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 SEBO LITERÁRIO 
autor  
  
O Menino do Futuro
 Dhiogo José Caetano
 
 
 Início da história
 
 Tudo começa em uma cidade pequena do interior de Goiás, com o nome de Uruana. 
Havia um garoto chamado Dhiogo San Diego, um pequeno inventor que queria fazer 
parte dos jornais do futuro.
 Criava coisas, móveis, mas nada o interessava. Uma bela manhã saiu em busca de 
umas sucatas para o seu novo invento. Ao chegar lá viu um monte de latas que lhe 
chamaram a atenção; então, ele as pegou e levou para casa. No caminho encontrou 
com a sua tia Elizabet. Ela o olhou e disse:
 — Aonde tu vais com este lixo?
 — Vou continuar minha vida – disse ele, e continuou caminhando.
 Ao chegar em casa, começou a construir braços, pernas, cabeça e todo o corpo. 
Quando tudo estava pronto, ele começou a montagem e, logo, diante de seus olhos 
estava um lindo garoto de lata, muito mais lindo porque era o seu filho, como 
todos os outros. Parado, ele disse:
 — Lutei para um dia te construir, meus sonhos se tornaram realidade; obrigado, 
Senhor, e as lágrimas caíram sobre o boneco de lata. Então, ele o pegou e 
colocou sobre a mesa. Logo depois, deitou no chão daquele humilde cômodo quieto; 
sonhou com o boneco, que ganhou vida e cresceu como uma abóbora.
 
 
  CAPÍTULO 1
 
 
 O dia caiu e Dhiogo acordou assustado, com o Bentinho chamando-o para o café da 
manhã.
 Foi correndo para fora, entrando para a casa do Bentinho. Este dizia:
 — Vem, meu filho, vem tomar café na mesa.
 — Estou indo. Para não entrar com vergonha, Dhiogo falou:
 — Bom dia, senhor Bentinho.
 — Bom dia, meu filho, sente-se aí perto da minha senhora. Você, meu filho, por 
que não vem morar aqui?
 — Ah não, senhor Bentinho, eu agradeço pela sua amizade, mas não posso aceitar; 
quero vencer sozinho, até hoje minha vida foi só ilusão, que acaba rapidamente.
 — Não é assim, meu filho!
 — É sim! Eu nunca fui feliz, às vezes eu me lembro das casas brancas de andares 
da minha infância; algo que fica só no mundo dos meus sonhos; eles acabaram, e 
eu voltei à realidade, entristecido com a miséria, com as roupas rasgadas e a 
pobreza da alma. E até as flores da minha casa murcham e acabam morrendo, pois 
não tenho água para molhar. Tenho uma tia que quer me matar. Hoje, se eu quero 
brinquedos, eu tenho que criar igual aos dos outros meninos, que têm vários. Mas 
hoje, senhor Bentinho, eu não quero brinquedos; quero ser exposto com o meu 
garoto, chamado Pinóquio do Futuro e ele vai brilhar. Obrigado por tudo seu 
Bentinho, até logo.
 — Até, meu filho.
 Chegando em casa, eu olhei para o boneco e ele mexeu. Assustado, falei:
 — O que é isto! Será que os meus sonhos vão se tornar realidade. Ó senhor!
 Olhei o boneco e ele se levantou; espantado, falei:
 — Oi, você é o meu Pinóquio, meu filho. Os dois se abraçaram.
 Ele sempre foi tudo o que eu queria. Correndo, fui falar para o senhor Bentinho, 
que tinha me tornado pai com 15 anos.
 — O que você disse!
 — Vem aqui para o senhor ver o meu filho, ele é lindo. Então, Bentinho foi e 
disse:
 — É mesmo uma gracinha. E logo toda a cidade ficou sabendo da grande invenção.
 A cada dia eu ensinava tudo sobre o homem do futuro para Pinóquio. Os anos se 
passaram e ninguém acreditava naquilo que ocorria, Pinóquio agora queria ir para 
a escola, mas eu não queria, porque ia ser difícil. Ele falava:
 — Pai, eu queria ir estudar, todos os garotos do futuro vão, o senhor não foi, 
mas eu quero ir.
 — Sim, você pode ir, mas nunca poderá mentir para ninguém, ta bom, meu filho 
querido?
 Pinóquio saiu correndo e dizendo:
 — Meu pai me deixou ir para a escola, vamos brincar crianças. Então foram 
brincar.
 Pinóquio, muito pesado, machucou um amigo; o garoto chorava, e Pinóquio o olhou 
e disse:
 — Você tem lágrima e eu não tenho, saindo correndo para sua casa.
 — Pai, por que eu não choro?
 — Por que você é especial e nunca vai ser infeliz. A vida reserva tantas coisas 
para nós, meu filho. Vamos dormir?
 — Você vai contar uma história para mim?
 — Sim, meu amado filho.
 — Qual?
 — Do Peter Pan.
 Fingindo que estava dormindo, Pinóquio levantou e foi para as ruas. Longe, ele 
sabia que tinha uma beira-mar. Sentado ali, ele começou a cantar:
 — Sou infeliz porque eu queria ser um garoto lindo e perfeito que tivesse 
lágrimas nos olhos, minha infância é infeliz...
 
  CAPÍTULO 2
 
Pinóquio adormeceu e acordou com um barco parado ali. Abriu os olhos e viu Peter 
Pan e os meninos perdidos, que falavam para ele:
 — Vem, Pinóquio, nós te esperávamos há muito tempo. Eu não posso, porque meu pai 
não sabe onde eu estou. Não se assuste, entre, eu vou deixar um pedaço de minha 
roupa.
 Logo após o seu pai acorda e fala:
 — Vem, Pinóquio, para o café da manhã. E nada. Olha na cama, ninguém. Sai 
correndo, predestinado o encontro. Ele para e pensa nos lugares onde sempre 
passeavam juntos, e lembra da beira-mar. Chegando lá, ele vê uma tira da roupa 
de Pinóquio, mas ele não o vê. Sentado, chorando, falava:
 — “Os mentirosos levaram meu filho”.
 Quando escutou a voz dele:
 — Pai.
 —Onde você está meu filho?
 — Olhe para cima.
 —Meu filho, aonde você vai?
 — Eu estou indo para a Terra do Nunca com o Peter Pan.
 — Você não pode.
 — Por que, pai?
 — Porque nós vamos para os Estados Unidos.
 — Pai, eu voltarei, eu te amo. E sumiu nas nuvens.
 Chorando, eu não sabia o que fazer. Estou triste, meus sonhos jamais tornaram 
realidade. Voltando para casa, encontra o senhor Bentinho, que perguntou onde 
estava Pinóquio.
 — Ele estava na beira-mar, mas sumiu.
 — Como você deixou isso acontecer?
 — Não sabia o que fazer. Vou entrar em casa. Vamos?
 — Não posso, tenho que ver minha senhora.
 — Como ela se chama senhor Bentinho?
 — Ela se chama Maria Lúcia.
 — E suas filhas?
 — Minhas filhas? Só tenho duas: a Denise e a Lucinéia.
 — Onde estão?
 — Bem longe, mas elas vêm no mês que vem.
 —Ah bom, até logo, vou me deitar, estou com uma dor de cabeça!
 — Amém.
 
  CAPÍTULO 3
 
Pinóquio estava feliz na Terra do Nunca, lutando com o senhor Malvado e 
encontrando tesouros. Ele voava, corria, brincava, mas algo ali faltava que era 
o seu querido pai. No final do dia, ele chamou a fadinha Sininho e falou: - Você 
pode me tornar um garoto de verdade e colocar eu lá na minha casinha, junto com 
o meu pai?
 — Sim. Claro já que estou no futuro; eu, Sininho tenho uma máquina do tempo.
 — Eu também tenho esta máquina.
 — Então o seu pé cresceu um pouco. Entrou na máquina, dizendo adeus a todos. Ele 
desapareceu.
 Apareceu em um lugar que tinha bombas. Assustado, ele falou: “Onde estou?” 
tentando correr de medo, procurou outro garoto:
 — Onde estou?
 — Você não sabe? Você está na Primeira Guerra Mundial.
 — Onde?
 — Na Primeira Guerra.
 — Adeus.
 Sininho torceu o botão da máquina, fazendo Pinóquio viajar em várias épocas do 
passado. Em cada parada, uma mentira, até chegar ao ano 3000. Chegando, 
encontrou com o Betinho:
 —Onde você estava meu filho? Estava com medo de voltar?
 — Não sei senhor, só quero encontrar meu pai. Ele está onde?
 — Ele está lá na sua casa. Pinóquio saiu correndo e gritando: Pai, seu filho 
voltou para casa.
 — Estou bem.
 — Porque seus pés estão grandes assim, Pinóquio?
 — Fui para o passado bem longe.
 — Você mentiu?
 — Sim.
 — Então pense em Deus, para que ele te perdoe, mas amanhã nós viajaremos para os 
Estados Unidos. Está bem, papai. Dorme bem à noite, porque sairemos cedo.
 De amanhã levantaram e pegaram um avião bem moderno. Ao chegarem aos Estados 
Unidos, foram para academia dos inventores modernos:
 — Hoje há uma grande atração: o menino de lata que fala e anda; criado por 
Dhiogo San Diego, a criação é chamada de Pinóquio do futuro.
 Pinóquio se destacava entre todas as invenções, nem um chegava perto da sua 
realidade. Era perfeito, lindo! O prêmio era um milhão de dólares. Em poucos 
minutos, convocaram o senhor Dhiogo San Diego, de apenas 20 anos, que tinha uma 
invenção perfeita; algo que estava sendo cobiçado pelo mundo das máquinas. Temos 
uma proposta: você entrega o garoto de lata e nós vamos dar o dobro do dinheiro?
 — Não posso, porque ele não é uma máquina, ele é meu filho que eu amo.
 — Você não pode amar uma máquina, porque ela não te ama.
 — Eu amo meu pai.
 — Cale-se, máquina atrevida, pegue ele e traga para mim, entregue o dinheiro 
para o seu pai e leve ele daqui para fora dos Estados Unidos.
 —Filho, filho!
 — Pai!
 
  CAPÍTULO 4
 
Levaram o Pinóquio do futuro para a casa de bonecas do milionário. Os seus pés 
já tinham ficado normais. O senhor vinha e ele corria para o quarto e fechava a 
porta.
 Sentado na cama, ele falou:
 — São dez horas da manhã, me sinto tão perdido mesmo no meio de uma multidão que 
não me olha como ser humano, e sim como máquina. O meu coração, meu peito e 
minha alma gritam de dor.
 — Às vezes penso que não sou nada para as pessoas, que me maltratam sem amor, 
desprezo e jogando eu fora do mundo. Eu entro para o meu quarto sem olhar pra 
trás, porque tenho medo de estar ferindo alguém mesmo sem querer. Estou só, mas 
a solidão é protetora e amiga, a qual transporta meu corpo de lata para perto do 
meu pai, e minha alma dorme em seus braços.
 Quando amanheceu, a filha do comprador falou:
 — Eu quero levar o Pinóquio até a escola comigo, pai.
 — Leve.
 Ela pegou na minha mão e falou:
 — Vamos.
 Ao chegar à escola, todos perguntaram:
 — Onde você encontrou este boneco? Não encontrei, foi meu pai que me deu para 
minha coleção de bonecas.
 — Ele fala?
 — Sim, vamos estudar juntos, eu e o Pinóquio.
 Entramos na sala e a professora falou:
 — Onde você pensa em colocar este boneco?
 — Eu penso em colocar ele do meu lado.
 — Então senta aí.
 — Júlia, você sabe como é a nossa mente?
 — Deixa que eu respondo.
 — O Pinóquio vai responder.
 — “Nossa mente é como pára-quedas, só funciona se estiver aberta. Obrigado”.
 — Com quem você aprendeu isso?
 — Com meu pai.
 — Ah, bom.
 Hoje voltamos para casa, depois de 12 anos de estudos. Júlia, minha única amiga, 
me abandonou; bem, ela deixou o seu cofrinho aqui, e eu vou embora para casa. 
Hoje consegui pegar o avião e estou voltando para casa. De longe eu avistei 
minha casa. Não era feia, nem pobre, era rica e linda. O Bentinho estava na 
porta. Velhinho e doente me disse:
 —Seu pai te espera.
 Logo eu avistei meu pai, lindo como sempre. Eu o abracei, olhei em seus olhos e 
disse:
 — Que saudade. Tudo mudou menos eu, que continuo uma lata.
 — Não, meu filho, você é um garoto lindo e amado. Venha, estou casado com a 
Denise.
 — Quem é ela?
 — É a filha do senhor Bentinho.
 — Ah, sei.
 — Oi, Pinóquio, vamos ser grandes amigos.
 — Pai, quem é aquele que está sentado na sala?
 — É o Lisandro, o marido de sua tia Lucinéia, é um grande amigo. Agora tenho que 
ir para o trabalho; tenho uma fábrica e bonecos robotizados.
 — Bom, vou para o quarto.
 — Eu queria ser um menino de verdade, uma realidade sem igual. Já sei, só posso 
ser de verdade se Deus quiser. Acredito que um dia me tornarei uma criança, vou 
dormir.
 A sua mãe entrou no quarto junto com Lisandro. O seu pai chegou e viu o Lisandro 
saindo do quarto para a sala: Denise falou que estava grávida. Então o pai de 
Pinóquio o deixou de lado um pouco, dando atenção para o bebê. Com ciúmes, 
Pinóquio tentou matar o bebê, mas o seu pai o mandou para uma escola interna, 
onde ficou por dois anos.
 Nesse período, Lisandro morre, e Denise chorava como se fosse à viúva. Dhiogo 
começou a suspeitar dela, vendo características do amigo em seu filho. Depois de 
mais de dois anos, ele foi visitar o seu filho do coração; chegando lá, 
encontrou um garoto triste e solitário que nada fazia sorrir, chorou e disse:
 —Filho, volte, o pai te ama.
 — Eu também te amo muito, pai, nunca te esqueci, mas eu quero me tornar uma 
criança um dia,pai.
 — Esquece de tudo filho, seja feliz como você é!
 — Papai, vá um dia eu voltarei. Adeus leva um abraço para o Ricardo.
 — Sim, levarei.
 Naquele momento percebeu que a sua vida era só uma fantasia, de dores e 
sentimentos e a relatividade das emoções. O mundo dele parecia imaginário e 
perfeito, sem violência, que não machuca e nem dói, porque lá é lindo e 
perfeito, cheio de paz espiritual e sentimentos; mas, no fundo, ele queria um 
dia viver feliz com seu pai.
 
  CAPÍTULO 5
 
Ele olhou na parede e viu a história do menino de madeira que se tornou criança 
através da fada azul. Então, ele sai correndo do hospital, fugindo daquele lugar 
e encontrou uma nave e voou - um vôo longo que durou a vida toda; caiu sobre a 
geleira, e ficou congelado por uma eternidade; depois, ele encontrou andando, no 
mundo sem ninguém, a fada azul e pediu a ela para transformá-lo em um garoto de 
verdade, para que ele vivesse junto com seu pai, só os dois juntinhos.
 Suas lágrimas caíram sobre a fada azul. Ela despertou e falou:
 — Você poderá ter o seu pai somente por um dia e nada mais.
 —Sim, eu quero este dia depois de uma eternidade.
 Fechou os olhos e ao abrir de novo viu a sua casa, uma casa muito pobre, simples 
e humilde, mas cheia de muito amor e felicidade.
 Logo ouviu a fada falar:
 — Você tem somente um dia, agora você se tornará uma criança de verdade.
 — Obrigado. Pai, olha, sou uma criança de verdade, você está vendo?
 — Sim, meu filho, você sempre foi minha criança linda. Eu te amo muito, um amor 
inconfundível. Juntos, os dois tomaram banho na beira-mar, lancharam, jantaram e 
Pinóquio colocou seu pai para dormir um sono do qual jamais despertaria. Depois 
de ter se transformado em uma criança, Pinóquio viu que nós amamos não um corpo 
perfeito de carne e osso ou de lata, e sim porque a pessoa tem coração e ama 
além de tudo.
 
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