“A “Pequena
Notável”, como era conhecida, marcou
tanto com seu jeito de cantar,
revirando os olhos, mexendo as mãos
e gingando, com seu sorriso
contagiante e a graça de seus trajes
cheios de balangandãs, que até hoje,
mais de 40 anos após sua morte, é o
símbolo brasileiro mais conhecido no
mundo. Mais do que uma voz, foi um
fenómeno do show business
norte-americano.
Carmén nasceu em Marco de Canavezes
a 9 de Fevereiro de 1909. Era filha
de José Maria Pinto da Cunha e de
Maria Emilia Miranda da Cunha.
Chegou ao Brasil com poucos meses de
idade. Intérprete da música
brasileira, teve uma carreira
fulgurante nos palcos e na rádio,
que a lançaram para o cinema. Criou
um estilo brejeiro inimitável, tendo
participado em filmes musicais como
“A Voz do Carnaval”, “Alô, Alô
Brasil”, “Alô , Alô, Carnaval”.
Residente nos Estados Unidos desde
1939, actuou em espectáculos e em 14
filmes, entre os quais “Férias em
Havana”, “Festa no Brasil” e “O
Castelo do Terror”. Com as suas
fantasias de baiana mereceu o
epíteto de “Bomba Brasileira”.
Ficaram famosas certas
interpretações suas, como por
exemplo “Na Baixa do Sapateiro” e “O
que é Que a Baiana Tem?”
O
que é que a baiana tem?
(Dorival
Caymmi)
O
Que é que a baiana tem?
O
Que é que a baiana tem?
Tem
torço de seda, tem!
Tem
brincos de ouro tem!
Corrente de ouro tem!
Tem
pano-da-costa, tem!
Sandália enfeitada, tem!
Tem
graça como ninguém
Como
ela requebra bem!
Quando você se requebrar
Caia
por cima de mim
Caia
por cima de mim
Caia
por cima de mim
O
Que é que a baiana tem?
O
Que é que a baiana tem?
O
Que é que a baiana tem?
O
Que é que a baiana tem?
Tem
torço de seda, tem!
Tem
brincos de ouro tem!
Corrente de ouro tem!
Tem
pano-da-costa, tem!
Sandália enfeitada, tem!
Só
vai no Bonfim quem tem
(O
Que é que a baiana tem?)
Só
vai no Bonfim quem tem
Só
vai no Bonfim quem tem
Um
rosário de ouro, uma bolota assim
Quem
não tem balagandãs não vai no Bonfim
(Oi,
não vai no Bonfim)
(Oi,
não vai no Bonfim)
Aportando nos Estados Unidos no
início da Segunda Guerra Mundial,
representou vivamente a terra
desconhecida e exótica, cheia de
coqueiros, bananas, abacaxis,
atendendo às necessidades
fantasiosas e consumistas do povo
norte-americano e alcançando a
glória e a fortuna. De volta ao
Brasil, depois de um ano ausente,
foi recebida sob vaias em um show no
Casino da Urca, que abriu cantando
South American Way. Em resposta
bem-humorada ao público, lançou logo
em seguida novo show, Disseram que
Voltei Americanizada, de Vicente
Paiva e Luiz Peixoto. Nascida Maria
do Carmo Miranda da Cunha, em Marco
de Canavezes, em Portugal, veio com
1 ano para o Rio de Janeiro. Depois
de apresentar-se em bares cariocas
interpretando Carlos Gardel, aos 20
anos gravou seu primeiro disco, com
músicas como Não Vá Sim'bora e Se o
Samba É Moda, de Josué de Barros, e
se apresentou pela primeira vez no
rádio, com Iaiá Ioiô, também de
Josué de Barros. Tornou-se famosa ao
gravar a marcha carnavalesca Pra
Você Gostar de Mim (Taí, 1931), de
Jubert de Carvalho, que vendeu mais
de 35 mil discos. Em meio aos
foliões, participou, em 1933, de seu
primeiro longa-metragem, o
documentário A Voz do Carnaval, de
Adhemar Gonzaga e Humberto Mauro.
Seu último filme no Brasil foi
lançado às vésperas do Carnaval de
1938: Bananas da Terra, de João de
Barro, no qual interpretou pela
primeira vez a música O Que É Que a
Baiana Tem?, de Dorival Caymmi,
lançando definitivamente para o
sucesso tanto o compositor como sua
baiana estilizada. A convite do
empresário norte-americano Lee
Schubert, embarcou com o grupo Bando
da Lua para os Estados Unidos, em
1939. Estreou na Broadway, cativando
de imediato a crítica e o público
norte-americanos. Quatro anos
depois, fez seu melhor filme, The
Gang's All Here em 1943, dirigido
por Busby Berkeley, no qual faz o
número mais famoso: The Lady in the
Tutti-Frutti Hat, cantando num
cenário tropicalíssimo, com bananas
gigantescas se movendo. Foram ao
todo 14 filmes no exterior, rodados
de 1940 a 1953.
Em
1946, Cármen era a artista mais bem
paga de Hollywood e a mulher que
mais pagava imposto de renda nos
EUA. Em 17 de Março de 1947 casou-se
com o americano David Sebastian,
nascido em Detroit a 23 de Novembro
de 1908. Antes, Cármen mantivera
romances com vários astros de
Hollywood e também com o músico
brasileiro Aloysio de Oliveira,
integrante do Bando da Lua.
Antes de partir para a América,
Cármen namorou o jovem Mário Cunha e
o bon vivant Carlos da Rocha Faria,
filho de uma tradicional família do
Rio de Janeiro. Já nos EUA, Cármen
manteve casos com os atores John
Wayne e Dana Andrews.
O
casamento é apontado por todos os
biógrafos e estudiosos de Carmen
Miranda como o começo de sua
decadência física. Seu marido, antes
um simples empregado de produtora de
cinema, tornou-se "empresário" de
Cármen Miranda e conduzia mal seus
negócios e contratos. Também era
alcoólatra e pode ter estimulado
Cármen Miranda a consumir bebidas
alcoólicas, das quais ela logo se
tornaria dependente. O casamento
entrou em crise já nos primeiros
meses, mas Cármen Miranda não
aceitava o divórcio pois era uma
católica convicta. Engravidou em
1948, mas sofreu aborto espontâneo
depois de uma apresentação.
Consagrada internacionalmente, viaja
ao Brasil em 1954 para rever a
família. Meses depois, já de volta a
Hollywood, morre de um ataque do
coração.