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Dia do Nordestino Brasileiro

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Formatação: Iara Melo

08 de Outubro - 3º Bloco

 

"O nordestino é, antes de tudo, um forte" (Euclides da Cunha)

 

 

 


  
Estado de Sergipe

 

 

 


Sergipe é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Localizado na região Nordeste do Brasil, tem como limites Alagoas (NO), Oceano Atlântico (L) e Bahia (S e O) e ocupa uma área de 21.910 km², é o menor dos estados brasileiros. Sua capital é a cidade de Aracaju. Suas cidades mais populosas são Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana , Estância e Tobias Barreto. Na segunda metade do século XVI teve início a colonização do estado com a chegada de navios franceses onde os seus tripulantes trocavam objectos diversos por produtos da terra (pau-brasil, algodão, pimenta-da-terra). Entre o final do século XVI e as primeiras décadas do século XVII, a actuação dos missionários e de algumas expedições militares afasta os franceses e vence a resistência indígena. Ocorre grande miscigenação entre portugueses e índios. Garcia d’Ávila (01), proprietário de terras na região, iniciou a conquista do território. Contava com a ajuda dos jesuítas para catequizar os nativos. A conquista deste território e sua colonização facilitariam as comunicações entre Bahia e Pernambuco e impediriam também as invasões francesas. Surgem os primeiros povoados, como o arraial de São Cristóvão. Originário do povoado de São Cristóvão, a capitania de Sergipe D’El-Rei foi colonizada em 1590 após a destruição de indígenas hostis e Sergipe começa a explorar o açúcar. A existência de áreas inadequadas à plantação de açúcar no litoral favorece o surgimento das primeiras criações de gado. Sergipe torna-se, então, um fornecedor de animais de tracção para as fazendas da Bahia e de Pernambuco. Houve também uma significativa produção de couro. Quando das invasões holandesas, na primeira metade do século XVII a economia ficou prejudicada, vindo a se recuperar em 1645 quando os portugueses retomaram a região. O território, que na época fazia parte da Bahia, foi responsável em 1723 por um terço da produção de açúcar da Bahia. Uma primeira tentativa em 1820 de conceder autonomia ao território fracassou. Somente em 1823, depois da independência, Sergipe recupera sua autonomia, se desmembrando da província da Bahia. Mas o progresso da província é pequeno durante o Império, com excepção de um breve surto algodoeiro na segunda metade do século XIX. Com a Proclamação da República, passou a ser Estado da Federação tendo sua primeira Constituição promulgada em 1892. O quadro permanece assim em todo o primeiro período republicano, com sectores das camadas médias urbanas sendo as únicas forças a enfrentar a oligarquia local, como nas revoltas tenentistas em 1924.
(09) Aracaju: a história da cidade de Aracaju está fortemente relacionada à da cidade de São Cristóvão, pois era esta a antiga capital da capitania de Sergipe, actual Estado de Sergipe. Foi a partir da decisão de mudança da cidade que abrigaria a capital provincial que Aracaju pôde existir e cresceu. Fundada em 1855, foi a segunda capital brasileira planejada; seu formato remete a um tabuleiro de xadrez. Todas as ruas foram projectadas geometricamente, como um tabuleiro de xadrez, para desembocarem no rio Sergipe.  Até então, as cidades existentes antes do século XVII, adaptavam-se às respectivas condições topográficas naturais, estabelecendo uma irregularidade no panorama urbano. O engenheiro Pirro contrapôs essa irregularidade e Aracaju foi, no Brasil, um dos primeiros exemplos de tal tendência geométrica. No início da ocupação de povos não-indígenas onde hoje se encontra Aracaju e cidades vizinhas, esta região estava sob a jurisdição da capitania da Baía de Todos os Santos, que hoje é o estado da Bahia. A princípio, essa região era território do cacique Serigi, que dominava desde as margens do rio Sergipe até a do rio Vasa-Barris. Em 1590, Cristóvão de Barros atacou as tribos do cacique Serigi e de seu irmão Siriri, matando-os e derrotando-os. Assim, no dia 1 de Janeiro de 1590, Cristóvão Barros fundou a cidade de São Cristóvão junto à foz do rio Sergipe e define a capitania de Sergipe, ainda subordinada à Capitania da Baía de Todos os Santos. Mais tarde, a localização foi transferida para as margens do rio Poxim e, enfim, para o Rio Paramopama, afluente do Rio Vasa-Barris. Assim, São Cristóvão torna-se a capital da província. Diferente do que aconteceu nos outros estados da Região Nordeste, a capital de Sergipe ficava a mais de vinte quilómetros de distância do mar. Desta forma seus portos, por onde passavam navios, ficavam nos rios. As terras onde hoje se encontra Aracaju originaram-se de sesmarias doadas a Pêro Gonçalves por volta do ano de 1602.Eram compostas de 160 quilómetros de costa, mas em todas as margens não existia nenhuma vila, apenas povoados de pescadores. No ano de 1699 tem-se notícia de um povoado surgido às margens do Rio Sergipe, próximo à região onde este desagua no mar, com o nome de Santo António de Aracaju. Seu capitão era o indígena João Mulato. Em meados do século seguinte, em 1757, Santo António de Aracaju vivia sem maiores crescimentos e já era incluída como sítio da freguesia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar do Cotinguiba. Na então capital de Sergipe, São Cristóvão, estava-se tendo dificuldades com relação aos portos. Como a capital ficava no interior do estado, a navegação até os portos era somente fluvial, o que era um inconveniente, uma vez que os maiores navios não tinham passagem por conta da tonelagem, fazendo os portos sergipanos servirem apenas para pequenas embarcações. A partir e 1854, a praia que hoje é de território de Aracaju, perto da foz do Rio Sergipe, despertou grande interesse do governo da província de Sergipe, que transferiu a Alfândega e a Mesa de Rendas Provinciais para aquele local e construiu uma Agência do Correio e uma Sub-Delegacia Policial. Além disso, um porto foi construído na praia, denominada "Atalaia". A província necessitava de um porto de porte maior para seu progresso. No dia 2 de Março de 1855, a Assembleia Legislativa da Província abriu sessão em uma das poucas casas existentes na Praia de Atalaia. Nesta sessão, tendo previamente analisado a situação em que se encontrava a província, Inácio Joaquim Barbosa, o primeiro presidente da Província de Sergipe Del Rey, decidiu transferir a capital de Sergipe, que era São Cristóvão, para a cidade portuária que seria erguida ali. A decisão foi recebida com grande surpresa pelos presentes. Assim, no dia 17 de Março de 1855, Inácio Joaquim Barbosa apresentou o projecto de elevação do povoado de Santo António de Aracaju à categoria de cidade e a transferência da capital da província para esta nova cidade, que foi chamada simplesmente de Aracaju. Foi um dos momentos mais importantes e de maior repercussão da história de Sergipe. A nova localização da capital iria beneficiar o escoamento da produção principalmente açucareira da época, além de representar um local mais adequado para a sede do governo para o desenvolvimento futuro. A cidade de São Cristóvão não se revoltou de forma violenta contra a decisão, tendo apenas feito manifestações de protesto. Dessa forma Aracaju passou à frente de várias cidades já estruturadas, com melhores condições enquanto desenvolvimento urbano. Cidades como Laranjeiras, Maruim e Itaporanga se apresentavam em condição superior à de Aracaju.
 
(01 Especial): Durante este trabalho, falámos várias vezes de:  Garcia d´Ávila: As sesmarias outorgadas à Casa da Torre e a outros sesmeiros no Piauí, assim como no Rio Grande do Norte e outras capitanias do Nordeste, compreendiam quase toda a extensão do seu território, porém seus titulares, na maior parte, residiam na Bahia ou Pernambuco. A Casa da Torre, da mesma forma que António Guedes de Brito e seus descendentes, exerceram o domínio sobre tão vastas possessões de terra por meio de procuradores, aos quais o governo colonial outorgava patentes de sargento-mor, capitão-mor ou mestre de campo, investindo-os de autoridade e tornando-os verdadeiros régulos, de modo que igualmente pudessem assegurar a ordem e impor a soberania de Portugal. Pedro Barbosa Leal, Teodósio de Oliveira Ledo, João Correia Arnaud , António Gomes de Sá, Bento da Costa e outros foram alguns dos seus procuradores, espécie de vassalos, que lhes pagavam o foro e lhes serviam, em troca de apoio e força junto ao governo colonial. Também Domingos Afonso Sertão, no Piauí, foi um dos seus rendeiros e associados, da mesma forma que Domingos Roiz de Carvalho, na bacia do Pajeú, e António Oliveira Ledo, seus irmãos e sócios, que saíram do vale do S. Francisco e descobriram os sertões do Rio Grande do Norte. Esses e outros homens, que actuavam como procuradores da Casa da Torre, sempre tiveram sob suas ordens companhias de ordenanças, que utilizaram como fato dissuasório contra ocupações indevidas e em respaldo à  cobrança dos foros. Naturalmente, a presença de tropas da Bahia, vinculadas aos grandes sesmeiros, concorria naturalmente para tornar mais precária a posição dos foreiros e posseiros, nos longínquos  sertões da Paraíba e do Piauí, onde as terras estavam entregues ao mando e desmando de procuradores, homens rudes e violentos, que pouco a pouco assumiram, de fato, o seu senhorio. Como Nelson Werneck Sodré muito bem acentuou, o amplo espaço que a ordem privada encontrava, na colónia, em contraste com o reduzido espaço a que a ordem pública se reduzia, configurou toda a estrutura administrativa e, em consequência, afectou a própria organização militar. Em tais circunstâncias, na medida em que poder público dependia e se identificava  com o poder privado, condições, portanto, não havia para qualquer acção mais firme da Coroa contra a Casa da Torre ou contra outros senhorios de latifúndios, uma vez que lhes cabia a consolidação da conquista e a defesa das fronteiras da colonização, quer contra os índios insubmissos e insurrectos quer contra os estrangeiros, corsários e piratas, que continuavam a infestar os mares do Atlântico Sul e sobressaltar, permanentemente, o litoral do Brasil. Entretanto, embora necessitasse, para a defesa da colónia, do senhor da Casa Torre de Garcia d’Ávila (conheço pessoalmente – Carlos Leite Ribeiro) e de outros latifundiários, cujos interesses o governo colonial, sediado na Bahia, sempre favorecia, a Coroa, desde o fim do século XVII, começara a preocupar-se com o problema da terra, em virtude das complicadas questões que começaram a surgir com a concessão de novas sesmarias e a necessidade de demarcá-las. A distância das regiões, nas quais os governos outorgavam as sesmarias, facilitava a indeterminação dos seus limites e os sesmeiros tiveram condições de os alargar tanto quanto puderam, na medida em que subjugavam ou exterminavam os tapuias. Àquele tempo,  em virtude do crescimento da população, que a busca do ouro na primeira metade do século XVIII acelerou, as pressões sobre os recursos existentes recrudesceram e impulsionaram as migrações. E, quando os colonos adentraram cada vez mais os sertões e começaram realmente a povoá-los, poucas terras havia, nos sertões, para distribuir. A luta pelo domínio da terra, que primeiro a Casa da Torre  travou contra os índios, continuou, mas com os novos povoadores, que passaram a ocupar suas sesmarias, nas várias regiões do Nordeste.


 
Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (alguns):

 

 

ÍNDIOS FULNIÔS DE ÁGUAS BELAS - PERNAMBUCO

 


Aticuns-umãs; Guarajás; Fulniôs; Pacobiés-gaviões; Guajajáras; Jenipapos-canindés; Giripancós; Caapores; Caimbés; Calabaças; Calancós; Cambiuás; Canidés; Cantarurés; Capinauás; Carapotós; Cariris; Caraazus; Quiriris; Cricatis; Pancararés; Pancarus; Pataxós; Pipipãs; Pitaguaris; Potiguaras; Tabajaras; Tapebas; Tembés; Tingui-botós; Tremenbés; Trucás; Tumbalalás; Tupinambás; Tuxás; Xocós; Xucurus; Xucurus-cariris.


 


FOLCLORE DO NORDESTE BRASILEIRO

 

 

 


Semira Adler Vainsencher - semiraadler@gmail.com - Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco.
A palavra folclore (folk-lore) foi criada pelo arqueólogo inglês William John Thoms. Ele usou o vocábulo no dia 22 de Agosto de 1846, pela primeira vez, em uma carta publicada no jornal The Athenaeum de Londres. Através da referida denominação, Thoms pretendeu englobar os estudos que vinham sendo chamados de Antiguidades Populares, Tradições Populares e Literatura Popular, e que possuíam, como principais características, a popularidade, a oralidade, o anonimato e a antiguidade.  Com o passar dos anos, o domínio do folk-lore foi se ampliando. Actualmente, o conceito compreende o estudo da cultura espontânea da sociedade, ou seja, tudo aquilo que as pessoas dizem, sentem e fazem. O folclore se tornou uma ciência sócio-cultural, por assim dizer. Tal ciência objectiva dar conta dos mitos, superstições, contos, fábulas, poesias populares, provérbios, culinária, arte, literatura popular, música, jogos e brincadeiras infantis, danças, entre tantos outros, ainda que seus elementos não sejam mais anónimos e/ou orais (como, por exemplo, a literatura de cordel).


Independentemente do grau de civilização, de cultura, de capacidade, de ingenuidade, ou até mesmo de barbárie, todas as sociedades desenvolvem hábitos e costumes próprios acerca do mundo e das coisas, ou, em outras palavras, possuem uma alma colectiva, algum tipo de sabedoria popular. Essa alma, projectada nas manifestações culturais, é um elo de ligação entre o microcosmo e o macrocosmo, exprimindo tanto as especificidades individuais quanto o material herdado pelo indivíduo através de sua família, de sua prole, de seu bando, de sua sociedade. Neste sentido, engloba aspectos psíquicos, históricos e antropológicos.
No Brasil, os estudos sobre folclore só atingiram um nível científico em 1913, quando o linguista e historiador João Ribeiro realizou o Curso de Folclore na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O folclore passou a representar, inclusive, uma área de suma relevância da antropologia cultural e, o dia 22 de Agosto, mediante um decreto de 1965, foi instituído como o Dia do Folclore.


O Nordeste brasileiro - região produtora de açúcar, por excelência - não sofreu a influência marcante de outras culturas (salvo a portuguesa e a africana) como os estados do Sul e Sudeste do País. Tampouco os holandeses deixaram marcas profundas na região. Os nordestinos criaram hábitos e costumes sui generis, fruto da miscigenação de três populações: a europeia (os portugueses), a africana (os escravos) e a ameríndia (os nativos locais). Essas três raças geraram a população nordestina e todas as suas raízes culturais.


É comum a associação de praias, jangadas, pescadores, coqueiros, cangaço, e/ou carros-de-boi ao Nordeste. O folclore regional, por sua vez, é muito rico e abrangente, incluindo, entre outros elementos, o artesanato, as superstições e crendices, a linguagem popular, a literatura de cordel, os cultos, os folguedos populares, a culinária, os brinquedos populares, as artes e técnicas, as festas tradicionais, as adivinhações, os pregões e os remédios populares.


Em se tratando de festas populares, no carnaval de Pernambuco podem ser apreciados os maracatus, caboclinhos, pastoris, à la ursas, clubes de Frevo, entre outros elementos. O pastoril, um dos importantes folguedos nordestinos, é representado no período de 23 de Dezembro a 6 de Janeiro, e consta de bailados, danças, cantos, diálogos, recitativos (em louvor ao nascimento de Jesus), por parte de duas alas: as pastoras do cordão azul e as do cordão encarnado. Elas dançam e cantam:
 

 

PASTORIL

 


Boa-noite, meus senhores todos,
Boa-noite, senhoras também;
Somos pastoras
Pastorinhas belas
Que alegremente
Vamos a Belém...



Tudo indica que o pastoril foi introduzido no século XVI por padres portugueses. Antigamente, ele era representado apenas junto das igrejas, com o objectivo de entreter aqueles que aguardavam a missa do galo. Hoje, pode-se apreciá-lo em praças públicas e palcos, onde as pastorinhas dançam, geralmente, ao som de um conjunto de pau-e-corda. Mas, em alguns Estados nordestinos, o acompanhamento inclui sanfonas e violões, além de um conjunto de sopro e percussão.


O maracatu é um outro folguedo nordestino, criado pelos negros que buscavam manter o rigor da nobreza, os símbolos do poder e os acessórios de uma realeza europeia. Para tanto, associaram a força agregadora da unidade social e os preceitos religiosos. No Recife, a organização e o estabelecimento da prática do Reinado do Congo ocorreu em 1674, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Lá, foram realizadas eleições entre os escravos, a fim de escolher quem seria o rei e a rainha.


O maracatu, portanto, representa uma oportunidade de reviver momentos das relações de poder entre senhores e escravos. Nele, o complexo religioso do Xangô também se faz presente. Os grupos levam estandartes exuberantes, bordados com fios dourados sobre veludo e cetim, a nobreza com as suas coroas, espadas, cetros, capas, as damas da corte levando calungas, todos ao som de um conjunto de instrumentos de percussão. Somente a partir da abolição da escravatura, o maracatu passou a fazer parte do ciclo carnavalesco, resumindo-se ao desfile da corte real negra e obedecendo ao estilo das procissões católicas.


Apesar de serem tratados como pertencentes à "segunda categoria", vale destacar a beleza dos maracatus rurais, uma outra apresentação folclórica do carnaval oriunda dos municípios da zona canavieira de Pernambuco. Seus principais personagens são os lanceiros (ou caboclos de lança), os tuxaus, as baianas, um tirador de loas e a orquestra.


Os Caboclinhos, Cabocolinhos, ou Caboclos, representam um folguedo de origem indígena que se apresenta, durante a festa carnavalesca, nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará. São uma espécie de reisado com bailados mímicos. Tem sua origem em danças executadas por crianças e adolescentes tupinambás do sexo masculino. Foi através desses bailados e brincadeiras que os missionários, no século XVI, conseguiram ganhar a confiança dos índios e, em especial, dos mais jovens. O fato está registrado no livro "Tratado da terra e gente do Brasil", escrito em 1584 pelo padre Fernão Cardim.


Como caboclinhos (filhos de caboclos ou descendentes de índios) participam meninos de 10 a 15 anos de idade. Eles usam tangas, cocares, braceletes de penas de peru, brincos (feitos de conchas, dentes ou sementes), colares, machadinha, arco-e-flecha, cocares de penas e pintam o corpo com ocre. O grupo possui, no máximo, vinte integrantes. Em som ritmado, todos accionam seus arcos-e-flechas de madeira e dançam ao som de instrumentos indígenas: maracás, reco-recos e pífanos. Quem comanda o grupo é o "caboclo velho", um adulto que é considerado o rei ou o mestre.


Os caboclinhos do Rio Grande do Norte, em particular, são bem diferentes: não usam penas em seu vestuário, seu bailado possui maior vibração e alegria, não utilizam o arco-e-flecha como instrumento de guerra, mas para dar ritmo às danças, e não restringem suas apresentações ao período de carnaval.


O bumba-meu-boi é uma das representações folclóricas mais importantes do Nordeste. Esse espectáculo deve ter sido introduzido, também, no século XVI, no período do ciclo económico do gado. Segundo os estudiosos, apesar de não possuir uma origem africana, o bumba é um espectáculo de negros, onde eles se apresentam conformados com a sua inferioridade social e transformam a sua dor em comicidade.


A história é bem simples: um certo homem branco, dono de um boi, vê um homem negro roubar-lhe o animal, com o objectivo de retirar sua língua. Por qual razão? Porque a sua esposa, que está grávida, deseja comer língua de boi. O boi morre ao ter sua língua retirada. Acontece que esse era o boi predilecto do patrão. Então, um pajé tenta ressuscitar o animal morto.


Um aspecto a ser observado no bumba diz respeito à ausência de personagens do sexo feminino e à inferioridade com que a mulher é tratada: todas as figurantes são interpretadas por travestis. A única excreção é a pastorinha, representada por uma menina ou adolescente (porém, jamais uma mulher). No Maranhão, o folguedo se apresenta muito rico.


Além de certas modificações em sua coreografia, o folguedo possui nomes distintos nos estados: Boi-Calemba, no Rio Grande do Norte; Boi Surubi, no Ceará; Rancho-de-Boi, na Bahia; Bumba-meu-Boi em Pernambuco e Alagoas; e Cavalo-Marinho, na Paraíba.


Em Alagoas, por exemplo, percebe-se uma abertura de porta, como nos demais reisados, e um desfile de animais e personagens que dançam ao som da música característica cantada pelo coro. O primeiro a aparecer é a Burrinha e ela vem seguida do Cavalo-Marinho - uma armação como a do boi, porém comportando uma cabeça de cavalo pintada. Os outros personagens surgem sempre a dançar, tentando espantar os Mateus e a Catirina, bem como amedrontar as crianças ingénuas. Pode-se observar no espectáculo o Mané do Rosário, o Pantasma (Fantasma), o Morto-e-Vivo, o Foiará (Folharal), a Margarida, o Mandú, o Jaraguá, as Caiporinhas, as Sereias e o Pastor, a Sinhá Felipa - homem vestido de mulher com máscara - o Lobisomem, o Cego, o Doutor, entre outros. Uma das variações do Bumba-meu-boi é o Boi-Bumbá, representado no Amazonas.


No tocante às danças folclóricas, destaca-se o coco de roda: uma dança mestiça surgida em Alagoas, nos tempos coloniais, onde se misturam dois tipos de escravos: africanos e índios. O ritmo é dado por zabumbas, pandeiros e tamborins, mas as mãos representam o mais importante instrumento musical. O coco de roda era a dança preferida pelos cangaceiros de Lampião. Por isso, ainda se ouve cantar no Nordeste:


 


É Lampe, é Lampe, é Lampe,
é Lampe, é Lampe, é Lampião,
seu nome é Virgulino e
o apelido é Lampião.



Da mesma forma que o coco de roda, o reisado remonta ao período do Brasil-Colónia, ocorrendo nas festas de Natal e Reis. Seus personagens interpretam os próprios continuadores dos Reis Magos, vindos do Oriente para visitar o Deus Menino. Alguns figurantes do reisado são encontrados, também, no espectáculo do bumba-meu-boi: Mateus, o rei, a rainha, o mestre e o contramestre, o governador, o palhaço, o índio Peri, a sereia, entre outros.


No estado de Alagoas, os componentes dos reisados se apresentam com chapéus ricamente bordados e enfeitados com estrelas, fitas douradas e pequenos espelhos, que funcionam como amuletos para espantar os maus olhados, voltando-se contra quem os desejou. A coreografia é bem simples: os integrantes entabulam galopes, gingados e corrupios, pelas ruas e praças das cidades, enquanto os músicos tocam sanfonas, pandeiros, tambores e zabumbas.


Representando ao mesmo tempo uma dança e uma espécie de luta, a capoeira surgiu no Nordeste, trazida pelos escravos africanos. Difundiu-se muito depressa em Salvador, e um pouco no Recife e no Rio de Janeiro. A capoeira é dançada ao som do pandeiro, de cantos, do ritmo de palmas, e especialmente do berimbau.
Originário da África, esse instrumento compõe-se de um arco de madeira, com cerca de um metro e meio de comprimento, uma corda de metal, feita de arame, uma caixa de ressonância - uma cabaça cortada e amarrada com cordão -, uma cestinha contendo sementes de caxixi, uma vara pequena de madeira para percutir a corda, e uma moeda pesada. Feito um semicírculo, duas pessoas entram na roda e começam a lutar através de gingas, meneios de corpo, rasteiras, golpes e contragolpes rápidos. Há que se ter cuidado, no entanto: alguns golpes de capoeira podem levar à morte.


Dentre as principais festas e músicas folclóricas nordestinas, destaca-se a festa de São João ou o chamado ciclo junino. Nessa época do ano, dança-se bastante o forró, uma dança de pares cuja música foi consagrada pela saudosa dupla de compositores Luiz Gonzaga/José Dantas. Durante as festividades, as pessoas costumam se vestir com tecidos bastante coloridos, as chamadas roupas de matuto: as mulheres, vestindo saias largas, cheias de babados, calçadas com sapatos e meias, enfeitadas com grandes tranças no cabelo que terminam com laços de fita e, por cima, um chapéu de palha; e, os homens, vestindo calças remendadas, camisas coloridas, todos eles enfeitados com bigodes e cavanhaques pintados a carvão, carregando um cachimbo na boca, e também com um chapéu de palha na cabeça.


Essa festa ocorre na véspera do dia 24 de Junho, ou seja, inicia-se no princípio da noite do dia 23. Durante o ciclo junino, as ruas são enfeitadas com bandeirinhas coloridas (coladas em uma linha e presas nos postes), faz-se os "casamentos de roça" e dança-se a quadrilha (uma animada dança de pares). Acende-se ainda uma fogueira, e todos comem comidas à base de milho (canjica, pamonha, munguzá) e/ou massa de mandioca (bolo Souza Leão, bolo pé-de-moleque), solta-se fogos e balões.


Sob o som constante do forró, o chefe da quadrilha dá os comandos principais da dança e os pares obedecem. É comum ver as pessoas assando milho verde nas fogueiras. Pouco depois de acabado o São João é comemorado o São Pedro, no dia 29 de junho. Durante todo o mês de Junho realizam-se festejos nas cidades de Campina Grande (Paraíba) e Caruaru (Pernambuco).


De origem europeia, o carnaval, sem dúvida alguma, representa a maior festa nordestina. Ao som do Frevo, os blocos carnavalescos desfilam pelas ruas. No Rio de Janeiro e em São Paulo, onde as famosas escolas de samba se apresentam, não se ouve tocar e dançar o Frevo: o samba é a música típica do carnaval. 
Nas capitais e outras cidades do Nordeste do Brasil, nos últimos anos, comemora-se ainda o carnaval fora de época.


O cangaço e os cangaceiros - representados por Lampião, Maria Bonita (sua esposa), Silvino, Cabeleira, e outros - transformaram-se em temas e figuras folclóricas de destaque, presentes na música, no vestuário e no artesanato.


O Nordeste possui uma culinária rica e variada. Destacam-se os seguintes pratos: peixada, sirizada, quiabada, muqueca de peixe, pirão de peixe, casquinho de caranguejo, buchada, galinha de cabidela, entre outros. São tradicionais: o cavaquinho, o rolete de cana, a pipoca, o caldo de cana, a rapadura, o raspa-raspa, a umbuzada, o algodão doce, o queijo manteiga. A cozinha baiana merece destaque. Nas ruas de Salvador, negras vestidas de baianas vendem acarajés fritos no azeite de dendê e abarás.


A cozinha pernambucana também é deliciosa. Destacam-se nela: rabada, buchada, dobradinha, galinha à cabidela, quitutes à base de milho (canjica, pamonha, bolo de milho, munguzá, milho cozido e milho assado), compotas de frutas, sucos variados, tapiocas de coco e tapiocas molhadas (embrulhadas em folhas de bananeira), entre tantos outros. No Maranhão, alguns de seus pratos típicos são o arroz-de-cuxá, as frigideiras de camarão, os doces de buriti, bacuri, cupuaçu e murici. No Piauí, encontram-se: os peixes fritos em óleo de babaçu, a paçoca (feita de carne-de-sol assada, socada no pilão com farinha e cebolinha branca), e a cafofa (frito de tripas de criação). Já em Alagoas, além de inúmeras iguarias, pode-se apreciar o feijão de coco e a papa de feijão.


O artesanato nordestino é muito bonito e diversificado. Na região são produzidos diversos tipos de cerâmica (utilitária, decorativa e lúdica); redes e rendas; cestarias; xilogravuras; talhas e esculturas em madeira; trabalhos feitos em couro, pedras, mariscos, chifres, sementes, grãos, fibras, entre tantos outros.


Cabe registar que a arte de fazer rendas é uma herança que o europeu deixou no Brasil. As noivas costumavam encomendá-las para o enxoval e, os padres, para os seus paramentos. Os pontos das rendas podem ser: carocinho de arroz, meia-lua, flor de goiabeira, traça, caracol, margarida, bico de pato. Como a confecção de rendas é uma actividade corrente no Nordeste, a mulher rendeira passou também a ser uma figura típica da região.


No folclore nordestino encontram-se presentes os poetas e trovadores. Mediante a proliferação das oficinas tipográficas, a famosa literatura de cordel (os folhetos populares), com as suas capas ilustradas com xilogravuras, é colocada à disposição do público. 


Há que se destacar alguns importantes poetas populares: Catulo da Paixão Cearense (conhecido no País e no exterior), Leandro Gomes de Barros (um dos principais expoentes da arte cordelística brasileira), António Gonçalves da Silva (apelidado Patativa do Assaré, que nasceu e viveu no município de Assaré, no Ceará), o pernambucano José Saturnino dos Santos (conhecido como Andorinha), os paraibanos Sebastião Marinho, Pedro Bandeira ("O Príncipe dos Poetas do Nordeste") e Zé Limeira (este último, de Taperoá), entre inúmeros talentosos profetas do verso e da viola.

 


Segue abaixo um exemplo dos

versos desses poetas

 


Do cordel para o repente
É diferente o traçado
Porque o cordel é escrito
E o repente é improvisado
O cordel tem de ser lido
E o repente cantado.
(Andorinha)


Repentista respeitado
Narra, canta e profetiza
Gera mito, cria lei
Forma lenda e faz pesquisa
Cantador faz tudo isso
Inda canta e improvisa.

(Sebastião Marinho)


O nordestino é quem bota
Esse São Paulo pra frente
Fez de Maluf prefeito
De Itamar presidente
Inda tem cabra safado
Que marginaliza a gente.
Vamos chegar a 2000
Com muitos descamisados
Na farsa dos presidentes
Na gula dos deputados
Nosso Brasil inda vive
De pés e mãos amarrados.


(Pedro Bandeira)
 


Cabe dizer, finalmente, que as distintas manifestações e elementos culturais tanto podem ser conservados em seu formato original, mantendo-se inalterados através do tempo, quanto podem ser modificados, renovados ou mesmo abandonados, por vezes desaparecendo para sempre. 


Do acervo popular que representa o folclore fazem parte: os amoladores de tesouras e de facas, que anunciam os seus serviços pelas ruas; os vendedores de algodão-doce, cavaquinho, japonês, vassouras, cuscuz, colheres-de-pau; a culinária, o artesanato, os cantadores de viola, os maracatus, reisados e pastoris, enfim, tudo e todos que, sem qualquer intencionalidade, continuam mantendo os hábitos e costumes do Nordeste, preservando e enriquecendo a cultura popular dessa região do Brasil.  Recife, 24 de Julho de 2003
 
Culinária do Nordeste Brasileiro
O bode: - Os bodes, cabras e cabritos fora m trazidos para o Brasil pelos portugueses. O bode ficou tão conhecido vulgarmente, que é considerado sinónimo brasileiro de farnel. “Preparei o bode p’ra viagem”, “Cabrito de gente pobre é bode velho”. Apesar de ser considerado um dos pratos mais característicos da culinária nordestina, este prato teve sua origem na zona das Beiras, em Portugal, onde até hoje é preparado com requintes que passam de geração à geração com o nome de “maranhos”. A buchada é preparada com os miúdos e tripas do bode, aproveitando-se sangue, cabeça e pés. As influências de portugueses, negros e índios ajudaram a criar o cardápio nordestino. A cultura portuguesa nos presenteou com doces feitos de ovos, a africana, com o uso das sobras de carnes, azeite de dendê, pimenta e, por último, os índios nos brindaram com a presença forte da mandioca.


No período colonial os portugueses assimilaram os ingredientes dos nativos da África, Ásia e América para sobreviver em terras estranhas, mas também por curiosidade. No Brasil a produção interna de alimentos era limitada, pois a economia estava toda voltada para a exportação. A culinária colonial constituinte das bases culinárias do país pode ser dividida em quatro correntes: a do litoral açucareiro; a do norte; a dos Bandeirantes que partiam de Vila de São Paulo do Piratininga; e a quarta, da pecuária. No norte, os habitantes dependiam mais dos conhecimentos indígenas para sobreviver e para a colecta das drogas do sertão e, por isso, sua alimentação incluía pratos e ingredientes exóticos como a carne de peixes como o pirarucu, a carne de jacarés, tartarugas — além de seus ovos — e do peixe-boi do qual se fazia também a manteiga, e frutas. Como o terreno próximo a Vila de São Paulo do Piratininga era inadequado ao cultivo da cana de açúcar, a economia voltou-se para o interior, para a procura de ouro, pedras preciosas e apresamento dos indígenas e, por isso, puderam desenvolver-se lavouras de subsistência. O sistema de plantação dos tupis — aonde se cultivam pequenas áreas estratégicas — foi aproveitado pelos viajantes: plantava-se uma área para que houvesse alimento na viagem de volta. A própria história influenciou a culinária de cada região.


Assim, a culinária nordestina é fortemente influenciada pela suas condições geográficas e económicas ao longo da história, assim como pela antiga mistura das culturas portuguesa, indígena e africana, iniciada ainda no século XVI. As comidas quase sempre têm como ingredientes produtos vegetais, muitas vezes cultivados pelos índios desde muito antes da colonização portuguesa, carnes de gado bovino e caprino, peixes e frutos do mar, variando bastante de região para região, de acordo com suas características peculiares. Pratos característicos da Região Nordeste incluem a tapioca, o vatapá, a moqueca (ambos com frutos do mar e azeite-de-dendê), o baião de dois (feito de arroz e feijão, com diversas variedades, geralmente incluindo também carne seca, queijo coalho, manteiga da terra ou nata), o acarajé (um bolinho de feijões brancos e cebola fritado no azeite de dendê recheado com camarões, pimenta vermelha,o mugunzá (feito de feijão e milho, sendo doce em algumas áreas e, em outras, salgado, com lingüiça), caruru (quiabo e castanhas de caju, camarões, pimenta e alho), iguaria de origem indígena adaptado pelos escravos nos engenhos e servido aos orixás e o sarapatel. Os pratos tem forte influência africana. Outras comidas tradicionais são a farofa, a paçoca, a canjica, pamonha, a carne-de-sol, a rapadura, a buchada de bode, o queijo coalho, o siquilho, o alfinim, a panelada, a maria-isabel o carneiro cozido e a galinha à cabidela. Um bolo originário de Pernambuco, mas que posteriormente espalhou-se pelo país é o bolo de rolo, feito com farinha de trigo e recheado . No Maranhão, desenvolveu-se o cuxá com base em uma erva africana, a vinagreira, recebe ainda o caruru e a língua-de-vaca, outra erva. A influência africana se estende principalmente pela costa de Pernambuco à Bahia. No restante da costa e no interior, há menos influência da culinária africana. Na costa, são comuns os mariscos, e, em toda a região, as frutas tropicais. As mais conhecidas são as mangas, mamões, goiabas, laranjas, maracujás, abacaxis, fruta-do-conde, e cajus (a fruta e a castanha), mas são muito consumidas também frutas mais exóticas, como o cajá, a seriguela, a cajarana, a pitomba e o buriti. O pequi é também comum em algumas partes do Nordeste, como no sul do Ceará, e é usado em comidas regionais. Diversas variedades de doce são comummente produzidas a partir dessas frutas tropicais, assim como mousses e bolos.


 
Algumas das muitas especialidades culinárias do Nordeste Brasileiro

 

TAPIOCA, PAMONHA, CANJICA, MILHO COZIDO, BOLO DE MILHO, PÉ-DE-MOLEQUE

(comidas típicas das festas juninas)

 


Bolo de Macaxeira: - Tradicional das festas juninas, essa receita pode ser feita o ano inteiro e agrada adultos e crianças.
Camarão na Moranga: - A moranga, ou como os nordestinos chamam: jerimum, serve de abrigo para mais este delicioso prato da culinária Potiguar e nordestina.
Bobó de Camarão: - Uma das delícias da culinária nordestina. Deve ser servido bem quente, acompanhado de arroz branco.
Bobó de Frango: - O tradicional bobó nordestino preparado com frango.
Tapioca: - Uma deliciosa receita para enriquecer o seu café da manhã ou lanche da tarde.
Manteiga de Garrafa: - Um dos principais ingredientes das receitas de pratos regionais. Pode também ser usada como tempero à mesa, simplesmente passada no pão ou tapioca!
Arroz de Leite: - Também conhecido como "Arroz da Terra", é uma deliciosa alternativa ao Arroz tradicional na mesa do nordestino.
Farofa do Sertão: - Também conhecida como farofa d'água, é um prato típico da culinária natalense, e acompanhamento perfeito para a carne de sol na brasa.

 

 

 



FIM
 
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

 

 

 

 

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