

MAGAZINE CEN
Junho 2012
Edição de Carlos Leite Ribeiro
- 3º Bloco -
pág. 4

Humberto Soares
Santa
Cotovia/Portugal
AGONIA SENTIMENTAL
Eu sou feito de fogo, terra e água
E tenho em mim o hoje e o ontem. Logo,
Ficarei amassado em dor e mágoa
No leito deste rio em que me afogo.
Em mim vivem tristeza e alegria.
Feio e belo também vivem comigo
Assim como a arrogância e a simpatia,
Unidos ao perdão e ao castigo.
Possuo em mim a noite e a alvorada.
Tenho o calor, o frio e o sofrimento
Assim como a tristeza e a gargalhada.
Deus pra aumentar a dor do meu tormento,
Querendo que eu fosse tudo, sem ser nada,
Soprou dentro de mim o sentimento !
Humberto Soares Santa |

JARDIM ABANDONADO
Ó meu pobre jardim abandonado
Onde só mato cresce em vez de flores.
Que é de ti ?... jardim que foi de amores,
Hoje, por toda a gente desprezado.
Que tom é esse teu, acinzentado?
Pra onde terão ido as tuas cores ?
Que asco, que miséria, que bolores
Te têm colocado nesse estado ?
Rejeita esses insectos que te comem.
Afasta do teu solo os parasitas
Isola os vermes vis que te consomem.
Ó meu querido jardim, porque não gritas ?
Clama, para que as cores a ti retomem
Em canteiros de flores... as mais bonitas !
Humberto
Soares Santa |

Carmo Vasconcelos
Lisboa/Portugal
A VOZ DA PRIMAVERA
Já vão partindo as noites invernosas,
Os dias tristes de humores enevoados,
Degelam as correntes, caudalosas,
Furam a terra os brotos encubados.
Regressam andorinhas migratórias,
Os céus revestem mantos de esplendor,
Ao Pai Celeste sobem oratórias,
Das aves em seus cantos de louvor!
É a nova Primavera a despontar,
Que, sem palavras, vem pra nos dizer,
Da natureza, o eterno renovar,
Que da aparente morte há renascer!
Ouça-se dela a fala da razão!
- Que a morte é só… da vida uma estação!
Carmo Vasconcelos |

ROSAS E ESPINHOS!
Vejam a rosa que floresce nos caminhos,
Sujeita à chuva, ventania e males quejandos,
Treme e vacila, aos abanões, f’rida aos
espinhos,
Sangra e esmorece, mas renasce a tempos brandos.
E assim as rosas, menos frágeis do que exibem,
(Tal qual eu mesma, ao suportar picos de dor)
Jamais se abatem, e do brilho não se inibem,
E das picadas, brota vivo o seu esplendor!
É forte a cor do sangue herdado das raízes!
Flores mimosas, delicadas na aparência,
Nobres e altivas, sempre vencem duras crises!
Choram seus prantos orvalhados quando a lua
O sol lhes rouba… E se recolhem na dormência,
Mas mal desponta um novo sol, a festa é sua!
Carmo Vasconcelos
http://carmovasconcelosf.spaces.live.com
http://carmovasconcelos.spaces.live.com |

Maria José Zovico
Limeira- São Paulo- Brasil
PRECISO DE TI...
Preciso de ti... Onde estas que te procuro?
Para plantar flores em meus caminhos,
Iluminar este meu mundo escuro,
Cobrir-me de desvelos e carinhos!...
Preciso de ti...Mas, nem quem és...
Nem ao menos por qual nome te chamo...
Se tens belas historias ou revés
Ou, quando poderei dizer: "Te amo!"
Preciso de ti... Tuas mãos desconheço,
Teu porte, não sei; nem dos teus olhos a cor...
Preciso de ti... Onde é teu endereço?
É melhor que me encontres, por favor!
Vamos marcar: Na esquina da lua,
Tu, terno marrom, cravo na lapela,
Eu, traje esvoaçante azul, cabeça nua,
Ao lado da estrela... Na noite mais bela!...
Maria José Zovico |

DIVAGAÇÕES
Saí pela vida dentro dos meus sonhos,acompanhando os impulsos do
meu coração...
Chorei com o céu seu pranto de chuva...vaguei pelo espaço, como
fazem os pirilampos...
Sonhei com os anjos, nos braços das estrelas...envolvi meu ser
nas trevas da noite... embriaguei-me no orvalho da madrugada,
junto com as flores do campo...cantei com os passarinhos, suas
cantigas matinais...
Murmurei com o riacho, frases de amor...embalei o crepúsculo,
com a brisa do ocaso...
caminhei com o vento, seu destino sem rumo...rolei pelo gramado
com as folhas de outono...
Disse "Bom Dia!" aos lírios, que responderam!...com seu perfume
inconfundível!...
Sorri com as rosas que eram cor de sonhos...e tive sonhos que
eram cor de rosas!...
Enfim, despertei dos meus devaneios e voltei à realidade...
Porém, se a mim fosse dado escolher, eu não trocaria,por todas
essa divagações,um só instante da maravilhosa realidade que é:
-Viver com voce!
E, são por esses momentos, os que eu passo a seu lado,que a vida
se torna bela e vale a pena ser vivida!...
Maria José Zovico
|

Isabel Pakes
Cerquilho/SP
Às candeias do amanhã
Ausente do meu toque, feito um anjo ou feito um
bruxo,
me olhas do alto da lua, me beijas através da brisa
e nas rosas que admiras me mandas lembranças tuas.
Pareces estar vibrando em tudo quanto me envolve,
até nos livros que leio, como se teus mensageiros,
contam-me histórias de amor iguais à tua e a minha.
E isso não te bastando, interceptas meus
pensamentos,
seduzes meus argumentos e, de pronto,
te colocas porta adentro dos meus sonhos.
De tal forma te embrenhas em minha mente
que não há como fugir dos teus enleios
e nem tenho eu por quê.
Se às vezes me exasperas pelo ontem que adiaste,
outras vezes me comoves, muito, profundamente,
quando feito a canção que mais gosto,
vens, manso e cativo, aninhar-te no meu peito.
Alheio ao tempo e à distância
por onde vou me alcanças trespassando dimensões,
alongando os teus sentidos aos menores dos meus
gestos,
guardando-me em calmaria, às candeias do amanhã,
em noite de turbilhão.
Se és um anjo ou um bruxo, não sei.
Se me guardas ou me enfeitiças, não sei.
Talvez em mim só preserves o alento
em cuja sombra repousas.
Mas estás aí, é o que importa!
Estás aí e me ouves devotado
e sem que te apercebas, minha alma embevecida
por um breve instante me escapa para abraçar-se à
tua.
Isabel Pakes |

Joaquim Marques
Porto/Portugal
PÁTRIA LUSA
Ó Pátria abençoada onde nasci
Berço dum Povo simples, nobre e leal;
Jardim tão florido como tu, jamais vi...
O mar beija teus pés, meu lindo Portugal.
És pátria mãe de tantos heróis e santos
Que levaram ao Mundo tua história;
Os feitos inauditos foram tantos...
Que cobriram teu estandarte de glória.
Foi daqui deste cantinho que partiram
Teus heroicos marinheiros, em caravelas...
Levando a Cuz de Cristo em suas velas!
Vencendo mistérios, dos mares profundos
Navegando sob o sol e as estrelas
Souberam dar novos Mundos ao Mundo!...
Joaquim Marques |

AGUARELA DOS MONTES
Aqueles montes parecem ondas…
Que, com afago, sinto beijar meus pés;
São um serpentear de ondas redondas
Que com capricho, o mar do mundo fez.
Escondidas, naquele mar de ondas…
Com seu casario, encharcam-se aldeias;
De sol, de lua e de suas mondas...
Que de tudo mais, estão elas cheias.
Um pequeno riacho de sonhos… pejado
Pede ao grande rio que lhe passa ao lado
Que o leve ao mar com que tanto sonha...
Na serra ou no mar, o céu não se alcança!
No mar, o horizonte, também não acaba;
O caminho, é subir, com fé e esperança!...
Joaquim Marques |

Nathalia Carolina
Recife/BR
Lembranças:
Acontecimentos que marcam
Nossas vidas, sempre permaneceram
Em nossos corações e pensamentos.
Mesmo que tentemos esquecer,
Eles nos perturbam em nossos sonhos
E até em coisas que não conseguimos entender.
Alguns as vezes nos ferem,
Mas outros pra recompensar nos fazem
Abrir um sorriso que não conseguimos explicar.
Esses acontecimentos ou lembranças
Que talvez podemos chamar,
Sempre em nossas vidas permanecerá.
Nathalia Carolina |

Saudade de um Amigo:
A ausência machuca, fere e forma
Cicatrizes no coração, mas que
Fecham-se com a recordação.
A saudade é sentida por pessoas que
Amam-se e se preocupam com o vinculo de união,
Expressando constantemente a sua paixão.
Mesmo sendo sentida dolorosamente,
A perda é superada, pela alegria das
Lembranças que estão sempre acumuladas.
Apesar da imensa solidão, unirei forças
Para estar sempre feliz, pois
Sei que sempre vão lembrar de mim.
Nathalia Carolina |

Rose Mori
São Paulo/BR
INCOERÊNCIA
A qualquer hora
vou perder o juízo e sair do sério!
E não responderei por mim
- nem por ninguém –
e que ninguém também responda,
não porque eu não queira,
mas porque não há o que se dizer...
Me escondi das dores,
elas me encontraram
fizeram de mim
o que bem quiseram.
Resisti e estou aqui,
sempre pronta
para lutar mais uma guerra.
A vida já me passou muitas rasteiras;
e continua passando.
Hoje, já não me derruba mais
- aprendi a me equilibrar
na corda bamba do destino –
Mas chega a hora em que tudo cansa,
até mesmo a paz fingida
e o sorriso mascarando a dor.
E é por isso
que a qualquer hora desatino
e, então,
farei coisas que nunca fiz,
não por gosto,
nem por desgosto:
só pra não me arrepender
de não ter feito.
Vou deixar o sol bater em meu rosto
sem medo de queimar a pele;
vou deixar o vento despentear meus cabelos
e a chuva molhar meu corpo.
Vou andar descalça na vida,
sem receio de ferir os pés.
Vou me lambuzar de gostosuras
(entenda como quiser)
Vou jogar fora o relógio
que inexorável marca o tempo,
e ser feliz para sempre,
sem hora marcada para voltar.
Basta de reprimir sentimentos,
basta de pensar no amanhã.
Afinal de contas,
quem pode garantir
que haverá amanhã?
Quem?
Rose Mori |

NÃO SE VÁ
Por que partir, amor de minha vida,
se ainda há tanto o que compartilhar;
se de meus braços ainda não se findaram os
abraços;
se de meus lábios ainda não te dei todos os
beijos?
Por que partir agora, vida minha,
se a taça ainda não se esgotou;
e se ainda há tantos sonhos?
Se nossos olhos ainda não contemplaram
as estrelas mais bonitas do firmamento;
se ainda há muitas manhãs claras,
entardeceres de cores profusas e brilhantes?
Por que partir, meu amor,
se não colhemos do jardim todas as flores;
se não sorrimos todos os risos
se não choramos todas as lágrimas;
se não satisfizemos todos os desejos
e se ainda há tanta doçura nas palavras,
e tanta ternura no olhar?
Não se vá ainda...
Há tanto o que se fazer ... e refazer...
Deixe que a esperança parta primeiro
e fique...
ao menos até que a solidão se acomode
e retome seu lugar em minha vida...
E quando se for,
saia sorrateiro, no fim da madrugada,
quando eu ainda estiver dormindo...
Assim, ao despertar, terei a impressão
de que a nossa história
não passou de um lindo sonho de amor...
Rose Mori |

Fernando von Trina
Samora Correia - Portugal
E O SEU CONTRÁRIO
és
o amor impossível
o que transforma transtornado
a luz e a sombra
apogeu e ocaso
sou
o amor que mata
carícia e raiva
e ambas nos seus limites
insuportáveis e viciantes
somos
tortura e ternura
mimo e loucura
sebe e infinito
tempo que desanda parado
amantes
saudade
lava inviável de vulcão acabado.
von Trina |

DO MAR
do mar
a força
a humanidade e a dignidade
do mar
a vida
o sonho e a esperança
domar
nos querem
os de terra
a aventura
a imensidão e a libertação são
do mar
von Trina |

Maria Moreira
Belo Horizonte/MG
Plantei amor
Plantei despido do orgulho
Reguei com Orvalhos do céu
Da luz vei os raios a me aquecer
No coração nasceu o bem querer!
As nuvens trouxe a sombra
Para tudo se desfazer
O vento levou os aromas
Que envolvia o meu ser!
Sentindo o frio na/lma
NA morte quis me esconder
Por sorte tive o amparo
da lua a me proteger!
No silencio contemplo o destino
De cada braseiro a ascender
Das chamas de lumes ardentes
Que me aquece em novo querer!
Desta vida tudo se leva
Para o sentido do aprender
compete estar atento
Desde o amanhecer!
Maria Moreira
|

O Amor
O amor tem múltiplas faces
O amor tem vida própria
O amor te eleva como explosão
Ja nas horas primeiras ao nascer!
O amor tem a cor da meiguice
Tomadas emprestadas do céu
E te segue dede a infância
Para te proteger na velhice.
O amor é o mais forte elo
Donde agrupa todos seres
Tirando as dificuldades
Com esmero ,anelo, e igualdade
O amor faz Milagres sem fim
Pois é força que perdura
Sobre as catastrofes emerge
No sustento interage o que o ergue
O amor é sempre generoso
Cheio de encantamento e beleza
Propaga nas matérias e enobrece
É do amor que se colhe riquezas!
Foi de amor que Julieta morreu
Mas não se perdeu do Romeu!
Maria Moreira
|

Ricarda Maria Leal Alvim
Miracema:RJ
Só Simplicidade
É preciso impregnar o nosso tempo de simplicidade.
Pinçar na alma toda pureza, toda paz existente no
ar.
Cobrir todos os nossos gestos com profunda
serenidade.
Espaços espirituais bem diferentes, novas canções
criar.
Descobrir enxurradas de ternura, de amor, quem me
dera!
As cores invadindo as trevas, os horizontes para
transformar
dentro de nós todas as estações numa só: doce
Primavera:
Canteiros cobertos de flores para ser a manta do
nosso olhar .
Cada sorriso eternizando todo o passado numa
criança.
Aquarelas açucaradas, tempos gostosos sempre
misturados
com palhaços, brinquedos, mágicas dentro de uma
dança,
formando cordões resistentes, feitos com gestos
blindados.
Pureza mágica em tudo o que em nosso interior
nascesse
para que este mundo não fosse marcado pela
violência.
O nome PAZ em brancas nuvens em cada ser aparecesse.
Simplicidade: seria o nome da minha e da sua
existência.
Ricarda Maria Leal Alvim |

Certeza
No meu jardim, senti um momento brejeiro
nas pétalas repolhudas, doces e aveludadas
de uma perfumada rosa, rainha do canteiro.
Flores desciam nos muros encascatadas.
Colhi uma fruta com o gosto de esperança.
Mastiguei a polpa macia, com toda emoção
retornei aos meus alegres tempos de criança:
brincadeira de roda entoando a minha canção.
Pisei na água fria do córrego, no meu quintal.
Peguei girinos que de minhas mãos escapavam
para alcançar a liberdade no aquário ornamental.
Maravilhas que minhas saudades lembravam...
Varri o terreiro com vassoura feita de folhas,
tão limpinho ficava era a minha casa de boneca.
Minhas mãozinhas doíam, palmas cheias de bolhas.
Não podia nem içar para o alto a minha peteca,
bater corda, confeccionar bichinhos com barro.
Hoje eu sei de cor e salteado, quando em mim
aflora,
a certeza em recordações e nas saudades esbarro,
sinto que a felicidade nas coisas mais simples
mora.
Ricarda Maria Leal Alvim |

para Índice Geral
para
pág.5

Registre sua opinião no
Livro de Visitas:
|
|
| | | | |