Compositor e cantor popular
brasileiro. É impossível falar de samba
sem falar de Cartola. Nasceu em 11 de
Outubro de 1908, recebeu o apelido
quando passou a usar um elegante
chapéu-côco. Autor de sambas
inesquecíveis como "As Rosas não Falam",
"O Mundo é um Moinho" e "O Sol Nascerá".
Em 1980, foi um dos fundadores da
Escola de Samba Estação Primeira da
Mangueira tendo sugerido o nome da
escola e as cores verde e rosa. Nas
favelas ou nos redutos intelectuais,
Cartola é visto da mesma maneira:
autêntico, harmonioso, lírico, genial.
Aos 11 anos, sua família se mudou para o
morro da Mangueira. Desde pequeno sempre
gostou das festas de rua. Tocava
cavaquinho no Rancho Arrepiados e nos
desfiles do Dia de Reis. Terminou o
primário, mas aos 15 anos, após a morte
da mãe, deixou a escola. Após trabalhar
em várias tipografias, foi como pedreiro
que nasceu o apelido que o imortalizou.
Para impedir que o cimento lhe sujasse a
cabeça, ele sempre usava um chapéu.
Passou a ser chamado de Cartola. Foi
também dele o samba Chega de Demanda, o
primeiro da Mangueira. Em 1931, Cartola
ficou conhecido fora da Mangueira, ao
vender a música Que infeliz sorte para
Mário Reis. O samba acabou sendo lançado
por Francisco Alves, que também comprou
os direitos de vendagem de várias
canções como Não faz, amor, Qual foi o
mal que eu te fiz? e Divina Dama. Em
1936, fez em parceria com Carlos Cachaça
o samba Não quero mais, que em 1973 foi
gravado por Paulinho da Viola com o
título Não quero mais amar a ninguém. No
ano de 1940, participou junto com Donga,
Pinxinguinha, João da Baiana, entre
outros, de gravações de música popular
brasileira para o maestro Leopoldo
Stokowski. Criou, na Rádio Cruzeiro do
Sul, juntamente com Paulo da Portela, o
programa A voz do morro, onde
apresentavam sambas inéditos que tinham
seus títulos escolhidos pelos ouvintes.
Em 1941, após formar com Paulo da
Portela e Heitor dos Prazeres o Conjunto
Carioca, o sambista desapareceu do
ambiente musical. Muitos pensavam que
ele havia morrido. Chegou-se, inclusive,
a compor sambas em sua homenagem.
Somente em 1956 foi redescoberto quando
o cronista Sérgio Porto, o Stanislaw
Ponte Preta, o encontrou lavando carros
em uma garagem em Ipanema e trabalhando
à noite como vigia de edifícios. Sérgio
o levou para cantar na Rádio Mayrinck
Veiga. Em 1964, ao lado sua mulher,
Eusébia Silva do Nascimento, a Zica,
resolveu abrir um restaurante: o
Zicartola. Ficava na Rua da Carioca e,
além de boa cozinha, contava com a
presença constante de alguns dos maiores
representantes do samba, além de jovens
compositores da geração pós-bossa nova,
alertados sobre a existência Cartola
desde o show Opinião, de Nara Leão. O
bar não existiu por muito tempo, e seria
reaberto apenas em 1974, no bairro
paulistano de Vila Formosa. Somente em
1974, pouco antes de completar 66 anos,
Cartola gravou seu primeiro LP, que
recebeu vários prémios. Em 1976, veio o
segundo LP, contanDo com uma das suas
mais famosas músicas: As Rosas Não
Falam. Foi neste ano também que ele fez
o seu primeiro show individual, no
Teatro Galeria, no bairro do Catete. Em
1977, lançou seu terceiro disco: Cartola
- Verde que te Quero Rosa (RCA Victor).
Em 1978, quase aos 70 anos, em busca de
mais tranquilidade, se mudou para
Jacarepaguá. Lançou seu segundo show
individual: "Acontece". Em 1979, mais
um disco: Cartola 70 Anos. Nesta época
descobriu que estava com câncer, o que
levou a sua morte em 30 de Novembro de
1980, deixando várias obras que hoje são
referências para qualquer estudo sério
sobre a música brasileira.
Cartola (Angenor de Oliveira)
Considerado por diversos músicos e
críticos como o maior sambista da
história da música brasileira, Cartola
nasceu no bairro do Catete, mas passou a
infância no bairro de Laranjeiras. Tomou
gosto pela música e pelo samba ainda
moleque e aprendeu com o pai a tocar
cavaquinho e violão. Dificuldades
financeiras obrigaram a família numerosa
a se mudar para o morro da Mangueira,
onde então começava a despontar uma
incipiente favela. Na Mangueira, logo
conheceu e fez amizade com Carlos
Cachaça - seis anos mais velho - e
outros bambas, e se iniciaria no mundo
da boémia, da malandragem e do samba.
Com 15 anos, após a morte de sua mãe,
abandonou os estudos - tendo terminado
apenas o primário. Arranjou emprego de
servente de obra, e passou a usar um
chapéu-coco para se proteger do cimento
que caía de cima. Por usar esse chapéu,
ganhou dos colegas de trabalho o apelido
"Cartola". Junto com um grupo amigos
sambistas do morro, Cartola criou o
Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em
1928 fundou a Estação Primeira de
Mangueira. O nome e as cores verde-rosa
teriam sido escolhidos por Cartola, que
compôs também o primeiro samba para a
escola de samba, "Chega de Demanda". Os
sambas de Cartola se popularizaram na
década de 1930, em vozes ilustres como
Araci de Almeida, Carmen Miranda,
Francisco Alves, Mário Reis e Silvio
Caldas. Mas no início da década
seguinte, Cartola desapareceu do cenário
musical carioca e chegou a ser dado como
morto. Pouco se sabe sobre aquele
período, além do sambista ter brigado
com amigos da Mangueira, contraído uma
grave doença - especula-se que seja
meningite - ter ficado abatido com a
morte de Deolinda, a mulher com quem
vivia. Cartola só foi reencontrado em
1956 pelo jornalista Sérgio Porto (mais
conhecido como Stanislaw Ponte Preta),
trabalhando como lavador de carros em
Ipanema. Graças a Porto, Cartola voltou
a cantar, levando-o a programas de rádio
e fazendo-o compor novos sambas para
serem gravados. A partir daí, o
compositor é redescoberto por uma nova
safra de intérpretes. Em 1964, o
sambista e sua nova esposa, Dona Zica,
abriram um restaurante na rua da
Carioca, o Zicartola, que promovia
encontros de samba e boa comida,
reunindo a juventude da zona sul carioca
e os sambistas do morro. O Zicartola
fechou as portas algum tempo depois, e o
compositor continuou com seu emprego
publico e compondo seus sambas. Em 1974,
aos 66 anos, Cartola gravou o primeiro
de seus quatro discos solo, e sua
carreira tomou impulso de novo com
clássicos instantâneos como "As Rosas
Não Falam", "O Mundo é um Moinho",
"Acontece", "O Sol Nascerá" (com Elton
Medeiros), "Quem Me Vê Sorrindo" (com
Carlos Cachaça), "Cordas de Aço",
"Alvorada" e "Alegria". No final da
década de 1970, mudou-se da Mangueira
para uma casa em Jacarepaguá, onde morou
até a morte, em 1980. Angenor de
Oliveira nasceu em 1908 na cidade do Rio
de Janeiro. Era o primogénito dos oito
filhos do casal Sebastião Joaquim de
Oliveira e Aída Gomes de Oliveira.
Apesar de ter recebido o nome de Agenor,
foi registado como Angenor - fato que só
viria a descobrir muitos anos mais
tarde, ao tratar dos papéis para seu
casamento com Dona Zica na década de
1960. Para não ter que providenciar a
mudança do nome em cartório, a partir de
então passou a assinar oficialmente seu
nome como Angenor de Oliveira. Nascido
no bairro carioca do Catete, onde também
passou parte de sua infância. Quando
tinha oito anos, sua família se mudou
para as Laranjeiras, onde ele se tornou
torcedor do time do bairro, o
Fluminense. Lá nas Laranjeiras, entrou
em contacto com os ranchos carnavalescos
União da Aliança e Arrepiados - neste
último tocava cavaquinho (instrumento
musical que lhe tinha sido dado pelo pai
quando tinha somente 8 ou 9 anos de
idade) e nos desfiles do Dia de Reis, em
que suas irmãs saíam em grupos de
"pastorinhas". Era tão entusiasmado
pelo Arrepiados que ao participar, mais
tarde, da fundação da escola de samba
Estação Primeira de Mangueira, sugeriu
que as cores daquele rancho - o verde e
o rosa - fossem as mesmas da nascente
agremiação, que seria um símbolo dos
mais reverenciados no mundo do samba. Na
verdade, Carlos Cachaça disse que tinha
existido no Morro da Mangueira um antigo
rancho chamado Caçadores da Floresta,
cujas cores eram exactamente o verde e o
rosa. Em 1919, movidos por dificuldades
financeiras, os Oliveira foram para o
morro da Mangueira, então uma pequena e
nascente favela com menos de cinquenta
barracos. Logo, conheceria e se tornaria
amigo de outro morador da Mangueira,
Carlos Cachaça, seis anos mais velho que
Cartola, e que se tornaria, além de
amigo por toda a vida, o seu parceiro
mais constante em dezenas de sambas.
Quando tinha 15 anos, abandonou os
estudos (tinha concluído apenas o quarto
ano primário) para trabalhar, ao mesmo
tempo em que se inclinava para a vida
boémia. Na adolescência, trabalhou como
aprendiz de tipógrafo, mas logo se
transformou em pedreiro. Foi enquanto
trabalhava nas obras de construção, que
ele ganharia o apelido com que se
tornaria reconhecido como um dos grandes
nomes da música popular brasileira. Para
que o cimento não lhe caísse sobre os
cabelos, resolveu passar a usar um
chapéu-coco, que os colegas diziam
parecer mais uma cartolinha, e assim,
começou a ser chamado de "Cartola".
Tinha 17 anos quando sua mãe morreu.
Pouco depois, após conflitos crescentes
com o pai, inimigo da malandragem,
acabou expulso de casa. Levou então por
algum tempo uma vida de vadio, bebendo e
namorando, frequentando zonas de
prostituição e contraindo doenças
venéreas, perambulando pelas noites e
dormindo em trens de subúrbio. Esses
hábitos o levaram a se enfraquecer
fisicamente, adoecido e mal-alimentado,
na cama de um pequeno barraco. Uma
vizinha do seu barraco chamada Deolinda
– uma mulher gorda, forte e boa, sete
anos mais velha, casada e com uma filha
de dois anos – passou a cuidar e a
gostar dele. Os dois acabam se
envolvendo. Tinha na época apenas 18
anos e estava morando sozinho. Decidem
viver juntos e Deolinda deixa o marido,
levando a filha que o compositor irá
criar como sua. O barraco dividido por
Cartola e Deolinda era habitado por mais
gente, todos sustentados pela dona de
casa, que lavava e cozinhava para fora.
Sob seu teto e de Deolinda, Noel Rosa
foi se abrigar algumas vezes, à procura
de um refúgio tranquilo. Cartola exercia
a actividade de pedreiro apenas
esporadicamente, preferindo assumir o
ofício de compositor e violonista nos
bares e tendas locais. À época, já se
firmava como um dos maiores criadores do
morro, ao lado do grande amigo Carlos
Cachaça e Gradim. Com estes e outros
compositores, Cartola integrava uma
turma de brigões e arruaceiros que, não
por acaso, formaram o Bloco dos
Arengueiros, em 1925, para brincar o
carnaval. Esse bloco seria o embrião da
Estação Primeira de Mangueira. A
ampliação e fusão do bloco com outros
existentes no morro, gerou, em 28 de
Abril de 1928, a segunda escola de samba
carioca e uma das mais tradicionais da
história do carnaval da cidade. Cartola,
um dos seus sete fundadores (também
assumiu a função de director de harmonia
da escola, em que permaneceu até fins da
década de 1930), teria escolhido as
cores e o nome da Mangueira: verde e
rosa, por causa do rancho carnavalesco
em que ele desfilou na sua infância;
Estação Primeira, porque, contando a
partir da Central do Brasil, o morro de
Mangueira ficava a primeira estação de
trem de um lugar em que havia samba.
Cartola compôs "Chega de Demanda", o
primeiro samba escolhido para o desfile
e que só seria gravado pelo compositor
em 1974, para o disco "História das
Escolas de Samba: Mangueira". No início
da década de 1930, Cartola se tornou
conhecido fora da Mangueira, quando foi
procurado por Mário Reis, através de um
estafeta chamado Clóvis Miguelão que
subira o morro para comprar uma música.
O sambista vendeu os direitos de
gravação do samba "Que Infeliz Sorte",
que acabou sendo lançado por Francisco
Alves, pois não se adaptava à voz de
Mário Reis. Assinava então Agenor de
Oliveira. Vendeu outros sambas a
Francisco Alves, maior ídolo da música
brasileira na época, cedendo apenas os
direitos sobre a vendagem de discos.
Neste comércio – que serviu para
projecta-lo entre os sambistas na cidade
–, Cartola conservava a autoria e não
dava parceria a ninguém. “O rapaz foi lá
e disse: "Cartola, vem cá. O Mário Reis
tá aí, queria comprar um samba teu". "O
quê? Comprar samba? Você tá maluco,
rapaz? (...) Eu não vou vender coisa
nenhuma." (...) Ele disse: "Quanto é que
você quer pelo samba?". Eu virei pro
cara, no cantinho, disse assim: "Vou
pedir 50 mil réis". "O quê, rapaz? Pede
500." (...) Com muito medo, pedi 500
contos. "Não, dou 300. Tá bom?" Eu disse
assim: "Bom, me dá esses 300 mesmo". Mas
com muito medo (...) Mas botou meu nome
direitinho, legal (...). Ele comprou,
mas não deu para a voz dele. Então
gravou Chico, Francisco Alves.” -
Cartola, sobre o samba "Que Infeliz
Sorte", Almanaque da Folha
Em 1932, Francisco Alves e Mário Reis
gravaram outro samba seu, "Perdão, Meu
Bem". Também remonta àquela época a
amizade e a parceria que Cartola
estabeleceu com Noel Rosa. Com o "poeta
de Vila Isabel", compôs "Tenho Um Novo
Amor", interpretada por Cármen Miranda,
"Não Faz, Amor" e "Qual Foi o Mal Que Eu
Te Fiz", interpretadas por Francisco
Alves. Ainda naquele ano, Sílvio Caldas
lançou "Na Floresta" (de autoria de
Cartola, do próprio Sílvio e ainda a
primeira composição em parceria com
Carlos Cachaça). Também em 1932, a
Mangueira foi campeã do desfile
promovido pelo jornal "O Mundo
Desportivo" com o samba "Pudesse Meu
Ideal" (sua primeira parceria com Carlos
Cachaça).
Em 1933, Cartola viu pela primeira vez
um samba seu se tornar sucesso
comercial: "Divina Dama", novamente na
voz de Francisco Alves. Arnaldo Amaral
gravou "Fita Meus Olhos" (com B.
Vasquez), canção que encerrava o breve
ciclo inicial de gravações de
composições suas. A partir dali, o
sambista passou a compor exclusivamente
para a sua escola no morro,
marginalizando-se do círculo artístico e
de produção discográfica da cidade. Em
1935, novamente a Mangueira teve
premiado no desfile um samba de Cartola,
"Não Quero Mais" (feito com Carlos
Cachaça e Zé da Zilda), que foi gravado,
em 1936, por Araci de Almeida e
regravado, em 1973, por Paulinho da
Viola, com o título alterado para "Não
Quero Mais Amar A Ninguém". Em 1940,
Cartola foi convidado pelo maestro e
compositor erudito Heitor Villa-Lobos,
seu admirador, a formar um grupo de
sambistas - entre eles, Donga,
Pixinguinha, João da Baiana - para fazer
algumas gravações de música popular
brasileira para outro maestro
mundialmente famoso, o norte-americano
Leopold Stokowski (que percorria a
América Latina recolhendo músicas
nativas), realizadas a bordo do navio
Uruguai (ancorado no pier da Praça Mauá,
no Rio de Janeiro). Dos sambas que
Cartola gravou a bordo do navio, "Quem
Me Vê Sorrindo" (composto com Carlos
Cachaça) saiu em um dos quatro discos de
78 rpm, lançados comercialmente apenas
nos Estados Unidos pela gravadora
Columbia Além da sua primeira gravação,
foi registado nesse álbum o coro da
Mangueira com as vozes de Dona Neuma e
de suas irmãs, a clarineta de Luís
Americano, emboladas de Jararaca e
Ratinho, a flauta de Pixinguinha, além
das participações de Donga e João da
Baiana e um arranjo de Villa-Lobos para
o tema indígena Canidé Joune. Popular,
Cartola também actuou como cantor na
rádio, apresentando músicas suas e de
outros compositores. Ainda em 1940 criou
com Paulo da Portela, o programa A Voz
do Morro, na Rádio Cruzeiro do Sul, no
qual apresentavam sambas inéditos, cujos
títulos deviam ser dados pelos ouvintes.
Assim, o programa premiava o ouvinte que
tivesse sugerido o título escolhido para
o samba. Em 1941, formou, junto com
Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres,
o Conjunto Carioca, que durante um mês
realizou apresentações em um programa da
Rádio Cosmos, da cidade de São Paulo. Em
1942, "Não Posso Viver Sem Ela"
(parceria com Alcebíades Barcellos) foi
lançada no famoso disco "Ai Que Saudades
da Amélia", de Ataulfo Alves. “Gosto de
fazer samba de dor de cotovelo, falando
de mulher, de amor, de Deus, porque é
isso que acho importante e acaba se
tornando uma coisa importante - Cartola,
comentando sua obra, Almanaque da Folha
Nos anos seguintes, Cartola participou
pouco no cenário musical. Entre suas
poucas actuações artísticas, o sambista
apareceu como corista da gravação de
alguns cantores na Colúmbia e chegou a
se apresentar com um grupo de morro no
Casino Atlântico. Com a nova direção da
Estação Primeira de Mangueira antipática
a Cartola, o sambista viu seu samba ser
desqualificado pelo júri que julgou as
músicas concorrentes ao enredo que
representaria a escola de samba no
carnaval de 1947. Para piorar, ele
contraiu meningite, ficando três dias em
estado de coma e um ano andando de
muleta. Com vergonha da condição de
doente, acabou se mudando para
Nilópolis. Foi cuidado por Deolinda, mas
pouco depois assistiu à morte da mulher,
vitimada por um ataque cardíaco. Com a
morte de Deolinda, deixou o Morro da
Mangueira. Por um período de cerca de
sete anos, andou desaparecido dos seus
conhecidos. Fora do ambiente musical,
muitos pensavam até que tivesse morrido.
Chegou-se a compor sambas em sua
homenagem. Em 1948, a Mangueira
sagrou-se campeã do carnaval do Rio de
Janeiro com seu samba-enredo "Vale do
São Francisco" (com Carlos Cachaça).
Cartola vivia um período difícil em sua
vida. Sem mais a atenção de Deolinda e o
prestígio no morro da Mangueira, o
sambista morava em uma favela no bairro
do Caju, com uma mulher chamada Donária.
Data dessa época a composição "Fiz Por
Você o Que Pude", dedicada a Mangueira.
Cartola conseguiu trabalhos modestos,
como o de lavador de carros e vigia de
edifícios. Mas a entrada em cena de uma
nova - e definitiva - mulher em sua vida
alterou o seu destino. Quando Eusébia
Silva do Nascimento, mais conhecida como
Zica, o encontrou, o sambista estava em
um estado lastimável, entregue à bebida,
desdentado e sobrevivendo de biscates -
sem contar ainda um problema no nariz,
que tinha se tornado demasiadamente
grande. Apesar disso, Zica, antiga
admiradora de Cartola, se apaixonou por
ele, conquistando-o. Zica o levou de
volta ao morro da Mangueira, onde o
casal se instalou em uma casa na subida
do morro, perto da quadra da escola de
samba e próximo da casa de Carlos
Cachaça e Menina (irmã de Zica). Com
Zica, Cartola viveria até o fim de seus
dias, sem, no entanto, deixar filhos.
Mesmo sumido, Cartola ainda foi lembrado
em 1952, quando Gilberto Alves gravou o
samba-canção "Sim" (parceria com Oswaldo
Martins). Em 1957, Cartola trabalhava
como vigia e lavador dos carros dos
moradores de um edifício em Ipanema.
Nessa função, foi identificado em uma
madrugada pelo jornalista Sérgio Porto
(ou Stanislaw Ponte Preta), sobrinho do
crítico musical Lúcio Rangel (que havia
dado ao sambista, anos antes, o apelido
de "Divino Cartola"). Ao ver o
compositor magro e maltrapilho em um
macacão molhado, Stanislau decidiu
ajudá-lo, começando por divulgar a
redescoberta, que fizera, do sambista.
Àquela altura, Cartola era dado como
desaparecido ou mesmo morto por muitos
de seus conhecidos e admiradores. O
reencontro com o jornalista foi
definitivo para a retomada de sua
carreira como músico e compositor. A
promoção rendeu algumas apresentações na
Rádio Mayrink Veiga e em restaurantes,
além de matérias em jornais e revistas.
Sérgio também arranjou para o sambista,
por meio do cronista e pesquisador Jota
Efegê, um emprego de contínuo no jornal
Diário Carioca em 1958 e, no ano
seguinte, no Ministério da Indústria e
Comércio. Em 1958, foram gravados seus
sambas "Grande Deus" e "Festa da Penha",
respectivamente por Jamelão e Ari
Cordovil. Em 1960, Nuno Veloso gravou
"Vale do São Francisco" (parceria com
Carlos Cachaça). No início da década de
1960, Cartola se tornou zelador da
Associação das Escolas de Samba,
localizada em um velho casarão no centro
do Rio de Janeiro, que se tornou um
ponto de encontro de sambistas de toda a
cidade. Além das rodas de samba no
local, Zica - uma exímia cozinheira -
passou a servir uma sopa aos
participantes. Estimulado por amigos,
Cartola e Zica resolveram aplicar a
fórmula música-comida em um sobrado da
rua da Carioca, também na zona central
da cidade, em 1963. A iniciativa contou
com o apoio financeiro de empreendedores
considerados "mangueirenses de coração",
como o empresário Renato Augustini. O
Zicartola se tornou um marco na história
da música popular brasileira no início
das década de 1960. Além da boa cozinha
administrada por Zica, Cartola fazia as
vezes de mestre de cerimónias,
propiciando o encontro entre sambistas
do morro e compositores e músicos de
classe média, especialmente ligados à
Bossa Nova, além de poetas-letristas
como Hermínio Bello de Carvalho e
jornalistas musicais como Sérgio Cabral.
Velhos bambas, como Nelson Cavaquinho e
Zé Kéti, se juntavam a novos talentos,
como Élton Medeiros e Paulinho da Viola.
Além da presença constante de alguns dos
melhores representantes do samba de
morro, diferentes gerações de cantoras
se encontravam ali, como Elizeth Cardoso
e Nara Leão. No Zicartola, desafiado
pelo amigo Renato Agostini, Cartola
compôs com Elton Medeiros em cerca de 30
minutos o samba "O Sol Nascerá", que se
tornaria um de seus grandes clássicos. A
mesma facilidade para compor
experimentaria em "Alvorada" um samba
feito a seis mãos. Compusera com Carlos
Cachaça a primeira parte de um samba que
decidiram mostrar a Hermínio Bello de
Carvalho, que escreveu então os versos
da segunda parte, que ele musicou na
hora. Moda no Rio de Janeiro, o
Zicartola inaugurou um género de casa
nocturna que viria a se propagar nas
décadas seguintes. Apesar disso, o bar
durou pouco e, mal-administrado, fechou
as portas após dois anos de existência,
pois seu dono definitivamente não tinha
tino comercial. Em 1974, um bar chamado
Zicartola foi aberto no bairro
paulistano de Vila Formosa. Ainda em
1964, Cartola e Zica se casaram
oficialmente (às vésperas do casamento,
ele compôs "Nós Dois" para ela), e o
sambista atuou no filme "Ganga Zumba"
(de Carlos Diegues), no papel de um
escravo (já havia atuado discretamente
em "Orfeu Negro" e ainda participaria de
"Os Marginais").[4] O samba "O Sol
Nascerá" foi gravado por Isaura Garcia.
Em 1965, foi lançado o álbum com
gravações do Show Opinião, no ano
anterior, realizado entre Zé Keti, João
do Vale e Nara Leão - esta incluiu "O
Sol Nascerá" (de Cartola e Elton
Medeiros) no repertório do LP. Esta
gravação tornou Cartola, assim como
outros sambistas de seu círculo,
conhecidos pelo público de classe média
da época, projetando-os
profissionalmente. Em consequência do
prestígio que ganhou, Cartola chegou a
ter seu nariz retocado pelo célebre
cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Pery
Ribeiro e Bossa Três também regravam "O
Sol Nascerá". Ainda em 1965, Cartola
iniciou a construção de uma casa (verde
e rosa) ao pé do morro da Mangueira, em
terreno doado pelo então Estado da
Guanabara. Naquele mesmo ano e no
seguinte, fez participação em dois
discos de Elizeth Cardoso, que gravou o
samba "Sim" (parceria com Oswaldo
Martins e Leny Andrade). Ainda em 1966,
gravou com Clementina de Jesus seu samba
"Fiz por você o que pude". Em 1968,
participou em duas faixas do LP "Fala,
Mangueira", que reuniu, além dele,
Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça,
Clementina de Jesus e Odete Amaral.
Também naquele ano, Cartola gravou com
Odete Amaral "Tempos Idos" (parceria com
Carlos Cachaça) e Ciro Monteiro gravou
"Tive Sim". Em 1970, Cartola
protagonizou uma série de apresentações
promovidas pela União Nacional dos
Estudantes, intituladas "Cartola
Convida", na praia do Flamengo, onde
recebia grandes nomes do samba. Também
naquele ano, a Abril Cultural lançou um
volume dedicado à sua obra na série
"História da música popular brasileira",
no qual o sambista interpretou
"Preconceito" (de sua autoria). Em 1972,
Paulinho da Viola gravou "Acontece" e
Clara Nunes gravou "Alvorada" (com
Carlos Cachaça e Hermínio Bello de
Carvalho). Em 1973, Elza Soares gravou
"Festa da Vinda" (parceria com Nuno
Veloso). Mas a consagração definitiva
viria somente em 1974, alguns meses
antes de completar 66 anos, quando o
sambista finalmente gravou seu primeiro
disco-solo. Cartola, lançado em uma
iniciativa do pesquisador musical,
produtor de discos e publicitário Marcus
Pereira. O disco, que recebeu vários
prémios e foi considerado um dos
melhores daquele ano, reunia uma
colecção de obras-primas de Cartola e
uma equipe de instrumentistas de
primeira linha no acompanhamento. O
sambista interpretou "Acontece", "Tive
Sim", "Amor Proibido" e "Amor Proibido"
(canções de autoria própria), "Disfarça
E Chora" e "Corra E Olhe O Céu"
(parceria com Dalmo Casteli), "Sim" (com
Oswaldo Martins), "O Sol Nascerá" (com
Élton de Medeiros), "Alvorada" (com
Carlos Cachaça e Hermínio Bello de
Carvalho), "Festa Da Vinda" (com Nuno
Veloso), "Quem Me Vê Sorrindo" (com
Carlos Cachaça) e "Ordenes E Farei" (com
Aluizio). Também em 1974, a mesma
gravadora Marcus Pereira lançou o LP
"História das escolas de samba:
Mangueira", no qual Cartola interpretou
algumas faixas. Pouco depois, durante
uma entrevista ao radialista e produtor
Luiz Carlos Saroldi, em um programa
especial para a Rádio Jornal do Brasil,
apresentou dois sambas ainda inéditos:
"As Rosas Não Falam" e "O Mundo é um
Moinho". Ainda naquele ano, o sambista
participou do programa radiofônico "MPB
- 100 ao vivo" - os programas foram
editados em oito LPs com o mesmo título
e em um dos álbuns ocupou todo um lado,
deferência só concedida a dois outros
convidados, Luiz Gonzaga e Paulinho da
Viola - e se apresentou no bairro
carioca de Botafogo, em que actuou ao
lado da cantora Rosana Tapajós e do
flautista Altamiro Carrilho. Gal Costa
regravou "Acontece". Logo depois, em
1976, a mesma gravadora lançou o segundo
LP, também intitulado Cartola. O sucesso
do álbum foi puxado por uma de suas mais
famosas criações, "As Rosas Não Falam",
incluída na trilha sonora de uma novela
da Rede Globo. Ainda em seu segundo
disco, Cartola interpretou suas
composições "Minha", "Sala de Recepção",
"Aconteceu", "Sei Chorar", "Cordas de
Aço" e "Ensaboa". Gravou também as
canções "Preciso me encontrar" (de
Candeia), "Senhora tentação" (de Silas
de Oliveira) e "Pranto de Poeta" (de
Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito.
Também nesse ano, Clementina de Jesus
gravou "Garças Pardas" (parceria com Zé
da Zilda). A grande popularidade obtida
pelo samba levou Cartola a uma
divulgação inédita de seu trabalho.
Realizou seu primeiro show individual,
no Teatro da Galeria, no bairro do
Catete, acompanhado pelo Conjunto Galo
Preto. O show foi um sucesso de público
e se estendeu por quatro meses em várias
partes do país. Em 1977, o sambista
dividiu com um novo parceiro, Roberto
Nascimento, uma turnê por palcos do Sesc,
no interior de São Paulo. Em meio ao
grande sucesso, Cartola voltou a
desfilar pela Mangueira, após 28 anos de
ausência no desfile de carnaval. O seu
samba "Tive, Sim" foi defendido por Ciro
Monteiro na I Bienal do Samba, promovida
pela TV Record, e terminou classificado
em quinto lugar no concurso. Também foi
convidado pela Prefeitura de Curitiba
para integrar o júri do desfile das
escolas de samba locais, onde, pela
primeira e única vez julgou um desfile
das escolas. Beth Carvalho gravou com
sucesso "O mundo é um moinho". Em Junho
de 1977, a Rede Globo apresentou o
programa "Brasil Especial" número 19,
dedicado exclusivamente a Cartola, e que
obteve grande êxito. Em Setembro daquele
mesmo ano, o sambista participou
(acompanhado por João Nogueira) do
"Projeto Pixinguinha", no Rio de
Janeiro, e depois em uma excursão pelas
principais cidades brasileiras. O
sucesso do espectáculo os levou a
excursionar por São Paulo, Curitiba e
Porto Alegre. Ainda em 1977, em Outubro,
a gravadora RCA lançou "Verde que te
quero rosa", seu terceiro disco-solo,
com igual sucesso de crítica. Um dos
grandes destaques do álbum foi
"Autonomia", com arranjo do maestro
Radamés Gnatalli. Desse LP fazem parte o
samba-canção "Autonomia", além de "Nós
Dois" (composta especialmente para o
casamento com Zica, em 1964). Recriou
"Escurinha" (samba do mangueirense
Geraldo Pereira, falecido prematuramente
em consequência de uma briga com "Madame
Satã"). Estão presentes ainda os sambas
"Desfigurado", "Grande Deus", "Que é
feito de você" e "Desta vez eu vou"
(todos de sua autoria), "Fita meus
olhos" (com Osvaldo Vasques) e "A canção
que chegou" (com Nuno Veloso). Em 1978,
quase aos 70 anos, se transferiu da
Mangueira para uma casa em Jacarepaguá,
buscando um pouco mais de tranqüilidade,
na tentativa de continuar compondo, mas
sempre voltava para visitar os amigos no
morro onde crescera e se tornara famoso.
A residência de Cartola e Zica em
Mangueira era muito frequentada por
músicos e jornalistas, o que levou o
casal a procurar um pouco de sossego.
Era finalmente a primeira casa própria
do artista, o máximo que ele conseguiu
com o sucesso obtido no final da vida.
Em frente à sua porta, foi inaugurada em
seguida uma praça apropriadamente
baptizada de As Rosas Não Falam. Naquele
mesmo ano, estreou seu segundo show
individual: "Acontece", outro sucesso. E
em Novembro, por ocasião de seu
septuagésimo aniversário, recebeu uma
grande homenagem na quadra da Mangueira.
O sambista, no entanto, já estava
doente. Diagnosticado seu mal, câncer na
tiróide, foi operado em 1978. Ainda
naquele ano, o sambista gravou com
Eliana Pittman o samba "Meu amigo
Cartola" (de Roberto Nascimento) e, com
Odete Amaral o samba "Tempos Idos"
(parceria com Carlos Cachaça). Valdir
Azevedo, João Maria de Abreu, Joel
Nascimento e Fagner regravaram "As rosas
não falam". Elizeth Cardoso regravou
"Acontece" e Odete Amaral, "Alvorada".
Durante a apresentação no Ópera Cabaré,
em São Paulo, no mês de Dezembro, o
concerto foi gravado ao vivo, por
iniciativa de J.C. Botezelli
(responsável pelo primeiro disco de
Cartola). Esse registo ao vivo só sairia
em LP após a morte do compositor. Em
1979, foi lançado Cartola – 70 anos, seu
quarto LP no qual interpretou seus
sambas "Feriado na roça", "Fim de
estrada", "Enquanto Deus consentir",
"Dê-me graças, senhora", "Evite meu
amor", "Bem feito" e "Ao amanhecer",
além de "O inverno do meu tempo" e "A
cor da esperança" (parcerias com Roberto
Nascimento), "Ciência e arte" e
"Silêncio de um cipreste" (com Carlos
Cachaça), "Senões" (com Nuno Veloso) e
"Mesma história" (com Élton Medeiros).
Ainda naquele ano, Nelson Gonçalves e
Emílio Santiago regravaram "As rosas não
falam". Em fins de 1979, Cartola
participou de um programa na Rádio
Eldorado, da cidade de São Paulo, no
qual contou um pouco de sua vida e
cantou músicas que andava fazendo. Essa
entrevista foi posteriormente lançada em
LP, na década de 1980, com o nome
"Cartola - Documento Inédito". Em 1980,
a cantora Beth Carvalho regravou "As
rosas não falam" e "Consideração"
(parceria com Heitor dos Prazeres. Com
Nelson Cavaquinho, compôs apenas "Devia
ser condenada", gravada pelo parceiro na
década de 1980. A carreira de Cartola
não iria longe. Cartola sabia que sua
doença era grave mas manteve segredo
sobre ela todo o tempo. Para todos dizia
que tinha uma úlcera.
Quando for enterrado, quero que
Waldemiro toque o bumbo - Cartola,
manifestando a sua família um desejo uma
semana antes de sua morte, Almanaque da
Folha
Três dias antes de morrer, recebeu de
Carlos Drummond de Andrade sua última
homenagem em vida. O poeta lhe dedicou
uma comovente crónica, publicada pelo
Jornal do Brasil. Cartola morreria de
câncer em 30 de Novembro de 1980, aos 72
anos de idade. Após o velório na quadra
da Estação Primeira de Mangueira, o
corpo de Cartola foi sepultado no
Cemitério do Caju. Atendendo a seu
pedido, no dia 1º de desmembro, data de
seu funeral, Waldemiro, ritmista da
Mangueira, que havia aprendido com ele a
encourar seu instrumento, marcou o ritmo
para o coro de "As Rosas Não Falam",
cantada por uma pequena multidão de
sambistas, amigos, políticos e
intelectuais, presentes em sua
despedida. Em seu caixão a bandeira do
time do seu coração, o Fluminense.
Durante os anos seguintes, viriam
homenagens póstumas, discos e biografias
que o confirmariam como um dos maiores
nomes da música popular brasileira. Em
1981, Artur Oliveira concluiria o samba
"Vem", que Cartola deixara inacabado, e
seu livro escrito juntamente com Marília
Trindade Barboza, a biografia "Cartola,
Os Tempos Idos" seria lançado pela
Funarte, em 1983. Ainda em 1982, foi
lançado um disco póstumo do sambista,
"Ao Vivo" – gravação de um espectáculo
realizado no final de 1978, em São
Paulo. Em 1984, também pela Funarte,
sairia o LP "Cartola, Entre Amigos". Em
1988, para comemorar o octagésimo
aniversário de seu nascimento, a
gravadora Som Livre lançou o songbook
"Cartola – Bate Outra Vez...", que
trazia Caetano Veloso, Gal Costa,
Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Luiz
Melodia, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho,
Nelson Gonçalves, Paulo Ricardo e
Cazuza. E a cantora Leny Andrade
apareceu com "Cartola – 80 Anos". Marisa
Monte viria a incluir em seu repertório
o lundu "Ensaboa", composto em 1975 e
gravado pelo compositor em seu segundo
LP. A cantora Claudia Telles (filha de
Sylvia Telles, um dos ícones da Bossa
Nova) lançaria em 1995 um álbum-tributo
composições de Cartola e Nelson
Cavaquinho. Em 1998, Elton Medeiros e
Nelson Sargento gravaram o álbum "Só
Cartola". Medeiros também se apresentou
com a cantora Márciano espetáculo
"Cartola 90 anos", que resultaria em um
álbum lançado pelo SESC de São Paulo.
Naquele mesmo ano, o grupo Arranco
(ex-Arranco de Varsóvia) lançou o álbum
"Samba de Cartola". Em 2001, a RCA
relançou em CD o disco "Verde que te
quero rosa". Naquele mesmo ano, foi
fundado o Centro Cultural Cartola tendo
por base a obra do compositor. Em 2002,
o cantor Ney Matogrosso lançou o álbum
"Cartola", com repertório todo dedicado
ao compositor da Mangueira. Em 2003, a
neta de Cartola descobriu uma pasta
vários letras inéditas que teriam de ser
musicadas. Ainda naquele ano, Beth
Carvalho lançou o álbum "Beth Carvalho
canta Cartola". Em 2004, o espetáculo
"Obrigado Cartola", de Sandra Louzada,
com direção de Vicente Maiolino, estreou
no Centro Cultural Banco do Brasil. O
musical contavao a vida do compositor e
apresentando sambas clássicos. Naquele
mesmo ano, foi lançado pela Editora
Moderna o livro "Cartola", de Monica
Ramalho. Em 2007, foi lançado o filme
"Cartola - Música para os Olhos", com
dilecção de Lírio Ferreira e Hilton
Lacerda. Em 2008, esquecido no ano de
seu centenário pela Estação Primeira de
Mangueira que ajudou a fundar, foi, no
entanto homenageado pela Unidos do
Tuiutí com o enredo "Cartola, teu
cenário é uma beleza" que ajudou a
escola de São Cristóvão a subir para o
grupo de Acesso A. Dentro das
comemorações pelo seu centenário, foi
lançado pelo selo Biscoito Fino "Viva
Cartola - 100 anos", que incluiu
gravações lançadas em outros discos e
que continha uma única faixa inédita,
"Basta de Clamares Inocência" - gravada
por Martinália. "Pranto de Poeta" – BMG