempo que passou e por capricho dela
Fico na minha finalidade e vaidade.

Mas a melhor jura na verdade, já é a minha realidade
Sem fazer clima ou ficar na cisma,
É sempre bom de ter você.
Minha rima...

Marcos Milhazes***

 

 

Livro de Visitas

        

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