

MAGAZINE CEN
Junho 2012
Edição de Carlos Leite Ribeiro
- 1º Bloco -
pág. 2

Samuel Freitas de
Oliveira
Avaré-SP-Brasil
CANÇÃO EM BEMOL
Não posso
solfejar uma canção que a vida,
Coloque só bemóis nas pautas da esperança,
E um Bequadro põe tirando o amor que avança
Tornando-me a existência tão empobrecida.
Eu quero uma canção em tudo enriquecida,
Mas simples como um riso puro de criança,
Num tom que o coração, com toda segurança,
Cante a grande paixão que nela está contida.
Quero fazer turnês com ela pelo mundo,
Cantando às multidões esse querer profundo,
Que tenho por você, desde que a conheci.
Mas se a canção assim não for, vou me calar,
Para ninguém sentir ou mesmo desconfiar,
Que embora a respirar... Por dentro já morri.
Samuel Freitas de Oliveira |

MINHA ÚNICA SAÍDA
Escrevo porque sinto a incontida,
Força que do meu peito brota inquieta,
Obrigando a minha alma de poeta,
A expor toda a paixão que traz retida.
Escrevo porque sinto a minha vida,
Cheia de dor, de riso, amor... E nesta
Missão de versejar se manifesta,
A poesia qual única saída...
Saída da angústia e do tormento,
Que às vezes trago no meu pensamento,
Por algum sonho que não realizei.
Se não escrever serei sempre incompleto;
Se não escrever caminharei incerto;
Se não escrever, de angústia morrerei.
Samuel Freitas de Oliveira |

Särita Bárros
Bagé/RS/BR
AS ÁGUAS
que rolam
nas pedras
arredondam caminhos
para o teu andar
A tessitura dos ventos
embala a noite
nos teus cabelos
de sonho e mar
Brindemos
à vida
Bebamos
na taça lua
sentindo
aroma de sol
azul fantasia
que nina
a poeira dos dias
Saudemos
o regaço da rocha
desfeita
no sorriso mel
do seio da Terra
ventre materno
Särita Bárros |

CADELADA
Ao ler a crônica da
Sonia, me deparo com a história da cadelinha que em
noite fria, ou melhor, gélida, fuçou uma toca para
abrigar os filhotes que iriam nascer. A bichinha com tão
poucos recursos soube resguardar da inclemência do tempo
os cachorrinhos. Se bem que a mamãe canina não estava
totalmente desamparada, pois fora adotada pelos taxistas
da Santa Casa e pela minha amiga.
Sonia teve vários cachorros. Conheci Tila, legítima
lata-vira, que era meiga e charmosa. Adorava quando eu
acarinhava sua barriguinha com o pé. Mal eu chegava e
ela ficava rodopiando e caía de costas entregando a
barriga. Agora, de igual raça, existe Lili. Mesma
pelagem, tamanho, mas temperamento completamente
diferente. Não aprecia muito o cafuné na barriga e é
mais exigente. Quando entrou no cio e foi para a
quarentena, não suportou a segregação com o estoicismo
de Tila. Além disso, assim que se liberou, pegou de
ponta o gato Didi. Parece que não suportou a liberdade
dele enquanto estava em recesso. Perseguiu tanto o pobre
bichano que o obrigou a dormir na rua. E tanto fez (até
desafiou a dona!) que foi parar no veterinário para ser
castrada. O Doutor disse que era uma questão de
temperamento e não de hormônios, melhor levá-la à
escola. No primeiro dia parou rinha com o instrutor. Foi
o primeiro animal, em não sei quantos anos de profissão,
a recusar os biscoitos oferecidos. Agora deve estar no
final do curso. Quatro horas de boas maneiras de segunda
a sexta. Sonia recebe orientações aos sábados. Palavras
de ordem, tom de voz, coisas assim. Lili está se
transformando em uma “cadelita de fino trato”. Não tive
oportunidade de comprovar os progressos. Será que irá se
deitar na poltrona de vime com almofada vermelha, com a
mesma graça de Tila?
Minha cunhada Elisa tem uma beagle, Mel, que não suporta
roupa em cima do lombo. Sente um frio danado, mas se
recusa a usar capa ou camisa (será vestido?). Tem duas
camas. Uma na loja e outra na cozinha. Minha sobrinha
estava tecendo uma coberta para joelhos (a fim de usar
quando no computador) e desistiu. Elisa uniu os quadros
e formou uma linda manta para Mel. A cadelinha adorou.
Quando vai de uma cama a outra arrasta a coberta pela
casa e se enrosca e aninha até ficar embrulhada. Semana
passada fui visitá-los e a primeira que vem me receber é
Mel. Desfila pela calçada um cachecol rosa-velho preso
por rosa negra, de cetim, com pluminhas brancas à guisa
de folhas. Vem tão garbosa que até a Giselle ficaria com
inveja. Disse-lhe que estava linda e ela se pavoneou em
volta de mim, sacudindo freneticamente o rabo e
oferecendo o pescoço para ser acarinhado.
Existem mais quatro cadelas: Doly, Lua, Tulipa e
Monalisa. Cada uma com seus donos, temperamento e
peculiaridades. Todas amantíssimas. Sobre elas falarei
outro dia.
Särita Bárros |

Wilson de Jesus Costa
FIM DE TARDE
A tarde está fria. O vento açoita meu rosto
Chorei horas a fio tomado em desgosto
O tempo passou e quase nem o notei
Ao notá-lo agora me senti um rei morto.
Teus cabelos embranqueceram
Os meus ficaram grisalhos
Da infância as saudades são tantas
Que até sinto vontade de pular amarelinha
Não dá mais. Vou remoendo lembranças,
quantas!
O corpo embalançando. Estou na janela
Não é uma janela qualquer
É a janela por onde vejo a vida
E espero a vida passar, curar feridas
Um tempo se foi, outro chega... agora.
Pois a tarde está fria e o vento açoita meu
rosto
Enquanto lá fora está um jardim sem
flores...
Wilson de Jesus Costa |

A VELHA CADEIRA
Na velha cadeira de balanço posta na
sala
Em vaivém modorrento minha mãe
descansava
E eu peralta em idade própria, com sua
bengala brincava.
Os dias passavam, as horas corriam;
Momentos houve que esquecia... eu
crescia.
Um dia triste minha mãe foi embora
O céu vestia-se de um azul bem anil
A vi saindo sem sequer dizer adeus...
Agora aqui vou vivendo de lembranças
Na mesma cadeira embalando o peso dos
anos
Não é um sono profundo, só um cochilo
Enquanto os netos brincam com a
bengala... agora minha.
Talvez amanhã eu deixe de lado tais
lembranças
Ou talvez eu saia sem dizer adeus...
Mas antes enxugarei meus olhos
Não olharei para trás para não ver quem
está na velha cadeira
Wilson de Jesus Costa |

JANDYRA ADAMI
Belo Horizonte/BR
LIMPANDO GAVETAS
Hoje fui
limpar gavetas, rever fotografias, objetos
guardados, pura emoção. Cada foto, cada
coisinha fazia me lembrar de algo muito
gostoso, ou triste, alegre ou inexpressivo.
Como é gratificante recordarmos o passado,
quando a idade já vai longe, através de
pequenas peças esquecidas num local de pouco
uso e que acabamos esquecendo.
Este relógio, ganhei de minha madrinha de
formatura quando terminei o Ginasial. Foi o
meu primeiro... Com ele, quantas emoções
vivi, quanta angústia esperando que os
minutos passassem rápido para um encontro
com o namorado, para o começo de uma festa,
principalmente o Carnaval, quando nossos
segredos e desejos eram colocados para fora,
livres de qualquer crítica ou vigilância
alheia. No Carnaval, somos todos palhaços da
ilusão. Cada Pierrot à procura de sua
Colombina, lança perfume na mão, e muita fé
no coração. Este lencinho, não está aqui
abandonado. Ganhei do meu namorado, numa
tarde de sol em que passeávamos pelo jardim,
tomando sorvete de copinho, como acontecia
antigamente. Por mais cuidado que tomasse, a
boca sempre sujava. E neste dia, ele pegou o
lencinho e, suavemente passou pelos meus
lábios e depois me entregou para continuar
usando. Guardei e até hoje recordo os
momentos vividos como se o mundo fosse só
nosso, e que tomar sorvete ao lado do
namorado era o melhor programa da vida.
Este retrato... ah! este retrato, tirei no
alpendre de minha casa com meu namorado. Eu
era muito sem graça, tinha 15 anos e ele me
dizia: " Mulher celeste! Oh, anjo de
primores, quem pode ver-te sem querer
amar-te...Quem pode amar-te sem morrer de
amores???" Mesmo sabendo não merecedora
deste elogio, a alma e o coração aceitavam e
a vida era cor de rosa.
Bons tempos...boas recordações... A gente
revive e sente as mesmas emoções. É como se
o tempo voltasse e eu me tornasse
adolescente, cheia de sonhos e acreditando
no amor. Fazendo planos para o futuro, que
hoje é o meu presente.
Que diferença meu Deus... Tudo sai diferente
do que sonhamos e a cor rosa passa a ser
cinzenta, um dia ou outro a tristeza toma
conta, a incerteza vive por perto e a
saudade fica sempre plantada em nosso
coração. Melhor ter saudade do que passou do
que não ter nada para relembrar... Fui
feliz... Fui muito requisitada, fui musa e
deusa.. Agora sou quase nada mas, tendo o
que recordar, vivo de novo e volto a ser
feliz... como antigamente.
Jandyra Adami 11-novembro-2.001 |

O TEMPO PASSOU???
Eu não vi o tempo passar
Quando me ponho a pensar, percebo que ocorreram muitas coisas na
minha vida. Mudanças, casamento, filho, partidas inesperadas,
neto, formatura, doenças, médicos.. Tudo passou e não percebi.
Continúo a mesma de antes e quando estou andando pela rua, sinto
que continuo elegante como antigamente. Penso que posso arrancar
suspiros e deixar corações apaixonados. A cabeça pensa o que já
foi... O coração as vezes se inquieta e procuro logo a solução.
Imagino: será a idade? Não. Estou inteira, gosto de mim... Meu
cabelo impecável, pagem... beleza natural Nunca usei nada nele
Só sabonete, naturalmente.. Pele macia, jovem, fresca, saudável.
Chamava atenção Um dia, no trem Vera Cruz um rapaz me chamou
para elogiar meus cabelos: "-Que lindos. Nunca vi outro
igual..." Parece que foi ontem.. Outra vez, andando pelas ruas
do Rio um senhor me chamou pedindo que desfilasse para o
Flamengo a fim de conquistar o título de Miss Guanabara. Eu me
sentia feliz mas ao mesmo tempo envergonhada porque não achava
que tinha chance nenhuma.
Fui muito solicitada, fiz muitas coisas boas. Parece que tudo
foi ontem .O tempo não passou mesmo. Que coisa boa...
Mas, a lembrança logo é quebrada , quando entro no meu banheiro
onde a parede é toda espelhada. O que? Esta sou eu? Cadê a
Jandyra gloriosa que estava dentro de mim agora pouco? Que
cabelo feio... Que cara diferente...
Até os olhos diminuiram. Eram tão grandes e verdes? Meus seios
já não são tão bonitos, durinhos. provocantes,... A pele está
enrugada.. Que é isso meu Deus? Não...não quero me ver assim.
Quero voltar à Idade da Pedra quando não havia espelhos, que
quebra o encanto que há dentro de nós. Espelho invejoso, que só
mostra os defeitos e nunca a bondade que temos dentro do coração
e da alma. Vou quebrar todos. Vocês vão para o lixo.
Quero ser feliz com minha consciência. Quero continuar a criar
minha imagem do jeito que eu fui, do jeito que eu quiser.
Quero ser até melhor
Quero acreditar no que diziam, que eu era bonita.
Quero agora, na terceira idade, sentir-me mais confiante e
receber os elogios com a certeza de que são verdadeiros. Vou
guardá-los em uma caixinha de boas lembranças e preservá-la de
tudo e de todos Só eu poderei abrir e me ver, como eu era
antigamente....
Do mundo, o que levamos? O que deixamos? Lembranças...
Saudades... E eu quero ser lembrada assim, como sinto dentro de
meus pensamentos. Quebrem os espelhos. São maldosos.. Só mostram
o que está feio, só por fora. O que realmente melhora em nossa
vida, o interior, eles não mostram...
"Acordei.. e chorei... pelo mundo que encontrei"(Jr.)
Jandyra Adami
|

Luiz Carlos Martini
Resitnga Sêca/RS-Brasil
JORNADA
Sou peregrino em viagem
A percorrer teus caminhos
O coração acelera e prevê
desfrute do nosso carinho
Andejo, encontrei curvas
Senti, o calor me invadiu
Nas pegadas d´um desejo
Absorvido no doce macio
Da resiliência vem gostoso
De uma língua febril e viva
A provocar os idos pudores
E emoções mais primitivas
Ao rociar na cumplicidade
Corpo em encaixe perfeito
Desfecho a inebriar o gozo
Dos delírios, do nosso jeito
Nos céus a navegar latente
Leviandade da empreitada
De duas almas em silêncio
Feliz final de dessa jornada
Luiz Carlos Martini |

DESESPERO
Mensurei o que já passou
A devolver-me o amanhã
Pois do ontem nada ousou
Assaz para ser liberto e sã
Nesse caminho e enganos
Viajo iludido de alma nua
Sofro perdido, mais ufano
A recolher os raios da lua
Se pudera, um baque ainda
Passear na alameda funesta
Apanhar da rosa mais linda
As pétalas da flor que resta
Óh amor, ser poeta é sonhar
Assim, canto de novo orfeu
De um silêncio a desesperar
Sem júbilos do que era meu
Luiz Carlos Martini |

Hermoclydes S.
Franco
Rio de Janeiro/RJ
A MUSA
Nos caminhos em flor do meu
sonhar
Vejo, sempre, uma musa
encantadora...
Olhos verdes, tranqüilos feito o
mar
Em manhãs de verão à luz da
aurora.
Ela finge não ver o meu passar,
Mas, bem cedo, se põe portão
afora
E entre as flores da cerca, a me
espreitar,
Dissimula um motivo, a tempo e à
hora...
Eu prossigo a incessante
caminhada,
Ida e volta seguindo uma
intuição
Que me traz certo abalo ao
coração.
Ao raiar, de algum dia, a
alvorada,
Saberei a razão da musa estar
“Nos caminhos em flor do meu
sonhar”!...
Hermoclydes S. Franco |

L U M I AR
Em LUMIAR a noite é mais
bonita,
Céu estrelado e lua
esplendorosa...
Os rios claros, em carreira
aflita,
Formam cascatas na mata
harmoniosa...
Na serrania, onde viceja a
rosa,
A escultura, nos montes, é
infinita.
O amanhecer traz a canção
maviosa
Da passarada que o clarear
agita!...
Nas casas simples, de gosto
apurado,
Os moradores, em vários
padrões,
Vivem na paz e no respeito à
lei.
Neste soneto, fica
retratado,
Palidamente e com alguns
senões,
O recanto encantado que
adotei!...
(Lumiar,Nova Friburgo, Verão
de 2008)
Hermoclydes S. Franco |

Augusta Schimidt
Campinas/SP
BEIJO AZUL
Beijo azul com sabor de céu
e mar
Perfeita sonata de anjos
encantados
Desperta sonhos...
Doce tilintar de prata.
Beijo azul que nasceu no
eterno
Vagou no tempo... Beijou a
flor...
Descansou naquele banco
vazio
Adormeceu... O terno beijo
de amor.
Augusta Schimidt |

CONEXÃO POESIA
Debaixo
do céu, morada das estrelas, em cada canto há o encanto de um
poeta que conectado com a inspiração, faz versos...
Poeta combina com cores; pode ser de arco-íris, de borboletas e
até de bolhas de sabão... E quando está conectado com o mundo,
acorda todos os dias com o coração cheio de domingo e a sua
poesia fica do tamanho da sua intenção e as cores do seu desejo.
E quando ele cruza o horizonte, sua inspiração cresce do tamanho
da imensidão...
Poeta navega mares, encanta-se... Não se importa com sua bravura
ou se está leve e solto, pois de qualquer maneira a poesia
nasce.
Se você quiser sonhar, basta olhar no espelho dos olhos de um
poeta e logo vai descobrir todos os segredos do mar da vida.
E quando um poeta atraca seu barco de versos num porto seguro, a
gente sente o vento doce, a brisa de carrossel, sente o cheiro
da cachoeira tocando o hino das águas...
É então neste momento que ele tira as palavras do coração e
escreve poesia com emoção...
Augusta Schimidt
|

Nídia Vargas Potsch
Rio de Janeiro/BR
NO CÍRCULO DA VIDA
Não há extremidades
nem esquinas
tudo rola
num vai e vem sem fim.
Num rodar de
vivências,
verdades,
omissões,
conquistas,
prantos,
germinando
causas e efeitos.
E no reencontrar dos
versos
a poesia
perde sua harmonia
interior
recai no vazio das
aflições
do momento.
Ah! Angústias, Medos
Violências...
Onde mais penetrar?
E o poetar cria
reflexos da dor latente
não tece mais sonhos
pela interrupção
da continuidade,
turbulências do fluir
da linha do tempo.
Sem desejar realimentar
as errôneas e efêmeras
emoções
sustentáculo de frívolos
sentimentos
que emudecem o poetizar
esdrúxulo,
faz calar o Amor e Paz
da Vida!
Por quanto tempo?
Nídia Vargas Potsch |

Mini conto:
UM BRILHANTE,MUDA TUDO? ASSIM PARECE!
Patrícia trabalhava numa grande e luxuosa
joalheria. Por suas belas mãos passavam lindas jóias de valores
incalculáveis, se comparados com seu salário e seu modo simples
de viver. Certo dia, o gerente a chamou e lhe deu uma
incumbência: - Senhorita Patrícia, este anel é um presente que o
dono da loja dará à namorada. Veio para gravar e ele virá
buscá-lo mais tarde. Fique atenta, vou colocá-lo na embalagem.
-Não precisa, Seu Luiz, deixa que eu mesma faço isso. Seu Luiz
atarefado, largou o anel no balcão e foi para o interior da
loja. Nisso, mal ele acaba de sair, entra um sujeito encapuzado
e diz: - É um assalto! Mais que depressa, Patrícia que estava
com a embalagem já preparada abaixo do balcão, fazendo-se de
assustada, mais que depressa, colocou a embalagem em cima do
balcão para disfarçar, mas, por ordem do assaltante colocou as
mãos para cima.
O ladrão desatento, indaga: - Qual jóia você. ia embrulhar pra
presente? - Uma gargantilha, mostrando a mais simples. Muito
bem, ele retruca, continue e me dê o embrulho vou levar pra
minha namorada. -E este anel que está na sua mão? -Moço, fiquei
noiva ontem, é minha aliança, por favor... E ele, afobado, foi
apanhando o máximo de jóias possíveis, mas ao som de um barulho
de campainha, na galeria, deu no pé, saiu correndo.
Imediatamente Seu Luiz, que a tudo assistiu de longe, veio se
lamentando por causa do anel especial do patrão. -E agora o que
vamos fazer? A seguradora paga as jóias, mas quem vai restituir
o anel que foi da avó do patrão? Era jóia de família. -Não fique
tão aflito, Seu Luiz! - Como, não? E Patrícia, calmamente, torce
sua aliança e a tira do dedo, aos olhos arregalados de Seu Luiz.
Prontinho! Brilhante, são e salvo!
Um ano após, este belo anel estava em sua mão direita...
Nídia
Vargas Potsch
|
António Zumaia
Sumaré - SP Brasil
Encontro de almas
Perene sonho que é o
amor;
Deu-nos Jesus quando
veio ao mundo,
deu liberdade e
também a dor.
Amor… Sentimento
belo e profundo.
Ele suplanta em
muito a vida,
fazendo a chama, que
arde sem se ver…
Chamando essa alma
sua querida,
no caminho do amor…
sem sofrer.
É esta vida de
breves caminhos,
em que não é fácil
ser-se no amor.
Mas Deus, sempre nos
dará uma flor;
Pode ser uma rosa
com espinhos…
O amor não se vai
interromper,
simplesmente… por já
não se viver.
- Obrigado meu poeta
e meu amor!
- Obrigado amor pela
lição que me deste.
António Zumaia
Brasil, 03 de
Outubro de 2011 |

ENCONTRO DE ALMAS
Seus belos e
grandes olhos castanhos umedeciam rapidamente, uma preciosa
lágrima deslizou célere pelo seu rosto de menina encantada e
sonhadora, o poeta apenas rebatia como mais vivido, os sonhos
lindos desta menina-mulher.
- Não penses assim meu amor, tens uma vida para viver e um
destino para cumprir, nada te pode afastar dele e muito menos
por um amor que será finito certamente.
- Não meu amor e meu poeta; Enganas-te, o encontro de duas almas
que se amam, embora pareça temporário é para todo o sempre. O
tempo não conta de forma alguma porque o bom Deus tudo acenta na
palavra divina que se denomina “amor”, para ELE se dois seres
tem a divina graça de se encontrarem e amarem-se sem reservas,
deixa de ter qualquer relevância o tempo a vida e própria morte,
porque o amor é a mola real da vida e a falta dele a desgraça
desta nossa humanidade.
- És ainda muito jovem para saberes os meandros que regem hoje
em dia a vida de um casal, que embora se ame, não se deve sentir
preso ao ser amado porque a liberdade existe, apesar do amor.
- Poeta amado, precisamente por existir essa liberdade, dada por
Deus, é que o encontro de almas existe. Vou contar-te uma
história que se passou na minha família e que ilustra muito bem,
que duas almas ao se encontrarem num verdadeiro hino de amor não
se podem mais separar. E tal como eles, o nosso amor criou um
grilhão dourado e lindo, que nos faz viver na poesia que me
fazes e nos carinhos de amor que existem entre nós. Acredita
este amor será eterno porque o bom Deus, nunca vai desunir o que
o verdadeiro amor uniu.
- Minha querida o poeta sou eu.
- Podes ser o meu amor e meu poeta, mas és ainda um adolescente,
apesar da tua idade. Escuta a história deste meu familiar:
Numa escola de São Paulo, ali bem no centro da cidade com esse
nome, existia uma escola onde os filhos da classe abastada
conviviam serenamente com os meninos com menos recursos
financeiros; Onde a alegria dos pobres se mesclava com os ricos
mais sisudos, dando-se um ar de importantes que rapidamente caia
por terra, porque a alegria era necessária a todos. O meu primo
era um dos melhores alunos, mas também muito jovial o que atraia
de certa forma as meninas da sua classe e não só. Havia uma
menina que freqüentava a classe antecedente a sua e que pela sua
beleza e tranqüilidade cedo lhe chamara a atenção, procurando a
sua companhia a todos os momentos e ajudando nos trabalhos de
casa. Os seus belos olhos verdes sombreados por tristeza era
para o meu primo um cruel castigo, pois sentia que ela era o seu
caminho na vida e não seria fácil para ambos, visto que a
família dela era abastada e tinha outros sonhos para com sua
filha.
Terminou os estudos e logo conseguiu um lugar numa boa firma de
automóveis implantada em todo o país, ela continuou a estudar e
os encontros começaram a espaçar-se e viram ser impossível viver
assim, pelo que rapidamente tomaram a resolução de esquecer os
laços familiares e serem abençoados por Deus com o casamento. As
famílias revoltaram-se, mas o seu ninho era de amor do que nunca
acaba, nem com a morte.
Em breve sentiram o seu amor abençoado com a promessa de um
filho, mas não eram esses os planos de Deus e um terrível
carcinoma ditava a sorte desta jovem senhora, atacando-a de tal
forma que nem o rebento que trazia no seu ventre pode ver a luz
do dia.
Foram dias de tortura incrível para meu primo, que terminaram
com as palavras dela:
- Por favor, meu querido! Não me deixes só no caminho do além,
levo o nosso filho junto comigo, mas preciso de ti. Nosso amor é
muito maior que o mundo, o bom Deus quer-nos junto a ELE. Veio à
terra implantar o amor e nós seguimos os seus ensinamentos
amando.
- Breve minha querida estaremos novamente juntos e Deus nos dará
a graça de vivermos com o nosso querido filho… Deus é amor.
Aqueles belos olhos verdes pela ultima vez olharam o seu grande
amor, o doce fruto desse enlace, um anjo, foi sepultado nos
braços de sua mãe.
Meu primo tentou tudo para resistir ao chamamento do amor,
lembro-me que um dia veio até mim muito triste e pediu-me uma
bala (Rebuçado) que estava chupando, disse carinhosa que tinha
muitas no bolso e que lhe daria com todo o gosto.
- Não minha querida! Quero a que tens na boca.
Rapidamente a retirei e lha ofereci e foi com espanto que vi
lágrimas invadirem o seu ainda jovem rosto.
- Que se passa meu primo?
- Vou unir-me ao meu grande amor, ela não pára de me chamar.
Na altura não compreendi o alcance de suas palavras, somente
passados alguns dias me disseram que meu primo vestira o fato de
casamento, cobrira a cama com a colcha do dia de núpcias de cor
branca e colocara uma bala no coração; Farto de sofrer com a
ausência da mulher amada, o amor suplantara a vida.
Eu farei isto por ti meu poeta. Gostava de um poema teu a este
divino amor que uniu dois seres.
- O farei amor, logo que as lágrimas me libertem os olhos.
NOTA do autor: Este conto é baseado num acontecimento real,
nestas terras onde me encontro.
António
Zumaia
|

Maria Luiza Bonini
São Paulo - SP - Brasil
CHEGA!
Chega de viver
na eterna espera
De que o amor
bata à tua porta
Posto que,
tênue, tal folha
morta
Sobrevive só em
tuas quimeras
Chega de sonhar
com o impossível
Tentando pintar
com níveas
nuances
A triste
negritude de um
romance
Que se esconde,
mergulhado no
invisível
Chega de
prantear e
bradar em teus
apelos
Por aquele que
se posta inerte
e indiferente
Aumentando o
vazio que habita
a tua mente
Chega de beber
do cálice da
amargura
Pois é de doçura
que o amor se
alimenta
Afugentando o
mal da dor que
te atormenta
Maria Luiza
Bonini |

MEU TEMA
Para dizer
do amor, és
tu, meu tema
Que meu ser
invade,
constantemente
Dominando
meus
sentidos,
minha mente
Na expressão
mais nobre
de um poema
Para dizer
da alegria,
és tu, meu
tema
Que me fazes
sentir o que
de melhor
existe
Nos momentos
em que tudo
parece
triste
Transportando-me
à felicidade
suprema
Para dizer
da ausência,
és tu, meu
tema
Por me
fazeres
sentir
mergulhada
no vazio
Envolta, tão
somente, por
um doloroso
frio
Para dizer
de meus
dias, és tu,
meu tema
Por
transforma-los
plenos, com
tua magia
Canto para o
mundo minhas
ternas
poesias
Maria Luiza
Bonini |

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